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Medida provisória é golpe no ensino médio

 

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Entre os tantos golpes que os direitos sociais têm sofrido no Brasil, o mais recente, deflagrado hoje (22), foi, mais uma vez, contra a educação. Especificamente, contra o ensino médio, com o anúncio da medida provisória que, sem debate algum com a sociedade brasileira, pretende instituir uma espécie de ‘’milagrosa’’ — eufemismo para falaciosa e irresponsável — reforma no setor.  Trata-se, na verdade, de um colossal prejuízo e retrocesso para a educação nacional. Impossível não se espantar e questionar: como um governo como esse, impopular e ilegítimo, atreve-se a legislar, por medida provisória, sobre algo tão importante e fundamental quanto a educação?

Antes de mais nada, é preciso lembrar que a própria proposta de reforma do ensino médio no qual o Ministério da Educação se baseou para editar sua MP — o Projeto de Lei 6840, que tramita no Congresso Nacional desde 2013 — já vinha sofrendo diversas críticas por parte de especialistas. As principais, como lembra a coordenadora da Secretaria-Geral da Contee e coordenadora-geral em exercício, Madalena Guasco Peixoto, são: o fim do ensino médio noturno para menores de 18 anos, o período integral e a divisão por áreas de conhecimento. Trata-se nada mais nada menos da reedição 2.0 de uma das mais criticadas e mal-sucedidas reformas educacionais da história brasileira: a Reforma Capanema, implantada sob a ditadura do Estado Novo. O fato de um modelo semelhante estar sendo adotado mais uma vez após um golpe de Estado não há de ser mera coincidência.

‘‘O pior é que essa medida provisória piora ainda mais o que foi a experiência anterior, porque pressupõe que o aluno possa decidir pela área ou pelo ensino profissional, mas não garante que ele terá a escolha que fez, já que isso dependerá de a rede oferecê-la ou não’’, alerta Madalena. ‘‘A medida aumenta a carga horária, mas não trata de questões como a valorização dos profissionais da educação, do número de alunos por sala e das dificuldades reais que os estudantes brasileiros possuem em somente estudar, ou seja, não cria nenhuma bolsa para que esses alunos possam se manter em tempo integral na escola. Não leva em conta, portanto, que os alunos que desistem do ensino médio, na sua grande maioria, fazem isso porque precisam trabalhar.’’

A diretora da Contee também chama atenção para o fato de o governo golpista propor a eliminação de disciplinas que são fundamentais para a formação crítica, como artes, filosofia e sociologia. ‘‘Vai na contra mão do que foi  aprovado no PNE no que diz respeito à necessidade de os professores serem formados na  área em que ensinam’’, observa Madalena. ‘‘O MEC tinha feito um programa de formação para os professores com bolsa para que eles se graduassem na área em que ensinam. Na contramão disso, na medida provisória, ele (o Ministério) cria o ‘notório saber’, ou seja, o professor pode dar aulas mesmo que sua licenciatura não seja naquela área ou disciplina. Isso oficializa o que há de pior nas redes: o professor temporário que dá aula de qualquer coisa mesmo sem formação específica. E o governo ainda tem coragem de dizer que essa medida provisória visa a melhorar o desempenho dos alunos e a qualidade’’, ironiza.

A coordenadora da Secretaria-Geral da Contee, que é doutora em Educação e professora titular do Departamento de Fundamentos da Educação da PUC-SP, destaca os absurdos de o MEC criar o tempo integral sem dizer como as redes irão se organizar para isso e de somente citar a Base Nacional Comum Curricular que ainda está em discussão e que interfere diretamente no que deve ser ensinado em todo o ensino infantil e básico, incluindo o ensino médio, sem levar em consideração todo o debate que tem sido realizado.

‘‘É mais um dos absurdos que este governo golpista comete, agora contra a educação nacional, atingindo milhões de famílias e trabalhadores em educação do país’’, observa Madalena. ‘‘O que precisamos fazer agora é conversar com os parlamentares, já que a matéria vai para o Congresso, e fazer as emendas necessárias para derrubar a essência dessa canetada.’’

 

Fonte: Contee

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Representantes do Sinpro Goiás participam de Audiência Pública do MPF sobre Doutrinação Político-Partidária no Sistema de Ensino

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O presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – Sinpro Goiás, Prof. Alan Francisco de Carvalho, juntamente com presidente eleito do Sinpro Goiás para a próxima gestão 2016/2020, Prof. Railton Nascimento de Souza e o consultou jurídico do Sinpro Goiás, Prof. José Geraldo Santana, participaram da Audiência Pública promovida pelo Ministério Público Federal – Go, que discutiu a “Doutrinação Político-Partidária no Sistema de Ensino”. O debate aconteceu no Auditório da Procuradoria da República em Goiás, das 9 as 12hs.

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De acordo com o edital, 13 instituições e dois especialistas fizeram apresentações acerca do tema, por até 30 minutos, respeitada a seguinte sequência: 1) União Brasileira de Mulheres; 2) Fórum Municipal de Educação de Goiânia; 3) Fórum de Licenciatura da Regional Goiânia/UFG; 4) Fórum Estadual de Educação de Goiás; 5) Movimento Escola Sem Partido;
6) Instituto Liberdade e Justiça; 7) Movimento De Olho no Livro Didático;
8) Faculdade Sul-Americana – Fasam; 9) Bráulio Tarcísio Porto de Matos, Professor da Faculdade de Educação da UnB; 10) Jean Marie Lambert, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás; 11) Ministério da Educação; 12) Secretaria de Educação do Estado de Goiás; 13) Secretaria de Educação do Município de Goiânia; 14) Universidade Federal de Goiás; e
15) Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação
Superior do Estado de Goiás.

IMG-20160921-WA0020Além dos órgãos, entidades, movimentos sociais e especialistas que oficialmente fizeram os pronunciamentos, outros mais e qualquer cidadão puderam assistir à audiência e fazer eventuais esclarecimentos e questionamentos pertinentes e oportunos, conforme decisão da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC).

Como o Sinpro Goiás não foi selecionado por edital para se posicionar diante o tema debatido, segue abaixo posicionamento da entidade a respeito do assunto:

 

Os meus cordiais cumprimentos a todos os presentes.

Em meu nome e da  Entidade que, aqui, tenho a subida honra de representar e que avaliza as assertivas e conclusões abaixo alinhavadas, o Sinpro Goiás, cumprimento o MPF por esta pertinente e oportuna iniciativa, de trazer ao debate questão tão instigante quanto polêmica. Esta audiência pública representa  a concretização da acepção etimológica do  substantivo dialética, hoje, lamentavelmente, desprezada e banalizada.

Peço-lhe licença, para abrir a minha manifestação com uma sábia e atemporal lição, ministrada, há cerca de cinco séculos, pelo médico, alquimista e filósofo suíço, Paracelso, ainda hoje referência na medicina.

“A aprendizagem é a nossa própria vida, desde a juventude até a velhice, de fato quase até a morte; ninguém passa dez horas sem nada aprender”.

Fazendo ecoar esta imorredoura lição, a Constituição Federal(CF) de 1988- a Constituição cidadã, que tem cheiro de amanhã e não de mofo, nas sublimes palavras do saudoso Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulisses Guimarães, um dos maiores estadistas deste País, em todos os tempos-, ao abrir o Capítulo dos Direitos Fundamentais Sociais, no Art. 6º, fê-lo com a educação; propositalmente escolhida como o primeiro, dentre todos.

A CF, no seu Art. 206, estabelece os objetivos da educação, que são: pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Já, no 206, especifica os princípios sobre os quais se assenta o ensino, que é uma das múltiplas faces da educação, e que se concretiza nas escolas, e que se constitui no objeto de debate, nesta oportuna audiência pública.

Dentre os princípios preconizados pelo Art. 206, da CF, calham a este debate os seguintes: liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte o saber (inciso II); pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.. ( inciso III); valorização dos profissionais da educação escolar.. ( inciso V); garantia de padrão de qualidade (inciso VII).

A efetiva e adequada observância dos destacados objetivos e princípios revestem-se de uma das condições essenciais, sem as quais não é possível, para que a sociedade brasileira possa ser fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social, como anuncia o Preâmbulo da CF, que é a síntese de seus fundamentos e finalidades.

Portanto, cabe à escola constituir-se em mola propulsora desta construção; o que, à primeira vista, pode parecer simples e insuscetível de dúvidas. No entanto, o cotidiano da vida social acha-se pleno de provas em sentido contrário. Ou seja, de que se trata de ação social de grande dimensão e de complexa envergadura. Os fatos que ensejam este debate são provas incontestáveis desta complexidade.

Os meus quarenta anos de magistério, doze como Conselheiro do Conselho Estadual de Educação, dos quais quatro como seu Presidente, e  quase dez como integrante do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, descortinaram-me esta complexidade.

E mais: ensinaram-me que a escola  é construção coletiva, em cada um de seus passos,  e não a singela soma das individualidades que a compõem; que não pode ser concebida para além da comunidade, mas, sim, como parte integrante e indissociável desta,  por ela feita e dirigida; que o  efetivo e cultivado respeito à pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas é a pedra de toque de seu êxito; que qualquer tentativa, por mais inofensiva que possa parecer, de cercear este pluralismo e/ou de fazer prevalecer uma concepção sobre as demais, representa certeiro passo rumo ao seu fracasso, como parte constitutiva da sociedade de que nos fala o Preâmbulo da CF.

Werner Jaeger, Catedrático da Universidade da Alemanha- falecido em 1961-, ao discorrer sobre o lugar dos gregos na História,  em Paidéia, diz que a educação não era, para eles, propriedade individual, mas, pertencente, por essência, à comunidade; e que participava na vida e no crescimento da sociedade.

Com base neste aprendizado, sinto-me compelido a propor a todos quantos queiram discutir a escola, com vistas à busca da concretização de seus objetivos constitucionais, que não nos afastemos do temperado e sábio conselho de Paulinho da Viola, dado ao seu contendor, Benito de Paula, na belíssima música “Argumento”, qual seja: “ Sem preconceito ou mania do passado; sem querer andar com quem não quer navegar; faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar”. Em uma palavra: abertura ao diálogo e prudência.

Notadamente, em tempos sombrios, como os que ora vivenciamos, aqui e alhures, de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada- parafraseando Bertolt Brecht-, nos quais a delação vira símbolo de eficiência da Justiça; a presunção de inocência é rasgada por quem tem  o dever de guardá-la; não se parte mais  da constatação de um crime, para se buscar o criminoso, antes, fabrica-se o criminoso, somente após é que se forja o crime; em que o respeito e o culto à diversidade e à alteridade são substituídos pela intolerância e pela lei penal do inimigo.

Com o devido respeito aos que pensam de modo diverso, a discussão do tema, que tem lugar nesta Audiência, tal como posta, ainda que não seja a intenção de quem a fustiga e alimenta, representa a negação da escola como criação social e construção coletiva, consoante o que preconizam o Art. 206, da CF, e o 13, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -LDB-, Lei N. 9394/1996. Ao reverso, entendem-na como algo fora e distante da comunidade, que é produzido ao arrepio desta, por vontade individual de quem nela exerce o papel de mediador do conhecimento construído, e, a partir dele, da construção de novos: o professor.

Ora, quem concebe a escola como construção social e coletiva sabe que, se esta viga mestra for observada, não há risco de ela transformar-se em púlpito para possíveis atos inescrupulosos, de proselitismo político e doutrinação partidária; como alardeiam os que empunham a bandeira da chamada escola livre e sem partido; que já carrega consigo o ranço da intolerância e de inconfessa defesa de doutrinação em outra vertente: a do absenteísmo, de coibição da livre circulação de ideias e de concepções divergentes, que negam o porvir; patentes na Lei de Alagoas, N. 7800/2016, e nos diversos projetos de leis (PLs), que buscam a sua regulamentação.

Eventuais, e até não raras tentativas de prática de tal mister, são prontamente desautorizadas e rechaçadas pelas reuniões pedagógicas, de planejamento, de avaliação e correção de rota; alicerces ditados pelo comentado Art. 13, da LDB; desde, é claro, que a escola seja parte integrante da comunidade e seja por ela pensada e construída.

Se a comunidade não participa do cotidiano da escola, se não a tem como sua, e a serviço do cumprimento dos objetivos constitucionais, insertos no Art. 206, já enumerados acima; não há como esta alcançar o padrão de qualidade social, que é princípio constitucional, como já anotado, Art. 206, inciso VII, da CF.

Repensar a escola, propor e adotar medidas que proporcionem a  sua transformação, em defesa e na busca do referido padrão, constituem-se em obrigações inarredáveis e inadiáveis, ao sentir de todos quantos a amamos, a ela nos dedicamos, e nela vislumbramos uma janela para a construção do porvir.

Todavia, nem de longe, as medidas a serem tomadas em prol destes objetivos podem admitir, e, muito menos, conviver com o cerceamento do bem mais precioso e mais caro à humanidade: a liberdade, em suas múltiplas dimensões e revelações.

Calar a liberdade, em qualquer grau ou dimensão, significa calar a vida; se não a física, ao menos a mais importante de suas dimensões: a de ser pensante, criador, construtor e realizador.

Como bem nos brada o Poeta Castro Alves, em seu magnifico poema  O Livro e a América, “..nem templo feito de ossos, nem gladio a cavar fossos, são degraus do progredir”.

A escola é, dialeticamente, instituição de conservação e de transformação social. Aqui reside a razão primeira do princípio constitucional, indelevelmente, insculpido no Art. 206, inciso II, da CF, consubstanciado na   liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber.

Como a escola pode cumprir esta missão social, de primeira e maior grandeza, se se resumir a ser mera repassadora de  atos e fatos do passado, sem refletir sobre o presente e o futuro? A escola tem de ser, simultaneamente, e sem contemplação alguma, a aurora e o ápice do conhecimento; jamais o seu ocaso, ou arquivo do passado.

Se o papel social da escola fosse de mera informadora e/ou repassadora dos múltiplos atos e fatos do cotidiano social, como querem os que esposam os PLs que visam a criar a chamada escola livre e sem partido; poderia e deveria ser substituída, com incomensurável vantagem, pelo computador. O que seria muito menos oneroso, financeiramente, e dispensaria o professor.

Por que a cidadania não cogita isto? A resposta é simples e inquestionável: porque esta não é a missão social da escola; a sua missão primeira é a de se constituir em centro de convivência social, de diálogo permanente, de questionamentos e portal do porvir. Não se cumpre esta complexa missão  sem a subjetividade – inerente ao ser humano- , dos muitos atores que compõem o cenário escolar; com destaque para todos, não havendo ator principal e/ou coadjuvante.

Como já asseverava Protágoras, há mais de vinte e cinco séculos: “O ser humano é a medida de todas as coisas”. A escola é instituição viva, concreta e tem como o alvo o ser humano, que é único e irrepetível, nas felizes palavras de Hanna Arendt; este ser de quem nos fala Protágoras, e não unidade de carbono,  da obra Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo.

Creio que seja conveniente compararmos a escola com a magistratura, que, pela mesma razão, não é substituída pelo computador. Assim sendo, porque o papel social do juiz, como afirma o Art. 5º, da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), não é cunhar a letra fria da norma, em cada ato processual, como faria o computador; mas, sim , ao de atender aos fins sociais aos quais ela se destina e às exigências do bem comum. E, isto, só pode ser levado a cabo, com a subjetividade do juiz.

Daí ser forçoso concluir: do mesmo modo que não existe nem pode existir juiz neutro, também, não existe nem pode existir escola neutra; sob pena de se estrangular a essência do ato criador humano: a subjetividade, que gera a inquietação, a busca do aperfeiçoamento, e a construção de novos paradigmas, para o ensino e para o direito.

Os meus quarenta anos de magistério ensinaram-me que a relação entre os sujeitos da aprendizagem tem de ser de absoluta confiança, de respeito mútuo, de constantes discordâncias, sob pena de se sacrificar a dialética, que é a beleza do convívio escolar.

E mais: para que esta relação possa ser exitosa, não pode haver lente- o que sabe tudo-, e aluno (no sentido etimológico do vocábulo, que é sem luz); como bem nos alerta Guimarães Rosa, por meio do jagunço Riobaldo, seu personagem maior, na sua obra prima Grande Sertão: Veredas: Mestre não é quem sempre ensina; mas quem de repente aprende. Importa dizer: todos, inclusive os que somos professores, somos muito mais mestres, quando aprendemos, do que quando ensinamos.

O professor  que não respeita a divergência, o pensamento  contrário, de seus alunos, ou de  qualquer outro interlocutor, não está à altura desta missão; não pode exercê-la. E o aluno que aceita opinião diferente da sua,  sem sobre ela refletir, pouco sabe sobre o  que é o convívio social, e o que é a pluralidade.

Aprendi, ainda, que o professor que não expõe a sua conclusão sobre o tema em debate, igualmente, não está à altura da missão a que se propôs. O professor que assim age assemelha-se à condição do Poeta Jean Arthur Rimbaud, que,  em conflito consigo mesmo, diz em carta a  , diz que “ O eu é um outro”. Importa dizer: o professor que expõe sua conclusão nega a sua condição e a sua missão maior.

Do mesmo modo, o aluno que, desde a mais tenra idade, não ousa discutir, divergir e questionar, terá muitas dificuldades no cotidiano da desafiadora construção da cidadania.

E, aqui, a pergunta principal: como assim agir, se a subjetividade dos professores e dos alunos for cassada, por meio das mordaças contidas na Lei de Alagoas e nos PLs que tramitam na Câmara Federal? A resposta é desalentadora: não será possível.

Como bem assevera o Conjunto Rappa, na música “Minha Alma (A paz que não quero): “ Paz sem voz, não é paz, é medo”. Parafraseando-o, pode se afirmar, sem receio algum: escola, sem liberdade de aprender e ensinar, não é escola; é sepulcro.

A escola propugnada pelos defensores da chamada escola livre dará razão à assertiva de Marcus Vinicius da Cunha-  no Artigo A escola contra a família, publicado no Livro 500 de Educação no Brasil, 2000-, assim assentada:

“ Se a escola abrir mão de cumprir suas metas socializadoras e normalizadoras, quem educará as novas gerações? Por certo os profissionais dos meios de comunicação, as gangues de rua, os agenciadores de biscates, os gerentes das fabriquetas de fundo de quintal ou os  traficantes de armas. Candidatos naturais a educadores não faltam…”.

Esta escola, mesmo que não seja isto que esperem os seus idealizadores, confirmará os lemas do Ministério da Verdade, da obra de George Orwell, 1984, que são: guerra é paz; liberdade é escravidão; ignorância é força”.

 

Ou, na melhor das hipóteses, confirmará a ironia de Graciliano Ramos, em Artigo intitulado “Cabeças”, publicado  no Diário de Noticias, do Rio de Janeiro, aos de outubro de 1938; “ Em Alagoas, como em outros lugares, há uma quantidade regular de homens loquazes que falam horas sem dizer nada..”. Estes homens serão os professores.

Por acreditar que não é possível a construção da cidadania, com  escola sem vida, sem dialética, e como mero arquivo do passado; tenho a honra de co-assinar, como procurador, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) N. 5537, contra a Lei de Alagoa, já, reiteradamente, mencionada, distribuída ao Ministro Roberto Barroso; faço-o em nome da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino  (Contee), que representa cerca de um milhão de profissionais da educação escolar.

A Contee, o Sinpro Goiás- em nome de quem falo, neste ato-, todas as demais entidades de profissionais da educação escolar, em âmbito nacional, e autorizadas vozes da educação e do Ministério Público, entendem que incriminar a liberdade de aprender e de ensinar e tolher a livre manifestação da pluralidade de ideias e concepções pedagógicas, representa colossal retrocesso social, pois, ao fim e ao cabo, isto consubstancia-se na incriminação da vida social.

Para finalizar esta singela digressão, peço-lhes licença para fazê-lo, trazendo um angustiante depoimento do acreditado e respeitado Educador Popular, Tião Rocha, ao programa Globo Educação;  o qual tive o prazer de ouvir.

Contou o referido Educador, que, no exercício de seu mister, teve um aluno, em Belo Horizonte, do 8º ano do ensino fundamental, que sempre o desafiava, com instigantes e pertinentes questionamentos; o que o obrigava a mais bem se preparar, para ministrar aulas de História, na sala em que ele estudava.

Um dia, ao chegar ao Colégio, foi surpreendido com a triste  notícia de que Álvaro havia cometido suicídio. Maior surpresa, que o deixou sem voz e sem ação, foi o terno abraço que recebeu dos pais de Álvaro, seguido da afirmação de que seu o filho o tinha em alta conta, em verdade, como herói maior; e que por isto, esperavam que  ele pudesse lhes dizer o motivo do suicídio. No entanto, para o desespero de todos, o Educador não o sabia.

Tião Rocha conclui esta emblemática história com a reflexão de que, naquele momento, aprendera que falar de revolução industrial, revolução francesa, independência do Brasil etc,  muito importante. Porém, o mais importante e relevante  é conhecimento dos sujeitos da aprendizagem, saber quais são as suas características, suas aptidões, seus anseios, suas angústias; o que só uma escola formadora pode alcançar. Jamais, uma escola desprovida de subjetividade humana pode fazê-lo.

Ante todo o exposto, penso que o nosso primeiro desafio  é o de assentarmos que escola queremos; o que esperamos dela; qual a sua missão social; qual o seu papel histórico. Sem isto, a escola corre o risco de ser inútil à sociedade, de se transformar em coisa amorfa: sem sopro de vida e de porvir.

A escola que tenta se esconder, sem o conseguir, na indevida apropriação da liberdade, nada mais faz do que confirmar a refinada sátira do Poeta Português Guerra Junqueiro, em seu poema satírico a Escola Portuguesa:

 

Como querem que despontem
Os frutos na escola aldeã,
Se o nome do mestre é — Ontem
E o do discíp’lo — Amanhã!

Como é que há-de na campina
Surgir o trigal maduro,
Se é o Passado quem ensina
b a ba ao Futuro!

Ao debate.

 

 

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Contee reafirma defesa do FNE como espaço construtor de políticas públicas para a educação

A coordenadora da Secretaria-Geral da Contee e coordenadora-geral em exercício, Madalena Guasco Peixoto, e a coordenadora da Secretaria de Assuntos Educacionais da Confederação, Adércia Bezerra Hostin dos Santos, participaram nesta segunda-feira (19), no Ministério da Educação, da reunião da Comissão de Sistematização, Monitoramento e Avaliação (CSMA) do Fórum Nacional de Educação (FNE). À comissão compete acompanhar a implementação das deliberações das Conferências Nacionais de Educação e monitorar o processo de implementação, avaliação e revisão dos Planos de Educação, entre outros temas, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

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Em sua fala, Madalena destacou a importância e o papel do FNE na elaboração e implementação de políticas públicas. ‘‘O Fórum Nacional de Educação não é um órgão de governo, é um órgão acima do governo, é um órgão de Estado. E é plural. E exatamente na sua pluralidade se faz a democracia e o debate. Então, o Fórum é fundamental’’, afirmou. ‘‘Agora, não se espere do Fórum o que é papel do governo. O Fórum é o Fórum e o governo é o governo. O que o Fórum faz é propiciar o debate, é elaborar documentos com um posicionamento sobre a educação e mobilizar a sociedade brasileira, porque foi o Fórum Nacional de Educação que foi responsável pela criação dos fóruns municipais e estaduais e que hoje os acompanha. Esse é o nosso papel.’’

A diretora da Contee ressaltou ainda que, justamente por ser um órgão plural, o FNE é o lugar onde os debates e as concepções têm que ser colocados. ‘‘Por exemplo: estamos aqui num esforço de debater as Bases Nacionais Curriculares e a gente vê uma medida provisória de mudança do ensino médio que obviamente está mexendo diretamente com conteúdo, com o que vai ser ensinado. Essas questões eu gostaria de discutir porque, como Fórum, precisamos debater e tomar uma posição’’, cobrou. ‘‘Falamos que os secretários vieram aqui ao Ministério dizer da dificuldade em que eles estão para cumprir as metas do PNE. E, ao mesmo tempo, se discute uma PEC que desvincula a verba de educação para os municípios e estados. E aí é o Fórum que vai resolver esse problema? Não, o PNE é uma lei de Estado, foi votada no Congresso Nacional e as promessas têm que ser cumpridas. E, para isso, precisamos de verba para a educação, para que a gente faça as metas dos dez anos, senão não vamos fazer. Aí não adianta secretário ficar nervoso, porque objetivamente esse é um problema nacional’’, completou.

Madalena aproveitou também para reafirmar o posicionamento da Contee em defesa da educação e do FNE. ‘‘Essas coisas vamos de fato ter que debater, porque a Contee por exemplo, que compõe o Fórum desde sua fundação, não abre mão desse espaço. Representamos 1 milhão de trabalhadores do setor privado de ensino e não abrimos mãos desse espaço, porque é nele que construímos as políticas públicas de educação do Brasil, de forma debatida e consensual. Não vamos abrir mão e estamos felizes porque, pela primeira vez, estamos nos reunindo no Ministério da Educação. O Fórum não pode parar, tem que ter seu espaço, porque foi construído pela sociedade brasileira. E enquanto Confederação nós vamos contribuir no que for necessário para o avanço da educação brasileira.’’

A Contee também participou ainda nesta segunda-feira do lançamento da Conferência Nacional de Educação (Conae) de 2018. Hoje acontece a reunião do Pleno do Fórum Nacional de Educação.

 

Fonte: Contee

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Centrais convocam paralisação nacional em defesa dos direitos sociais e trabalhistas

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Após reunião realizada na tarde da última sexta-feira (9), as centrais sindicais (CTB, CUT,  Força Sindical, UGT,  Nova central e Intersindical) anunciaram a realização de paralisação nacional no próximo dia 22 de setembro. A reunião, que ocorreu na sede da CUT Nacional, deliberou a convocação geral da classe trabalhadora em protesto contra as medidas anunciadas  pelo governo sem voto de Michel Temer, que sinaliza para a implementação de uma agenda ultraneoliberal.

Essa jornada é considerada pelos sindicalistas como uma forma de ir debatendo com as categorias  a construção de uma greve geral. De acordo com informações do presidente da CTB/SP, Onofre Gonçalves, que acompanhou a reunião, “a pauta é a defesa dos direitos sociais e trabalhistas com um forte foco nas reformas maldosas que rasgam a CLT e desmontam a nossa Previdência Social”.

Ele avisou que a classe trabalhadora não irá se calar diante das medidas anunciadas. “Oitenta horas de jornada semanal ou 12 horas de jornada diária. É isso que é jogado pelo governo golpista que quer a todo custo retirar direitos. Haverá luta. Queremos solução para o desemprego e como resposta recebemos precarização do mundo do trabalho”, externou.

Em ato realizado neste domingo, 11/09 na Avenida Paulista, o presidente da CUT/SP, Douglas Izzo, afirmou que a classe trabalhadora não permitirá a concretização da reformas nos direitos que o governo tem anunciado. “Fora Temer e todos aqueles que defendem o retrocesso e que querem aplicar no Brasil uma política que vai acabar com a educação, saúde e políticas universalizantes. Nós temos que denunciar os golpistas que estão votando no Congresso Nacional projetos que representam o desmonte das políticas sociais”, disse o dirigente.

Também serão pautas da paralização nacional: a luta contra o desemprego que já atinge a 12% e as privatizações; o saque aos recursos públicos; o desmonte da Educação, Saúde, moradia, Agricultura familiar; e a defesa da soberania nacional.

 

Fonte: Contee

Com informações da CTB e da CUT

 

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Após ligação de Temer, ministro diz que jornada normal continua sendo de 8 horas

deputado-federal-ronaldo-nogueira-ptb-rs-atualmente-ministro-do-trabalho-do-governo-temer-1463769457730_300x420Diante da repercussão de suas declarações sobre a reforma trabalhista, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, recebeu uma ligação do presidente Michel Temer no início da noite desta quinta-feira (08), por volta das 19h. “O presidente me ligou, me orientou a reafirmar que o governo não vai elevar a jornada de oito horas, nem tirar direitos dos trabalhadores”, disse o ministro.

Nogueira afirmou que o padrão normal e legal continuará sendo o de oito horas diárias e 44 horas semanais, sem alterações para os trabalhadores. O que a reforma permitirá é que as convenções coletivas de categorias tenham a opção de flexibilizar a forma como a jornada será realizada, ou seja, como as horas serão distribuídas na semana: com limites de até 12h por dia e 44 horas mais quatro horas extras por semana.

 

GOVERNO QUER AUMENTAR LIMITE DE JORNADA DIÁRIA DE TRABALHO PARA 12 HORAS

Na prática, segundo o governo, a medida vai legitimar jornadas já adotadas, como a compensação das horas do sábado em tempo extra em dias úteis e o modelo 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso. Na forma atual, esses acertos podem ser questionados na Justiça, pois não têm validade legal. “Não se trata, portanto, de estabelecer jornada de 12 horas em todos os dias da semana”, frisou Nogueira.

O Palácio do Planalto ficou “muito irritado” com as declarações dadas pelo ministro mais cedo nesta quinta, durante encontro de sindicalistas da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), em Brasília.Para o governo, este tipo de declaração “precisa ser feita com muita cautela”, com a devidas explicações , “para evitar erros de interpretação.”

 

Fonte: Uol Notícias

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MIT, DOS EUA, CONQUISTA 1º LUGAR PELO QUINTO ANO CONSECUTIVO NO RANKING QS 2016

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O famoso Massachusetts Institute of Technology (MIT) conquistou o topo do QS World University Ranking, renomado ranking universitário mundial, pelo quinto ano consecutivo. Os Estados Unidos continuam a dominar a lista com Stanford University e Harvard completando as três primeiras posições, além de mais oito instituições no top 20.

O ano não foi muito bom para o Reino Unido, que teve uma queda em seu desempenho geral: 38 das 48 instituições britânicas entre as 400 melhores do mundo caíram de posição, inclusive a Universidade de Cambridge que pela primeira vez na última década não conseguiu um lugar nas três primeiras posições do ranking.

Segundo o Diretor de Pesquisa do QS, Ben Sowter, o desempenho e a reputação das instituições de ensino superior do Reino Unido podem ter sido afetados pela saída do país da União Europeia, criando um clima de “anti-imigração” e também de incerteza em relação ao financiamento de pesquisa e permanência de estrangeiros no país após os estudos.

A Austrália e o Canadá tiveram um desempenho semelhante e positivo: aparecem com uma instituição a mais em relação ao ranking de 2015, totalizando nove colocadas cada entre as 200 melhores do mundo.

Brasil

Entre as instituições brasileiras, a Universidade de São Paulo (USP) não só conseguiu a melhor posição como também o seu melhor resultado em 13 edições do QS. Ela ficou na 120ª posição e em segundo lugar na América Latina, perdendo apenas para a Universidade de Buenos Aires (UBA). Além da USP, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro também aparecem no top 400, respectivamente em 191º e 321º lugar.

 

Destaques:

  • Pela primeira vez desde 2004, os Estados Unidos conseguiram dominar os três primeiros lugares do ranking QS;
  • A Coreia do Sul melhorou significativamente o seu desempenho, passando de 13 para 16 instituições no top 500;
  • A China continua a progredir, com a Tsinghua University atingindo a sua melhor posição em 24ª;
  • A National University of Singapore (NUS), de Singapura, continua no posto de melhor universidade da Ásia em 12º lugar;
  • A Universidade de Buenos Aires é a única instituição da América Latina entre as 100 melhores do mundo, na 85ª posição.

Sobre o QS World University Ranking:

  • 74.651 acadêmicos e 37.781 empregadores contribuíram para os resultados do ranking;
  • Mais de 3.800 instituições foram consideradas este ano e 916 conseguiram uma colocação (25 a mais do que em 2015);
  • 10,3 milhões de trabalhos científicos foram analisados e 66,3 milhões de citações foram levadas em consideração.

 

As 20 melhores universidades do mundo segundo o QS World University Ranking 2016/17

2016 2015 UNIVERSIDADE PAÍS
 1 1 Massachusetts Institute of Technology EUA
 2 3= Stanford University EUA
 3  2 Harvard University EUA
 4 3= University of Cambridge Reino Unido
5 5 California Institute of Technology EUA
6 6 Oxford University Reino Unido
7 7 University College London Reino Unido
8 9 ETH Zurich Suíça
9 8 Imperial College London Reino Unido
10 10 University of Chicago EUA
11 11 Princeton University EUA
12 12 National University of Singapore Singapura
13 13 Nanyang Technical University Singapura
14 14 EPFL Suíça
15 15 Yale University EUA
16 17 Cornell University EUA
17 16 Johns Hopkins University EUA
18 18 University of Pennsylvania EUA
19 21 University of Edinburgh Reino Unido
20 22 Columbia University EUA

 

 

 

Fonte: Brasil Escola

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Abertas as inscrições para a Copa Sinpro Goiás 2016/2

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Com o objetivo de incentivar a prática esportiva entre colaboradores e professores da rede de ensino das escolas particulares de Goiás, o Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – Sinpro Goiás, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer, promove a Copa Sinpro de Esporte 2016/2 – José de Oliveira Martinelli.

Nesta edição, que será homenageado o quinto presidente do sindicato haverá disputas de futebol soçaite e peteca.  O formulário de inscrição está disponível no site para impressão e deverá ser entregue no Congresso Técnico dia 07/10, às 16h na sede do Sinpro Goiás.  As competições estão previstas para começar em 15 de outubro.

Neste campeonato as regras sofreram alterações e no futebol soçaite cada equipe terá 15 (quinze) professores sindicalizados ao Sinpro Goiás, podendo ser time da instituições de ensino ou time montado só com professores. Será facultativo o convite a jogador na função/posição de goleiro fora da rede particular de ensino. Já a peteca deverá ter quatro participantes, também associados ao Sinpro Goiás e competir devidamente uniformizados.

Para inscrever, preencha os dados em nosso formulário e entregue na sede do sindicato.

 

Abaixo os formulários de inscrição:

 

Formulário Futebol Soçaite

Formulário Peteca

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Educação não é mercadoria: Contee aciona Cade e MPF contra fusão entre Kroton e Estácio

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O departamento jurídico da Contee protocolou hoje (24) um ofício junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) exigindo o indeferimento da fusão entre as empresas Kroton e Estácio. O documento, a exemplo do que a Confederação já havia ressaltado no caso Kroton-Anhanguera, argumenta que os grupos empresariais em questão ‘‘jamais demonstraram qualquer preocupação com o cumprimento da função social da propriedade, que, para eles, só tem um único valor: o do lucro máximo e fácil’’.

O ofício aponta ainda que, para conseguir esse lucro, os conglomerados de educação ‘‘praticam todos os atos necessários à desvalorização do trabalho, consubstanciados em demissão em massa de profissionais da educação escolar, inclusive de mestres e doutores, para a contratação de especialistas, com salários menores e condições de trabalho mais precárias, o que se caracteriza, indiscutivelmente, como dumping social; com graves reflexos na qualidade do ensino ministrado, que é, cada dia mais sofrível, não atingindo, nem em sonho, o padrão social, insculpido como princípio, pelo Art. 206, VII, da CR’’.

A Contee também protocolou ofício junto ao Ministério Público Federal (MPF) para que tome providências e ajuíze uma ação contra a incorporação da Estácio pela Kroton. Nesse documento, a Confederação destaca que a “recente fusão, anunciada pelos grupos Kroton Educacional e Estácio Participações, dão a exata dimensão do descaso com que as IES privadas tratam a educação” e que com ‘‘o cúmplice silêncio do MEC, transformaram-na em simples mercadoria; e o que é pior: de péssima qualidade’’.

As medidas tomadas pela Contee já haviam sido anunciadas e são fundamentais no combate à oligopolização do ensino no Brasil. Só nesta semana, duas notícias reproduzidas no Portal da Confederação dão a dimensão da gravidade dessa situação no Brasil. A primeira informa que a Ser Educacional, terceira maior empresa de educação do país, contratou advogados para fazer lobby contra a fusão das duas maiores rivais. A atitude, porém, não se dá por uma preocupação com o ensino superior no país, mas sim em virtude do desejo da própria Ser de comprar a Estácio, evidenciando a redução da educação ao nível de mercadoria disputada no mercado financeiro.

Já a segunda notícia mostra que Fies e ProUni bancam mais de um terço das matrículas em 18 estados brasileiros. Isso significa que o processo de mercantilização, financeirização e oligopolização do ensino superior ainda se vele de dinheiro público para garantir mais lucros.

O assunto será debatido neste fim de semana, de 26 a 28 de agosto, no 9° Conatee.

 

 

Fonte: Contee

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Reitores das federais em SP não descartam fechamento de cursos

Falta de verba agrava situação das universidades, que já “cortaram tudo o que podiam”. Auxílio a estudantes está comprometido e obras paradas ameaçam atendimento no hospital São Paulo, da Unifesp.

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Maurício de Souza/Alesp

A Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas no estado de São Paulo e reitores das universidades federais localizadas em São Paulo (Unifesp), do ABC (UFABC), de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) vão solicitar audiência com os ministros da Educação, Mendonça Filho, da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Dyogo Henrique de Oliveira, para apresentar as dificuldades enfrentadas nas instituições.

A decisão foi tomada na manhã desta quinta (18), durante reunião da frente feita para discutir a grave crise. Um documento já está sendo finalizado pelos reitores para ser levado às audiências. E o coordenador da frente, deputado Carlos Neder (PT), vai pedir autorização à Assembleia Legislativa para acompanhar os reitores a Brasília.

“Pelas incertezas, está em jogo todo o avanço dos últimos dez anos. Não há futuro para quem não tem sistema forte de educação, ciência e tecnologia para o salto qualitativo. E precisamos juntar forças”, disse o pró-reitor de gestão de pessoas da UFSCar, Mauro Rocha.

“Se os parâmetros de corte continuarem, a universidade estará inviabilizada. Temos de ir aos ministérios, ao parlamento, para reverter esse cenário”, disse a reitora da Unifesp, Soraya Smailli. Segundo ela, há obras paralisadas na ampliação de ambulatórios do Hospital São Paulo, que atende à população da capital e de diversas cidades do interior.

“Se a atual situação perdurar, em dois anos, o nosso ensino vai ser à base do cuspe e giz, vamos ter de cortar vagas”, disse Eduardo Antonio Módena, reitor do Instituto Federal de São Paulo. De acordo com ele, mais da metade dos alunos são cotistas e dependem de assistência estudantil. “Vai aumentar a evasão porque essa assistência é fundamental.”

Prestes a completar 10 anos – a mais jovem as instituições – a UFABC se destaca em diversos rankings e é a única no país a ter 100% dos professores com doutorado. Usando notas do Enem como sistema de seleção desde que foi criada e com adoção do sistema de cotas, foi avaliada pelo índice geral de cursos do MEC como a melhor universidade no estado de São Paulo e primeira no ranking de cursos de graduação entre todas as universidades do país.

“Isso comprova que a inclusão de alunos, a maioria de baixa renda, vindos da escola pública, não atrapalha os resultados da universidade, como muitos apontam”, disse o reitor Klaus Capelle, da UFABC. “É isso tudo que está em risco com os cortes”.

 

 

Fonte: Rede Brasil Atual