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Após ligação de Temer, ministro diz que jornada normal continua sendo de 8 horas

deputado-federal-ronaldo-nogueira-ptb-rs-atualmente-ministro-do-trabalho-do-governo-temer-1463769457730_300x420Diante da repercussão de suas declarações sobre a reforma trabalhista, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, recebeu uma ligação do presidente Michel Temer no início da noite desta quinta-feira (08), por volta das 19h. “O presidente me ligou, me orientou a reafirmar que o governo não vai elevar a jornada de oito horas, nem tirar direitos dos trabalhadores”, disse o ministro.

Nogueira afirmou que o padrão normal e legal continuará sendo o de oito horas diárias e 44 horas semanais, sem alterações para os trabalhadores. O que a reforma permitirá é que as convenções coletivas de categorias tenham a opção de flexibilizar a forma como a jornada será realizada, ou seja, como as horas serão distribuídas na semana: com limites de até 12h por dia e 44 horas mais quatro horas extras por semana.

 

GOVERNO QUER AUMENTAR LIMITE DE JORNADA DIÁRIA DE TRABALHO PARA 12 HORAS

Na prática, segundo o governo, a medida vai legitimar jornadas já adotadas, como a compensação das horas do sábado em tempo extra em dias úteis e o modelo 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso. Na forma atual, esses acertos podem ser questionados na Justiça, pois não têm validade legal. “Não se trata, portanto, de estabelecer jornada de 12 horas em todos os dias da semana”, frisou Nogueira.

O Palácio do Planalto ficou “muito irritado” com as declarações dadas pelo ministro mais cedo nesta quinta, durante encontro de sindicalistas da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), em Brasília.Para o governo, este tipo de declaração “precisa ser feita com muita cautela”, com a devidas explicações , “para evitar erros de interpretação.”

 

Fonte: Uol Notícias

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MIT, DOS EUA, CONQUISTA 1º LUGAR PELO QUINTO ANO CONSECUTIVO NO RANKING QS 2016

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O famoso Massachusetts Institute of Technology (MIT) conquistou o topo do QS World University Ranking, renomado ranking universitário mundial, pelo quinto ano consecutivo. Os Estados Unidos continuam a dominar a lista com Stanford University e Harvard completando as três primeiras posições, além de mais oito instituições no top 20.

O ano não foi muito bom para o Reino Unido, que teve uma queda em seu desempenho geral: 38 das 48 instituições britânicas entre as 400 melhores do mundo caíram de posição, inclusive a Universidade de Cambridge que pela primeira vez na última década não conseguiu um lugar nas três primeiras posições do ranking.

Segundo o Diretor de Pesquisa do QS, Ben Sowter, o desempenho e a reputação das instituições de ensino superior do Reino Unido podem ter sido afetados pela saída do país da União Europeia, criando um clima de “anti-imigração” e também de incerteza em relação ao financiamento de pesquisa e permanência de estrangeiros no país após os estudos.

A Austrália e o Canadá tiveram um desempenho semelhante e positivo: aparecem com uma instituição a mais em relação ao ranking de 2015, totalizando nove colocadas cada entre as 200 melhores do mundo.

Brasil

Entre as instituições brasileiras, a Universidade de São Paulo (USP) não só conseguiu a melhor posição como também o seu melhor resultado em 13 edições do QS. Ela ficou na 120ª posição e em segundo lugar na América Latina, perdendo apenas para a Universidade de Buenos Aires (UBA). Além da USP, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro também aparecem no top 400, respectivamente em 191º e 321º lugar.

 

Destaques:

  • Pela primeira vez desde 2004, os Estados Unidos conseguiram dominar os três primeiros lugares do ranking QS;
  • A Coreia do Sul melhorou significativamente o seu desempenho, passando de 13 para 16 instituições no top 500;
  • A China continua a progredir, com a Tsinghua University atingindo a sua melhor posição em 24ª;
  • A National University of Singapore (NUS), de Singapura, continua no posto de melhor universidade da Ásia em 12º lugar;
  • A Universidade de Buenos Aires é a única instituição da América Latina entre as 100 melhores do mundo, na 85ª posição.

Sobre o QS World University Ranking:

  • 74.651 acadêmicos e 37.781 empregadores contribuíram para os resultados do ranking;
  • Mais de 3.800 instituições foram consideradas este ano e 916 conseguiram uma colocação (25 a mais do que em 2015);
  • 10,3 milhões de trabalhos científicos foram analisados e 66,3 milhões de citações foram levadas em consideração.

 

As 20 melhores universidades do mundo segundo o QS World University Ranking 2016/17

2016 2015 UNIVERSIDADE PAÍS
 1 1 Massachusetts Institute of Technology EUA
 2 3= Stanford University EUA
 3  2 Harvard University EUA
 4 3= University of Cambridge Reino Unido
5 5 California Institute of Technology EUA
6 6 Oxford University Reino Unido
7 7 University College London Reino Unido
8 9 ETH Zurich Suíça
9 8 Imperial College London Reino Unido
10 10 University of Chicago EUA
11 11 Princeton University EUA
12 12 National University of Singapore Singapura
13 13 Nanyang Technical University Singapura
14 14 EPFL Suíça
15 15 Yale University EUA
16 17 Cornell University EUA
17 16 Johns Hopkins University EUA
18 18 University of Pennsylvania EUA
19 21 University of Edinburgh Reino Unido
20 22 Columbia University EUA

 

 

 

Fonte: Brasil Escola

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Abertas as inscrições para a Copa Sinpro Goiás 2016/2

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Com o objetivo de incentivar a prática esportiva entre colaboradores e professores da rede de ensino das escolas particulares de Goiás, o Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – Sinpro Goiás, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer, promove a Copa Sinpro de Esporte 2016/2 – José de Oliveira Martinelli.

Nesta edição, que será homenageado o quinto presidente do sindicato haverá disputas de futebol soçaite e peteca.  O formulário de inscrição está disponível no site para impressão e deverá ser entregue no Congresso Técnico dia 07/10, às 16h na sede do Sinpro Goiás.  As competições estão previstas para começar em 15 de outubro.

Neste campeonato as regras sofreram alterações e no futebol soçaite cada equipe terá 15 (quinze) professores sindicalizados ao Sinpro Goiás, podendo ser time da instituições de ensino ou time montado só com professores. Será facultativo o convite a jogador na função/posição de goleiro fora da rede particular de ensino. Já a peteca deverá ter quatro participantes, também associados ao Sinpro Goiás e competir devidamente uniformizados.

Para inscrever, preencha os dados em nosso formulário e entregue na sede do sindicato.

 

Abaixo os formulários de inscrição:

 

Formulário Futebol Soçaite

Formulário Peteca

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Com 92,55% dos votos chapa “Juntos podemos mais” é eleita nas eleições do Sinpro Goiás

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Após apuração dos votos das eleições para a nova gestão 2016/2020 do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – Sinpro Goiás a chapa, “Juntos Podemos Mais” foi eleita com 92,55% dos votos válidos. Do total de 1623, a chapa liderada pelo Prof. Railton Nascimento Souza obteve 1502 votos, 6,59% foram brancos e 0,86% nulos.

Os docentes da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) também elegeram os professores, Goiaz do Araguaia Leite com 157 votos, Mardônio Pereira da Silva com 143 votos, Maria Aparecida Rodrigues com 124 votos e Rodrigo Mariano da Silva com 112 votos, para o mandato de delegados sindicais a ser cumprido no mesmo período administrado pela nova diretoria. A posse ocorrerá dia 20 de outubro de 2016.

 

Veja  abaixo quais são os componentes da Chapa:
MEMBROS EFETIVOS                                  MEMBROS SUPLENTES

 

Raílton Nascimento Souza                             Rosilayne dos S. C. Silva

Orlando Lisita Junior                                      Genésio Carlos Zaffalon

Orestes dos Reis Souto                                  Marcelo Henrique Junta

Alan Francisco de Carvalho                            Fábio Geraldo Araújo

Geraldo Profírio Pessoa                                 Luciano Alvarenga Montalvão

Willian Mendes Costa                                    Sônia Maria Ribeiro dos Santos

Zilmarina Camilo de Oliveira                         Joniana Soares de Araújo

 

CONSELHO FISCAL

MEMBROS EFETIVOS                                 MEMBROS SUPLENTES

Manoel da Silva Álvares                              Paulo Henrique Faria Nunes

Nivaldo dos Santos                                      João Batista Valverde Oliveira

Nárdia de Castro C. Balby                          Edmilson da Silva Alves

 

DELEGAÇÃO CONFEDERATIVA

MEMBROS EFETIVOS                                                   MEMBROS SUPLENTES

Luiz Humberto R. Sales                                     Raimundo Domingos de Moraes

Ailma Maria  de Oliveira                                    Fernanda de Paula Ferreira Moi

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Balanço sobre 9° Conatee

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A Contee realizou, nos dias 26 a 28 de agosto último, o seu 9º Congresso (9º Conatee), com marcas históricas inapagáveis e dignas de registros. Primeiro, por ser o maior de todos por ela promovidos e realizados, com a participação de 796 delegados(as), de todas as regiões do país. Segundo, porque todas as entidades a ela filiadas enviaram as suas delegações. Terceiro, pelo momento histórico ímpar de sua concretização, a toda evidência, o mais emblemático e desafiador da história brasileira, ao menos, desde 1954, com a sórdida trama urdida contra Getúlio Vargas, que culminou com o seu suicídio.

Contudo, as suas marcas de maior relevância são, sem dúvidas, a indignação generalizada com o golpe perpetrado contra o Estado Democrático de Direito, a maior conquista nacional de todos os tempos, levando-o ao cadafalso; a disposição de enfrentar os golpistas em todos fronts que se fizerem necessários; e a unidade que, em momentos tempestuosos como os atuais, forma, com a disposição de luta, a vitalidade do movimento social, sem a qual não se constrói nenhuma vitória duradoura e de fôlego.

No campo da construção da unidade, as diversas concepções políticas e sindicais que compõem o universo da Contee demonstraram a maturidade e o desprendimento que delas se esperam e se exigem em momentos assim, em que pesem as costumeiras altercações que se registraram.

Neste item, a CTB merece destaque especial, pois que, não obstante contar com a maioria dos(as) delegados(as), não quis dela prevalecer-se. Ao contrário, abriu mão dela, pela construção da unidade, que se tornou possível pelo esforço das demais forças, é justo e necessário que se faça este registro.

Por tudo isto, pode-se afirmar, com convicção e ênfase: a Contee sai do seu 9º Conatee muito maior do que antes. Com isto, ganham a democracia política e sindical e ganham os profissionais da educação escolar.

 

Por

*Alan Francisco de Carvalho, presidente do Sinpro Goiás e coordenador da Secretaria de Comunicação Social da Contee

*José Geraldo de Santana Oliveira, consultor jurídico do Sinpro Goiás e da Confederação

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Brasil vai entrar numa época de manifestações sindicais e sociais

O projeto de reforma trabalhista sinalizado pelo atual governo brasileiro é uma “imposição dos interesses financeiros que comandam a economia do país”, aponta Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho da Unicamp e autor de diversos livros sobre o tema, entre eles “Sentidos do Trabalho”, publicado no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, na Inglaterra, Holanda, Itália, Portugal e Índia; e “Adeus ao trabalho?”, editado no Brasil, na Argentina, Venezuela, Colômbia, Espanha e Itália.

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“Período que vai de 2016 a 2018 será uma sucessão amplificada e articulada de crises”, afirma Ricardo Antunes

“O cenário que vamos ter nos próximos dois trimestres é desalentador, e vai fazer com que o movimento sindical e os movimentos sociais lutem ardorosamente.”

A repercussão do trabalho de Antunes em países do mundo inteiro permitiu ao professor debater e analisar tendências globais do mercado de trabalho. Em entrevista por telefone ao Jornal do Brasil na noite de quarta-feira (31), Antunes traçou o caminho que o mercado de trabalho tem seguido no mundo, como os trabalhadores têm procurado se organizar para lidar com novos cenários e fez uma leitura da situação brasileira em meio à crise política e econômica.

“Nós vamos entrar numa época de confrontação social, de manifestações sindicais e sociais”, destacou Antunes na entrevista. “O período que vai de 2016 a 2018 será uma sucessão amplificada e articulada de crises sociais e crises políticas.”

Na ocasião de sua posse, o presidente Michel Temer destacou que vai “modernizar as leis trabalhistas, para garantir os atuais e gerar novos empregos”. Para Antunes, tal modernização abre caminho para uma série de mudanças “profundamente destrutivas” para a classe trabalhadora.

“Estamos no pior momento. Governo nenhum que destrói direitos diz que vai destruir direitos”, ressalta Antunes. “Se o governo dissesse ‘eu vou devastar’, ‘eu vou fazer uma verdadeira devastação social’ ele teria o repúdio. Então, a grande alquimia, a falácia que é profunda falsidade, é dizer que eu vou criar direitos destruindo direitos.”

Antunes acredita, contudo, que tais medidas “não são inevitáveis”: “O movimento sindical pode impedi-las, os movimentos sociais podem impedi-las”.

Confira a entrevista, na íntegra: 

Jornal do Brasil – Na semana passada, o então presidente interino defendeu a proposta de reforma trabalhista, com o argumento de que a intenção não seria retirar direitos, mas manter empregos. Ele também informou que deveria enviar a proposta de reforma trabalhista e de regulamentação do processo de terceirização ao Congresso até o final deste ano. Hoje [quarta-feira], prometeu “modernizar as leis trabalhistas”, “para garantir os atuais e gerar novos empregos”. No ano passado, quando conversamos, o senhor reforçou que o projeto de terceirização aprovado pela Câmara dos Deputados geraria escravos modernos, e que era imperioso derrotá-lo. Onde estamos agora?

Ricardo Antunes – Estamos no pior momento. Governo nenhum que destrói direitos diz que vai destruir direitos. Nós acabamos de ver, por exemplo, na França, o governo de [François] Hollande iniciar um processo de destruição de uma parcela importante dos direitos do trabalho, dizendo que não ia destruir direitos.

A vitória parlamentar que consolida o ‘golpe’, no sentido parlamentar do termo, que hoje [na quarta-feira] se consolidou impeachmando o governo Dilma, abre caminho para uma série de mudanças que são profundamente destrutivas em relação à classe trabalhadora. Isto é muito importante que se tenha claro.

Primeiro ponto, o preceito, o princípio fundamental do governo Temer é o princípio do “negociado sobre o legislado”. O projeto “Ponte para o Futuro”, que na verdade é um atalho para o abismo social, diz que vai haver negociado sobre o legislado sem a perda de direitos. Só que é impossível estabelecer o primado negociado sobre legislado que não seja para reduzir direitos. A ideia do governo não é estabelecer o negociado sobre o legislado para avançar nos direitos, é para reduzir os salários, é para flexibilizar a jornada de trabalho, é para intensificar o banco de horas, é para fazer com que haja redução da jornada com redução do salário.

Então, é evidente que esse preceito do negociado sobre o legislado enfraquece o conjunto da classe trabalhadora e traz a corrosão dos direitos. Ainda nos sindicatos que têm alguma força, a perda será menor, mas será perda. Não há negociado sobre legislado em condição de crise que beneficie a classe trabalhadora.

Mas você imagina, com o conjunto de sindicatos do país inteiro que tem menor força organizativa, é óbvio que a ideia é reduzir direitos que foram adquiridos desde a CLT. Nenhum governo vai dizer abertamente, ainda mais um governo conservador e sem legitimidade, porque resulta de, digamos, um rearranjo, em que o programa que ele quer implementar não tem o respaldo das urnas.

O resultado disso é que, junto com o negociado sobre o legislado, vem a ideia de avançar na terceirização do trabalho. A terceirização do trabalho é também dita pelo governo como um caminho para criar empregos, mas isso é de uma falsidade enorme.

Alguém pode dizer, “mas, professor, existem hoje 12 milhões de terceirizados no Brasil, são 12 milhões de empregos”. Um número significativo de trabalhadores hoje é terceirizado — homens e mulheres terceirizados –, só que os trabalhadores terceirizados e as trabalhadoras terceirizadas trabalham em média mais horas semanais do que os trabalhadores regulados pela CLT. Se eles trabalham mais horas e recebem menos, onde existem três ou quatro trabalhadores ou trabalhadoras celetistas, eles vão ser substituídos por três ou dois trabalhadores ou trabalhadoras terceirizados.

Basta um pouco de aritmética e de matemática para saber que onde um número x de trabalhadores realizava um certo tipo de trabalho, agora esse mesmo trabalho, essa mesma atividade será realizada por um número inferior. Ou seja, a terceirização desemprega. Ela não emprega. Ela empregou 12 milhões, mas ela desempregou 15 ou 16 milhões, em condições mais adversas, porque os salários são significativamente menores e em condições de trabalho que frequentemente burlam a legislação do trabalho.

O resultado desse desenho, dessa propositura do governo é destruir a CLT. E o que significa destruir a CLT? É destruir o que a classe trabalhadora considera como sendo a sua Constituição, porque desde a sua implementação em 1943 que ela desenhou um conjunto de direitos sociais do trabalho.

O IBGE publicou que nós já estamos com 11,6% de desemprego, que significam 11,8 milhões trabalhadores e trabalhadoras sem emprego. E esses dados minimizam, porque nós sabemos que um trabalhador ou uma trabalhadora que em certo período não procura mais emprego, porque não encontra emprego, some das estatísticas como desempregado. E por que ele não procura emprego? Porque é muito caro, trabalhoso, árduo e difícil procurar emprego por dois, três, quatro, cinco dias. Você precisa de dinheiro para sair, pagar a condução, alimentar-se, no final do dia você volta de uma jornada extenuante sem nenhuma resposta positiva. Um mês depois o trabalhador desiste, porque ele percebe que não há portas abertas. E ele some da estatística como desempregado. O mesmo vale para quem trabalha algumas horas por semana. Quem lava carros algumas horas por semana não está empregado. Há uma massa enorme de desempregados e subempregados que as estatísticas não contemplam.

Por isso o projeto é nefasto, e ele é uma imposição dos interesses financeiros que comandam a economia do país. Isso atinge bancários, metalúrgicos, trabalhadores de call center, jornalistas, professores, o conjunto de trabalhos acaba tendo como resultante o enfraquecimento.

Agora, se o governo dissesse “eu vou devastar”, “eu vou fazer uma verdadeira devastação social”, ele teria o repúdio. Então, a grande alquimia, a falácia, que é profunda falsidade, é dizer que eu vou criar direitos destruindo direitos. É disto que se trata.

Não há nenhuma pesquisa séria, rigorosa, com critério científico, realizada nas universidades, que demonstre vantagens para a terceirização. Quem defende que a terceirização é vantajosa é a Febraban, são as federações das indústrias, etc.

Não é por acaso que, algumas semanas atrás, o presidente da Confederação Nacional das Indústrias fez o absurdo de propor que a classe trabalhadora brasileira pudesse ter uma jornada de até 80 horas por semana, dizendo, um erro grotesco, que assim já era até na França. Quer dizer, é um erro crasso, porque a França é um país que, digamos assim, ainda que o governo Hollande esteja tentando destruir parte desses direitos, os trabalhadores franceses, com a trajetória que têm, consolidaram direitos e, segundo, mostra até onde pode chegar o sonho de setores do empresariado industrial que querem isto que eu disse na entrevista [anterior ao JB] e que é inteiramente atual: recuperar formas de escravidão moderna de trabalho. Nem na escravidão os trabalhadores trabalhavam 80 horas por semana, para que se tenha uma ideia do absurdo.

Depois nós sabemos que o presidente da CNI negou a fala, mas a fala está gravada, foi citada pela grande imprensa, certamente a grande imprensa não inventou, foi um descuido do presidente, que mostra até onde é capaz de avançar o imaginário empresarial.

Por fim, os jornais de hoje [quarta-feira] mostram também que até o número de trabalhadores autônomos, os chamados “empreendedores”, recuou neste último trimestre porque o desemprego não só atingiu o emprego formal como também estão sendo fechadas atividades pequenas, criadas por esses trabalhadores que acreditaram no chamado “empreendedorismo”, percebendo que é muito mais difícil num contexto de crise sobreviver. E a média salarial também se reduziu neste último trimestre.

Este é o cenário, portanto, muito desfavorável para a classe trabalhadora.

Jornal do Brasil – Como o professor analisa o argumento que diz que é preciso reformar as relações de trabalho porque a CLT é velha e porque seria preciso reduzir os custos da produção para alavancar a economia?

Ricardo Antunes – Coloco esta fala exatamente como a fala do Consenso de Washington no início dos anos 1990, quando dizia “é preciso privatizar tudo, é preciso desregulamentar tudo para que haja crescimento e expansão”, e nós só temos destruição, só temos maior desemprego, maior empobrecimento da população. Porque exatamente onde esse sistema se expandiu, mais ele destruiu.

Vou dar um exemplo, que é emblemático. Existe na Inglaterra, já há um certo tempo, um sistema de contratos chamado zero hour contract, contrato de zero hora. Ele vale para trabalhadores de cuidados, o chamado care em inglês, enfermeiros, médicos, jornalistas, transportadores de passageiros, eletricistas, etc., é uma gama de atividades. Como funciona? O trabalhador ou a trabalhadora tem contrato de zero hora, o que significa que ele não tem uma jornada fixa, mas tem que ficar à disposição dos chamados. Se num dia ele não recebe nenhum chamado, ele não tem trabalho, no segundo dia ele não recebe nenhum chamado, ele também não tem nenhum trabalho, no terceiro, quase terminando as 72 horas que ele está esperando, ele recebe um chamado, e ele simplesmente vai receber por este chamado que ele fez.

Vejamos, um médico vai atender uma família de pacientes, tem lá um aplicativo que vai receber por este atendimento, e ao mesmo tempo o aplicativo, ou seja, a empresa que detém o controle do seu trabalho — McDonald’s e tantas outras empresas usam amplamente esse sistema na Inglaterra, grandes empresas –, o que vai acontecer é que ele vai receber pelo horário que trabalhou, só que ele está há 72 horas disponível e recebe, digamos, se o seu trabalho durou uma hora, uma hora de trabalho.

Isso, evidentemente, é exemplo cabal da brutalidade das novas modalidades de trabalho que consideram os trabalhadores qualificados, tendo a disponibilidade total pro trabalho, só percebendo remuneração quando efetivamente trabalham. Isto se facilitou muito pelo mundo do trabalho digital, online, que faz com que trabalhadores assalariados e assalariadas das tecnologias da informação, e de tantos outros setores, munidos de um celular, estejam em disponibilidade eterna para o trabalho, ainda que essa disponibilidade eterna para o trabalho tenha como resultado uma remuneração precária e frequentemente insuficiente.

Os empresários dizem “ora, mas ele aceita o trabalho zero hora se ele quiser”. É verdade. Mas por que ele aceita? Porque não tem outro trabalho. O trabalhador, quando está desempregado, aceita um trabalho em que receba alguma coisa, num sentido cada vez mais degradante. E essa realidade é impulsionada pela terceirização, ela é impulsionada por essas regras de uma flexibilização total do mercado de trabalho.

No Reino Unido, já chega à casa de 1 milhão de trabalhadores. O problema é forte, e tem um debate intenso inclusive nos sindicatos porque é uma forma de escravidão moderna do trabalho online. Se você combinasse esse trabalho online com a precarização dos trabalhos offline, do trabalho manual, dos trabalhos, digamos, mais braçais, os trabalhos de vários setores de serviços que também são online mas muito duros como trabalho de call center, o quadro é bastante negativo no que diz respeito ao mundo do trabalho.

No Brasil, nós já temos esse contrato [de zero hora]. Há médicos fazendo isso. Se você liga para pedir um eletricista para cuidar da sua casa, a companhia de seguro chama o trabalho de um contrato de zero hora. Ele presta esse trabalho, recebe por isto e fica chamando outro chamado. Se tem, tem. Se não tem, não tem.

O Uber é outro caso similar. Eu fui conhecer o sistema de Uber outro dia, conversando com um motorista. Ele era veterinário que simplesmente tinha perdido o seu trabalho na clínica veterinária e, como ele tinha um carro, tinha a alternativa de utilizar-se do automóvel para atender chamados de modo que ele pudesse não ficar desempregado e pagar as contas. Esta é uma tendência que, se o PLC 30/2015 [conhecido como projeto de terceirização], que está hoje no Senado, for aprovado e permitir o fim da separação entre a atividade-meio e a atividade-fim, e a consequente permissão da terceirização total, nós estamos abrindo todas as portas para uma desregulamentação geral do trabalho.

Jornal do Brasil – Como fica a ação sindical neste contexto?

Ricardo Antunes – São dois elementos importantes. Primeiro, onde há resistência sindical, os empresários não conseguem implementar [reformas] com esta intensidade. Por exemplo, a França, que tem tradição de luta sindical, a Alemanha, que também tem sindicatos fortes, etc., consegue segurar e impedir a intensidade dessas medidas de desregulamentação do trabalho. Na Inglaterra, pelo contrário, onde o neoliberalismo foi devastador, muitos sindicatos foram profundamente atingidos. Nos Estados Unidos e em outros países, todos eles são neoliberais, mas alguns são mais devastadoramente neoliberais, como inclusive foi o caso do neoliberalismo inglês, um verdadeiro laboratório do neoliberalismo na Europa, mais agressivo, com Margaret Thatcher, depois com John Major.

Onde os sindicatos são mais fortes, a resistência é maior. Agora, a defesa dessas medidas [do governo no Brasil] é antissindical, é diminuir a solidariedade entre os trabalhadores, é criar situações, onde, digamos, não consigam preservar os laços de solidariedade. Porque, a terceirização é uma contratação entre empresas, a contratante e a contratada, no qual a empresa contratada vai oferecer os trabalhadores que são solicitados pela empresa contratante. Então não há um vinculo empregatício entre a empresa e os trabalhadores que trabalham nela. Isto permite toda a gama de burla, fraude de direitos e dificulta a organização sindical, na medida em que você tem uma tendência à individualização das relações de trabalho.

O PJ, a “pejotização”, é a ideia de converter o trabalhador ou a trabalhadora como pessoa jurídica e estabelecer o contrato de prestação de serviços. Quando ele adoece, por exemplo, se ele não tiver bom sistema privado de saúde, não tem sequer recursos para poder ter um atendimento de saúde. E essa pulverização, esta individualização, este exacerbar do individualismo e das relações individualizadas entre empresa terceirizada e trabalhadores, tudo isso tende a enfraquecer bastante a organização sindical.

É vital, portanto, que os sindicatos compreendam isso. Para fazer um paralelo, do século 19 para o século 20, quando as empresas deixaram de ser empresas mais tradicionais, empresas de origem anteriormente manufatureira que se tornaram grandes empresas industriais, os sindicatos deixaram de ser sindicatos de artesãos, e tiveram que criar o sindicato da grande indústria. Hoje os sindicatos estão vivendo um desafio assemelhado ainda mais profundo.

Em vez de grandes empresas tayloristas e fordistas do século 20, que magistralmente o Chaplin caricaturou na sua obra-prima “Os tempos modernos”, hoje esta ideia de que cada um deve ter uma relação de trabalho com uma empresa que contrata, sem a mediação do coletivo, vai obrigar os sindicatos a reconfigurar, a redesenhar, as formas de organização sindical. Isso não levará, no meu entendimento, ao fim dos sindicatos, mas leva a uma necessidade imperiosa de os sindicatos se reorganizarem.

Por exemplo, no passado, tínhamos sindicatos das telefonistas que eram fortes, no Rio tinha-se a empresa estatal de telefonia, a qual correspondia o Sindicato dos Trabalhadores Telefônicos do Rio de Janeiro, assim valia para São Paulo e para outros estados sucessivamente. Com a criação exponencial do trabalho online, do chamado trabalho digital das teleoperadoras — 70% do contingente é feminino no Brasil, com esse trabalho das teleoperadoras, online, digitalizado, nasceu uma categoria, que é a dos trabalhadores e trabalhadoras de Telemarketing. Muito diferente do antigo trabalho do sistema de telefonia pública que existia nos vários estados do Brasil nos anos 1960/1970. Isso está obrigando a que ou sindicatos reelaborem e compreendam essa nova forma de ser, essa nova morfologia do trabalho, ou está dando nascimento de novos sindicatos que já estão tratando como realidade.

Você sabe que muitas trabalhadoras do telemarketing estão isoladas umas das outras, há muita rotatividade, muita informalidade, isso tudo é uma via que dificulta os sindicatos. Os sindicatos são obrigados a repensar, a compreender essa nova morfologia do trabalho e como é possível representá-las com autenticidade, com sentido de classe, e voltado para os reais interesses das categorias que os sindicatos representam. É por certo o desafio vital, um desafio global.

Se você vai à China, se você vai à Índia, à Inglaterra, se vamos aos Estados Unidos, à França, Itália — tenho viajado para todos esses países, tenho tido a sorte de meus livros terem sido publicados em todos esses países que eu me referi –, essa realidade é global, e os sindicatos também sofrem um desafio global. E há experiências, sindicatos que procuram dentro deste quadro novo se reorganizar, ainda que em uma situação mais adversa.

Mas vou dar uma pista, ainda que profundamente heterogeneizada a classe trabalhadora, ainda que bastante fragmentada e bastante complexificada, há uma tendência comum em tantas e diversas categorias profissionais. Como é essa tendência comum? Relativamente homogênea, em meio a tanta heterogeneidade, como essa tendência é homogeneizante? É a luta contra a precarização do trabalho, que atinge os jornalistas, os trabalhadores da tecnologia de informação e comunicação, os trabalhadores da indústria de software, atinge também os trabalhadores de call center, atinge trabalhadores metalúrgicos, atinge trabalhadores das cadeias produtivas globais.

Hoje, as empresas-mãe, as empresas centrais, elas têm a sua marca e elas vão terceirizando a sua produção em várias partes do mundo. A Apple, por exemplo, tem como grande montadora a Foxconn, na China — a Foxconn também tem unidade no Brasil. Isto cria, inclusive, uma dificuldade, porque a Foxconn realiza toda a montagem dos produtos da Apple, mas não aparece a marca Foxconn, aparece a marca Appple. E nem todos sabem que a Apple é montada pela Foxconn.

Em 2010, na Foxconn na China, na unidade de Shenzhen — os salários eram entre 100 e 200 dólares, dependendo do nível de hora extra –, houve 17 tentativas de suicídio de trabalhadores dado o estressamento, a superexploração do trabalho. Das 17 tentativas de suicídio, 13 delas tragicamente ocorreram. O que levou a uma grita generalizada, que inclusive acertou a Apple, porque não só se pressionava a Foxconn como a Apple que contratava a Foxconn. Então, o que a Foxconn é? Uma grande empresa transnacional de terceirização global. É verdade que, no caso da China, há ausência de sindicatos livres, isso tem desafiado a classe trabalhadora chinesa a pensar em alternativas, a pensar em outras formas de movimento, assim como a classes trabalhadora em tantas partes do mundo.

Jornal do Brasil – O senhor também tinha comentado sobre o potencial de mudanças como o projeto de terceirização de rebelar os trabalhadores e trabalhadoras.

Ricardo Antunes – Há exemplos de empresas de call center e telemarketing onde tem havido manifestações, greves. Por exemplo, a Foxconn que eu citei esses suicídios e a intensidade da exploração do trabalho, isso vale para muitas outras empresas similares. Isso tem levado às mais distintas formas de rebelião. No caso da Foxconn da China, o uso da internet mostrando as dificuldades das condições extenuantes de trabalho e intensificação da expansão do trabalho.

Eu coletava na semana passada o depoimento de uma trabalhadora de montagem de produtos digitalizados no Brasil. Ela dizia “olha, a gente tem a sensação de que um trabalho é separado do outro, que eu estou pondo um vidro aqui de um equipamento que eu nem sei o que que é”, mas só o fato de ela fazer essa pergunta já é sinal de uma percepção de que algo não vai bem.

Há greves no setor de telemarketing no Brasil. Nós tivemos greves. Há pesquisas novas, há esboços de organização sindical, há descontentamentos que vão desde o uso da internet até greves, paralisações, revoltas. É por isso que nós estamos tendo tipos diferentes de revolta, as greves ainda são recorrentes, a ideia de ter um sindicato que representa os trabalhadores e trabalhadoras também é vital.

Por que eles buscam o sindicato por mais que a campanha antissindicato seja forte? Porque o sindicato é uma ferramenta de defesa da classe trabalhadora. Os sindicatos têm que representar, porque se não representarem, esses trabalhadores vão buscar outros caminhos, outras formas de manifestação de rebeldia, de luta, quer no plano sindical, quer fazendo greves, quer através de depoimentos por internet e outras, a classe trabalhadora demonstra a forma da intensidade da exploração a que estão sujeitos.

Jornal do Brasil – O senhor pode falar sobre a questão do desemprego que já vinha se desenhando devido ao esgotamento de um ciclo econômico, e o desemprego que poderia vir agora; e a precarização do trabalho que já tínhamos antes e a precarização do trabalho que pode haver agora, no Brasil?

Ricardo Antunes – Nós tivemos no Brasil entre 2003 e 2013 um crescimento expressivo dos empregos, na casa de mais de 20 milhões, porque o país teve um ciclo de expansão econômica forte. Acontece, entretanto, que, a partir de 2013, 2014, a crise econômica global passou a ter repercussões mais profundas nos chamados Brics, na China, na Índia, na Rússia, no Brasil, na África do Sul, em vários outros países, especialmente Índia, China, Brasil. Este primeiro movimento, aliado a uma série de equívocos que vinham sendo praticados pela política econômica vigente, acabaram levando a um esgotamento do ciclo, acabaram levando a um quadro onde o mito do país do grande crescimento, o mito do país da grande expansão, o mito do país que ia para frente começasse a soçobrar.

Nós [Brasil] começamos a ter, então, a partir de fim de 2014, início de 2015, uma acentuação das tendências declinantes e o reaparecimento forte do desemprego. Só para tratar deste último período, uma política completamente equivocada, o que fez o governo Dilma? Foi buscar um ajuste fiscal bastante nefasto, comandado por [Joaquim] Levy, que era o segundo homem de um grande banco no Brasil, ou seja, completamente imbuído de um projeto neoliberal de desregulamentação do trabalho e de um ajuste fiscal privatista, que diminuiu os efetivos de estado na economia.

Esse ajuste fiscal brutal retraiu fortemente a economia, porque foi exatamente o receituário utilizado pelo sistema financeiro para preservar superávit primário, primeiro pagar juros da divida, depois tentar um novo ciclo de expansão. Quando o governo Dilma entra na crise política profunda que entrou — isso começa em 2015, num quadro que vai se acentuando — a política recessiva também é implementada, isso fazendo com que aquela tendência declinante fosse se expandindo, e o desemprego passa a aumentar.

Quando Dilma sofre a abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, quer dizer, no meio de uma crise política profunda, houve uma retroalimentação, crise política e crise econômica. Sobe, inicialmente em forma de interino, o governo Temer, e este governo vai começar a tomar uma série de medidas claramente de desregulamentação do trabalho, de botar o pé no breque, e gerenciar uma política de arrocho, de tal modo que você tivesse como consequência não mais o incentivo à produção, mas um desincentivo à produção e o consequente aumento do desemprego.

Por isso que, desde que o Temer assumiu, há mais de 100 dias, o desemprego não para de aumentar. O seu receituário é ainda mais destrutivo do que o do primeiro ano de Dilma. É um receituário da privatização, da desregulamentação e da precarização do trabalho, os três tomados em um acelerador em ritmo alto.

Então, o que está acontecendo neste último período? O crescimento do desemprego que estamos vendo neste último trimestre — maio, junho e julho — é, por um lado, ainda saldo das medidas tomadas pelo ministro banqueiro Levy no primeiro ano do governo Dilma. Esse trimestre já traz aumento desse desemprego porque as medidas tomadas pelo também banqueiro [Henrique] Meirelles no governo Temer são medidas destrutivas em relação ao crescimento de emprego e destrutivas em relação ao trabalho.

Qual é o resultado? Nós chegamos hoje a níveis oficiais de quase 12 bilhões de desempregados, quando na verdade nós temos níveis muito maiores. E no movimento da economia que nós estamos hoje… Mesmo hoje, qual foi a medida do Banco Central? Manter os juros altos. Juros altos, remuneração do sistema financeiro, recursos são drenados para garantir o superávit primário, e o Estado perdeu aquela impulsão que dava para o incentivo de novos empregos.

Por isso que qualquer análise séria reconhece que o cenário que vamos ter nos próximos dois trimestres, que compreendem o ano de 2016, é desalentador, e vai fazer com que o movimento sindical e os movimentos sociais lutem ardorosamente para impedir que essas medidas sejam aplicadas. Porque isto também é verdade, essas medidas não são inevitáveis, o movimento sindical pode impedi-las, os movimentos sociais podem impedi-las.

O que nós vimos hoje (quarta-feira) no Senado é expressão disso. Criou-se um pretexto de depor um governo pelo conjunto político da sua obra, por uma posição que não ganha as eleições. Isso independe da avaliação que se faça do governo que cai. Eu, por exemplo, sou muito crítico em relação ao governo que caiu, muito conciliador e praticamente sem nenhuma ousadia para tentar mudanças mais profundas. Só que o governo que ganha, que sai desse processo de impeachment, na verdade, ele é a pura representação desses interesses dominantes. A tendência dele é aumentar a repressão, como se viu em São Paulo [nas manifestações contra o governo de Michel Temer na quarta-feira].

Nós vamos entrar numa época de confrontação social, de manifestações sindicais e sociais, o que não depende nem de longe de imaginar que o governo vai ter calma e tranquilidade. O período que vai de 2016 a 2018 será uma sucessão amplificada e articulada de crises sociais e crises políticas, porque esse governo não tem legitimidade.

O decisivo neste momento seria que um processo de novas eleições fosse realizado, um plebiscito popular decidiria se quer ou não novas eleições, e a partir disso nós tentarmos sair desta crise. Um governo sem legitimidade não sinaliza saída da crise porque a saída da crise tem elementos de profundidade que não são resolvidos no discurso de Temer e seus ministros. A crise tem causas estruturais muito mais profundas.

 

 

Fonte: Portal Vermelho

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O frade, o jagunço e a morte do Estado Democrático de Direito

“Se é procissão que me fazem

Mudou muito a liturgia:

Não vejo andor para o santo,

Nem há nenhum santo à vista.

Vejo muita gente armada,

Vejo só uma confraria.

Talvez seja só um enterro

Em que o morto caminharia,

Que não vai entre seis tábuas,

Mas entre seis carabinas.

..”

Estes instigantes e emblemáticos versos da epigrafe são retirados da obra de João Cabral de Melo Neto, “Auto do Frade: Poemas para vozes”, que retrata, com maestria, o último dia de Frei Caneca (13/1/1825), um dos mais ilustres e dignos revolucionários da história do Brasil, condenado à morte, por ser um dos líderes da Confederação do Equador de 1824.

Mas, bem que poderia ser o diálogo entre o Estado Democrático de Direito e os 6? senadores, que decretaram a sua morte, no dia 31 de agosto de 2016, com o fim da farsa do Processo de Impeachment da Presidente Dilma Rousseff.

Ao cassarem o mandato da Presidente Dilma- legitimamente sufragado pelas urnas, em 2014-, cassaram o Estado Democrático de Direito, duramente conquistado com  a Constituição Federal (CF) de 1988; a cassação dela representa apenas o trampolim para os reais objetivos dos coveiros da cidadania, serviçais do capital: o fim de todas estruturas políticas e sociais para a construção da Ordem Social, fundado no primado do trabalho, tendo como objetivos o bem estar e a justiça sociais, conforme preconiza o Art. 193, da CF.

No caso atual- o do impeachment do Estado Democrático de Direito-, os seus algozes, representados pelo Congresso Nacional e pelo Poder Judiciário- que o avalizou e referendou-, fizeram-lhe uma falsa profissão, cercada de todas as mais vis mentiras e subterfúgios, com uma única finalidade: enterrá-lo, de preferência, por todo o sempre.

O morto, no caso, o Estado Democrático de Direito, caminhou para o cadafalso, não entre seis carabinas- como o fez Frei Caneca-, mas, sim, entre 342 deputados federais- que admitiram o pedido de impeachment-, e 61 Senadores- que o julgaram procedente-, e o Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu a sua execução sumária.

Na execução de Frei Caneca, o carrasco negou-se a enforcá-lo, resistindo a toda sorte de sevícias e espancamento, para cumprir o seu ‘dever’ legal; por isto, formou-se, por coerção, um pelotão de fuzilamento. Na execução do Estado Democrático de Direito, os carrascos- deputados e senadores- executaram-no sem nenhum constrangimento, fazendo-o com um prazer mórbido, hipocritamente, em nome da ética, da moralidade e de tudo mais que puderam falsear.

Segundo o escritor irlandês, Oscar Wilde, “ A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida”.

Às palavras do citado escritor, faltou dizer que a imitação da arte, pela vida, às vezes, se dá de forma tacanha e grosseira; mostrando-se a vida muito mais cruel do que a arte.

Para comprovar esta assertiva, basta que se compare o impeachment do Estado Democrático de Direito, do Brasil, com a obra prima de Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”, especialmente, no julgamento do jagunço Zé Bebelo, pelos demais componentes do bando.

Neste julgamento, Joca Ramiro, que era o chefe do bando,  formou o seu Conselho de Sentença (Júri), composto por Sô Candelário, Hermógenes, Ricardão, Titão Passos e João  Goanhá.  “Reunidos no meio do eirado, numa confa”, tem lugar o julgamento. “Zé Bebelo não estava aperreado. Tomou corpo, num alteamento — feito quando o perú  estufa e estoura — e caminhou em direitura.”

Ao iniciar o julgamento, Joca Ramiro ( “Juiz”), disse a Zé Bebelo: “Lhe aviso: o senhor  pode ser fuzilado, duma vez. Perdeu a guerra, está prisioneiro nosso…”. Ao ouvir esta ameaça, Zé Bebelo bradou: “Se era para isso, então, para que tanto requifife? Em tréplica, por assim dizer, Joca Ramiro contestou-lhe: “O senhor veio querendo desnortear, desencaminhar os sertanejos de seu costume velho de lei”. E, em réplica de tréplica, Zé Bebelo asseverou: “Velho é, o que já está de si desencaminhado. O velho valeu enquanto foi novo”.

O primeiro a votar- em voto aberto, como no Senado, no impeachment do Estado Democrático de Direito-, foi Hermógenes, que sentenciou: “Acusação, que a gente acha, é que se devia de amarrar este cujo, feito porco. O sangrante… Ou então botar atravessado no chão, a gente todos passava a cavalo por riba dele — a ver se vida sobrava, para não sobrar! (…) Cachorro que é, bom para a faca. (…) Dele é este Norte? Veio a pago do Governo. Mais cachorro que os soldados mesmos… Merece ter vida não. Acuso é isto, acusação de morte. Diacho, cão!”

Em seguida, Sô Candelário,  desafiou  Zé Bebelo, para um duelo, à faca. O Juiz, Joca Ramiro, indeferiu esta proposta, e afirmou-lhe: “Agora é a acusação das culpas. Que crimes o compadre indica neste homem?”. Sô Candelário, serenamente, respondeu-lhe: “Crime?… Crime não vejo. (…) Veio guerrear, como nós também. Perdeu, pronto! A gente não é jagunços? A pois: jagunço com jagunço — aos peitos, papo. Isso é crime? Perdeu, está aí feito umbuzeiro que boi comeu por metade… Mas brigou valente, mereceu… (…) o que acho é que se deve de tornar a soltar este homem”.

O terceiro a votar foi Ricardão, exarando a seguinte sentença capital “… Zé Bebelo veio caçar a gente, no Norte sertão, com mandadeiro de políticos e do Governo, se diz até que a soldo… A que perdeu, perdeu, mas deu muita lida, prejuízos. (…) Dou a conta dos companheiros nossos que ele matou, que eles mataram. Isso se pode repor? E os que ficaram inutilizados feridos, tantos e tantos… (…) A gente não tem cadeia, tem outro despacho não, que dar a este; só um: é a misericórdia duma boa bala, de mete-bucha, e a arte está acabada e acertada”.

O quarto foi Titão Passos, que sentenciou: “Este homem não tem crime constável. (…) Ah, eu, não. Matar, não”. E, por último, João Goanhá, que corrobora as palavras de Sô Candelário e Titão Passos: “… meu voto é com o compadre Sô Candelário, e com meu amigo Titão Passos, cada com cada… Tem crime não. Matar não. Eh, dia!”.

Por maioria, Zé Bebelo foi absolvido e desterrado para Goiás; para enquanto Joca Ramiro vivesse, como ficou registrado na sentença oral.

Como se vê, os personagens da obra de Guimarães Rosa mostraram muito mais hombridade e decência do que os senadores que decidiram pela morte do Estado Democrático de Direito; é de todo lamentável que estes não tenham mostrado a mesma ética daqueles; inclusive dos que votaram pela sentença de morte de Zé Bebelo, pois que, para tanto, não se esconderam sob nenhum pretexto e/ou capa de moralidade; fizeram-no por vingança, e nada mais.

Um dos principais líderes da Revolução Francesa de 1789, Danton, ao ser arguido pelo Juiz de Instrução, do Tribunal Revolucionário, que o condenou à guilhotina, sobre o seu endereço, redarguiu:

“.. em breve; o nada. Ao depois, o panteão da história”.

Com os senadores que votaram pelo impeachment acontecerá exatamente o contrário, pois que, em breve, serão tratados como valentes heróis, pelos seus iguais, pelo capital e seus capatazes. Porém, ao depois, indiscutivelmente, irão para o lixo da história. Lugar, no qual, a maioria sempre esteve.

Apesar deles, com certeza, a cidadania não perecerá. Como bradou o Poeta Castro Alves, no magnifico Poema “ O Livro e a América”: “.. num poema amortalhada, nunca morre uma nação..”.

 

Como fecho, destes singelos comentários, sobre o mais trágico desfecho de todas quantas farsas já se materializaram no Brasil, e que se contam às dezenas; nada melhor do que recado de João Cabral de  Melo Neto, nos realçados poemas, sentenciado, para a eternidade, nesta estrofe:

“ Ser fuzilado, é dignidade

do militar, mais que castigo.

Fuzilado assim, sem direito,

recebe mais que o pedido.

Dizem que a forca reagiu,

pegou estranho reumatismo.

Perdeu a honra de enforcar

de seus patrícios o mais digno”.

 

 

José Geraldo de Santana Oliveira

Consultor Jurídico do Sinpro Goiás

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Vem aí X Formação Continuada

Ilustração

 

A União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, seção Goiás (Uncme-Goiás) e o Conselho Municipal de Educação (CME) de Goiânia – em parceria com o Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro-Goiás), com o apoio da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino do Brasil Central (Fitrae-BC) e do Colégio Agostiniano – realizarão, nos dias 16, 17 de setembro e 07, 08 de outubro, Curso de Formação Continuada, com o tema “Educação Infantil: identidade e desafios”, que abordará questões contemporâneas de relevância para os profissionais da educação, tanto no que diz respeito a conteúdos teóricos quanto a aspectos metodológicos. A ação formativa tem o intuito de dar continuidade aos projetos de construção de uma escola que contribua, efetivamente, para a educação emancipadora e cidadã.

 

 

OBJETIVOS

 

Contribuir para o processo de formação continuada de docentes do setor privado.

 

Proporcionar oportunidade para o debate e a troca de experiências referentes a temas contemporâneos, ligados à prática educativa na Educação Infantil.

 

Tema

Educação Infantil: identidade e desafios

 

Objeto

Curso de formação continuada para docentes

 

Período de realização  

 

1ª etapa: 16 e 17 de setembro

2ª etapa: 07 e 08 de outubro

 

 

 

 

Público alvo

Docentes que atuam na Educação Infantil no município de Goiânia

 

Carga horária

16 horas (com certificação)

 

Local

Colégio Agostiniano

Av. K, nº 108, Setor Aeroporto, Goiânia – GO, 74075-200

 

 

PROGRAMAÇÃO

 

Dia 16 de setembro (18h30 às 22h), carga horária de quatro horas

 

18h30 – Abertura do evento

Momento cultural

 

Composições da Mesa

  • União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, Seção
  • Goiás (Uncme-GO)
  • Conselho Municipal de Educação (CME) de Goiânia
  • Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro-Goiás)
  • Federação Interestadual de Trabalhadores em Estabelecimento

de Ensino do Brasil Central (Fitrae-BC)

  • Colégio Agostiniano

 

Execução do Hino Nacional

 

Pronunciamento dos componentes da Mesa

 

20h – Palestra de Abertura “Proposta Pedagógica: as interações e a brincadeira como eixo curricular”

Palestrante: Profa. Dra. Altina Abadia da Silva

 

21h – Debate

 

22h – Término da programação

 

Dia 17/09 (8h às 12h) | Carga horária de quatro horas

 

Workshop: Direitos Trabalhistas (8h às 10h)

Palestrante: Prof. José Geraldo Santana

 

Minicursos “Repensar a prática” – inscrição nas salas, por ordem de chegada dos cursistas

  • 1ª parte
  • Sexualidade e Gênero na Educação Infantil: ampliando o debate
  • Currículo na Educação Infantil: brincadeira, afeto e corporalidade
  • Profissionalização: o lugar da ética, de estética e do bem estar docentes na Educação Infantil
  • Letramento e Formação de Leitores na Educação Infantil
  • Práticas Educativas com Crianças de 0 a 3 anos idade
  • Práticas Educativas com Crianças de 4 a 5 anos idade
  • A Literatura Infantil no Desenvolvimento do Olhar Sensível
  • Processo Avaliativo na Educação Infantil: perspectivas e desafios
  • Projetos de Trabalho na Educação Infantil
  • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil

 

 

Dia 07/10 (18h30 às 22h)

 

Colóquio: Práticas Pedagógicas em Debate: as especificidades do trabalho pedagógico com crianças de 0 a 3 e 4 e 5 anos de idade

Debatedoras: Profa. Ms. Ana Rogéria de Aguiar e Profa. Esp. Adriana Maria Ramos Barboza.

 

Dia 08/10 (8h às 12h) | Carga horária de quatro horas

 

Minicursos “Repensar a prática”

 

parte

  • Sexualidade e Gênero na Educação Infantil: ampliando o debate
  • Currículo na Educação Infantil: brincadeira, afeto e corporalidade
  • Profissionalização: o lugar da ética, de estética e do bem estar docentes na Educação Infantil
  • Letramento e a Formação de Leitores na Educação Infantil
  • Práticas Educativas com Crianças de 0 a 3 anos Idade
  • Práticas Educativas com Crianças de 4 a 5 anos Idade
  • A Literatura Infantil no Desenvolvimento do Olhar Sensível
  • Processo Avaliativo na Educação Infantil: perspectivas e desafios
  • Projetos de Trabalho na Educação Infantil
  • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil

 

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Educação não é mercadoria: Contee aciona Cade e MPF contra fusão entre Kroton e Estácio

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O departamento jurídico da Contee protocolou hoje (24) um ofício junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) exigindo o indeferimento da fusão entre as empresas Kroton e Estácio. O documento, a exemplo do que a Confederação já havia ressaltado no caso Kroton-Anhanguera, argumenta que os grupos empresariais em questão ‘‘jamais demonstraram qualquer preocupação com o cumprimento da função social da propriedade, que, para eles, só tem um único valor: o do lucro máximo e fácil’’.

O ofício aponta ainda que, para conseguir esse lucro, os conglomerados de educação ‘‘praticam todos os atos necessários à desvalorização do trabalho, consubstanciados em demissão em massa de profissionais da educação escolar, inclusive de mestres e doutores, para a contratação de especialistas, com salários menores e condições de trabalho mais precárias, o que se caracteriza, indiscutivelmente, como dumping social; com graves reflexos na qualidade do ensino ministrado, que é, cada dia mais sofrível, não atingindo, nem em sonho, o padrão social, insculpido como princípio, pelo Art. 206, VII, da CR’’.

A Contee também protocolou ofício junto ao Ministério Público Federal (MPF) para que tome providências e ajuíze uma ação contra a incorporação da Estácio pela Kroton. Nesse documento, a Confederação destaca que a “recente fusão, anunciada pelos grupos Kroton Educacional e Estácio Participações, dão a exata dimensão do descaso com que as IES privadas tratam a educação” e que com ‘‘o cúmplice silêncio do MEC, transformaram-na em simples mercadoria; e o que é pior: de péssima qualidade’’.

As medidas tomadas pela Contee já haviam sido anunciadas e são fundamentais no combate à oligopolização do ensino no Brasil. Só nesta semana, duas notícias reproduzidas no Portal da Confederação dão a dimensão da gravidade dessa situação no Brasil. A primeira informa que a Ser Educacional, terceira maior empresa de educação do país, contratou advogados para fazer lobby contra a fusão das duas maiores rivais. A atitude, porém, não se dá por uma preocupação com o ensino superior no país, mas sim em virtude do desejo da própria Ser de comprar a Estácio, evidenciando a redução da educação ao nível de mercadoria disputada no mercado financeiro.

Já a segunda notícia mostra que Fies e ProUni bancam mais de um terço das matrículas em 18 estados brasileiros. Isso significa que o processo de mercantilização, financeirização e oligopolização do ensino superior ainda se vele de dinheiro público para garantir mais lucros.

O assunto será debatido neste fim de semana, de 26 a 28 de agosto, no 9° Conatee.

 

 

Fonte: Contee