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Enem tem 66 eliminados e 29,2% de ausentes no segundo dia de provas

No segundo domingo de provas, 1.610.681 estudantes faltaram ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o que representa 29,2% dos 5.513.726 inscritos. O índice é maior do que o do domingo passado, que foi de 24,9%, mas é menor que as taxas registradas no segundo dia de provas em 2016 e 2017.

O ministro da Educação, Rossieli Soares, afirmou ser normal o aumento de ausências no segundo dia do exame. “O número de ausências foi menor que nos últimos anos, mas é um pouco maior do que no primeiro dia, o que é normal. Às vezes, o aluno não tem o desempenho que deseja ou imagina e acaba não indo no segundo dia”, argumentou.

Eliminados

Neste domingo, 66 estudantes foram eliminados, a maioria por descumprimento das regras gerais do edital, como sair antes do horário permitido, usar material impresso e não atender a orientações dos fiscais. Dois foram eliminados na revista no detector de metais e por recusa na coleta dos dados biométricos.

Em nenhum local, a aplicação da prova foi suspensa. “A logística da aplicação funcionou maravilhosamente bem. Foi a melhor aplicação da história do Enem”, afirmou o ministro.

Os 1.752 participantes afetados, no domingo passado (4), pela interrupção de energia elétrica, em Porto Nacional (TO) e Franca (SP), têm direito à reaplicação, dia 11 de dezembro, das provas de linguagens, redação e ciências humanas. As provas para pessoas privadas de liberdade serão aplicadas dias 11 e 12 de dezembro.

Gabarito

Os participantes responderam, neste domingo, às questões de matemática e ciências da natureza. Foram cinco horas para resolver 90 questões. As provas foram aplicadas em 10.718 locais, distribuídos em 1.725 municípios. São cerca de 600 mil pessoas envolvidas na aplicação do Enem.

O gabarito oficial será divulgado em 14 de novembro, juntamente com os cadernos de questões. Já o resultado deverá ser divulgado até o dia 18 de janeiro de 2019.

A nota do Enem pode ser usada para concorrer a vagas no ensino superior público pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou a bolsas em instituições privadas, pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e para participar do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

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MEC aprova ensino a distância no Ensino Médio e beneficia empresários

Conselho Nacional de Educação libera o ensino a distância em 20% do período diurno, 30% do noturno e 80% do EJA. Decisão prejudica presença em sala de aula e educação de qualidade

O Conselho Nacional de Educação (CNE), atendendo os empresários interessados em lucrar com a Educação a Distância (EaD), liberou que 20% da carga horária do Ensino Médio diurno, até 30% do noturno e 80% do EJA (Educação de Jovens e Adultos) sejam feitos a distância, como defende o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que quer ensino sem escola, sem professor e sem merenda.

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, aprovadas nesta quinta-feira (8), começam a valer após homologação do Ministério da Educação (MEC), ao qual o CNE é ligado, e publicação oficial, ainda sem prazo, e poderão ser implementadas já no próximo ano.

De acordo com os conselheiros, o ensino não presencial deverá contemplar “preferencialmente” a parte flexível prevista pela reforma do Ensino Médio, enviada pelo ilegítimo e golpista Michel Temer ao Congresso por meio de Medida Provisória (MP).

Como a decisão não fala em “obrigatoriamente”, está aberta brecha para que muitas escolas passem a ensinar pela internet também conteúdos da base comum, que corresponde a 60% de todo o currículo, e é composta pelas disciplinas de Matemática e Linguagens, segundo reportagem de Cida Oliveira, da RBA.

Para professores e especialistas, essas diretrizes vão afetar a formação cidadão dos estudantes e a única justificativa para liberar o ensino a distância de parte da carga horária do ensino médio é atender interesses dos empresários do setor. Abre brecha para a privatização do ensino médio, diz Cesar Callegari, ex-membro do CNE.

Essa decisão é uma aberração que afetará a formação cidadã dos nossos estudantes- Heleno Araújo,presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)

“Aprovamos no Conselho Nacional de Entidades da CNTE a publicação de uma nota contra este absurdo aprovado no CNE. E vamos estudar a possibilidade de barrar esta aberração na Justiça”, afirmou Heleno.

Já o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, diz que não existe justificativa para a educação a distância no Ensino Médio a não ser o interesse do empresariado do setor.

“A EaD não cabe na educação básica, etapa em que a relação entre professor e aluno e entre os próprios alunos é fundamental para se dar a aprendizagem. Aliás, as salas de aula são comunidades de aprendizagem e isso, esse espaço, não pode se perder para todas as disciplinas, porque não é possível ordenar sobre qual é mais ou menos importante”.

Além disso, segundo ele, essa brecha aberta pelo CNE vai radicalizar algo que já acontece no Brasil. “A Constituição Federal, no artigo 206, coloca como princípio a igualdade de condições para todos de acesso e permanência na escola”.

“Com a EaD, a desigualdade que já existe no Brasil e é gravíssima, vai aumentar ainda mais, porque os alunos das classes mais favorecidas e moradores das cidades mais estruturadas, dos grandes centros, das capitais, vão ter uma educação presencial com melhor qualidade e para as regiões remotas, EaD. Isso significa que a gente vai aprofundar desigualdade no acesso à educação. É isso, aliás, que defende o governo Michel Temer, que abre caminho para essa vitória absurda da ultradireita representada por Jair Bolsonaro”.

Aprovação feita às pressas

A consulta pública sobre educação a distância em parte da carga horária do ensino médio foi feita durante o segundo turno da eleição deste ano. Além disso, não foram divulgados documentos supostamente recebidos na consulta e a versão final do texto aprovado só foi entregue aos conselheiros na quarta (7). O texto com as novas diretrizes foi divulgado na noite desta quinta.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, dos dez conselheiros presentes na votação, houve uma abstenção e um voto contrário. Quem votou contra foi o professor Chico Soares, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e docente da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

As diretrizes curriculares servem para orientar escolas e sistemas na organização da oferta escolar, sem detalhar, por exemplo, o conteúdo de aulas.

A reforma do ensino médio, aprovada em 2017, abriu a brecha ao ensino a distância —possibilidade vetada anteriormente. As diretrizes veem, entre outras coisas, para regulamentar. As atividades a distância podem ser online ou mesmo sem suporte tecnológico digital, de acordo com o que foi aprovado.

Ouvido pela Folha, o educador Cesar Callegari, ex-membro do CNE, disse que a votação foi uma precipitação e o texto abre espaço para a privatização da educação por meio da atuação de grupos privados nas atividades a distância —o que de fato é permitido pela diretriz.

“Os acionistas de empresas educacionais devem estar em festa, porque abre um caminho enorme da educação a distância dentro da educação básica”, diz ele ao jornal, ao ressaltar que a medida pode aumentar a desigualdade. “Ao fazer uma consulta em meio a confusão eleitoral e aprovar a toque de caixa, mancha a tradição do CNE de debates amplos. Nasce um documento marcado por ilegitimidade, e isso não é bom para educação.”

Portal da CUT

https://www.cut.org.br/noticias/mec-aprova-ensino-a-distancia-em-parte-da-carga-horaria-e-beneficia-empresarios-bd47

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A PEJOTIZAÇÃO NA CATEGORIA DOCENTE


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Brasil fica em último lugar em ranking sobre prestígio do professor

Análise de 35 países aponta que desempenho dos alunos está ligado à valorização e à remuneração dos docentes. No Brasil, professores são pouco respeitados, e apenas 20% dos pais encorajariam filhos a seguir profissão.

O desempenho dos alunos está ligado à forma como a sociedade vê e remunera seus professores, afirmou um estudo divulgado nesta quinta-feira (08/11). A China lidera o ranking dos 35 países analisados, e o Brasil tem o pior rendimento.

Os governos que almejam pontuações mais altas na classificação mundial do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) – que mede as habilidades de jovens em leitura, matemática, ciências e trabalho em equipe – deveriam concentrar seus esforços na valorização e nos salários de professores, afirmou o estudo. A pesquisa foi encomendada pela Fundação Varkey, organização voltada para a educação baseada em Dubai.

O Índice Global de Status de Professores (GTSI) da fundação verificou “uma ligação direta entre o status do professor e o desempenho dos alunos medidos pelo Pisa”. As pesquisa do programa internacional são publicadas regularmente  pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O GTSI foi calculado por meio do cruzamento dos resultados existentes do Pisa com respostas sobre professores obtidas por um instituto econômico baseado na Universidade de Sussex, que analisou mil adultos em cada um dos 35 países pesquisados, além de 5.500 professores espalhados desses países.

A equipe, liderada pelo pesquisador Peter Dolton, também comparou os resultados de uma amostragem menor de 2013, de 21 países, assim como os níveis atuais de remuneração e as horas em que os professores afirmam realmente trabalhar e a carga horária estimada pela opinião pública.

No GTIS, os países asiáticos – mais especificamente China, Malásia, Taiwan, Indonésia, Coreia do Sul e Índia – ficaram à frente “de todos os países europeus e de todas as nações ocidentais”.

Ao comparar seus estudos de 2013 e de 2018, a equipe de pesquisadores concluiu que o prestígio do professor aumentou em 13 países, tendo a China a melhor avaliação – embora seja a sétima colocada no Pisa. As maiores quedas foram registradas na Grécia e no Egito.

Por outro lado, todos os países da América do Sul tiveram resultados ruins e foram classificadas na parte inferior do índice, com o Brasil em último, e a Argentina apenas quatro posições acima. Em 2013, o Brasil aparecia na penúltima para a última posição.

O estudo destaca que o respeito pelos professores é particularmente baixo no Brasil: apenas 9% acreditam que os alunos o fazem.

Na maioria dos países europeus, os entrevistados afirmaram achar que os alunos tendiam a desrespeitar os professores. Apenas 22% dos alemães afirmaram sentir que os estudantes respeitavam seus professores, em comparação com a China, na qual 81% dos entrevistados afirmaram que os professores eram respeitados.

Na Alemanha, onde o salário dos professores é relativamente alto, apenas um em cada cinco pais encorajava seus filhos a se tornarem professores, segundo o estudo. No Brasil, a proporção é a mesma. Enquanto isso, metade dos pais em China, Índia, Gana e Malásia encorajam os filhos a serem educadores.

“Ministros devem levar professores a sério”

Nos 35 países avaliados, os professores ficaram, em média, em sétimo lugar em termos de status entre 14 profissões mencionadas, com os entrevistados equiparando o prestígio dos docentes ao dos assistentes sociais. Na China, os professores receberam uma valorização parecida com a dos médicos, enquanto no Brasil foram comparados a bibliotecários.

“Há uma relação clara e sutil entre o respeito pela ocupação de ensino e as percepções de remuneração que as pessoas têm em relação às profissões listadas”, afirmou o relatório.

“O alto status do professor não é apenas algo bom para se ter – é cada vez mais provável que leve a melhores resultados dos alunos”, concluíram os autores do GTSI, que acrescentaram que a confiança nos sistemas de ensino nos países pesquisados cresceu desde 2013. “Os ministros devem levar o status do professor a sério e se esforçar para melhorá-lo.”

O estudo do índice GTIS também verificou que, em 28 dos 35 países analisados, os professores recebiam uma remuneração menor do que os habitantes de seus países consideravam ser justa. As horas trabalhadas semanalmente pelos professores também foram subestimadas em 29 países, com os profissionais latino-americanos com a maior carga horária – chegando a 13 horas extras no Peru.

A Fundação Varkey é dirigida por Sunny Varkey, um empreendedor nascido na Índia e residente em Dubai, cuja empresa GEMS Education, de acordo com relatórios anteriores da Bloomberg e do jornal americano New York Times, tornou-se um dos maiores provedores privados de educação no mundo desde os anos 80. Seus mercados incluem o leste da Ásia e a África.

 

https://www.dw.com/pt-br/brasil-fica-em-%C3%BAltimo-lugar-em-ranking-sobre-prest%C3%ADgio-do-professor/a-46206243

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“Sem relação com o espaço, a educação fica esvaziada”, afirma professor da UFABC

A Educação à Distância volta a ser vista como possibilidade ao Ensino Fundamental pela equipe do presidente Jair Bolsonaro. Especialistas mostram preocupação

No plano de governo do candidato eleito à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) consta a defesa da Educação à Distância como “alternativa para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presenciais”. No entanto, declarações dadas por Bolsonaro à imprensa antes mesmo do pleito eleitoral já sinalizavam outras possibilidades para a modalidade, para além do expresso no documento.

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Reforma trabalhista completa um ano de vigência sem cumprir promessas do Governo

Para Anamatra, Lei 13.467/2017 não gerou empregos e trouxe insegurança jurídica

A reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) completa, neste domingo (11/11), um ano de vigência. A lei, que alterou mais de cem pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não cumpriu, conforme avaliação do presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Guilherme Feliciano, as principais promessas que sustentaram a aprovação da proposta, ao tempo do Projeto de Lei 6787/2016, como o aumento do número de postos de trabalho e o fomento à segurança jurídica.

Até mesmo a diminuição no volume de novas ações – comemorado pelos próceres da nova lei – não significa que direitos sociais e trabalhistas passaram a ser rigorosamente respeitados pelos empregadores. “A redução deve-se, em especial, a aspectos processuais. O trabalhador hoje teme exigir todos os seus direitos na Justiça”, alerta. Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), novas ações caíram 36,5%, quando comparado o volume de casos apresentados de janeiro a agosto de 2018 com o mesmo período em 2017.

A Lei 13.467/2017 também estimulou a geração de postos de trabalho informais e precários. Segundo dados do IBGE, o número de empregos com carteira assinada encolheu 1%, para 32,9 milhões – embora tenham sido criadas cerca de 372 mil vagas formais -, e o número de trabalhadores informais atingiu 35 milhões em setembro. Segundo o Instituto, 43% da força de trabalho já é informal, o que equivale a quase 40 milhões de trabalhadores. “Os dados refletem aquilo para o que a Anamatra alertara: o projeto engendraria o fomento ao trabalho precário, com políticas de direitos mínimos, e a prática da terceirização indiscriminada na atividade-fim das empresas”, explica Feliciano.

A ausência de segurança jurídica é outro ponto mencionado pelo presidente da Anamatra, o que é comprovado pela vintena de ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas no Supremo Tribunal Federal (STF). A Anamatra foi uma das entidades que questionou, no STF, pontos da reforma trabalhista, a saber, o índice de atualização dos depósitos recursais e a fixação “tabelada” de valores de indenização por dano extrapatrimonial (danos morais e estéticos, por exemplo). “Ainda estão ‘sub judice’, naquela Corte, o trabalho intermitente e a realização de atividades insalubres por gestantes e lactantes”, lembra o presidente.

“As alterações introduzidas na CLT ainda não trouxeram mudanças significativas na jurisprudência do TST. Isso porque a aprovação, a alteração ou a revogação de súmulas, precedentes normativos e orientações jurisprudenciais – se fosse constitucional, nessa parte, a reforma -, já não seguiria o rito do Regimento Interno do TST”, completa o presidente da Anamatra. Segundo Feliciano, “não se percebeu que, ao dificultar a edição de novas súmulas pelo TST, também se obstaculizou a atualização de súmulas lá existentes”.

Pontos positivos – Na avaliação do presidente da Anamatra, apesar de tudo, alguns poucos pontos da reforma podem ser apontados como positivos, a exemplo da mudança processual que permite ao juiz decidir, concretamente, a quem cabe o ônus da prova de determinado fato. “A possibilidade do fracionamento das férias em até três períodos também parece ter sido bem assimilada pela sociedade”, aponta.

Portal da Anamatra

https://www.anamatra.org.br/imprensa/noticias/27188-reforma-trabalhista-completa-um-ano-de-vigencia-sem-cumprir-promessas-do-governo

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Nivaldo Santana: Os desafios atuais do sindicalismo

O movimento sindical brasileiro vive um período de grandes dificuldades. Seguramente, é o pior momento desde o fim do regime militar. Recessão, desemprego, precarização do trabalho, arrocho salarial, enfraquecimento sindical e outras mazelas compõem a agenda regressiva contra o sindicalismo. Para usar um termo muito em voga, uma tempestade perfeita se abate sobre os trabalhadores e a organização sindical no país.

Precarização do mercado de trabalho

As análises do mercado de trabalho nos últimos dois anos no Brasil apontam para uma precarização sem precedentes. Alguns dados comprovam essa afirmação. Informações do IBGE para o segundo trimestre deste ano indicam que falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros, taxa de 24,6% de subutilização da força de trabalho.

Esse montante corresponde a cerca de 13 milhões de desempregados e outros tantos da força de trabalho potencial que é subutilizada, ou seja, trabalha menos de 40 horas semanais, procura emprego e não acha ou simplesmente desistiu de procurar, por desalento.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, para os meses de junho a setembro, joga tintas ainda mais dramáticas sobre a precarização crescente do trabalho no Brasil. Pela PNAD Contínua, o Brasil tomou ciência de que o trabalho informal bate todos os recordes e atinge 39,7 milhões de trabalhadores no período pesquisado.

O trabalho informal é constituído de 11,5 milhões de trabalhadores do setor privado sem carteira assinada, 18,9 milhões de autônomos sem CNPJ, 4,5 milhões de trabalhadores domésticos sem carteira, 2,6 milhões de trabalhadores sem registro no setor público e 2,2 milhões que auxiliam a família em trabalho informal.

O resultado mais imediato do desemprego, da força de trabalho subutilizada, do trabalho informal e da alta rotatividade é a estagnação da massa salarial do país. O rendimento médio real do trabalhador no trimestre encerrado em setembro deste ano, segundo o IBGE, foi de apenas R$ 2.222,00. Os trabalhadores que conseguem ingressar ou reingressar no mercado de trabalho recebem salários cada vez mais baixos, predominantemente no trabalho informal.

Esse quadro é produto de diversos fatores. O principal deles é paralisia da economia do país nos últimos três anos, agravada com aprovação de um conjunto de medidas que alteraram os termos das relações de trabalho no país, como a terceirização irrestrita, inclusive nas atividades-fim da empresa, e a chamada reforma trabalhista.

No Brasil de Temer, a própria CLT se tornou letra morta. A adoção da tese segundo a qual o negociado deve prevalecer sobre o legislado, com a falsa aparência de valorização da negociação, na verdade foi a senha para a adoção de novas e precárias modalidades de trabalho, como o trabalho intermitente, o trabalho à distância (teletrabalho) e a flexibilização de diversos direitos consagrados na legislação.

Novos ataques aos sindicatos

Para aplicar a agenda do capital contra o trabalho, a reforma trabalhista também limitou o papel da Justiça do Trabalho, advogando a tese de intervenção mínima da justiça nos conflitos individuais e coletivos e intimidando os trabalhadores com a ameaça de pagamento de multas abusivas se ações ajuizadas forem caracterizadas como litigância de má fé.

Nessa onda, o movimento sindical, principal organização de massa dos trabalhadores, também não foi poupado. Para dificultar a resistência dos trabalhadores em defesa dos seus direitos e conquistas, a reforma trabalhista bateu duro no sindicalismo.

A criação de comissões de trabalhadores à margem do sindicato, com poder de “negociar” diversos direitos da CLT, o fim da contribuição sindical obrigatória e outras medidas para cercear a sustentação material do sindicalismo são partes integrantes das ações antissindicais em curso no país.

A receita de contribuição sindical, depois do fim da obrigatoriedade, caiu 91% em 2018. Com isso, centrais sindicais, confederações, federações e milhares de sindicatos foram obrigados a promover duros ajustes em seus orçamentos, fechando sedes e departamentos, diminuindo o quadro de assessoria e limitando até mesmo os investimentos nas lutas e mobilizações.

Resultado das eleições agrava o quadro

O resultado das eleições gerais deste ano agrava o quadro. A vitória da extrema-direita apresenta perspectivas desalentadoras. O novo esquema de poder, na prática, promove uma ruptura com a chamada Nova República e as bases da Constituição que sustentavam o estado de direito democrático no país.

Ainda estão em curso as avaliações sobre os resultados das eleições e as propostas do novo governo. No entanto, já se pode vislumbrar que será um governo ultraliberal, entreguista, autoritário e com viés fascista. Os superministros Paulo Guedes, na Economia, Sergio Moro, na Justiça, associados à linha dura de militares que participarão do primeiro escalão do governo mostram a verdadeira face do governo Bolsonaro.

Esse quadro de ofensiva conservadora apresenta dificuldades adicionais para a reversão das reformas e outras medidas contra o trabalho. Ao contrário, o novo governo promete aprofundar a política ultraliberal do governo Temer e ampliar as restrições democráticas no país. Pelo andar da carruagem, o novo governo pretende continuar e ampliar as políticas de redução do custo do trabalho, de diminuição dos gastos sociais e de criminalização do que ele chama de “ativismo social”. Na outra ponta, porta-vozes do novo presidente insinuam com a extinção até do Ministério do Trabalho, criado em novembro de 1930

A resistência, no entanto, não para. A primeira grande batalha a ser enfrentada é a luta contra a reforma previdenciária. Noticia-se que o novo governo pretende implantar, entre outras medidas amargas, o regime de capitalização, o mesmo sistema previdenciário fracassado do Chile de Pinochet.

A hora é de unidade, resistência e luta

Para enfrentar a ofensiva conservadora, algumas tarefas se destacam para o sindicalismo nacional. A primeira e mais importante é ajudar a compor e fortalecer uma ampla frente democrática para deter as ameaças fascistas que pairam sobre o nosso país. Defender a democracia é questão decisiva para o movimento sindical. Sem democracia não se assegura os direitos trabalhistas, previdenciários e sociais.

Neste terreno dos direitos, urge construir de imediato uma poderosa resistência, liderada pelas centrais sindicais e com a participação dos mais amplos setores políticos e sociais, em defesa da Previdência pública e dos direitos dos aposentados e pensionistas. A Previdência é a maior rede de proteção social do Brasil, com quase 35 milhões de benefícios entre aposentadoria, pensão, auxílios e benefícios assistenciais.

A agenda dos trabalhadores deve incorporar também a defesa de todos os direitos e conquistas, a luta por emprego de qualidade e por mais e melhores salários. Para tanto, a retomada do crescimento econômico é essencial. Nosso tripé programático para a resistência é democracia, desenvolvimento e direitos.

O Brasil vive dias sombrios. São graves as ameaças à democracia, à nossa soberania e aos direitos dos trabalhadores e do povo. Como em outros momentos da nossa história, as forças do atraso em algum momento serão derrotadas.

Para tal, o movimento de resistência precisa ganhar corações e mentes, esclarecer o povo, desmascarar os reais intentos dos falsos pregoeiros que se apresentam como salvadores da pátria, fortalecer nossas entidades, realizar mobilizações a partir de questões concretas, adotar palavras de ordem justas e definir formas de lutas amplas, em correspondência com a conjuntura adversa, para abrir caminho para uma nova hegemonia no país.

Nivaldo Santana é secretário de Relações Internacionais da CTB e Secretário Sindical do PCdoB

Portal da CTB

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Enquanto os bancos têm lucros bilionários, 62% dos brasileiros estão endividados

Só com os juros cobrados, os bancos embolsaram mais de R$ 354 bilhões no ano passado. Os juros do cheque especial chegam a 300% ao ano. 10,8% da renda anual das famílias foram usadas para pagamento de juros

Enquanto 62% dos brasileiros vivem o drama do endividamento e não têm condições de pagar suas contas, os bancos continuam obtendo lucros estratosféricos ano após ano. A explicação para este alto endividamento dos brasileiros são os juros médios cobrados de pessoa física que passam de 52% ao ano, chegando a 280% no cartão de crédito rotativo e mais de 300% no cheque especial.

O valor dos juros pagos pelas pessoas físicas atingiu em 2017, R$ 354,8 bilhões – 17,9% maior que o registrado em 2016. O total pago corresponde a 372 milhões de salários mínimos ou 8,5% de todo o consumo das famílias brasileiras no ano passado.

Isso significa que 10,8% da renda anual das famílias brasileiras foram usadas apenas para o pagamento de juros no ano passado, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

“São recursos que saem dos bolsos das famílias e também das empresas e do governo diretamente para o caixa do setor financeiro”, diz Gustavo Cavarzan, técnico da subseção Dieese da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).

Segundo o técnico, “o Brasil tem um dos maiores patamares de spread bancário do mundo”. O spread bancário, explica, é a diferença entre a taxa que os bancos cobram da população nos empréstimos e a taxa que eles pagam para captar nosso dinheiro, como a poupança. “No Brasil, essa diferença é enorme e faz os juros atingirem patamares muito altos, garantindo, assim, o lucro dos bancos mesmo quando a economia não vai bem”, afirma.

De acordo com o técnico, os dois fatores que contribuem para essa situação são: a taxa básica de juros real (Selic) da economia brasileira, que está entre as mais altas do mundo, serve de referência para as taxas cobradas pelos bancos; e a enorme concentração do mercado bancário no Brasil onde cinco bancos controlam mais de 90% das operações e atuam como um oligopólio.

Bancos têm lucros estratosféricos

No ano passado o lucro líquido dos cinco maiores bancos (Bradesco, Itaú, Santander, Caixa e Banco do Brasil) somou R$ 77,4 bilhões, 33,5% a mais do que o registrado em 2016, segundo estudo do Dieese. Já nos nove primeiros meses deste ano, somente os três maiores bancos privados do país (Bradesco, Itaú e Santander) obtiveram R$ 44 bilhões de lucro – um crescimento médio de 10,1% em doze meses, de acordo com a Contraf.

 

Crédito rotativo

Para tentar reduzir esses níveis de inadimplência, em abril deste ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN), definiu que o pagamento mínimo da fatura de cartão de crédito passasse a ser estabelecido pelos bancos – anteriormente era obrigatório pagar 15% do saldo total da fatura.

Para Gustavo Cavarzan, a decisão do CNM não foi uma medida consistente para reduzir a taxa básica real de juros da economia, nem atacou o grande poder de oligopólio dos cinco maiores bancos que atuam no Brasil.

“Foi uma medida pontual que atua em uma linha de crédito especifica e não ataca nenhum dos problemas estruturais que explicam porque o patamar geral de juros no Brasil é tão elevado”, afirma o técnico.

Ele aponta que o problema do endividamento é que se dá em condições tão pouco favoráveis de volume, prazo e custo do crédito, que leva parte das pessoas e empresas a inadimplência e outra parte a fazerem um esforço tão grande para pagar suas dívidas que não sobra recursos para consumo e investimento.

“Precisaríamos combinar políticas de renegociação das dívidas atuais em melhores condições e é possível fazer isso utilizando os bancos públicos e políticas de enfrentamento aos fatores estruturais que prejudicam as condições de crédito no país”, afirma o técnico do Dieese/Contraf.

Segundo Gustavo, todo esse endividamento pode representar um freio enorme para impulsionar a atividade econômica do país, já que os juros cobrados pelos bancos das pessoas, das empresas e do governo representam uma espécie de pedágio que todos pagam ao setor financeiro.

“Esse pedágio no Brasil é tão alto que acaba não sobrando recursos para o resto. Portanto os reflexos na economia são claro e absolutamente negativos do ponto de vista do crescimento econômico, da geração de emprego, do aumento da renda”, diz Gustavo.

Taxas cobradas pelos bancos pagam salários de todos os funcionários e ainda sobra dinheiro

Além de pagar juros exorbitantes, os usuários do sistema bancário pagam por tarifas e serviços cada vez mais caras.  Em 2017, esses dois itens aumentaram 10% na comparação com o ano anterior, somando R$ 126,4 bilhões.  Esse valor varia entre 5% e 72% aos gastos com salários e paga com folga todos os funcionários dos bancos, sem que precisem utilizar suas receitas.

“Nos últimos anos os bancos brasileiros vêm passando por um intenso processo de reestruturação em função da aplicação de novas tecnologias e modelos de organização empresarial que reduziram de forma significativa o número de trabalhadores nessas instituições e isso se mostrou uma fonte adicional de lucro para os bancos, através da redução ou estagnação das suas despesas de pessoal e administrativas”, afirma Gustavo.

Portal da CUT

https://www.cut.org.br/noticias/enquanto-os-bancos-tem-lucros-bilionarios-62-dos-brasileiros-estao-endividados-2abd

 

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SEGUNDA RODADA COPA SINPRO GOIÁS

No próximo dia 10/11 acontece a segunda rodada da Copa SINPRO GOIÁS 2018. O campeonato promovido pelo Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – SINPRO GOIÁS, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer para professores filiados(as) ao sindicato terá quatro disputas, sendo a próxima entre a equipe ARAGUAIA e PSG às 17h e  Os jogos acontecem no Clube dos Oficiais em Goiânia.

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