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Pesquisador analisa como a globalização está impactando a educação ao redor do mundo e os atores que influenciam a agenda educacional mundial

Pesquisador da Universidade Autônoma de Barcelona, Antoni Verger analisa como a globalização está impactando a educação ao redor do mundo e os atores que influenciam a agenda educacional mundial

 

A influência exercida pelo setor privado e pelas or­ga­nizações internacio­nais nas políticas educacionais é um dos principais temas de estudo de Antoni Verger, pesquisador da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) que, em março, esteve no Brasil para participar do II Seminário Regional sobre a Privatização da Educação, realizado pela Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (Clade). Ph.D. em Sociologia, Verger explora como tais instituições estão moldando ou tentando moldar a agenda educacional ao redor do mundo, e os impactos das políticas globais criadas a partir dessas influências.

Na entrevista a seguir, Verger explica como, direta ou indiretamente, esses organismos tentam impor aos governos mudanças em seus sistemas educacionais sob o argumento de que melhorarão o acesso da população à educação e de que tornarão o setor mais eficiente e desburocratizado, movimento percebido principalmente nos países em desenvolvimento. Mas o pesquisador alerta: as nações ricas não estão imunes a esse processo, principalmente quando contam com a presença de instituições de prestígio, como a Fundação Bill e Melinda Gates.

Uma das conclusões de seu estudo é que a globalização está afetando drasticamente o cenário das políticas educacionais ao redor do mundo. O que estamos testemunhando hoje em dia?
A globalização afeta a educação de muitas maneiras e por razões de naturezas diversas. Sobre isso, podemos mencionar desde a revitalização do papel desempenhado pelas organizações internacionais nas políticas educacionais – papel tradicionalmente reservado para os governos nacionais ou locais – até os avanços tecnológicos que têm permitido a disseminação de formas de educação transfronteiriças, como os Moocs [Massive Online Open Courses, sigla em inglês para cursos online massivos e abertos]. No entanto, os efeitos mais significativos da globalização têm uma natureza bastante indireta. Refiro-me a todas as mudanças sociais e econômicas trazidas por esse processo, como o crescimento das desigualdades sociais ou a aceleração da dinâmica da competitividade econômica entre os países. São mudanças importantes que transformam significativamente as prioridades educacionais dos governos, bem como o ambiente socioeconômico onde os agentes educacionais atuam. E não é só isso. A globalização gera novos desafios para os sistemas educacionais e altera a capacidade dos Estados e dos organismos de segurança social de responder a esses problemas por meio de políticas educativas. Por exemplo, no contexto de uma economia globalizada, muitos governos têm dificuldade para responder diretamente às novas demandas educacionais, o que facilita ao setor privado assumir um papel maior na prestação e no financiamento da educação.

Quais organizações internacionais e políticas estão moldando a agenda educacional e disseminando práticas educativas globais?
Sobre esta questão é inevitável começar pelo famoso Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes] da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], que avalia e compara as competências adquiridas por alunos de 15 anos em uma ampla gama de países. Esse relatório exerce nos governos uma pressão sutil, mas ao mesmo tempo muito eficaz, para que modifiquem seus sistemas educacionais. Ele, inclusive, tem gerado modelos de referência, como o da Finlândia, que muitos governos têm buscado imitar. A própria OCDE, por meio de periódicos como o Pisa em Foco, também recomenda aos países quais práticas e políticas podem levar ao sucesso educativo tomando como base os resultados da prova. Os países que levam mais a sério os desafios deste relatório têm tentado melhorar a sua educação por meio da equidade. Em contrapartida, aqueles que procuram resultados mais imediatos se limitam a intensificar a carga curricular nas áreas de conhecimento avaliadas pelo Pisa. Também cabe mencionar, principalmente nos países dependentes financeiramente, a grande influência exercida pelas instituições financeiras internacionais e pelos bancos de desenvolvimento em função da capacidade deles de condicionar a concessão de crédito. Ainda sobre esta questão, é importante referir novamente os efeitos indiretos da globalização e, em particular, as organizações internacionais. Por exemplo, em países europeus, especialmente nos países do sul da Europa, as políticas macroeconômicas e a austeridade impostas pela União Europeia – e pelo FMI – tiveram um efeito mais significativo sobre os sistemas de ensino dos países-membros que a própria “agenda educacional europeia”. Essas políticas de austeridade impuseram cortes orçamentários muito graves na educação e, claramente, limitaram a margem de ação política dos governos nesta área.

Quais fatores motivam os governos a adotar novas políticas?
Para responder a esta pergunta é melhor partir de um exemplo concreto como a privatização da educação, uma política que ocupa, sem dúvida, uma posição central na agenda global da educação. Mas, na realidade, não é possível identificar um único padrão que explique por que os países importam ou adotam políticas educacionais de privatização em escala global. As razões que impulsionam os governos variam muito.

Desde os anos 80, com o surgimento do neoliberalimo, a privatização da educação tem tido grande aceitação entre os governos conservadores e liberais, que acreditam que o setor privado é inerentemente superior ao público na gestão de todos os tipos de serviços, incluindo a educação. No entanto, nos últimos anos, estamos vendo a privatização avançar também em países com uma tradição social-democrata, onde os governos adotam medidas de privatização educacional não porque eles achem que o setor privado é melhor do que o público, mas porque eles pensam que a privatização pode ser um bom caminho para a desburocratização dos sistemas de segurança social e para a promoção de oferta educativa mais diversificada. Em países de baixa renda, por outro lado, a privatização avança sob lógicas muito diversas. Nas últimas décadas, muitos têm recebido pressões internas e externas para expandir a educação, o que, a priori, é muito positivo. O problema surge quando, diante de restrições financeiras, os gestores pensam que a única forma de expandir o acesso à educação é por meio do setor privado. Sob uma lógica semelhante, a privatização também avançou nos países mais desenvolvidos em profunda crise econômica. Também acrescentaria que em países europeus com uma presença significativa de escolas religiosas, como Bélgica, Holanda, Espanha e muitos países da América Latina, as políticas de terceirização do setor privado são comuns. Estas políticas de “aliança” com o setor de ensino privado, principalmente o religioso, são rea­lizadas por uma série de razões, entre elas para conferir eficiência ao setor, para garantir a liberdade na oferta de ensino para a população e para responder a um lobby que costumava ser muito poderoso, como o da Igreja Católica ou Protestante. Finalmente, outra razão para o avanço da privatização é a existência de uma série de organismos internacionais e consultorias influentes que, como mencionei acima, estão promovendo de forma entusiástica tais políticas e tentando convencer os governos de seus potenciais benefícios. No entanto, vale dizer que a privatização geralmente é promovida por razões ideológicas, já que não há evidências acadêmicas suficientes para justificar a política a favor da privatização.

Quais são as principais diferenças desse processo nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento?
Hoje em dia estão muito diluídas as diferenças na forma como operam os mecanismos da globalização. O exemplo que acabei de colocar sobre o sul da Europa – sobre as condicionalidades e imposições das organizações internacionais – mostra isso. Outros exemplos podem ser extraídos das fundações filantrópicas que atuam não só em países pobres, mas também em países ricos. Nos Estados Unidos, a Fundação Bill e Melinda Gates tem uma grande capacidade de influenciar a agenda educacional do governo federal e de muitos de seus membros e, entre outras coisas, está conseguindo promover eficazmente o modelo das escolas charter. Apesar disso, os países de baixa renda, que continuam dependentes de financiamento externo, são sim mais vulneráveis ​​aos critérios e prioridades estabelecidos pelos países ricos e organizações doadoras. Em muitos países onde houve uma descentralização da educação, sem garantia de transferência de competências para o nível local, se abriu um grande mercado para as consultorias internacionais, como a Pearson ou a Cambridge Education, que vendem pacotes curriculares e de reformas educativas com os quais prometem resolver muitos problemas educacionais. Esse mercado de consultoria internacional não prospera, pelo menos com tanto êxito, nos países mais ricos, pois eles contam com uma maior capacidade técnica nos governos regionais e locais para resolver certos problemas sem a necessidade de recorrer a intermediários externos.

Quais são os impactos dessas políticas na prática educacional?
Muitos estudos sobre a relação entre globalização e educação, especialmente aqueles com uma visão mais antropológica, mostram que a adoção formal de políticas globais pelos governos nem sempre se traduz em mudanças reais nas práticas educativas aplicadas em escolas ou na sala de aula. Outros estudiosos da globalização educacional, como Gita Steiner-Khamsi e seus colegas do Teachers College [Faculdade de Educação da Universidade de Columbia], têm mostrado que muitos governos podem estar adotando políticas educacionais globais para aderir às exigências das organizações internacionais a fim de legitimar suas políticas ou, especialmente no caso dos países em desenvolvimento, para obter financiamento externo. Mas, uma vez alcançados os recursos, os governos continuam­ com suas práticas habituais. Essa visão é muito interessante e relevante, pois, de fato, os sistemas educacionais formam redes de agentes, instituições e interesses muito amplos e complexos de tal forma que tendem a ser resistentes a mudanças bruscas ou às constantes demandas por reforma, tanto externa como interna, que recebem. No entanto, não podemos subestimar o fato de que muitas organizações internacionais têm sido muito eficazes tanto em alterar as prioridades e os objetivos educacionais de muitos governos como em divulgar soluções e políticas educacionais.

Há algum efeito positivo das políticas educacionais? Elas podem melhorar o acesso global à educação?
É claro que o simples fato de que há cada vez mais países procurando melhorar a educação a partir de boas práticas internacionais é positivo em si – desde que essa melhoria não esteja relacionada exclusivamente com os resultados dos testes padronizados. Além disso, há agendas educacionais internacionais, como a Educação para Todos, lançada no Congresso Mundial de Educação, realizado em Jomtien (Tailândia), em 1990, que tiveram e têm impactos muito positivos no campo da educação para o desenvolvimento. Agendas como essas se tornaram aliadas de movimentos e grupos sociais que defendem o direito universal à educação e possibilitaram que muitos governos de países em desenvolvimento e agências internacionais de desenvolvimento concentrassem seus esforços para viabilizar e ampliar o acesso de crianças e jovens a uma educação de qualidade.

Você cita em seus textos um estudo, feito por três pesquisadores, sobre transferência condicionada de renda no Brasil. Poderia dar mais detalhes ?
Conheço bem o trabalho de Bonal, Tarabini e Rambla, já que fizemos parte do mesmo grupo de pesquisa, o GEPS (Globalização, Educação e Política Social). O mecanismo estudado por eles é um bom exemplo de política que passou a integrar fortemente a agenda global e, sobretudo, um grande exemplo de como uma política global pode se recontextualizar e ter impactos distintos em diferentes territórios. Eles apontam que, no Brasil, o mesmo programa de transferência de renda condicionada, o Bolsa Escola, foi adotado de forma diferente pelos governos locais. Especificamente sobre isso, eles mostraram que em função de alguns aspectos, como a intensidade da transferência monetária ou o nível de componentes educacionais incluído no projeto final, a Bolsa Escola teve efeitos sociais e educativos muito variados.

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Fonte:Revista Educação/Uol

 

 

 

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Jorn. Fernanda Machado

Assess. de Imprensa e Comum. do Sinpro Goiás

 

 

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Ministra, deputados e sindicalistas defendem adesão de benefício

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, deputados e representantes de centrais sindicais defenderam nesta quinta-feira, 15, que as empresas adotem o vale-cultura e que os trabalhadores pressionem os empregadores a aderir ao benefício. A popularização do vale-cultura foi discutida em seminário da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.

Criado por lei aprovada em 2012, o vale-cultura é um benefício de R$50 mensais que pode ser oferecido pelas empresas aos trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos. Ele pode ser usado para pagar entradas e ingressos de teatro, cinema, circo, museus, shows de música, e para comprar livros e revistas. A expectativa da ministra é que o vale ajude a ampliar o interesse do brasileiro por atividades culturais.

A presidente da Comissão de Cultura, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), afirmou que ter acesso aos bens culturais é um dos principais fatores de desenvolvimento do País. “Temos regiões do País em que 70% da população nunca entrou em um teatro; regiões em que mais de 60% não conhece uma sala de cinema; isso precisa ser superado”, destacou. “Essa lei precisa pegar”, complementou.

Marta Suplicy informou que cerca de 205 mil cartões magnéticos do vale-cultura já foram emitidos. Segundo ela, 36 milhões de trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos poderão ser beneficiados. A ministra explica que a expansão do benefício está ocorrendo aos poucos. Segundo ela, é a empresa que tem de tomar a iniciativa de aderir ao vale-cultura, recebendo benefícios fiscais em troca.

Para aderir, a empresa se credencia pelo site do ministério e escolhe uma das 23 operadoras que estão habilitadas para a emissão do cartão do vale-cultura. A operadora é responsável por credenciar os equipamentos culturais que poderão ser utilizados.

Desde a implantação do benefício, mais de R$ 1,9 milhão já foi consumido no mercado cultural brasileiro com o vale-cultura. A expectativa da ministra é que o vale possa injetar cerca de R$ 25 bilhões ao ano no mercado cultural.

Acordos coletivos

Para estimular as empresas a aderirem ao vale-cultura, a ministra defendeu que os acordos coletivos dos sindicatos dos trabalhadores incorporem o benefício. Isso já foi feito pelos bancários, em âmbito nacional.

O dirigente da Central Única dos Trabalhadores, Benedito Augusto de Oliveira, afirmou que a CUT vai trabalhar para divulgar o vale-cultura entre seus afiliados e para estimular a incorporação do benefício nos acordos coletivo de outras categorias. “Muitas pessoas ainda não sabem da importância de se ter acesso ao produto cultural, até para a formação e educação”, ressaltou.

O representante da (CNS), João Adilberto Xavier, disse que a confederação vai estimular os sindicatos patronais a incorporarem o vale-cultura. Porém, ressaltou que isso não é uma decisão da confederação, e sim uma negociação entre os empresários e os trabalhadores.

Estímulo ao consumo

Já o cineasta Luiz Carlos Barreto afirmou que o Estado brasileiro tem subsidiado a produção cultural, mas não o consumo. “É preciso corrigir esse erro histórico”, disse. Segundo ele, a ideia, com o vale-cultura, é repetir o que já ocorre com o vale-alimentação.

Barreto observou que o subsídio à cultura retorna ao governo na forma de impostos e tributos. Conforme dados apresentados pelo cineasta, de 2001 a 2010, o mercado de cultura e lazer no Brasil cresceu 8,7%, percentual acima da média mundial.

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Fonte: Portal Vermelho /Agência Câmara

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Jorn. Fernanda Machado

Assess. de Imprensa e Comum. do Sinpro Goiás

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Ministro da Educação, Henrique Paim, recebe Medalha do Mérito Cívico Afro-Brasileiro

O ministro da Educação, Henrique Paim, recebeu na noite da última terça-feira, 13, em São Paulo, a Medalha do Mérito Cívico Afro-Brasileiro, entregue às pessoas que trabalham pela inserção do negro na sociedade. A outorga acontece no campus da Faculdade Zumbi dos Palmares, na capital paulista, onde o ministro irá proferir palestra aos estudantes.

A medalha, uma realização da Sociedade Afro-brasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural (Afrobras) e da Faculdade Zumbi dos Palmares, homenageia pessoas físicas e jurídicas que se destacam na valorização do respeito à diferença, tolerância e igualdade de oportunidades, contribuindo para a elevação moral, social e inserção socioeconômica, cultural e educacional dos negros brasileiros.

A Faculdade Zumbi dos Palmares, criada pela Afrobras em 2003, tem como objetivo promover a inclusão socioeconômica e educacional de jovens negros e indivíduos de baixa renda na sociedade, garantindo acesso ao ensino superior, capacitação tecnológica de excelência e inserção no mercado de trabalho qualificado.

A instituição conta com 1.500 alunos, dos quais 85% se declaram negros, nos cursos de graduação em administração e direito e tecnológico em transporte terrestre e em recursos humanos, pedagogia e publicidade. Além disso, a faculdade promove cursos livres de capacitação e inserção sociocultural para a população em geral. Além do vestibular tradicional, os alunos também podem usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o acesso à universidade.

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Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Portal MEC

 

 

 

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Jorn. Fernanda Machado

Assess. de Imprensa e Comum. do Sinpro Goiás

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Deputados adiam mais uma vez a votação

Sem o quórum mínimo necessário para a análise das emendas do Senado ao Plano Nacional de Educação (PNE), o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), adiou mais uma vez a votação do PNE nesta quarta-feira (14). A previsão agora é de que o plano vá para o plenário na semana que vem. Após apreciação do plenário, a matéria seguirá para sanção da presidenta Dilma Rousseff.

A principal polêmica está na questão dos investimentos serem destinados exclusivamente à educação pública como querem os educadores. “O maior problema nas alterações efetuadas no texto original do PNE consiste na obrigação de o Estado investir 10% do PIB na educação pública e o relator da Câmara abriu a possibilidade de utilização desses recursos pra financiar a educação infantil em creches conveniadas, a educação especial, Fies e os programas Ciência sem Fronteiras, Pronatec e ProUni”, reclama Marilene Betros, dirigente nacional da CTB.

Tanto que a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) lançou nesta quarta-feira mesmo a campanha #vetadilma a possibilidade de os 10% do PIB serem desviados para qualquer projeto que não seja da educação pública, como consta no o PNE.

Os deputados já aprovaram, na comissão especial, o relatório do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) para o projeto, que teve origem no Poder Executivo.

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Fonte: De Brasília/Portal CTB

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Jorn. Fernanda Machado

Assess. de Imprensa e Comum. do Sinpro Goiás

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Falta de licenciatura atinge 35% de professores

Contrariando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, segundo a qual professores que atuam a partir do 6º ano devem ter nível superior em curso de licenciatura, levantamento do Todos Pela Educação com dados do Censo Escolar de 2013 mostra que mais de um terço (35,4%) dos docentes do ensino fundamental têm apenas bacharelado. No ensino médio, a fatia é de 22,1%. E, mesmo entre os que têm licenciatura, nem sempre ela corresponde à disciplina em que atuam. No fundamental, são 67,2% os professores que detêm o título de outra área; no ensino médio, 51,7%.

Em janeiro, O GLOBO publicou um estudo feito pela UniCarioca que mostra que apenas 20% dos alunos do ensino médio no Rio pretendem cursar licenciatura, sobretudo devido às baixas remunerações no magistério. Além disso, segundo dados do Ministério da Educação, a quantidade de alunos concluindo licenciaturas caiu 16% de 2010 a 2012.

Se há especialistas e profissionais que criticam a falta de formação específica dos docentes, defendendo que o aprendizado de ferramentas pedagógicas influencia diretamente na qualidade do ensino, há também quem sustente que uma boa formação é o único fator fundamental para resultar num bom professor.

Nunca quis ser professor

Grande parte das escolas do Rio afirma controlar com rigor o histórico escolar dos seus professores. No entanto, há casos como o de um curso pré-vestibular da Zona Norte onde cerca de 30% dos docentes não têm licenciatura. X., sócio da unidade, é formado em Engenharia Química e começou a dar aulas ainda na faculdade.

“Nunca quis ser só professor”. Muita gente acaba não fazendo licenciatura porque “decola” e recebe muitas ofertas de emprego. Então, a licenciatura acaba em segundo plano. Para essa galera, ela até atrapalha — conta X., que pediu para não ser identificado na reportagem por temer reações negativas dos pais de alunos e também do Ministério da Educação.

De acordo com o professor, o cursinho convoca jovens profissionais para dar um número reduzido de aulas. Os que têm bom desempenho são incentivados a cursar licenciatura posteriormente. Para X., que é professor de Química, o MEC deveria elaborar provas de certificação para qualquer profissional gabaritado, independentemente da licenciatura.

A disciplina que ele leciona é a segunda com mais professores do ensino médio sem licenciatura: 28,6% do total. Artes aparecem em primeiro lugar (36,9%), e Física vem em terceiro (26,1%). Também no ensino médio, 85,1% dos professores de Artes não têm licenciatura na área em que lecionam. Já em Física são 80,8% sem formação específica; em Filosofia, 78,8%.

João Paulo Rangel, de 35 anos, tem licenciatura em Sociologia e dá aulas de Geografia. Ele critica a limitação da docência à área de formação.

“Quando o professor é antenado e tem uma formação sólida, consegue dialogar com diferentes disciplinas”. O treinamento ajuda, mas o fundamental é o professor gostar de ensinar — opina Rangel, que leciona em três escolas particulares do Rio.

Professora da rede estadual do Rio desde 2009, Y. discorda. Formada com licenciatura em Biologia, ela dava aulas de Química, até o ano passado, para completar a carga horária de 16 horas semanais exigida por contrato:

“Fico desconfortável em dar aulas de outra disciplina. Mesmo sabendo o conteúdo, me faltavam ferramentas pedagógicas específicas. A aula ficava massante.”

Poucos docentes, poucos licenciados

O discurso de Y. se afina com o de Suely Druck, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e uma das criadoras da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Para ela, a formação dos professores brasileiros tem impacto na qualidade da educação do país, que define como uma “tragédia nacional”.

“A questão da formação é seriíssima. Há professores que não conhecem determinados assuntos e têm de ensiná-los. Ensinam muito mal”, pondera.

Suely afirma que a alta proporção de docentes sem formação específica está relacionada ao número reduzido de professores com licenciatura. A professora calcula que, a cada cem alunos que entram na graduação para formar professores de matemática, só 20 terminam.

“ São muitas vagas para poucos candidatos, e muitos entram tirando quase zero na disciplina. São alunos despreparados, que não sabem coisas básicas. Não gostam e nem têm interesse por matemática. Por isso, boa parte se perde pelo caminho.”

O educador Mozart Neves Ramos também chama atenção para o déficit de professores. Segundo ele, no ensino médio, faltam cerca de 250 mil docentes no Brasil. Para ele, porém, licenciatura não é garantia de qualidade:

“Mesmo os poucos que se formam ainda estão muito distantes da sala de aula no sentido de que não dominam a prática do ensino, sobretudo nas escolas públicas. O grande desafio brasileiro é aliar técnica à parte pedagógica”.

O MEC informou que tem investido em acordos entre redes de ensino e instituições de ensino superior e cita o Pacto Nacional de Fortalecimento do Ensino Médio, regulamentado por portaria ministerial em novembro do ano passado. Um dos objetivos é valorizar a formação continuada de professores.

 

Fonte:oglobo.com

 

 

 

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Jorn. Fernanda Machado

Assess. de Imprensa e Comum. do Sinpro Goiás

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Na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para todos

A Contee passa a ter um representante na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade Para Todos – Conap. Para o cargo foi indicado o presidente da Fitrae-BC, Geraldo Profírio Pessoa, que será o membro do Corpo Docente do segmento particular de ensino na Comissão.

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Fonte: Fitrae-BC

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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Confira qual foi o aumento real dos salários

Caríssimos (as) professores (as),

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Como já é do conhecimento de todos, ainda em fevereiro, firmamos as convenções coletivas  com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Goiás (Sinepe), com o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), e um acordo coletivo com a Faculdade Araguaia, os quais asseguraram reajuste salarial de 8% no mês de março de 2014.

Quando da assinatura dos referidos instrumentos coletivos, muito embora tivéssemos os parâmetros da inflação no período de maio de 2013 a abril de 2014, não tínhamos apurados os seus índices mensais, pois que, à época, faltavam três meses para fecharmos o período revisando, que é de doze meses.

Com base em tais parâmetros, antevíamos que o índice conquistado, de 8% para todos os salários, representava significativo ganho real para categoria, além do ganho médio, decorrente da antecipação da data-base, em dois meses.

Agora, os números finais da inflação confirmaram a nossa expectativa e justeza da negociação realizada; isto porque, o índice final de inflação totalizou 5,82%, o que representa um ganho real de 2,18%; o que equivale a 37,46% da inflação.

Soma-se a esta conquista que, repita-se, alcança todos os salários, a do piso salarial, maior que esta, e que foi de 3,98%, para os professores do interior, e 6,35%, na capital; haja vista       que o reajuste do piso, para o primeiro, foi de 9,80% e, para o segundo, de 12,17%.

Lamentavelmente, estas conquistas não alcançam os professores de ensino superior, exceto dos da Faculdade Araguaia, haja vista o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg), que representam as instituições deste nível de ensino, recusar-se a abrir as negociações salariais para definirmos o índice de aumento (a inflação já está assegurada), em mais uma demonstração de sua costumeira prática antissindical e de descaso com os professores.

Para os professores de educação superior, até agora, temos assegurado apenas o índice da inflação, já anunciada, de 5,82%; sendo que parte dela já fora repassada aos salários em março e o restante, obrigatoriamente, tem de sê-lo, em maio corrente.

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Alan Francisco de Carvalho

Presidente do Sinpro Goiás

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Deputados ainda buscam acordo e PNE não entra em votação

O Plano Nacional de Educação (PNE) não foi votado nesta quarta-feira, 14. Ontem mesmo, as diretoras da Contee Nara Teixeira de Souza (Secretaria de Assuntos Institucionais), Cristina de Castro (Secretaria de Comunicação Social) e Adércia Bezerra Hostin (Secretaria de Assuntos Educacionais) estiveram no Plenário da Câmara dos Deputados acompanhando as negociações para a votação da matéria. Embora a ordem do dia tenha sido desobstruída, contudo, a Mesa Diretora não incluiu a proposta na pauta. Segundo informado às diretoras por alguns deputados, os parlamentares ainda buscam costurar um acordo para que o texto aprovado pela Comissão Especial possa ser votado por aclamação no Plenário.

Como já apontado pela Contee em sua nota pública, apesar de eliminar alguns retrocessos que haviam sido imputados pelo Senado, restaram, porém, três pontos problemáticos no texto da comissão: a contabilização, nos investimentos de 10% do PIB, de programas como ProUni, Fies, Pronatec e Ciência sem Fronteiras, além de matrículas em creches e pré-escolas conveniadas; o estabelecimento de políticas de estímulo às escolas que melhorarem o desempenho Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb); e a supressão, entre as diretrizes do PNE, da superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual. Assim, nesse período de articulações, a Contee ressalta que a continuidade da mobilização para eliminação desses prejuízos é imprescindível.

 

Mais cedo, as diretoras Nara e Cristina, juntamente como os diretores Alan Francisco de Carvalho (Secretaria de Políticas Sociais e Presidente do Sinpro Goiás) e Geraldo Profírio Pessoa (Diretoria Plena) e o José Geraldo de Santana Oliveira (consultor jurídico e Assessor Jurídico do Sinpro Goiás), acompanharam as reuniões das comissões nas quais estavam sendo debatidos o projeto de lei que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais e a proposta que flexibiliza o artigo 318 da CLT (ver detalhes aqui). Como as matérias foram retiradas de pauta, os diretores se reuniram em seguida na sede da Contee para discutir as duas questões.

 

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Fonte: Contee
Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

 

 

 

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Jorn. Fernanda Machado

Assess. de Imprensa e Comum. do Sinpro Goiás

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Educação não é mercadoria

O prazo para a apresentação de emendas, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara, ao Projeto de Lei 4.372/2012, que cria o Instituto de Supervisão e Avaliação do Ensino Superior (Insaes), começou na última segunda-feira,12, e segue até a próxima semana. No entanto, em apenas dois dias, a matéria já recebeu 30 propostas de modificações no colegiado, sendo que algumas, mais uma vez, tentam desconstruir o papel do Insaes como instrumento para assegurar ao Estado condições de exercer seu papel de zelar pela qualidade da educação, tanto pública quanto privada, essencial para um projeto de desenvolvimento e soberania nacional.

Das 30 emendas, seis foram apresentadas pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), sete pelo deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) e 14 pelo deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP). A coordenadora da Secretaria de Assuntos Institucionais da Contee, Nara Teixeira de Souza, vai analisar de forma aprofundada todas as propostas de alteração.  No entanto, numa avaliação preliminar, já é possível detectar ataques ao PL, como uma nova tentativa de suprimir a palavra “supervisionar” das atribuições do Insaes – propondo, inclusive, a modificação da sigla para “Inaes”.

A tarefa de supervisão, contudo, é primordial para que o Insaes atue também no combate à mercantilização e à financeirização da educação. Ontem, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica autorizou, ainda que com restrições, a fusão entre as empresas Kroton e Anhanguera e a compra da Uniseb pela Estácio. Além disso, na última segunda-feira, a Agência Reuters noticiou que, enquanto o mercado aguardava o aval para a maior fusão entre companhias de educação no Brasil, outros participantes do mercado preparava o terreno para novas aquisições, uma vez que o segmento de graduação continua aparecendo como o mais “promissor” (leia aqui a matéria “Empresas de educação buscam mais aquisições no Brasil”).

Para combater esse processo nefasto de financeirização e desnacionalização do ensino superior, o PL determina, entre as funções do Insaes, a prerrogativa de “aprovar previamente aquisições, fusões, cisões, transferências de mantença, unificação de mantidas ou descredenciamento voluntário de Instituições de Educação Superior integrantes do sistema federal de ensino”. Esse dispositivo é primordial para garantir que qualquer fusão ou incorporação de empresas do setor passe por autorização prévia do órgão – e, por extensão, do Ministério da Educação –, e não apenas do Cade, uma vez que não se caracteriza como uma operação financeira qualquer, de compra e venda de mercadorias, mas como um direito constitucional de cada cidadão, cuja oferta é dever do Estado.

Nesse sentido, a Contee reitera os argumentos elencados em sua carta aberta em defesa da aprovação do Insaes: a proposta é fundamental para assegurar que a educação não continue sendo tratada como mercadoria.

 

 

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Fonte: Contee

 

 

 

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Jorn. Fernanda Machado

Assess. de Imprensa e Comum. do Sinpro Goiás