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A educação moderna criou adultos que se comportam como bebês

A educação moderna exagerou no culto à autoestima – e produziu adultos que se comportam como crianças. Como enfrentar esse problema é o tema da reportagem a seguir, publicada na revista Época.

Reportagem 1

 

Os alunos do 3º ano de uma das melhores escolas de ensino médio dos Estados Unidos, a Wellesley High School, em Massachusetts, estavam reunidos numa tarde ensolarada para o momento mais especial de sua vida escolar: a formatura. Com seus chapéus e becas coloridos e pais orgulhosos na plateia, todos se preparavam para ouvir o discurso do professor de inglês David McCullough Jr. Esperavam, como sempre nessas ocasiões, uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e sociais. O que ouviram do professor, porém, pode ser resumido em quatro palavras: vocês não são especiais. Elas foram repetidas nove vezes em 13 minutos. “Ao contrário do que seus troféus de futebol e seus boletins sugerem, vocês não são especiais”, disse McCullough logo no começo. “Adultos ocupados mimam vocês, os beijam, os confortam, os ensinam, os treinam, os ouvem, os aconselham, os encorajam, os consolam e os encorajam de novo. (…) Assistimos a todos os seus jogos, seus recitais, suas feiras de ciências. Sorrimos quando vocês entram na sala e nos deliciamos a cada tweet seus. Mas não tenham a ideia errada de que vocês são especiais. Porque vocês não são”.

O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atônito. Ao chegar para trabalhar na segunda-feira, notou que havia o dobro da quantidade de e-mails que costumava receber em sua caixa de entrada. Paravam na rua para cumprimentá-lo. Seu telefone não parava de tocar. Dezenas de repórteres de jornais, revistas, TV e rádio queriam entrevistá-lo. Todos queriam saber mais sobre o professor que teve a coragem de esclarecer que seus alunos não eram o centro do universo. Sem querer, ele tocara num tema que a sociedade estava louca para discutir – mas não tinha coragem. Menos de uma semana depois, McCullough fez a primeira aparição na TV. Teve de explicar que não menosprezava seus jovens alunos, mas julgava necessário alertá-los. “Em 26 anos ensinando adolescentes, pude ver como eles crescem cercados por adultos que os tratam como preciosidades”, disse ele à revista Época. “Mas, para se dar bem daqui para a frente, eles precisam saber que agora estão todos na mesma linha, que nenhum é mais importante que o outro”.

A reação ao discurso do professor McCullough pode parecer apenas mais um desses fenômenos de histeria americanos. Mas a verdade é que ele tocou numa questão que incomoda pais, educadores e empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de si mesmos e de seus talentos. Esses jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desenvolveram uma autoestima tão exagerada que não conseguem lidar com as frustrações do mundo real. “Muitos pais modernos expressam amor por seus filhos tratando-os como se eles fossem da realeza”, afirma Keith Campbell, psicólogo da Universidade da Geórgia e coautor do livroNarcisism epidemic (Epidemia narcisista), de 2009, sem tradução para o português. “Eles precisam entender que seus filhos são especiais para eles, não para o resto do mundo”.

Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados desde o berço formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham mesmo. Eles se acham os melhores alunos (se tiram uma nota ruim, é o professor que não os entende). Eles se acham os mais competentes no trabalho (se recebem críticas, é porque o chefe tem inveja do frescor de seu talento). Eles se acham merecedores de constantes elogios e rápido reconhecimento (se não são promovidos em pouco tempo, a empresa foi injusta em não reconhecer seu valor). Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos.

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A expectativa exagerada dos jovens foi detectada no livro Generation me (Geração eu), escrito em 2006 por Jean Twenge, professora de psicologia da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos. No trabalho seguinte, em parceria com Campbell, ela vasculhou os arquivos de uma pesquisa anual feita desde os anos 1960 sobre o perfil dos calouros nas universidades. Descobriu que os alunos dos anos 2000 tinham traços narcisistas muito mais acentuados que os jovens das 3 décadas anteriores. Em 2006, dois terços deles pontuaram acima da média obtida entre 1979 e 1985. Um aumento de 30%. “O narcisismo pode levar ao excesso de confiança e a uma sensação fantasiosa sobre seus próprios direitos”, diz Campbell. Os maiores especialistas no assunto concordam que a educação que esses jovens receberam na infância é responsável por seu ego inflado e hipersensível. E eles sabem disso. Uma pesquisa da revista Time e da rede de TV CNN mostrou que dois terços dos pais americanos acreditam que mimaram demais sua prole.

Sally Koslow, uma jornalista aposentada, chegou a essa conclusão depois que seu filho, que passara 4 anos estudando fora de casa e outros dois procurando emprego, voltou a morar com ela. “Fizemos um superinvestimento em sua educação e acompanhamos cada passo para garantir que ele tivesse sua independência”, diz ela. “Ao ver meu filho de quase 30 anos andando de cueca pela sala, percebi que deveria tê-lo deixado se virar sozinho”. Que criação é essa que, mesmo com a garantia da melhor educação e sem falta de atenção dos pais, produz legiões de narcisistas com dificuldade de adaptação? Os estilos de criação modernos têm em comum duas características. A primeira é o esforço incansável dos pais para garantir o sucesso futuro de sua prole – e esse sucesso depende, mais do que nunca, de entrar numa boa universidade e seguir uma carreira sólida. Nos Estados Unidos, a tentativa de empacotar as crianças para esse modelo de vida começa desde cedo. Escolas infantis selecionam bebês de 2 anos por meio de testes. Isso acontece no Brasil também. No colégio paulista Vértice, um dos mais bem classificados no ranking do Enem, há fila para uma vaga no jardim da infância.

O segundo pilar da criação moderna está na forma que os pais encontraram para estimular seus filhos e mantê-los no caminho do sucesso: alimentando sua autoestima. É uma atitude baseada no “movimento da autoestima”, criado a partir das ideias do psicoterapeuta canadense Nathaniel Branden, hoje com 82 anos. Em 1969, ele lançou um livro pregando que a autoestima é uma necessidade humana. Não atendida, ela poderia levar a depressão, ansiedade e dificuldades de relacionamento. Para Branden, a chave para o sucesso tanto nas relações pessoais quanto profissionais é nutrir as pessoas com o máximo possível de autoestima desde crianças. Tal tarefa, diz ele, cabe sobretudo a pais e professores. Foi uma mudança radical na maneira de olhar para a questão. Até a década de 1970, os pais não se preocupavam em estimular a autoestima das crianças. Temiam mimá-las. O movimento de Branden chegou ao auge nos Estados Unidos em 1986, quando o então governador da Califórnia, George Deukmejian, assinou uma lei criando um grupo de estudos de autoestima. Os pesquisadores deveriam descobrir como as escolas e as famílias poderiam estimulá-la.

Os pais reuniram esses dois elementos – o desejo de ver o filho se dar bem na vida e a ideia de que é preciso estimular a autoestima – e fizeram uma tremenda confusão. Na ânsia de criar adultos competentes e livres de traumas, passaram a evitar ao máximo criticá-los. O elogio virou obrigação. Para fazer com que as crianças se sintam bem com elas mesmas, muitos pais elogiam seus filhos até quando não é necessário. O resultado é que eles começam a acreditar que são bons em tudo e criam uma imagem triunfante e distorcida de si mesmos. Como distinguir o elogio bom do ruim? O exemplo mais comum de elogio errado, dizem os psicólogos, é aquele que premia tarefas banais. Se a criança sabe amarrar o tênis, não é necessário parabenizá-la por isso todo dia. Se o adolescente sabe que é sua obrigação diária ajudar a tirar a mesa, diga apenas “obrigado”. Não é preciso exaltar sua habilidade em dobrar a toalha. Os elogios mais inadequados são feitos quando não há nada a elogiar. Se o time de futebol do filho perde de goleada – e o desempenho dele ajudou na derrota –, não adianta dizer: “Você jogou bem, o que atrapalhou foi o gramado ruim”. Isso não é elogio. É mentira.

Para piorar, um grupo de psicólogos afirma agora que a premissa fundamental do movimento da autoestima estava errada. “Há poucas e fracas evidências científicas que mostram que alta autoestima leva ao sucesso escolar ou profissional”, diz Roy Baumeister, professor de psicologia da Universidade Estadual da Flórida (EUA). Ele é responsável pela mais extensa e detalhada revisão dos estudos feitos sobre o tema desde a década de 1970. Descobriu que a autoestima alta é provocada pelo sucesso – não é causa dele. Primeiro vêm a nota boa e a promoção no trabalho, depois a sensação de se sentir bem – não o contrário. “Na verdade, a autoestima elevada pode ser muitas vezes contraproducente. Ela produz indivíduos que exageram seus feitos e realizações”. Outra de suas conclusões é que o elogio mal aplicado pode ser negativo. “Quando os elogios aos estudantes são gratuitos, tiram o estímulo para que os alunos trabalhem duro”, afirma.

Com uma visão distorcida de suas qualidades, com dificuldade para lidar com as críticas e aprender com seus erros, muito jovens narcisistas não conseguem se acertar em nenhuma carreira. Outros vão parar na terapia. Esses jovens acham que podem muito. Quando chegam à vida adulta, descobrem que simplesmente não dão conta da própria vida. Ou sentem uma insatisfação constante por achar que não há mais nada a conquistar. Eles são estatisticamente mais propensos a desenvolver pânico e depressão. Também são menos produtivos socialmente. Em terapia desde os 15 anos, Priscila Pazzetto tem hoje 25 e não hesita em dizer que foi e ainda é mimada. “Uma vez pedi para minha mãe me pôr de castigo, porque não sabia como era”, afirma. Os pais se referem a ela como “nossa taça de champanhe”, a caçula de três irmãos que veio brindar a felicidade da família num momento em que seu pai lutava contra um câncer. “Nasci no Ano-Novo. Quando assistia às chuvas de fogos na TV, meus pais diziam que aquilo tudo era para mim, para comemorar meu aniversário”, diz Priscila. Quando cresceu, nada disso a ajudou a terminar o que começava. Tentou inglês, teatro, tênis, karatê, futebol, jiu-jítsu e natação. Interrompeu até o hipismo, pelo qual era apaixonada. Estudou em 7 colégios particulares de São Paulo e, com frequência, seu pai precisou interferir para que ela passasse de ano. Passou em 3 vestibulares, mas não concluiu nenhum curso superior. “Simplesmente não me sinto motivada a ir até o fim”, afirma. Ainda morando com os pais, Priscila acaba de fazer um curso técnico de maquiagem e diz que arrumou emprego na butique de uma amiga. Tenta começar de novo.

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Esses modelos de criação domésticos são chamados pelos psicólogos de “estilo parental”. Não é uma atitude isolada ou outra. É o clima emocional criado na família graças ao conjunto de ações dos pais para disciplinar e educar os filhos. Eles começaram a ser estudados em 1966 pela psicóloga Diana Baumrind, pesquisadora da Universidade da Califórnia em Berkeley. De acordo com sua observação, ela dividiu os pais em 3 tipos: os autoritários, os permissivos e aqueles que têm autoridade, os competentes. O melhor modelo detectado por psicólogos, claro, são os pais competentes. Eles são exigentes – sabem exercer o papel de pai ao impor limites e regras que os filhos devem respeitar –, mas, ao mesmo tempo, são flexíveis para escutar as demandas das crianças e ceder, se julgarem necessário. A criança pode questionar por que não pode brincar antes de fazer o dever de casa, e eles podem topar que ela faça como queira, contanto que o dever seja feito em algum momento. Mas jamais admitirão que a criança não cumpra com sua obrigação. Ao dar limites, podem ajudar o filho a aprender a escolher e a administrar seu tempo. Os filhos de pais competentes costumam ser muito responsáveis, seguros e maduros. Têm altos índices de competência psicológica e baixos índices de disfunções sociais e comportamentais .

Os piores resultados vêm da criação de pais negligentes. Eles não são exigentes, não impõem limites e nem estão abertos a ouvir as demandas dos filhos. Segundo pesquisas brasileiras – com amostras pequenas, que não devem ser tomadas como definitivas –, esse é o estilo parental que predomina no país nos últimos anos. Quando se fala em estilo negligente de criação, isso não quer dizer que a criança está abandonada e não receba o suficiente para suprir suas necessidades materiais e de afeto. O problema é mais sutil. Com medo de parecer repressores, esses pais hesitam em impor limites. “É uma interpretação errônea dos modelos educacionais propostos a partir da década de 1970. Eles pregavam que a criança não deveria ser cerceada para que pudesse manifestar todo seu potencial”, diz Claudete Bonatto Reichert, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil. “Provavelmente, a culpa que os pais sentem por trabalhar fora leva a isso”.

Se parece difícil implantar em sua casa o modelo dos pais com autoridade, ainda há outra esperança. Nem todos concordam que os pais sejam totalmente responsáveis pela formação da personalidade dos filhos. A psicóloga britânica Judith Harris, de 74 anos, ficou famosa por discordar do tamanho da influência dos pais na criação dos filhos. Para ela, se os filhos lembram em algo os pais, não é graças à educação, mas à genética. “Os pais assumem que ensinaram a seus filhos comportamentos desejáveis. Na verdade, foram seus genes”, afirma. O resto, diz Judith, ficará a cargo dos amigos, a quem as crianças se comparam. É por isso que ela acha inútil tentar dar aos filhos uma criação diferente da turma do “eu me acho”. “Houve uma mudança enorme na cultura”, afirma. “As crianças são vistas como infinitamente preciosas. Recebem elogios demais não só em casa, mas em qualquer lugar aonde vão. O modelo de criação reflete a cultura”.

 

Fonte: Charlezine

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Professora da rede pública é afastada ao abordar Marx em sala de aula

Caso fomenta o debate sobre o projeto “Escola sem partido”, discutido nacionalmente no Legislativo

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Em menos de 24 horas, um vídeo publicado nas redes sociais por uma professora de sociologia da rede pública do Paraná obteve mais de 150 mil visualizações e virou alvo de ataques por blogs e sites da direita. Na gravação, alunos do primeiro ano do ensino médio, do Colégio Estadual Profª Maria Gai Grendel, do bairro Caximba, na região sul de Curitiba, cantam uma paródia com o funk “baile de favela”. O protagonista da nova letra, no entanto, é um teórico que tem causado polêmicas no Legislativo nacional, estadual e municipal: Karl Marx.

“Os burgueses não moram na favela/ Estão nas empresas explorando a galera/ E os proletários, o salário é uma miséria/ Essa é a mais-valia, vamos acabar com ela”, dizem os versos da paródia “Karl Marx é baile de favela”, que resgata temas e análises abordadas em sala de aula.

De acordo com a professora Gabriela Viola, acusada pelo colunista Rodrigo Constantino de promover “doutrinação marxista”, ela estava incentivando os estudantes a compreender melhor os teóricos da sociologia, como Émile Durkheim, Karl Marx, Erving Goffman, entre outros autores previstos nas diretrizes curriculares. “Íamos começar a estudar Max Weber”, conta.

Após a repercussão do vídeo, Viola foi afastada pela diretoria do colégio, que alegou exposição dos alunos e “difamação” da instituição. Em resposta, dezenas de estudantes se manifestaram pela volta da professora e iniciaram a campanha “#VoltaGabi”. “O que ela fez de errado em ensinar a realidade para nós?”, escreveu uma aluna em rede social.

Na última quarta-feira (6), os estudantes organizaram um protesto no colégio, imprimiram cópias da letra da paródia e cantaram durante o intervalo. Segundo informações de um dos organizadores, que não quis se identificar por medo de represália, participaram aproximadamente 180 alunos. “Começamos a gravar a manifestação, os alunos gritavam ‘volta Gabi’ e os funcionários do colégio quiseram tomar os celulares, mandando todo mundo apagar as imagens. Logo depois de uma confusão com um estudante que discordava da ação, a diretoria chamou a patrulha e vieram três viaturas da Rotam. Entram no colégio com escopeta e tudo”, descreve.

 

“Lei da Mordaça”

O caso da professora Gabriela Viola fomenta o debate sobre a implementação da proposta “Escola Sem Partido”, que inspira atualmente três projetos de lei na Câmara dos Deputados. Um deles, o PL 1411/2015, apresentado pelo deputado Rogério Marinho (PSDB/RN), tipifica o crime de “assédio ideológico” em sala de aula, prevendo penas de até um ano de prisão, além de multas aos professores. Entre as justificativas para a aplicação do programa nas diretrizes e bases do sistema nacional está a de que professores e autores de livros didáticos estariam se aproveitando da “audiência cativa dos alunos” para promover determinadas correntes políticas e ideológicas, contrárias àquilo que é ensinado dentro do ambiente familiar.

Em audiência pública no Senado, realizada na última quarta-feira (6), o ministro interino da Educação, Mendonça Filho, se posicionou contrário aos projetos de lei, alegando que a liberdade de expressão garante o acesso a todas as correntes de pensamento.

Apesar disso, os três projetos de lei- entre eles os PL 861/2015 e PL 867/2015, apresentados pelo deputado Izalci Lucas Ferreira (PSDB-DF)-, continuam incentivando a aplicação do programa “Escola Sem Partido” em 11 estados e em câmaras municipais, como no Rio de Janeiro. No Paraná, a proposta que ficou conhecida como “Lei da Mordaça”, apresentada em outubro de 2015 na Assembleia Legislativa pelo deputado Pastor Gilson de Souza (PSC), líder da bancada evangélica, foi derrubada. O texto previa punição para professores que expressassem suas opiniões políticas, ideológicas e religiosas, e proibia a veiculação de conteúdos sobre questões de gênero em sala.

Na avaliação do doutor em Educação e professor da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Antônio Fernando Gouvêa da Silva, o “Escola Sem Partido” é uma proposta autoritária, defendida por grupos que também se posicionam politicamente. “Toda a ação humana tem sempre uma intenção. É preciso perceber que não há neutralidade no ato educativo, como não há neutralidade em nenhuma ação humana”, afirma.

Para Gouvêa da Silva, o modelo de educação do “Escola Sem Partido” propõe apenas a formação de pessoas para o mercado de trabalho e não estimula o pensamento crítico dos estudantes. “Uma escola que é apática, passiva ou que muitas vezes estimula preconceitos raciais, sociais ou em relação à questão de gênero, que desqualifica alguns cidadãos em detrimento de outros, essa escola não é sem partido, ela já tem um partido, só que ela não assume o papel político que ela exerce”, questiona.

 

Polarização política

A hostilidade em relação ao caso de Gabriela Viola e a outros professores do estado pode ser interpretada dentro de um contexto mais amplo, caracterizado pela polarização política associada à intolerância que surge após as eleições de 2014. Essa é a opinião do doutor em Ciência Politica e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alexsandro Eugenio Pereira. “As reações contra os professores que lecionam Marx mostram os efeitos dessa intolerância sem sentido e sem propósito. Se você tiver oportunidade de coletar depoimentos dos pais, verá como eles associam Marx à doutrinação ideológica e ao PT, como se Marx, socialismo e PT fossem uma coisa só”, comenta.

Segundo Pereira, lecionar Marx nas disciplinas de Sociologia e História nas escolas é tratar de um conteúdo obrigatório, mas que pode ser mal interpretado. “Marx é um teórico importante das Ciências Sociais, mas também um pensador cujas ideias tiveram enorme repercussão no século XX. Suas ideias influenciaram as revoluções socialistas e sua crítica ao capitalismo serve de referência para os movimentos sociais que lutam contra a desigualdade, a exploração do trabalho, a miséria, etc.”, explica.

 

 

Fonte: Revista Fórum

Com informações: Brasil de Fato

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Deputada tenta proibir debate sobre homofobia e ‘poliamor’ em escola do DF

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Professor sugeriu a alunos temas como homofobia, integração entre gêneros e pansexualidade

Um debate em sala de aula sobre questões ligadas a gênero e a sexualidade com alunos do 2º ano do ensino médio causou polêmica no Distrito Federal. Uma deputada distrital encaminhou ofício a um centro de educação pública em que pediu informações e cobrou providências contra o que ela chama de “violação dos valores da família tradicional”. O motivo: um professor pediu um trabalho em grupo e ofereceu aos alunos, como possibilidades de tema, homofobia, integração entre gêneros, pansexualidade, relações poliamorosas e transsexualidade.

A autora do ofício, encaminhado no último dia 21 à escola e à secretaria distrital de educação, é a deputada distrital Sandra Faraj, do Solidariedade. Presidente da Frente Parlamentar pela Família na Câmara Legislativa do DF,  ela disse ter recebido com “estranheza” denúncia de uma mãe que não teria concordado com a discussão desses temas na escola.

No documento, a parlamentar defendeu que o conteúdo afronta o Plano Nacional de Educação e o Plano Distrital de Educação, uma vez que ambos “suprimiram todas as alusões e termos da redação às expressões ‘identidade de gênero’ e ‘orientação sexual’ da proposta original encaminhada pelos poderes executivos”

Nas redes sociais, nas quais se apresenta como “cristã e militante das causas sociais”, a deputada escreveu que a iniciativa a teria feito alvo da “resistência de uma minoria com interesses para lá de escusos, que desrespeitam a vontade dos pais e que querem impor sua ideologia”.

Em entrevista ao UOL, ela não nominou quem seriam essas pessoas – mas afirmou que estaria sofrendo ataques, também nas redes, de pessoas ligadas ao movimento LGBT. “Nem convoquei ninguém ainda para falar sobre esse caso da escola, apenas mandei ofício”, afirmou.

“O artigo 79 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) impõe a necessidade de se respeitarem os valores éticos e morais da família, e abordar temas como os colocados pelo professor não é respeito. Defendo diálogo e tolerância, não estou definindo o tipo de família – mas o Brasil é um País que respeita a poligamia. Discutir pansexualidade e relações poliamorosas vai na contramão disso”, argumentou.

Na opinião da parlamentar, que já foi filiada ao PRB, partido ligado à Igreja Universal, os temas “não são para alunos de 5 a 12 anos”. Informada que o colégio atende alunos de 15 a 18 anos, de ensino médio, ela insistiu: “Isso tem que ser debatido é no ensino superior”, encerrou.

 

“Falta de informação gera preconceito e violência”, diz vice-diretor

O vice-diretor do centro de ensino, Ricardo Medeiros, afirmou que a iniciativa da deputada surpreendeu alunos e professores. “Como a deputada se reportou diretamente à escola, isso nos representou uma interferência; além do mais, os temas transversais trabalhados em sala não são aleatórios, mas abordados a partir de discussões entre os professores, a coordenação e a própria secretaria”, definiu. Sobre os cinco temas, Medeiros foi taxativo: “A escola precisa promover o debate e informar, já que a falta de informação gera preconceito, violência e uma série de outros transtornos”, afirmou.

 

Secretaria cita PNE e Conselho Nacional de Educação

Por nota, a secretaria de educação do DF informou que recebeu o ofício da deputada, mas não o considerou “uma via adequada para se questionar a legalidade e legitimidade da lei n° 5.499/2015, que aprovou o Plano Distrital de Educação”. Conforme a pasta, o plano “contempla o respeito às diversidades ética, cultural, sexual e de gênero”.

“Desta forma, trabalhos de cunho pedagógico desenvolvidos por professores em sala de aula, que contemplem temáticas sociais, estão em conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE), previstos, inclusive, na discussão sobre Cidadania em e para os Direitos Humanos”, diz a nota, que cita ainda trecho de resolução do CNE (Conselho Nacional de Educação) que menciona questões de gênero.  “A missão da unidade escolar, o papel socioeducativo, artístico, cultural, ambiental, as questões de gênero, etnia e diversidade cultural que compõem as ações educativas, a organização e a gestão curricular são componentes integrantes do projeto político-pedagógico, devendo ser previstas as prioridades institucionais que a identificam, definindo o conjunto das ações educativas próprias das etapas da Educação Básica assumidas, de acordo com as especificidades que lhes correspondam, preservando a sua articulação sistêmica”.

 

 

Fonte: Uol Educação

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Em um país que não investe em educação pública, todo mundo perde. Assine a petição

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Desde que assumiu o Ministério da Educação (MEC), Mendonça Filho tem mostrado a intenção de acabar com a democracia na educação.

“Todas as atitudes do ministro nos levam a crer que o objetivo é o extermínio da educação pública e total desvalorização dos docentes”, afirma Marilene Betros, dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

“Depois de receber um conhecido ator de filmes pornôs, como conselheiro, e divulgar meta de privatizar o ensino médio e superior e ainda revogar a nomeação de metade do Conselho Nacional de Educação, agora o MEC inviabiliza o Fórum Nacional de Educação (FNE), exonerando boa parte dos assessores do órgão”, complementa.

Na sexta-feira (1º), foram exonerados 31 assessores técnicos do FNE, sendo 23 ligados à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) e oito, à Secretaria Executiva da pasta.

O FNE foi criado a partir de deliberação da Conferência Nacional de Educação (Conae) de 2010. “É, portanto, um órgão de Estado que deve fazer a interlocução do governo com a sociedade e promover a participação democrática nas políticas desse setor estratégico para o país”, diz Marilene.

Já para Isis Tavares, presidenta da CTB-AM, “as medidas tomadas pelo ministro inviabilizam o FNE e acabam com a Educação de Jovens e Adultos (EJA)”. Tudo indica que a “proposta deles é realmente entregar tudo para as mãos de escolas particulares”.

Contra o desmonte do FNE e a extinção do EJA, circula na internet, no site Avaaz, um abaixo-assinado. “Avaliamos que a Educação, em todos os seus níveis, etapas e modalidades, como direito humano, por ser direito que impulsiona, fomenta e possibilita a aquisição de outros direitos, rege-se por princípios garantidores da liberdade de aprender, ensinar e pesquisar, e pelo pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”, diz trecho do abaixo-assinado.

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Leia na íntegra e assine essa petição aqui.

Para Isis, Mendonça Filho pretende inviabilizar o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014. “Apesar de ainda limitado, o PNE trouxe importantes avanços com as 20 metas a serem cumpridas até 2024, chegando a 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação”.

“Em todos os seus atos, o ministro interino da educação”, diz Marilene, “vem mostrando a vontade de cortar investimentos da educação pública”. Como prova disso, ela cita a intenção do governo golpista de retirar os 50% do Fundo Social e os 75% dos royalties do petróleo para a educação.

As educadoras da CTB lembram também a existência de projetos que visam cercear a liberdade como a “Lei da Mordaça”, baseada no projeto “Escola Sem Partido”. O que na verdade, fala Isis, “é a escola do pensamento único, da falta de diálogo e da desinteligência”.

Marilene fala sobre as propostas que atacam os projetos voltados para uma educação cidadã e cita a infâmia promovida na página da enciclopédia virtual Wikipédia por pessoas de um órgão do governo contra o educador Paulo Freire (1921-1997).

“Atacar um pensador do quilate de Paulo Freire, simplesmente por discordância ideológica, é, no mínimo, um ultraje ao bom senso e um total desconhecimento do papel social da educação, ainda mais num país gigantesco como o Brasil”, diz ela.

Inclusive Ana Maria Araújo Freire diz que seu ex-marido foi um dos mais importantes pedagogos do mundo,  ela divulgou uma Carta Aberta endereçada ao vice-presidente em exercício na Presidência, Michel Temer.

“É inconcebível que numa sociedade democrática se divulgue frases carregadas de ódio e de preconceito como: “Paulo Freire e o Assassinato do Conhecimento” – absurda e ironicamente, no ano em que Paulo Freire está sendo considerado nos EEUU (Estados Unidos) como o terceiro intelectual do mundo, de toda a história da humanidade, mais citado, portanto mais estudado nas universidades norte-americanas, que, a princípio são contra o marxismo”, diz trecho da Carta (leia a íntegra aqui).

 

Fonte: Portal CTB

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ABRAT publica nota sobre editorial jornal ESTADÃO -SP

Em editorial publicado no jornal ESTADÃO -SP em 04/07/2016, lança critica ao manifesto de 20 ministros do Tribunal Superior do Trabalho que valendo-se de seu direito de expressão (a mesma garantia constitucional dos jornalistas), corroborada por mais de 1.500 juízes e desembargadores dos 24 tribunais regionais e a ABRAT entidade nacional de advogados trabalhista respaldada por 18 entidades regionais.

 

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Os ministros da mais alta corte sustentaram a necessidade de preservação de valores constitucionais que se veem ameaçam por iniciativas legislativas tão difusas como abstrusas, reveladoras de uma inesgotável incapacidade de compreensão da dimensão das questões acerca das quais se propõem tais alterações legislativas.

E, diante da constatação de que há notável maioria dos ministros integrantes do Tribunal Superior do Trabalho a afirmar uma imprescindível obviedade constitucional (vivemos o tempo em que reafirmar o óbvio é imprescindível), o jornal lança um ataque não apenas aos Ministros ou aos magistrados que subscreveram o documento por eles lançado, mas ao arcabouço constitucional e jurídico trabalhista. Ao fazê-lo, não há assunção de “jurisdição dos demais Poderes”, mas uma afirmação do conteúdo básico, cujas modificações lesivas não são viáveis juridicamente, declaração que haveria de orientar aqueles que pretendem romper a ordem jurídico constitucional trabalhista do país.

A defesa dos interesses do capital, inclusive do suposto direito de solapar o substrato legal trabalhista, é direito de quem assim pense. Levar a efeito o plano inconstitucional, não. Pretender calar os magistrados e aqueles que defendem o direito do trabalho, tampouco. A magistratura tem o mesmo direito de expressão em tese que o próprio jornal, por meio de seu Editorial.

Pior é difundir equívocos como verdades absolutas.

O primeiro deles consiste na vazia acusação de que a legislação trabalhista seja “um primor de atraso”.

Talvez tenhamos o atraso de não termos regulamentada a proteção contra a dispensa arbitrária, garantia constitucional do inciso I do artigo 7º, que permanece com a provisória tarifação da dispensa, assegurando às avessas o que se pretendia proibir: a arbitrariedade patronal. Talvez tenhamos o atraso de não impedir com efetividade lesões de direito em massa, ou mesmo o atraso de negar à classe trabalhadora o acesso pleno a seus direitos históricos, como a limitação da jornada de trabalho.

O segundo equivoco está em informar que haja apenas 1.7 mil textos legais, entre leis, portarias e súmulas.

Há muito mais do que esse número levantado a esmo. Mas a situação fica mais grave quando se compara com países que esse periódico qualificaria de “avançados” nas relações trabalhistas, como os Estados Unidos da América, cuja legislação laboral soma dezenas de milhares de textos legais.

A dita “anacrônica” legislação trabalhista e os “textos perenes”, apenas no que tange à Consolidação das Leis do Trabalho, já foram objeto de mais de mil e cem alterações atualizadoras, muitas delas com notável vilipêndio às garantias constitucionais, entre as quais a asseguração de melhoria da condição social da classe trabalhadora.

Demais disso, o editorial confunde “encargos” com direitos. São conceitos que não se podem imiscuir e o editorial acaba por disseminar essa equivocada visão.

O que o Presidente da Anamatra, Juiz Germano Siqueira, declarou ao Consultor Jurídico não é senão a reprodução do que a Constituição da República assenta quanto aos direitos dos trabalhadores. A obviedade ululante de que a tentativa de imposição de retrocesso social é inconstitucional e não passa pelo crivo da mais singela aferição de liceidade dessas iniciativas.

A falsidade mais evidente do Editorial está, porém, na suposta contrariedade à utilização de métodos de solução de conflitos, como conciliação e arbitragem.

A arbitragem trabalhista, no campo dos conflitos coletivos, é a única constitucionalmente prevista. E se não é adotada, é porque as partes envolvidas não se aculturaram – ou porque não se revelem bastantes ao propósito de pacificar as partes.

A conciliação é elevada a princípio processual e a Justiça do Trabalho concilia feitos às centenas de milhares a cada ano.

Mumificada, portanto, é a visão preconceituosa contra o Judiciário Trabalhista e seus atores, já que padece da miopia própria de que não enxerga ao longe e da hipermetropia de quem, ao reparar nos fatos de perto, o faz com o preconceito que obnubila a visão e a converte em mumificação do cérebro.

 

​​​​BRASILIA, 05 DE JULHO DE 2016.

 

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Educação não é mercadoria: Contee acionará Cade e MPF contra fusão entre Kroton e Estácio

 

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A Contee vai acionar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério Público Federal (MPF) contra a fusão entre a Kroton e a Estácio, anunciada oficialmente no último dia 1°. No mês passado, a Confederação já havia divulgado uma nota pública reafirmando sua posição contrária às fusões de grandes grupos educacionais que controlam o ensino superior privado no país.

No documento, a entidade reiterava sua preocupação com o crescente processo de desnacionalização da educação superior brasileira, que coloca em risco tanto a formação dos estudantes e as condições de trabalho de professores/as e técnicos/as administrativos/as como o próprio desenvolvimento soberano, sustentável e cidadão do Brasil.

”Aceitar operações financeiras, como a fusão apontada, é abrir mão de garantir a educação como direito, e tratá-la como serviço ou mercadoria. A Contee, além de lutar contra os golpistas – que possuem nítido descompromisso com a educação pública democrática e de qualidade, e larga conexão privatistas –, fará todas as ações possíveis para denunciar mais essa fusão e impedir que a mesma se concretize”, afirmou a nota da Confederação.

O comunicado da Estácio ao mercado informando que aceitava os termos econômicos da nova proposta da Kroton foi feito na última sexta-feira (1°), mas o negócio ainda precisa do aval do Cade. A operação, avaliada em cerca de R$ 5,5 bilhões, faz crescer ainda mais o monstro educacional que já havia sido criado entre 2013 e 2014, durante o processo de fusão entre Kroton e Anhanguera.

A ação da Contee junto ao Cade e ao MPF seguirá o exemplo da medida que a Confederação já havia tomado no caso Kroton-Anhanguera. Na ocasião, a Confederação alertou o Cade sobre como a negociação iria ”prejudicar a livre concorrência e a livre iniciativa, com o domínio do mercado”, o que lhes permitiria ”exercer de forma abusiva posição hegemônica, bem como o aumento arbitrário de lucros escorchantes”. Além disso, a Contee também destacou que os dois grupos empresariais ”jamais demonstraram qualquer preocupação com o cumprimento da função social da propriedade, que, para eles, só tem um único valor: o do lucro máximo e fácil”.

A história, como se pode notar, se repete em mais uma farsa que visa ao desmonte da educação nacional. A Contee mais uma vez repudia qualquer operação financeira que signifique instauração de oligopólio no setor de ensino superior, o que contraria tanto a economia quanto, e sobretudo, o papel do Estado de zelar pela educação como direito dos cidadãos brasileiros. Em seu papel de entidade nacional representativa dos/as trabalhadores/as do setor privado de ensino, defensora do fortalecimento da educação pública e da necessária e urgente regulamentação do ensino privado, a Confederação também continuará tomando as medidas legais cabíveis na luta contra a financeirização, oligopolização e desnacionalização do ensino no Brasil.

 

Educação não é mercadoria!

 

 

Fonte: Contee

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UNE emite nota sobre o desmonte do Conselho Nacional de Educação

O presidente interino Michel Temer revogou nesta terça-feira (28) a nomeação e recondução de metade dos membros do Conselho Nacional de Educação (CNE). O CNE é um órgão técnico e uma das principais esferas para discussão democrática das políticas nacionais de educação. Para evitar qualquer tipo de interferência política no CNE, os 24 conselheiros do órgão possuem mandatos de quatro anos.

Os conselheiros banidos por Temer foram indicados pela presidenta Dilma Rousseff em maio. Leia nota da UNE sobre o assunto:

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Nota sobre desmonte do Conselho Nacional de Educação

O movimento estudantil brasileiro, as entidades ligadas à área da educação e a sociedade civil em geral receberam com extrema preocupação a notícia do desmonte, promovido pelo governo interino de Michel Temer, do Conselho Nacional de Educação (CNE). O órgão, ligado ao Ministério da Educação e voltado ao acompanhamento social das políticas públicas educacionais no país, sofreu na última terça (28) grave intervenção com a anulação da nomeação de metade dos seus membros.

Foram anuladas as nomeações de quatro conselheiros da Câmara de Educação Básica e três membros da Câmara de Educação Superior, além de revogada a recondução de três membros da Câmara de Educação Básica e dois conselheiros da Câmara de Educação Superior.

Além de representar um retrocesso alarmante e um ataque direto ao setor da Educação, a ação do governo golpista de Temer e do ministro Mendonça Filho é uma séria afronta à estrutura democrática do estado, respaldada pela participação popular nos Conselhos que garantem a representatividade da sociedade na fiscalização das políticas governamentais. Revela a baixíssima qualidade republicana dos que se ocuparam irregularmente do poder no país, assim como o medo que têm da democracia participativa.

A União Nacional dos Estudantes e as demais entidades estudantis não assistirão impassíveis à escalada do desmanche da educação brasileira. Não permitirão o golpe covarde e ilegítimo sobre as conquistas de décadas na área educacional, fruto da reivindicação de muitas gerações que nos antecederam. A dissolução do CNE enfrentará a nossa mais enérgica oposição. Não passarão.

 

Fonte: UNE

Com informações: Portal Vermelho

 

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Guia prático de como fazer um desmonte na educação

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A Contee explica como o Governo Temer faz o desmonte da educação brasileira. Acompanhe os fatos:

 

26 de maio
Ministro da Educação recebe estuprador confesso Alexandre Frota e a  comitiva do grupo Revoltados Online para discutir propostas da educação sob o governo interino. Leia aqui.

 

03 de junho
Mendonça Filho exonera, sem aviso prévio, 31 assessores técnicos, sendo 23 ligados à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) e oito à Secretaria Executiva da pasta. As exonerações fizeram com que o Fórum Nacional de Educação (FNE), que tem entre seus objetivos mediar a interlocução e promover a participação e controle social da política nacional de educação, fosse extinto. Veja aqui.

 

10 de junho
Mendonça Filho recebe em audiência representantes do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular. Na ocasião foi entregue uma “Agenda propositiva para relações entre o Ministério da Educação e as Instituições de Ensino Superior Particulares”, formada de uma agressiva ação contra qualquer regulamentação da educação privada, principalmente as que exigem das instituições  qualidade, tanto do ensino, como da pesquisa e extensão, além da qualificação do  corpo docente e plano de carreira. Lembre aqui.

 

15 de junho
Michel Temer propõe a PEC 241/2016, que congela os gastos públicos por 20 anos para pagar a dívida pública. A medida recai sobre os trabalhadores, os servidores e os serviços públicos e, especialmente, em áreas essenciais à população brasileira como a Educação e Saúde. Saiba mais aqui.

 

28 de junho
O Governo golpista de Michel Temer continua o desmonte da educação. A vítima da vez foi o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a revogação de decretos que nomearam novos membros do CNE, uma clara atitude antidemocrática do governo Temer, que continua em sua perseguição política em todas as esferas possíveis. Leia aqui.

 

 

Fonte: Contee

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Reforma da Previdência de Temer prejudica mulheres e poupa militares

A reforma previdenciária que está sendo elaborada pelo governo Michel Temer vai prejudicar sobretudo as mulheres: o Palácio do Planalto vai propor que a diferença no tempo de contribuição dos homens e mulheres seja reduzida de 5 para 3 anos. Hoje os homens precisam contribuir por 35 anos, e as mulheres, por 30. O Planalto também quer que a idade mínima de aposentadoria seja fixada em 65 anos.

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Segundo o jornalFolha de S.Paulo, o governo Temer tencionava unificar as regras de aposentadoria para homens e mulheres, mas decidiu amenizar um pouco a ideia inicial para não enfrentar a resistência da bancada feminina no Congresso. As centrais sindicais não aceitam que a reforma retire direitos dos trabalhadores na ativa. O governo Temer, contudo, defende a implementação de mudanças a partir da aprovação no Legislativo, o que deve suscitar inúmeras ações judiciais.

Ao mesmo tempo, de acordo com o jornal Valor Econômico, a reforma de Temer não pretende fazer nenhuma mudança nas regras para aposentadorias e pensões nas Forças Armadas, que representam 44,8% do rombo no regime dos servidores públicos, de acordo com os cálculos do governo. O setor público possui 945 mil aposentados. Em 2015, o déficit previdenciário dos servidores somou R$ 72,5 bilhões, um aumento de 8,37% em relação a 2014. Do total, os militares respondem por R$ 32,5 bilhões.

O contraste entre o déficit no setor privado e no setor público é muito grande: o regime geral de Previdência possui 28 milhões de beneficiários e apresentou um déficit de R$ 85,8 bilhões no ano passado. Os dados do governo sobre o déficit no INSS, contudo, precisam ser vistos com reservas, como já demonstrou a professora de Economia da UFRJ, Denise Gentil.

Segundo ela, os cálculos do governo sobre o déficit previdenciário no INSS sempre omitem as outras fontes de financiamento da Seguridade Social, com a Cofins e a CSLL, exatamente para justificar a implementação de uma reforma previdenciária que prejudique os trabalhadores. Como observou Denise, a Previdência obteve uma receita bruta de R$ 675,1 bilhões em 2015, e gastou R$ 658,9 bilhões: teve, portanto, um superávit de R$ 16,1 bilhões. Mas o governo desconsidera tais dados para impor seu projeto de ajuste.

 

 

Fonte: Portal Vermelho

Com informações: Brasileiros