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Contee Entrevista presidente da Fitrae MTMS, Ricardo Fróes

Neste dia 2, primeira terça-feira de setembro, o entrevistado da vez na coluna Papo de Terça é o presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Fitrae MTMS), Ricardo Martinez Fróes. Na entrevista, ele aborda o trabalho desenvolvido pela federação em parceria com os sindicatos filiados e a Contee e destaca a luta por um Plano de Cargos e Salários unificado para a categoria. Confira abaixo:

Contee – Como você avalia o papel das federações para a luta unificada da categoria?

Ricardo Fróes – O papel das federações é de fundamental importância porque as instituições representam canais de comunicação entre as bases dos trabalhadores e a Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino). Então, se assenta nesse fundamento, de intermediar e levar as demandas para a Confederação, já que esta tem outro papel relevante: o de levar para o Congresso Nacional – como já tem feito – as reivindicações da categoria.

O papel da Fitrae MTMS e das outras federações que existem no país é imprescindível para identificar os anseios da categoria por meio de levantamentos realizados junto aos sindicatos; temos que ter a preocupação de identificar essas demandas. Quando nos reunimos na Confederação, levamos para as discussões aquilo que sentimos aqui na base, nessas ocasiões, articulamos alternativas para vencermos as barreiras, como, por exemplo, a incessante discussão para a realização de um plano de luta unificada pela implantação de um Plano de Cargos e Salários, que é o maior anseio na nossa categoria. Essa é a nossa maior luta que vamos tentar a vida inteira se for possível, e se a vida for inteira.

Contee – De que maneiras os sindicatos de base, as federações e a Confederação podem se articular para fortalecer, nacionalmente, as pautas dos trabalhadores em educação do setor privado?

RF – Em princípio, as entidades sindicais demandam que seus representantes façam a interação e demonstração clara de qual é o seu papel de base. Por exemplo, os Sintraes e os Sinpros do Brasil têm que interagir com a categoria para pontuar o relevante papel da entidade de base, que é levantar todos os problemas que a categoria sofre no ambiente de trabalho. Recentemente, conquistamos uma luta que era longe de se ver alcançar: a computação dos intervalos dos professores na jornada de trabalho. Hoje, por meio de nossa luta, essas horas são obrigatoriamente computadas. Foram anos de mobilizações e sempre ouvindo a opinião da categoria.

Atualmente, como já te adiantei, o Plano de Cargos e Salários é um dos maiores anseios da categoria do setor privado, é o que nós precisamos fundamentalmente conquistar. E aí, é importantíssimo que a entidade de base interaja, que consiga o máximo de participação da categoria, seja ela na participação dos pleitos, ou na formulação das reivindicações. O relevante é que exista a interação dos líderes, dos diretores das entidades de base e da categoria. Após essa interação e desses levantamentos, a luta pela conquista caberá aos sindicatos de base em conjunto com as federações e a Confederação – unificadamente –porque não adianta lutar pelos anseios da categoria sozinhos.

Por exemplo, sozinhos os sindicatos não têm todos os canais de aproximação com o Congresso Nacional. Mas, as entidades de base, as federações, as confederações e as centrais sindicais – que também têm papel importantíssimo – fortalecem essa luta promovendo meios legais de inserir as reivindicações em projetos de leis e nas discussões nacionais.

Acrescento aqui as centrais porque elas também são relevantes para a unificação das lutas. Hoje, temos a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil) regional de Mato Grosso do Sul. Em 2007 éramos parte de outra central e quando vimos aquela central apática à luta dos trabalhadores, criamos a CTB-MS, que hoje faz este contato direto com o Congresso Nacional e tem um plantão permanente para isso. A Contee, nossa Confederação, também mantém este contato direto com os parlamentares, com profissionais especializados na tarefa de realizar esse mapeamento das atividades parlamentares. Então, não há como trabalhar sozinho, temos que somar forças e trabalhar em conjunto, de forma que alcancemos o objetivo principal, neste caso, a implantação de um Plano de Cargos e Salários para os profissionais do setor privado.

Contee – Quais as particularidades enfrentadas pelos trabalhadores do setor privado nos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, tanto em relação aos professores quanto aos técnicos administrativos?

RF – Podemos pontuar umas questões bem frequentes, por exemplo, a jornada extraordinária. O setor privado de ensino trabalha com jornadas extraordinárias. Nessa situação, o sindicato tem orientado que os trabalhadores anotem e documentem essas atividades, para que, se por ventura acontecer a demissão, ele pleiteie na justiça do trabalho os valores referentes a essa jornada. Temos a noite do pijama, aulas shows que as escolas fazem nos finais de semanas, comemorações em datas festivas, simulados, temos uma série de atividades extraordinárias que não são remuneradas.

Contraditoriamente, às vezes, tem até juízes do trabalho que dizem “o professor tem que vestir a camisa da escola”. Uma vez, em audiência, tive o desprazer de ouvir isso. O juiz não trabalha de graça recebendo entre R$ 20 mil e R$ 26 mil, mas o professor trabalha por R$ 2 mil por jornada de 20 horas; há jornadas de 40 horas que às vezes nem chegam a R$ 2.500. Sem contar o excesso de trabalho, como nas correções das provas, o professor perde o seu domingo inteiro para corrigir, fica alijado do seu convívio familiar, para entregá-las no prazo solicitado pela escola.

Os técnicos administrativos também têm suas especificidades; há jornada excessiva, principalmente no período de matrícula. Eles dobram a jornada para atender a demanda e isso acontece principalmente no período do final do ano letivo, em setembro e outubro já acontecem os planejamentos para as matrículas. Existem outros problemas: a baixa remuneração paga aos técnicos, 90% recebem menos de R$ 1.500 e 60% ganham um salário mínimo (porteiros, vigias, telefonistas e outros), isso em grandes escolas. Para se ter uma ideia do que está acontecendo com os docentes do setor privado da região do Mato Grosso do Sul, o municípios e o Estado ofereceram um aumento salarial muito bom aos profissionais e isso refletiu imediatamente na educação do setor privado. Os diretores das escolas privadas estão preocupados porque estão perdendo excelentes profissionais que passam nos concursos públicos em busca de estabilidade, maiores salários e plano de saúde. Hoje o plano de saúde estadual é um grande atrativo que os funcionários públicos têm e que nós não temos. Ficamos doentes, os professores contraem doenças de trabalho como tendinite nos braços, calosidade nas cordas vocais, entre outros. Ou seja, temos uma série de problemas que precisamos agilizar e uma série de luta a conquistar em conjunto com as quatro entidades, que são: sindicatos, federação, confederação e central sindical.

Contee – O que você destaca em relação à atuação da Fitrae MTMS ao longo de sua história?

RF – A Fitrae MTMS existe há 15 anos e é de relevância importantíssima nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Inicialmente a Fitee (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), com sede em Minas Gerais era quem negociava com os patronais em nome dos trabalhadores do setor privado de Mato Grosso do Sul, porque éramos uma base ainda não organizada. Em 1988, transformamos a associação dos professores em sindicato – Sintrae/MS – e surgiu a necessidade de criarmos nossa federação, fomos até mesmo orientados pela Fitee. Assim, unimos as entidades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para fundarmos a Fitrae MTMS e lá se vão 15 anos, com papel importantíssimo de intermediação, de levantamento de questões trabalhistas, orientações nas negociações salariais, de discussão acerca do ambiente de trabalho e melhorias para os profissionais do setor privado de ensino.

Temos a preocupação com a legislação, projetos de leis, questões jurídicas e tudo o que é relacionado à categoria. Por isso, criamos um portal de notícias  – www.fitrae.com.br – muito bem acessado que mantém nossa base informada. Também podemos destacar a atuação efetiva da Fitrae MTMS nas Conaes (Conferências Nacional de Educação), tanto nas etapas municipais, estaduais quanto nacional. Tivemos representante da nossa base, que interagiu no voto direto, nas questões pontuadas na Conae, ou seja, temos um alcance fantástico na representatividade das categorias abrangidas por nossa base.

A criação da lei do Plano Nacional de Educação  também foi uma vitória pela qual nos empenhamos. Apesar de a distribuição dos 10% do PIB ser liberada gradualmente em um período de dez anos, consideramos que é sim uma conquista que dá orgulho a todos os integrantes da Fitrae MTMS e também da Contee. Afinal, essa vitória não foi apenas nossa, aconteceu em forma conjunta, unificada, assim como, com certeza, garantiremos juntos novas vitórias.

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Fonte: Contee – com colaboração de Adriana Micelli, Assessora de Imprensa da Fitrae MTMS

 

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

 

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Voto, voz e vez para a educação

“Votar em candidatos comprometidos com a educação pública, gratuita e democrática é lutar pelo desenvolvimento soberano do Brasil”. É com esse mote que a Contee lança a campanha “Voto, voz e vez para a educação”, uma vez que, para a Confederação, um dos papéis de uma entidade sindical é a politização da classe trabalhadora. Assim, as organizações sindicais, como instituições políticas e de formação social, precisam participar do processo eleitoral que se desenrola no país, chamando a atenção da base para a importância de sua pauta e da eleição de representantes que de fato estejam alinhados com os anseios dos trabalhadores e trabalhadoras.

A campanha, que espera contar com a participação e o engajamento das entidades filiadas, foi aprovada na última reunião da Diretoria Executiva da Contee, realizada no dia 19. A Confederação confeccionará peças como folders, cartazes, praguinhas, banners, cardoors e marcadores de livro e enviará para os sindicatos e federações. Porém, muito mais do isso, a Contee está disponibilizando a arte para todas as entidades que também quiserem realizar a campanha em seus estados e municípios, acrescentando a logomarca ou logotipo do sindicado ou federação.

O objetivo é justamente dar visibilidade ao tema da educação e ao compromisso que deve ser assumido pelos candidatos na defesa de nossa bandeira: educação pública, gratuita, de qualidade referenciada socialmente, democrática e inclusiva. É hora de não só dar voto, mas também voz e vez para a educação!

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Veja abaixo as peças da campanha:


3VOTO
4VOTO 5VOTO 1VOTO

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional poderá prever plano de recuperação para alunos com baixo rendimento

Projeto que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para que o sistema de ensino identifique e elabore planos de recuperação para alunos com baixo rendimento está pronto para ser votado na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). A ideia foi apresentada pelos participantes do programa Jovem Senador e acolhida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), tornando-se projeto de lei (PLS 467/2012).

Na justificativa do projeto, a comissão lembra que o problema do baixo rendimento ou da reprovação é tido por muitos como de responsabilidade dos estudantes. No entanto, seriam muitas as variáveis que interferem no processo de aprendizagem, como turmas com muitos alunos, falta de professores e avaliações inadequadas.

A relatora, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), apresentou voto favorável ao projeto, com emenda de redação para evitar redundância. A senadora acredita que a proposta é importante por prever algo que já é feito na área de saúde e que tem se mostrado eficaz, como as visitas domiciliares. “Ora, o que dá certo na área de saúde tem grandes chances de ser bem sucedido também na educação”, afirma a senadora.

 

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Fonte: Sinpro RS / com informações de Agência Senado

 

 

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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Não falta professor, mas interesse de seguir a carreira

Apesar de haver Escolas sem Professores no Brasil, o número de licenciados entre 1990 e 2010 seria suficiente para atender à demanda atual por Docentes. É o que revela a pesquisa inédita do Professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Universidade de São Paulo (USP). Faltam, portanto, profissionais interessados em seguir carreira dentro da sala de aula.

O estudo aponta para a necessidade de tornar a profissão mais atrativa e de incentivar a permanência estudantil na área. Isso porque o número total de vagas na graduação é três vezes maior que a demanda por Professores estimada nas disciplinas da Educação básica (mais informações nesta página). Em todas as áreas, só as vagas de graduação nas universidades públicas já seriam suficientes para atender à demanda.

Para realizar a pesquisa, o autor cruzou a demanda atual por profissionais na Educação básica com o número de formados nas diferentes disciplinas curriculares entre 1990 e 2010. Assim,apenas em Física é possível afirmar de fato que o número de formandos não é suficiente para suprir a necessidade. Segundo Marcelino, os titulados preferem ir para outras áreas a seguir a docência. “A grande atratividade de uma carreira é o salário. Mas, além da remuneração, o Professor tem um grau de desgaste no exercício profissional muito grande. E isso espanta”, afirma o pesquisador, que é da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto.

Os cursos de formação de Professores têm evasão maior que 30%, acima da média registrada por outras graduações. “Em vez de financiar novas vagas, muitas vezes em modalidade a distância sem qualidade, precisamos investir para que o Aluno entre e conclua.” Dados recentes mostram que há um déficit nas Escolas brasileiras de 170 mil Professores apenas nas áreas de Matemática, Física e Química. Só na rede estadual de São Paulo, 21% dos cargos necessários estavam vagos no ano passado, como revelou o Estado na ocasião.

A maior lacuna era em Matemática e Português, esse último com falta de 7,1 mil Docentes – o governo do Estado afirma que os Alunos não ficam sem aula, mesmo que acompanhados por Professores de outras formações. Em Língua Portuguesa, a pesquisa revela um dos maiores abismos. O número de concluintes entre 1990 e 2010, de 325 mil, é quase três vezes maior que a demanda calculada, em torno de 131 mil.

Só três disciplinas aparecem com razão negativa entre concluintes e demanda: Ciências, Língua Estrangeira e a já citada Física (veja o infográfico ao lado). Nas duas primeiras, os dados não refletem algumas condições: a área de Língua Estrangeira é atendida por formados em Letras, que tem alto índice de estudantes, e muitos Professores de Ciências têm formação em Biologia – que tem a maior proporção de concluintes.

Ganho.O salário de um Professor é, em média, 40% menor que o de um profissional de formação superior. Foi essa diferença de renda que fez Simone Ricobom, de 40 anos, deixar a docência em 1998 – após cinco anos na área – para trabalhar na Previdência Social. “Havia o pensamento de que o Professor tinha de ser um pouco mãe e eu queria ser profissional. Também percebi que não havia projeção na carreira.” Ela voltou a atuar na Educação infantil entre 2008 e 2012, dessa vez na rede particular, mas se decepcionou novamente.

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, diz que o resultado da pesquisa desconstrói um falso consenso sobre um “apagão”. “Os dados reforçam que a principal agenda na questão Docente é a da valorização”, diz. “Valorização é garantia de boa formação inicial e continuada, salário inicial atraente, política de carreira motivadora e boas condições de trabalho.”

Mínimo de 30%. Deliberação de 2014 do Conselho Estadual de Educação de São Paulo exige que as instituições de ensino superior sob sua responsabilidade, que incluem as estaduais (USP, Unicamp e Unesp) e fundações municipais, deverão oferecer nos cursos de formação de professores o mínimo de 30% da carga horária de conteúdo didático-pedagógico.

O documento ainda exige que cursos deem atenção a atividades práticas. O texto atual altera dispositivos de deliberação similar redigida em 2012. As instituições teriam até o ano passado para realizar as mudanças. Como cabe ao conselho aprovar o reconhecimento dos cursos, as estaduais conseguiram renovação temporária de um ano e depois devem se adequar.

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Fonte: Sinpro RS / com informações de O Estado de S. Paulo

 

 

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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Encerraram as inscrições para o Curso de Formação Continuada

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro Goiás) informa que, devido o número de vagas ter sido atingido, estão encerradas, a partir de hoje, 1/9, as inscrições para o Curso de Formação Continuada: identidade e desafios, que se realizará nos dias 12, 13, 19 e 20 de setembro, na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), na Praça Universitária, em Goiânia-Go.

Os inscritos receberão confirmação até o dia 5 de setembro por e-mail. O Sinpro Goiás agradece a compreensão.

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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1º de setembro – Dia do Profissional de Educação Física

dia do profissional de educação física

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Escola é violenta com aluno

Um dos grandes defensores da educação como instrumento de transformação do Brasil, o senador Cristovam Buarque considera que o problema da violência na rede pública de ensino do país é gerado principalmente por causa da desvalorização da escola como instituição.

Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, Cristovam afirma que a escola no Brasil “está sem moral”. “A escola desvalorizada gera violência, e a violência desmoraliza ainda mais a escola. Os jovens sabem que saindo com o curso ou sem, de tão ruim que são os cursos, não vai fazer diferença, porque o curso não agrega muito na vida dele. Os alunos não veem retorno na escola”, explica.

Ministro da Educação do governo Lula entre 2003 e 2004, Cristovam Buarque chegou a se candidatar à Presidência em 2006 levantando como principal bandeira a “revolução na educação de base”. Ele acredita que só ela poderia resolver de vez o problema da violência e fazer com que a escola voltasse a ser respeitada no país.

BBC Brasil – Como o senhor define o problema da violência nas escolas do Brasil? Por que ele acontece?

Cristovam Buarque – A sociedade brasileira é uma sociedade muito violenta hoje, então as pessoas se sentem no direito de agir violentamente, às vezes, até não necessariamente com agressão física, mas com palavras.

As escolas estão rodeadas de traficantes, a violência do meio influencia. O outro é o fato de que a escola não é uma instituição valorizada e, ao não ser valorizada, as crianças também entram na mesma onda da não valorização, se sentem no direito de quebrar os vidros, se sentem no direito de levar as coisas pra fora.

Aqui mesmo na UnB (Universidade de Brasília), eu vi a enciclopédia britânica sendo rasgada, porque o aluno em vez de tirar o xérox da folha que ele precisava, arrancou a página e levou. Os próprios professores são tratados como seres sem importância, que ganham salários baixos. Além disso os jovens sabem que saindo com o curso ou sem, de tão ruim que são os cursos, ele sabe que não agrega muito na vida dele. Os alunos não veem retorno da escola.

BBC Brasil – Quais as consequências da violência na escola para a educação no país?

Cristovam Buarque – A escola desvalorizada gera violência, e a violência desmoraliza ainda mais a escola. Os professores hoje estão fugindo, porque o salário é baixo e há muito desrespeito com relação à profissão deles. Quando a gente analisa o concurso para entrar na universidade, o vestibular, os últimos cursos na preferência dos vestibulandos são pedagogia e licenciatura, isso gera um clima de desvalorização.

Para entrar em medicina são 50 por vaga, para pedagogia às vezes têm mais vagas que candidatos. Isso gera desvalorização. E aí as pessoas ficam quebrando as coisas, são violentas. Cria um ciclo vicioso. A desvalorização da escola aliada à violência do país induz à violência dentro da escola.

É preciso ter disciplina na escola, mas para o professor ser agente da disciplina, ele tem que ter moral. Só que a escola hoje está sem moral. Uma das coisas básicas da disciplina é o aluno chegar na hora. Como chegar na hora se nem o professor dele chega na hora? Se o professor dele ficou dois meses de greve?

O professor se vai um dia, não vai outro. A ausência do professor no Brasil é tão grande quanto a do aluno. Eles faltam igualmente. Então está faltando moral na escola.

BBC Brasil – Quais seriam as medidas a curto prazo para conter o problema?

Cristovam Buarque – Eu não vejo como resolver isso no curto prazo, só se for atribuindo Valium (calmante) para todo aluno, se colocar Valium na merenda. Brincadeira, mas é que é difícil ver uma solução a curto prazo. Qual o caminho a médio e longo prazo? Valorizar a escola, hoje o salário médio do professor na escola é R$ 2 mil, se você pagar menos do que paga para quem vai ser engenheiro ou médico, os melhores não vêm, eles não vão querer ser professores.

Você tem que ter um salário compensador, eu calculo R$ 9.500. Só que para merecer esse salário, tem que ter um processo muito rígido de seleção do professor, para ver se a pessoa tem vocação, tem que quebrar a estabilidade plena de que o professor continue no cargo sem se aperfeiçoar, tem que ser uma estabilidade sujeita a avaliações.

Para a escola ser respeitada, o prédio tem que ser respeitado. As pessoas não saem quebrando shopping, porque é um prédio bonito, confortável. As crianças se sentem desconfortáveis na escola, por isso que elas são violentas. A verdade é que a escola é mais violenta com o aluno do que o aluno com ela. Ela obriga o aluno ficar sentado 6, 7 horas numa cadeira desconfortável, num prédio feio e mal cuidado.

Como fazer isso funcionar no Brasil a curto e médio prazo? Ir implantando isso por cidade. Leva 20 anos no país todo, mas precisa de um ou dois anos para fazer em uma cidade. E até lá, como faz? É o que estão fazendo, colocar polícia, bom diretor. A polícia tem que ficar longe da escola, mas no longo prazo. No curto prazo ela é uma necessidade, porque ela diminui a violência da sociedade que está na escola.

Além disso, é preciso identificar os alunos violentos. Um só jovem faz uma violência que desmoraliza a escola inteira. Então identificando os jovens que são agentes da violência você resolve o problema, levando ao psicólogo, tratando esse jovem.

BBC Brasil – O que o senhor acha do modelo de educação nas escolas de hoje?

Cristovam Buarque – Não dá para seduzir uma criança com métodos seculares como quadro negro, tem que ser computador, vídeo. O professor tem que ser capaz de cavalgar a tecnologia da informação, de se comunicar com a criança usando o computador. E finalmente a escola tem que ser 6h ou 7h por dia. O menino se comporta melhor na escola que ele fica o dia inteiro porque ela passa a ser um pouco da casa dele, a escola tem que ser a extensão da casa da criança.

BBC Brasil – Aprovou-se no ano passado a medida de destinar 10% do PIB pra educação. Esse dinheiro é suficiente? Então qual é o problema da educação hoje em dia (se não é dinheiro)?

Cristovam Buarque – O problema é dinheiro, mas não é só dinheiro. Se chover dinheiro no quintal da escola, a primeira chuva vira lama. Se aumentar muito o salário do professor agora, isso não vai mudar nada. Precisa de todas ações juntas, a revolução mesmo da educação. Para pagar os R$ 9 mil (para os professores), para construir as escolas novas, você precisa de 6,5% do PIB (na educação de base, sem contar investimentos nas universidades).

Esse negocio de 10% do PIB foi uma farsa. Por que não colocaram 10% da receita? Porque ao dizer que é do PIB, ninguém sabe de onde vai sair o dinheiro. O PIB não existe, ele é um conceito abstrato de estatística.

Para fazer a revolução a qual eu me refiro, nós precisamos para a educação de base R$ 441 bilhões em 20 anos, por isso que eu digo 6,4% do PIB. Se supõe que pré-sal vai dar R$ 225 bi, ele poderia ser uma fonte desse dinheiro. Eu peguei 15 fontes de onde a gente poderia conseguir esse dinheiro e com elas a gente pode chegar a R$ 750 bi. São várias [fontes], não vou citar todas aqui. Mas por exemplo, quem vai querer um imposto sobre as grandes fortunas, reduzir publicidade do governo, eliminar subsídio que se dá para educação privada, porque se a pública vai ser boa, não precisa bancar a privada, ou então voltar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), só que fazer ela ser toda destinada pra educação, pegar 50% do lucro das estatais que vão pro governo, usar rentabilidade de reservas?

Tudo isso dá o dinheiro que a gente precisa. Não precisa dos 10% do PIB. Isso não existe. Eu defendo a federalização das escolas para tornar o ensino público uma referência no Brasil. Hoje, das 196 mil escolas públicas que nós temos, pouco mais de 520 são federais e essas são boas. A seleção do professor é mais cuidadosa, as instalações são melhores o regime de trabalho é melhor. Temos que levar esse padrão para todas as outras.

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Fonte: Uol educação

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FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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Brasil é inserido no topo de ranking de violência contra professores

Uma pesquisa global feita com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas.

Na enquete da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana.

Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados – a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a Austrália com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero.

“A escola hoje está mais aberta à sociedade. Os alunos levam para a aula seus problemas cotidianos”, disse à BBC Brasil Dirk Van Damme, chefe da divisão de inovação e medição de progressos em educação da OCDE.

O estudo internacional sobre professores, ensino e aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), também revelou que apenas um em cada dez professores (12,6%) no Brasil acredita que a profissão é valorizada pela sociedade; a média global é de 31%.

O Brasil está entre os dez últimos da lista nesse quesito, que mede a percepção que o professor tem da valorização de sua profissão. O lanterna é a Eslováquia, com 3,9%. Em seguida, estão a França e a Suécia, onde só 4,9% dos professores acham que são devidamente apreciados pela sociedade.

Já na Malásia, quase 84% (83,8%) dos professores acham que a profissão é valorizada. Na sequência vêm Cingapura, com 67,6% e a Coréia do Sul, com 66,5%.

A pesquisa ainda indica que, apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho.

A conclusão da pesquisa é de que os professores gostam de seu trabalho, mas “não se sentem apoiados e reconhecidos pela instituição escolar e se veem desconsiderados pela sociedade em geral”, diz a OCDE.

Segundo Van Damme, “a valorização dos professores é um elemento-chave para desenvolver os sistemas educacionais”.

Ele aponta melhores salários e meios financeiros para que a escola funcione corretamente, além de oportunidades de desenvolvimento de carreira como fatores que podem levar a uma valorização concreta da categoria.

No Brasil, segundo dados do CDEs (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) da Presidência da República, divulgados em 2012, a remuneração média dos professores é de pouco menos de R$ 1,9 mil por mês.

A média salarial dos professores nos países da OCDE, calculada levando em conta o poder de compra em cada país, é de US$ 30 mil (cerca de R$ 68,2 mil) por ano, o equivalente a R$ 5,7 por mês, o triplo do que é pago no Brasil.

O especialista da OCDE cita a Coreia do Sul e a China como exemplos de países onde o trabalho dos professores é valorizado tanto pela sociedade quanto por políticas governamentais, o que representa, diz ele, um “elemento fundamental na melhoria da performance dos alunos”.

“Em países asiáticos, os professores possuem um real autoridade pedagógica. Alunos e pais de estudantes não contestam suas decisões ou sanções”, afirma.

A organização ressalta que houve avanços na educação brasileira nos últimos anos. Os investimentos no setor, de 5,9% do PIB no Brasil, estão próximos da média dos países da OCDE (6,1%), que reúne várias economias ricas.

“Entre 2000 e 2011, o nível de investimentos em educação no Brasil, em termos de percentual do PIB, quase dobraram”, afirma Van Damme.

Outro indicador considerado importante pela OCDE, o percentual de jovens entre 15 e 19 anos que estudam, é de 77% no Brasil. A média da OCDE é de 84%.

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Fonte: Uol educação

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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28 de agosto – Dia do Audiovisual na Educação

Audiovisual: uma ferramenta que transforma a educação. Compartilhe essa ideia!

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