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“Debater o bullying é fundamental, mas não é algo pontual. É preciso enfrentar a violência como um todo”, afirma professor

SINPROGOIAS - 730 AM0001Há pouco mais de uma semana uma tragédia foi marcada não só aqui na Capital, mas como no Brasil e no mundo. Dois adolescentes foram mortos e outros quatro ficaram feridos depois de um um jovem de 14 anos entrou e atirou em seis colegas do oitavo ano. De acordo com relatos do atirador ao delegado que investiga o caso, tudo isso foi causado por bullying.

Mas como isso acontece? O que passa na cabeça de uma criança que é vítima de ataques na escola. Como isso pode ser avaliado e tratado?

Para debater o assunto, Cecília Barcelos recebeu nos estúdios da 730, na manhã deste Super Sábado (28), a jornalista e psicopedagoga Tetê Ribeiro, e o presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro), Professor Railton Nascimento Souza.

“O bullying corre quando a criança ou o adolescente é insistentemente e constantemente afrontado ou agredido, seja por palavras, xingamentos, e até fisicamente. É algo corriqueiro, que se tornou rotina, e que não deveria existir”, descreve Tetê Ribeiro.

Segundo ela, ainda na infância, quando uma criança passa a dar sinais de mudança de comportamento em relação ao colega, já se faz necessária uma intervenção para tentar impedir que as ações continuem, de modo a respeitar as individualidades.

“Cada um tem um ritmo e cada um faz de um jeito. Um exemplo de como isso começa é na hora de fazer uma atividade em sala, por exemplo. Na hora de pintar uma banana, um pinta de preto e o outro de amarelo. Cada criança tem uma ótica, uma visão de mundo, e é nessa hora que uma critica a outra”, relata.

A especialista afirma que, inicialmente, a intervenção precisa ser realizada de forma lúdica. Caso as provocações persistam, as orientações devem então ser repassadas de forma mais significativa em sala.

De acordo com o professor Railton Nascimento Souza, a imagem do brasileiro gentil e cortês divulgada em grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, está equivocada, e que o país sofre muito com a violência.

“Isso é ainda mais agravado por um contexto de ódio, de intolerância, de uma onda reacionária retrógrada que vem acirrando ainda mais os ânimos das pessoas. É fundamental falar em violência, seja ela no trânsito, gerada pelo tráfico de drogas, contra a mulher, contra a criança, suicídio, homofobia, furto ou roubo. O jovem está no topo da estatística, é vítima e autor”, destaca.

Ainda segundo o professor, a atitude dos pais, em determinadas situações também precisa ser analisada. Um exemplo é quando o filho comunica aos pais que sofreu algum tipo de agressão, e acabam recebendo a orientação de que seria preciso um revide, uma retaliação, o que agravaria a situação e estimularia a violência. Ele analisa que na escola também há um contexto de violência.

“A violência na escola faz parte de um contexto de violências. É preciso se pensar em vandalismo, preconceito, discriminação, depredação, xingamento, ameaça, brigas, assédio sexual e o bullying. Como a Tetê definiu, não é qualquer coisa que é bullying. É uma repetição de um tratamento violento e desrespeitoso, desumano, agressivo, que gera no outro um constrangimento em um sofrimento psicológico que vai provocar isolamento, queda no rendimento escolar, ou a resposta em forma de agressividade”, detalha.

De acordo com um levantamento feito pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE) em 2017, o Brasil lidera um ranking de 31 países, que posiciona os campeões de violência nas escolas.

“Debater o bullying é fundamental, mas não é algo pontual, ele está em um contexto. É preciso enfrentar o problema da violência como um todo. O remédio para isso é educação, mas não apenas a escolarização. É criar um clima geral favorável na cultura, na música, na televisão, no rádio, no trânsito, para que as novas gerações sejam inseridas em uma nova perspectiva”, analisa o professor Railton.

 

Quer saber mais? Ouça o debate na íntegra a seguir