Categorias
Atualidades Destaques

Promotoras e procuradoras rejeitam ‘Escola sem Partido’

Para o Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público, a pretexto de uma falsa neutralidade, a proposta nega a consciência do contexto social e histórico em que estão inseridos os alunos

São Paulo – O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público se manifestou contra a Escola sem Partido. A proposta avança em diversos municípios e também na esfera federal, onde o Projeto de Lei (PL) 7.180/14, ao qual foram apensadas outras propostas, está para ser votado em comissão especial antes de seguir para o plenário.

As promotoras e procuradoras integrantes do movimento são radicalmente contrárias ao projeto, “que a pretexto de uma falsa neutralidade, nega às alunas e aos alunos a consciência do contexto social e histórico em que estão inseridos”.

A escola brasileira, segundo elas, tem como partido a garantia constitucional do princípio da “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” e no princípio do “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”.

Ainda segundo o documento, “as ideias são plurais, o conhecimento é livre e a educação não pode ser impessoal e distante porque ela forma pessoas humanas, para serem agentes de transformação social, agentes de um mundo mais justo, mais igualitário, mais livre”, afirmam, por meio do documento.

O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público reúne promotoras e procuradoras que atuam no Ministério Público Federal, do Trabalho, Militar e dos estados.

Categorias
Atualidades Destaques

MPF quer evitar assédio moral contra professores em instituições de ensino superior

As instituições federais de ensino superior de Natal e Mossoró devem se posicionar a favor da liberdade pedagógica de docentes e demais princípios constitucionais da educação. O alerta é feito em recomendação do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN), enviada à Universidade Federal do estado(UFRN), ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN), às instituições de ensino superior e gerências regionais de educação em Mossoró.
De acordo com o MPF, os reitores de tais instituições precisam tomar providências para evitar qualquer forma de assédio moral– por parte de servidores, professores, estudantes, familiares ou responsáveis – contra os profissionais e a“liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”.
A recomendação destaca que são diretrizes do programa Nacional de Educação, a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação, além da formação, não apenas para o trabalho, mas também para a cidadania. Além disso, alerta que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelece como princípios do ensino no país o respeito à liberdade e o apreço à tolerância.
Para o MPF “a conduta de assédio organizacional configura-se não apenas pela postura ativa de instituições em promover a prática de assédio, mas também por sua omissão no combate efetivo a tais práticas”. A recomendação remetida pelo MPF foi expedida em procedimentos administrativos instaurado nas Procuradorias da República em Natal e Mossoró, após ação coordenada pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, a fim de acompanhar o cumprimento de recomendações semelhantes pelas instituições públicas de ensino e educação básica e superior em todo o país.
UFRN, IFRN e as demais instituições terão 10 dias para divulgar as medidas adotadas ou justificar o descumprimento da recomendação.
Confira a íntegra das recomendações enviadas à UFRN, ao IFRN e às instituições de ensino superior em Mossoró.
Do MPF (http://www.mpf.mp.br/rn/sala-de-imprensa/noticias-rn/mpf-quer-evitar-assedio-moral-contra-professores-em-instituicoes-de-ensino-superior)
Categorias
Atualidades Destaques

A sobrevivência do Mais Médicos em risco

A iminente saída de mais de 8 mil profissionais cubanos, após condições impostas por Bolsonaro, pode deixar dezenas de milhões de brasileiros sem atendimento médico. Hoje, país não tem como repor essa força de trabalho.

Com a retirada de Cuba, o Mais Médicos corre o risco de não conseguir atender a população que dele necessita, sobretudo as famílias mais vulneráveis, avaliam especialistas, profissionais envolvidos no projeto e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, um de seus idealizadores.

Atualmente, 8,3 mil dos 18,3 mil médicos do programa são cubanos, 45% do total. Eles estão presentes em todos os estados e no Distrito Federal, e ocupam vagas que não puderam ser preenchidas por brasileiros.

Criado em 2013, na presidência de Dilma Rousseff, o programa envia médicos brasileiros e estrangeiros a regiões mais pobres e com baixa cobertura de assistência médica, e leva atendimento a mais de 60 milhões de pessoas, segundo o governo.

“Nunca conseguimos que, só com médicos brasileiros, fosse possível completar as vagas”, afirma Padilha. “Bolsonaro coloca em risco a saúde de milhões de brasileiros, que dependem do programa.”

A decisão de Cuba foi tomada após o presidente eleito, Jair Bolsonaro, impor novas condições para a parceria. Para a Havana, os termos colocados pelo futuro governo não só são inaceitáveis, como ferem a dignidade dos profissionais cubanos.

Preocupados com o fim da parceria com Cuba, prefeitos querem que o novo governo recue nas exigências e atitudes que resultaram no rompimento dos cubanos com o Mais Médicos.

Em cinco anos de programa, nenhum edital de contratação de médicos brasileiros conseguiu contratar quantidade suficiente de profissionais para as vagas abertas. O maior edital resultou na contratação de 3 mil brasileiros.

Segundo as regras atuais, os profissionais do país caribenho não precisam validar o diploma para atuar no Brasil, mas recebem uma autorização restrita: podem exercer a medicina somente na cidade ou área remota para onde são destinados.

“Essas mais de 8 mil vagas não vão ser preenchidas rapidamente. Até que se formem novas turmas de médicos, não há, no Brasil, esse número de médicos que queiram ir para essas regiões. Vai haver, de fato, um colapso. Os grandes demandantes do programa eram os prefeitos, que não conseguiam atrair médicos para regiões distantes dos centros urbanos”, afirma Leonor Pacheco, pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) que participou de projeto para analisar os resultados do Mais Médicos.

Dos 5.570 municípios do país, 3.228 só têm médicos do programa, e 90% dos atendimentos da população indígena são feitos por profissionais de Cuba, de acordo com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). “A rescisão repentina desses contratos aponta para um cenário desastroso”, opina a entidade.

Tratamento a quem nunca teve acesso

O Ministério da Saúde afirmou que tomará medidas para garantir a assistência médica nas regiões onde atuam cubanos. E prometeu abrir nos próximos dias uma convocação para médicos que queiram ocupar vagas deixadas por cubanos, priorizando profissionais brasileiros, o que já é feito atualmente.

“O Programa Mais Médicos não sobrevive, no curto prazo, sem a presença dos médicos cubanos por estarem alocados de forma maciça em regiões onde a presença de médicos brasileiros é escassa”, afirma a pesquisadora Maria Helena Machado, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e que também já coordenou um levantamento para avaliação do programa.

Pesquisas concluíram que a avaliação do desempenho dos médicos cubanos era bastante positiva por parte das famílias e também dos gestores públicos. “Até porque parte significativa da população que hoje é atendida por esses profissionais nunca teve acesso a assistência médica”, ressalta Machado.

Gerson Costa, supervisor do Mais Médicos na região do Carajás, sudeste do Pará, afirma que ele e os profissionais que supervisiona foram pegos de surpresa com o anúncio da saída de Cuba do programa, “embora já houvesse essa expectativa no ar desde o resultado das eleições”.

“Dos meus supervisionados, todos têm muitas críticas ao cenário de práticas que encontraram, pela precariedade mesmo, tanto material quanto humana dos profissionais brasileiros”, conta. “Mas também têm muitas impressões positivas, tanto do trabalho que puderam desenvolver quanto das pessoas que conheceram e das relações que estabeleceram.”

Costa afirma que antes do Mais Médicos, a assistência médica nas cidades que supervisona era muito mais esporádica, pontual e centrada em atendimentos de emergência. “Com a saída dos cubanos, tende a voltar a ser assim.”

Após o anúncio da retirada de Cuba, Bolsonaro afirmou que “infelizmente” o país caribenho não aceitou as condições impostas para a continuidade do Mais Médicos.

“Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinado à ditadura, e à liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, escreveu o presidente eleito no Twitter.

“Além de explorar seus cidadãos ao não pagar integralmente os salários dos profissionais, a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos”, disse.

Bolsonaro afirmou à imprensa que vai substituir os cerca de 8,3 mil profissionais cubanos por brasileiros ou estrangeiros e prometeu asilo aos médicos de Cuba que desejarem permanecer no Brasil.

Por que cubanos?

O processo de seleção dos médicos, que recebem cerca de R$ 11,5 mil, para o programa prioriza profissionais brasileiros que se formaram no país ou aqueles que, apesar de terem cursado Medicina fora do Brasil, revalidaram os diplomas. Se nem todos os postos forem preenchidos, o governo dá a vez para médicos brasileiros que estudaram no exterior, mas que não fizeram o exame Revalida. Se, ainda assim, sobrarem vagas, serão convocados profissionais estrangeiros e sem revalidação do diploma.

Médicos cubanos, portanto, participavam do programa quando brasileiros não se interessavam pelas regiões a serem atendidas, principalmente em comunidades quilombolas, indígenas ou mesmo periferia de grandes cidades. As áreas mais beneficiadas são, portanto, estados do Norte e Nordeste, além do interior de todo o país.

O acordo com Cuba funciona por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o Ministério da Saúde, a quantidade de profissionais cubanos recuava desde 2016, quando eram 11,4 mil.

O governo de Cuba, onde a proporção de médicos por mil habitantes é de 7,5, contra 2,1 do Brasil, fica com cerca de 70% do salário dos profissionais que estão no programa brasileiros. Esse é um dos pontos mais criticados por Bolsonaro.

O presidente eleito alega ainda que aproximadamente 20 mil médicos se formam no Brasil por ano. No entanto, o programa, que funciona desde 2013, não tem conseguido atrair os grupos prioritários – brasileiros e estrangeiros com diploma revalidado – para as áreas mais remotas do país.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) argumenta que há médicos suficientes no Brasil, mas faltam políticas e incentivos para que eles atuem nas regiões mais distantes. Dados do CFM apontam que, no fim de 2015, havia 400 mil profissionais no país. No começo de 2018, eram 452,8 mil – bastante concentrados nos grandes centros e nas capitais brasileiras.

Por Thiago Resende e João Soares, da DW (https://www.dw.com/pt-br/a-sobrevivência-do-mais-médicos-em-risco/a-46302839)

Categorias
Atualidades Destaques

Centrais mobilizam suas bases em defesa da aposentadoria no dia 22

A CTB convoca toda a sua base e entidades estaduais a se mobilizarem nesta campanha. A comunicação com as bases e o intenso trabalho de divulgação de informações aos trabalhadores e trabalhadoras é um movimento estratégico e fundamental neste momento em que boa parte do exercício de convencimento das pessoas vem sendo feito via redes sociais, principalmente no whatsapp.

Para massificar este debate com informações embasadas, as centrais discutiram amplamente a reforma da Previdência e seu impacto na vida da classe trabalhadora brasileira nos últimos dois anos. Inúmeras assembleias, debates, seminários e manifestações públicas ocorreram em todo o país para informar e nortear a resistência à mudança que tenta dificultar o acesso ao benefício.

As centrais também apresentaram uma proposta para garantir aos trabalhadores e trabalhadoras uma previdência social pública, universal, sem privilégios e capaz de ampliar a proteção social. E todo este material será usado nesta “campanha permanente” em defesa da aposentadoria.

Agenda de lutas

Na plenária realizada nesta segunda (12), no Dieese, ficou definida a agenda de mobilizações para este mês, que incluem um ato nacional em defesa da Previdência pública e universal com panfletagens no dia 22 de novembro e um dia de manifestações pela previdência e contra o fim do Ministério do Trabalho em frente às Superintendências Regionais do Trabalho em todo o país no dia 26.

Dia 22 de Novembro tem Dia Nacional de Mobilização

As centrais convocaram para esta quinta-feira (22) Dia Nacional de Mobilização, que terá protestos, panfletagem de materiais, diálogo nas ruas com a população e assembleias nos locais de trabalho.

O Fórum das Centrais também orientou empenho total na divulgação da campanha nacional em defesa da Previdência com a retomada dos Comitês Populares em cada cidade, envolvendo os sindicatos, os movimentos sociais e a sociedade civil de forma geral; pressão, na base eleitoral dos deputados e senadores; a divulgação e material de propaganda, por meio de panfletagens em áreas de maior circulação e pessoas (praças, estação de metrô, terminais de ônibus) e da envio de mensagens nas redes sociais.

Entenda mais sobre o que está em jogo caso a proposta de reforma da Previdência de Temer/Bolsonaro seja aprovada:

– Apresentação: especialista em Previdência Social Chilena, Mario Reionaldo Villanueva Olmedo

– Apresentação do Dieese com os princípios gerais para a Previdência e Seguridade Social

Portal CTB

http://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/centrais-mobilizam-suas-bases-em-defesa-da-aposentadoria-no-dia-22

Categorias
Atualidades Destaques

COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS DEMONSTROU PREOCUPAÇÃO COM AS VIOLAÇÕES À LIBERDADE DE EXPRESSÃO E AO DIREITO À EDUCAÇÃO EM VISITA OFICIAL AO BRASIL

 

Na manhã de hoje, 12.11, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) apresentou análise preliminar sobre a situação dos Direitos Humanos no Brasil nos últimos meses e demonstrou preocupação com a situação.

Entre os pontos de atenção, listados em dossiês apresentados por organizações da sociedade civil, entre elas a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, estão o cerceamento da liberdade de expressão de estudantes e professores nas escolas e universidades, o aumento de casos de violência política em manifestações públicas no país e o projeto “Escola Sem Partido”.

Sobre este último, organizações da sociedade civil voltadas para a defesa da educação e dos direitos humanos (veja lista completa abaixo) apresentaram o histórico do projeto e discorreram sobre o impacto negativo da proposta na qualidade do ensino no Brasil. Segundo dossiê, existem hoje 174 projetos de lei análogos ao Projeto Escola Sem Partido espalhados pelo país, sendo que, desses, 108 são diretamente relacionados ao projeto original e 39 pedem a proibição de conteúdos sobre igualdade de gênero.

Em paralelo, o direito à liberdade de expressão de professores e estudantes também segue ameaçado pelo projeto de lei. Segundo Andressa Pellanda, coordenadora de políticas educacionais da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, “o Escola Sem Partido quer impor às escolas, na verdade, o que ele mesmo diz combater: uma ideologia única e o cerceamento da liberdade de expressão e de ação política crítica. Sem debate político nas escolas, não é possível haver uma educação democrática”.

Ela ainda reitera que a proposição é em sua essência excludente, já que não permite a realização das diversidades: “para que a escola seja inclusiva, é preciso não só aceitar, como abraçar as diferenças e diversidades nas quais somos compostos enquanto sujeitos subjetivos. Não combater as discriminações por raça e etnia, gênero ou orientação sexual é coadunar com violações de direitos humanos que acontecem na escola, esta que deveria ser espaço dialógico, de proteção e emancipação, e não de opressão”.

A Comissão destacou que “vários setores expressaram sua grave preocupação com a iniciativa chamada ‘escolas sem partido’, promovido no Congresso por setores políticos e religiosos para restringir a liberdade acadêmica e científica dos professores, que também seriam perseguidos nas escolas, acusados de politizar ensinando”. De acordo com documento preliminar de análise sobre as observações realizadas no país, “uma restrição desse tipo também afeta o direito das meninas, meninos e adolescentes de receberem uma variedade de informações e ideias para seu treinamento, bem como o direito de expressar suas opiniões sem pressão”.

Diversas organizações apontaram o aumento da intimidação e criminalização de professores e instituições de ensino, “criando um clima de denuncismo e intolerância no ambiente educacional e, finalmente, contribuindo para uma autocensura de professores, que viola sua liberdade de cátedra e expressão e o direito a uma educação integral e plural” dos estudantes.

Outro ponto levantado pelo documento da sociedade civil diz respeito às violações e ameaças que aconteceram nas universidades públicas brasileiras nas últimas semanas. Desde o final do mês de outubro, diversos casos de violação da liberdade de expressão e até mesmo ameaças contra professores e lideranças estudantis foram registrados em todas as regiões do país. Acesse aqui o documento entregue às comissionadas, com o dossiê dos casos.

Ainda de acordo com o dossiê apresentado, “os fatos, nas mais diversas partes do país, estão interligados pelo nexo causal da intolerância política e fragilização dos pilares democráticos do Estado de Direito”. As organizações da sociedade civil que assinam o documento também solicitaram à Comissão recomendação de ações relacionadas à proteção de professores, ativistas e defensores do direito à educação, além de pareceres oficiais e ações de investigação dos casos de violência e ameaça a educadores no país.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, por fim, instou “o Brasil a não aprovar
projetos de lei que representem retrocessos na promoção e proteção dos direitos humanos, levando em conta também o princípio da progressividade e não regressividade na área dos direitos econômicos, sociais e culturais. Além disso, insta o Estado a fornecer os recursos humanos necessários à Defensoria Pública da União, bem como à Procuradoria Federal para os Cidadãos”.

Lista de organizações que assinam o Dossiê Direito à Educação:

Ação Educativa
Aliança Nacional LGBTI
Associação Nacional de Juristas pelos Direitos Humanos LGBTI – ANAJUDH
Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Coletivo Cássia
Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero (CEVIGE) da OAB-PR
Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (CDSG) da OAB-PR
Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM)
Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP)
Grupo Dignidade
Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH)

 

Lista de organizações que assinam documento sobre os Ataques e ameaças contra estudantes e professores de Universidades brasileiras:

Ação Educativa
Aliança Nacional LGBTI
Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Coletivo Cássia
Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (CDSG) da OAB-PR
Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM)
Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP)
Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH)

Campanha

http://campanha.org.br/direito-a-educacao/comissao-interamericana-de-direitos-humanos-demonstrou-preocupacao-com-as-violacoes-a-liberdade-de-expressao-e-ao-direito-a-educacao-em-visita-oficial-ao-brasil/

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

“Escola neutra” é tema de debate na Alemanha

Dois meses depois de sua introdução em alguns estados alemães, portal online da legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e que permite a denúncia de professores tem colhido duras críticas no país.

Iniciado em setembro pela bancada estadual da legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em Hamburgo, o portal online “Neutrale Schule” (“Escola neutra”) permite que alunos denunciem professores que se expressem politicamente em suas escolas. Além de Hamburgo, iniciativas semelhantes já existem em Berlim e também na Saxônia.

Em reunião já no início de outubro, o presidente da Conferência dos Secretários de Educação e Cultura da Alemanha (KMK), Helmut Holter, criticou a iniciativa da legenda populista de direita.

“Por razões atuais, nos posicionamos decididamente contra portais de internet em que alunos e alunas devam supostamente denunciar seus professores devido à alegada influência política”, afirmou Holter no encontro em Berlim, acrescendo que, como resultado, isso levaria a um “envenenamento do clima escolar.”

Em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), a ministra alemã da Justiça, Katarina Barley, também criticou duramente a plataforma da AfD: “A denúncia organizada é um instrumento das ditaduras”, afirmou a política social-democrata.

“Qualquer partido que use isso para expor e ridicularizar professores impopulares revela muito sobre sua própria compreensão da democracia”, declarou Barley ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Em sua página de internet, a legenda populista de direita justificou a sua iniciativa como uma forma de “fortalecer o discurso democrático e livre”. Com a ação, escreveu a AfD, “nós queremos esclarecer de forma abrangente sobre a legislação que envolve o requisito de neutralidade.”

De acordo com a Central Nacional de Educação Política (lpb) da Alemanha, o requisito de neutralidade, adotado desde 1976 nas escolas do país, prevê em seus componentes básicos: “uma proibição da doutrinação e um preceito de apresentar fatos politicamente controversos de forma a capacitar alunas e alunos a desenvolver o seu próprio julgamento sobre temas políticos.”

Na semana passada, o Frankfurter Allgemeine Zeitung noticiou que, aparentemente, “a tentativa da AfD de intimidar professores já mostra as suas primeiras consequências.

Segundo o FAZ, a diretoria de uma escola berlinense proibiu os docentes de fixar na sala de professores a carta aberta da iniciativa “Berlin bildet” (Berlim ensina) contra o portal online da AfD. Uma respectiva coleta de assinaturas também foi proibida.

De acordo com o jornal berlinense Tagesspiegel, para a diretoria da escola, a carta aberta violaria o requisito de neutralidade. Os professores afetados recorreram então às bancadas distritais do Partido Verde e Partido Social-Democrata (SPD)

Em requerimento, eles pedem às prefeituras distritais que intervenham junto ao Senado berlinense para que seja garantida segurança legal para os professores.

“É claro que o requisito de neutralidade deve ser respeitado na sala de aula, mas a discussão e formação de opinião política são expressamente desejadas”, disse ao FAZ Martina Zander-Rade, porta-voz de política escolar do Partido Verde nos distritos berlinenses de Tempelhof-Schöneberg.

“A escola deve capacitar os jovens a combater as ideias do nacional-socialismo e outras formas de violência, e é por isso que a formação de opinião política dos professores é importante e deve ser conduzida sem medo no espaço protegido da sala de professores”, acrescentou Zander-Rade.

“Aparentemente, nem todas as diretorias escolares perceberam que a obrigação de neutralidade político-partidária na sala de aula não implica restrição da liberdade de expressão na sala dos professores”, citou o FAZ Kevin Kühnert, porta-voz de política escolar do Partido Social-Democrata em Berlim.

Deutsche Welle

https://www.dw.com/pt-br/escola-neutra-%C3%A9-tema-de-debate-na-alemanha/a-46346386

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

FERIADO NO CLUBE DO SINPRO GOIÁS

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

COMUNICADO: EXPEDIENTE FERIADO

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

Reforma trabalhista reduziu renda, não gerou emprego e precarizou trabalho

A reforma trabalhista do Governo Temer (MDB), que alterou mais de 200 pontos na CLT – conjunto de leis que protegia os direitos dos trabalhadores – completa um ano neste domingo (11).

Ao longo desse período, as previsões catastróficas de especialistas foram confirmadas e a reforma, que retirou direitos fundamentais dos brasileiros, só serviu para agravar a crise do emprego e renda. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12,5 milhões de brasileiros estão desempregados.

Com a falsa promessa de ser uma “vacina” contra a diminuição da oferta de vagas, a proposta de reforma atendeu a interesses do mercado financeiro e dos empresários, segundo o analista político Marcos Verlaine, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

“Essa tentativa de alterar a CLT vem de muito tempo. Não é uma coisa recente. Entretanto, desde a redemocratização, os empresários e o mercado não conseguiram reunir os elementos para aprovar a mudança, que seriam: uma bancada no Congresso com esse objetivo, força política na sociedade brasileira e uma dificuldade do movimento sindical de resistir ”, disse Verlaine.

Para enfraquecer os sindicatos, a reforma atacou a fonte de financiamento das entidades. “Houve uma queda de mais ou menos de 80% da arrecadação dos sindicatos com o fim da contribuição obrigatória. Isso desequilibrou bastante as negociações”, afirmou.

As mudanças aprovadas há um ano, segundo Verlaine, alteraram radicalmente as características da CLT e abriram espaço para a precarização dos empregos.

“Sai a consolidação das leis do trabalho e entra a consolidação das leis de mercado. A legislação vigente privilegia o patrão e o mercado em detrimento do trabalhador”, resumiu o analista político. A criação de novas modalidades de contratação, com flexibilização aguda dos direitos trabalhistas, salários menores e pouca margem para negociação, dão a tônica da reforma.

A reforma trabalhista contribuiu ainda para ampliar os impactos da crise econômica, o que atrapalha qualquer perspectiva de retomada do crescimento da atividade econômica, segundo a economista Marilane Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais de Economia de Trabalho da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

“Esses contratos têm uma renda muito instável. Se você têm uma renda instável, você não planeja o futuro. Não tem perspectiva de assumir qualquer tipo de compromisso, contratação de crédito. Isso tem impacto sobre o consumo, a produção e o investimento. As medidas [da reforma] não têm condições de contribuir para que se retome a atividade econômica”, constata.

Renda

Segundo a pesquisadora Marilane, uma das mudanças da reforma trabalhista mais aplicadas nos acordos coletivos dos últimos 12 meses, por parte dos empregadores, foi a instituição do banco de horas.

Para os trabalhadores com carteira assinada, isso teve um impacto direto na remuneração pois afetou o pagamento de horas extras. “O banco de horas substitui as horas extras, que para boa parte dos trabalhadores já foi incorporada ao salário. Então teve uma queda de renda familiar. Isso é grave porque dois terços do produto nacional vem do consumo das famílias. Quando o consumo das famílias reduz em função da queda da renda familiar, o impacto é muito grande, disse.

Aposentadoria

O advogado Guilherme Portanova, especialista em direito previdenciário, aponta o reflexo da reforma trabalhista nas aposentadorias e benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O percentual de crescimento da arrecadação líquida das contribuições, descontadas dos contracheques e recolhida pelas empresas, teve redução de 58%, na média de nove meses após a implantação da reforma, comparando com o mesmo número de meses antes da reforma.

“A redução no ritmo de crescimento da arrecadação tem a ver com o desemprego em alta e, em boa parte, com a precarização do trabalho gerado pela reforma da CLT”, analisa. Antes da reforma, a arrecadação líquida média era de R$ 29,7 bilhões com um crescimento de 5,39%. Após a entrada em vigor das novas regras, a média ficou em R$ 30,4 bilhões, ou seja, o crescimento ficou em 2,25% apenas.

Ações na Justiça

Um levantamento apresentado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) mostra que o número de novos processos trabalhistas caiu 36,2% com a reforma. De janeiro a setembro de 2017, as varas do trabalho protocolaram 2,01 milhões de ações. Já entre janeiro de setembro de 2018, com a reforma em vigor, foram 1,28 milhão.

Para Estanislau Maria de Freitas Júnior, advogado especialista em Direito do Trabalho, pela USP, e em Políticas Públicas, pela Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), essa redução é reflexo da mudança que desequilibrou a correlação de forças entre empregador e trabalhador.

“As empresas continuam cometendo irregularidades e não cumprindo a lei. Mas com a reforma ficou mais arriscado para o trabalhador entrar com a ação por conta da regra nova, que obriga a parte que perde a ação a pagar as custas do advogado da outra parte. Essa é uma prática do direito civil que foi importada para o direito trabalhista na reforma”, disse.

Vagas

O principal argumento do governo Temer para aprovar a reforma com cortes de direitos foi a geração de empregos. A estimativa do então ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, era de 2 milhões de vagas nos dois primeiros anos. A tese é parecida com a frase que o presidente eleito Jair Bolsonaro disse, em agosto, na sabatina do Jornal Nacional, da TV Globo. “O trabalhador terá que escolher entre mais direito e menos emprego, ou menos direito e mais emprego”.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), derrubam a tese em tom de ameaça. Nos 12 primeiros meses, o saldo de vagas geradas no país foi de 372 mil, ou seja, faltaram mais de 620 mil oportunidades de trabalho para chegar na meta de 1 milhão estimada pela equipe de Temer para o primeiro ano.

“Foi um resultado pífio e muitas das vagas geradas são de emprego intermitente, ou seja, o trabalhador foi contratado, porém, pode ser que ele nem tenha sido convocado para trabalhar. Ou seja, continuou sem a renda”, disse Verlaine.

De acordo com o técnido do Diap, o trabalho intermitente, que estabelece a possibilidade de pagamento das horas efetivamente trabalhadas, de acordo com a convocação do empregador, é um indicativo forte da precarização do trabalho. “Para conseguir uma renda, ele terá que trabalhar em vários lugares diferentes. E sem garantia de quanto vai receber”, disse.

Outro problema relacionado ao emprego intermitente é a contribuição para o INSS. Segundo a regra do governo, a contribuição mínima tem como referência o salário mínimo, que está em R$ 954. Se o trabalhador intermitente não consegue atingir este valor de renda por mês, ele terá que fazer uma contribuição complementar da diferença para o INSS.

“Imagine como é grave. Além de ficar com a renda comprometida naquele mês, ele pode ficar em débito com o INSS, caso não faça a contribuição extra, e perder este tempo na contagem para a aposentadoria”, explica o especialista em direito previdenciário, Guilherme Portanova.

Brasil de Fato

https://www.brasildefato.com.br/2018/11/11/reforma-trabalhista-reduziu-renda-nao-gerou-emprego-e-precarizou-trabalho/