Reforma da Previdência – Página: 6
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Reforma da previdência induz “corrida por privilégios”

 

Os defensores da reforma da previdência, nos moldes propostos pelo governo Temer, se apegam a dois dados reais e que o país não tem como fugir: o déficit de R$ 260 bilhões nos sistemas de pagamento de aposentadorias, que abrangem tanto o trabalhador privado quanto o servidor público, e o acelerado envelhecimento populacional.
Segundo previsão do IBGE, a porcentagem de idosos no país irá triplicar até 2060, saltando de 18 milhões para 58 milhões, ou de 8,5% para quase 26,8% da população.

Mas usar apenas esses dados como determinantes para uma reforma da magnitude apresentada pelo governo federal pode ser um erro, podendo colocar em risco a segurança social de milhões de brasileiros nas próximas décadas. Essa é a avaliação do economista e professor das Faculdades Rio Branco, Onofre Portella, durante aula que concedeu na 8ª edição do Programa Rio Branco para Jornalistas.

Portella chama atenção, inicialmente, para as críticas feitas ao sistema previdenciário do país como se fosse o maior gasto da União quando, na verdade, o primeiro gasto do Estado brasileiro é com a amortização e com os juros da dívida pública que, só em 2016, foi de R$ 407 bilhões. E, derrubar a taxa de juros em termos reais, seria apenas um dos mecanismos que o governo Temer poderia tomar para reduzir os gastos da União com o adendo de que, a redução da Selic, favoreceria o setor produtivo.

Outra questão não aprofundada na reforma é a forte distorção entre os regimes de aposentadoria vigentes no país, isso é o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que rege a aposentadoria dos servidores públicos, e o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atendendo os demais trabalhadores.

Como se criou o déficit

O país tem hoje cerca de 33,4 milhões de beneficiários no regime do INSS que receberam, em 2016, o total de R$ 507,9 bilhões. Essa carteira é remunerada em um sistema tripartite composta por recursos de trabalhadores em atividade e empregadores, que formam a receita líquida do sistema, e recursos União. Considerando apenas a receita líquida, o sistema recebeu no último ano R$ 358,1 bilhões.

A diferença, R$ 149,7 bilhões, paga pela União, foi contabilizada como déficit, mas, na verdade, poderia ser diferente se os governos federais cumprissem a contrapartida colocada na Constituição Federal de 1988 que vinculou as receitas do recolhimento do Cofins, CSLL, PIS/PASEP e das Loterias ao sistema de seguridade social, o que não tem sido cumprido desde os anos 1990.

“O aporte dessas taxas e contribuições representaria o dobro da receita e aproximadamente 40% a mais das despensas na previdenciária, ou seja, com o sistema consolidado pela Constituição Federal de 1988 a Previdência estaria equilibrada”, pondera o professor.

Para chegar ao cálculo do déficit de R$ 260 bilhões, Portella incluiu os gastos com as aposentadorias e pensões dos servidores públicos no Brasil que, em 2016, alcançou cerca R$ 110 bilhões para atender 989 mil beneficiários. Nesse ponto, o economista chama atenção para a grande disparidade entre as rendas médias dos beneficiários do INSS e dos beneficiários do Regime Próprio de Previdência Social, se tornando uma espécie de distribuição de renda inversa, ou seja, favorecendo a concentração dos recursos em um grupo cada vez menos representativo da sociedade brasileira.

Enquanto beneficiários do INSS recebem um valor anual médio de R$ 15,2 mil, incluindo o 13º salário, os servidores aposentados chegam a receber, em média, R$ 100 mil por ano, no caso de terem trabalhado em algum órgão do Executivo, ou até R$ 390 mil, se tiverem sido do Judiciário.

Portella reconhece que retirar benefícios desse grupo, que inclui também militares, legisladores e promotores, é um grande desafio para qualquer presidente, entretanto não há como negar as fortes disparidades é a necessidade de se iniciar algum diálogo, acrescentando que, nos moldes propostos pelo governo atual, a reforma, como recentemente apontou o próprio presidente do INSS, Leonardo de Melo Gadelha, acabou se transformando em uma corrida por privilégios.

O economista alerta, portanto, que a reforma em discussão no Congresso vai contra o caráter da Constituição Federal de 1988, pensando no quadro mais amplo proposto pela Carta, de incluir a previdência dentro da Seguridade Social, assim como ponderou o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Eduardo Fagnani, em entrevista para o programa Na Sala de Visitas com Luis Nassif, quando destacou que o sistema previdenciário brasileiro foi pensado nos mesmos moldes dos sistemas europeus que compõe a OCDE e que ainda mantém a proposta tripartite de financiamento.

“Nos países da OCDE a participação média do governo no orçamento previdência é de quase 50%, o caso mais extremo é o da Dinamarca, onde 75% da seguridade é financiada pelo governo, através do recolhimento dos impostos gerais”, explicou Fagnani. Assim, com a reforma, o Brasil se mantém na contramão das nações desenvolvidas.

Fonte: GGN

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Intensificar a mobilização, preparar a Marcha para Brasília

SINPRO GOIÁS - MARCHA00001

A Contee chama todas as entidades filiadas, os professores e professoras, as técnicas e técnicos administrativos para participarem da marcha de trabalhadores para Congresso Nacional no dia 24 de maio, quarta-feira, no movimento #OcupeBrasília, organizado por todas as centrais sindicais.

“Vamos somar mais de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras no ato unificado com os movimentos populares em defesa dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Temer e os grandes empresários querem acabar com os nossos direitos, querem destruir nossas organizações. O momento é grave e temos que responder com bravura, mostrar nossa força e disposição de garantir as conquistas sociais, trabalhistas e democráticas”, afirma o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis.

O debate sobre as reformas deve ser aprofundado nas bases, com os trabalhadores e a população. As filiadas devem organizar, sozinhas ou em conjunto com outras entidades, caravanas que levem a categoria à capital federal. Em Brasília, estão sendo realizados acampamentos para fortalecer o protesto contra as medidas antipopulares do governo ilegítimo.

A Câmara votará a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, de Reforma da Previdência. Para aprovação, Temer precisa de 308 votos, mas a rejeição ao tema, inclusive de parlamentares governistas, pode levar ao adiamento da votação. A Reforma Trabalhista, Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38, está em análise no Senado. Na terça, 16, haverá nova sessão temática em plenário e, na quarta, outra sessão conjunta entre comissões de Assuntos Econômicos e Assuntos Sociais. O projeto vai passar também pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Se for modificado, será remetido de volta à Câmara.

Durante esta semana, dirigentes sindicais e de movimentos sociais intensificam o corpo a corpo com parlamentares denunciando os malefícios das reformas pretendidas por Temer. Deputados e senadores estão atentos às mobilizações da classe trabalhadora junto às suas bases eleitorais, o que demonstra a eficácia do movimento e a forte possibilidade de aumento de votos contra as reformas e de derrota do governo.

No dia 17, haverá mobilização nacional, com visitas a gabinetes no Congresso e, na semana seguinte, as entidades farão marcha e ocupação na capital federal.

No dia 24, chegada a Brasília e concentração no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. No final da tarde, marcha para o Congresso Nacional, onde ocorrerá ato político.

Ao lado de movimentos sociais, entidades de trabalhadores prometem não sair da capital durante tramitação dos projetos.

 

Carlos Pompe, repórter da Contee

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EM GOIÂNIA, TRABALHADORES(AS) REALIZAM GRANDE ATO CONTRA OS ATAQUES DO GOVERNO TEMER

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Cerca de mil trabalhadores(as) de várias categorias, sindicatos e centrais sindicais participaram, na manhã desta sexta-feira (31), de um ato político contra a terceirização, as reformas da previdência e trabalhista e contra as medidas do governo Temer que atacam a classe trabalhadora.

Chamado de “Esquenta para a Greve Geral”, o movimento integrou uma mobilização nacional da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, que promoveu atos em todos os estados e no Distrito Federal. Em Goiás, as Frentes contaram com o apoio do Fórum Goiano Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, que engloba entidades representativas de trabalhadores da iniciativa privada e dos setor público, bem como estudantes e militantes da luta pela reforma agrária e urbana.

O movimento consistiu em diversas manifestações de várias categorias que se uniram na Praça do Bandeirante. No local foi inaugurada também a tenda do Fórum, que ficará permanentemente no local para dialogar e conscientizar a população acerca das consequências das reformas do governo Temer. O objetivo é fazer uma mobilização constante para a greve geral, marcada para o dia 28 de abril.

Representando a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a professora Sônia Maria, ressaltou a importância da unidade e da mobilização conjunta de diversas entidades. “Tanto a tenda do Fórum quanto essa bonita manifestação só foram possíveis graças à união dos(as) trabalhadores(as), que não aceitarão que seus direitos seja suprimidos”, afirmou.

O coordenador do Fórum Goiano contra as reformas e diretor do SINT-IFESgo, João Pires, alertou para a necessidade de intensificar a manifestação. “O ato de hoje foi muito importante. Mostrou que a classe trabalhadora está atenta aos desmandos do governo corrupto de Michel Temer. Mas não podemos parar por aqui. Se não intensificarmos a luta, o governo, que já limitou os investimentos em educação e saúde por 20 anos ano passado, vai acabar de desmanchar o estado brasileiro”.

SINPRO GOIÁS - MANIFESTAÇÃO00001Presidente do SINPRO GOIÁS, prof. Railton Nascimento diz que é muito grave o momento que o país vive. “Apesar de a mídia global mentir para os/as trabalhadores/as tentando convencê-los de que as Reformas do Governo ilegítimo de Temer serão benéficas, o que estamos assistindo é o mais duro golpe da história contra os direitos dos trabalhadores” salientou. Para o presidente estamos diante do desmonte da Previdência Social disfarçado de Reforma. “A terceirização ilimitada rasgará na prática a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), precarizando de vez as relações de trabalho no Brasil. A Reforma Trabalhista quer impor o negociado sobre o legislado para retirar  direitos das Convenções Coletivas de Trabalho”, destacou. Railton disse ainda que é necessário mais do que nunca uma reação de todos contra esse golpe, por isso, conclama os trabalhadores e trabalhadoras  brasileiras a participarem da Greve Geral que vai parar o Brasil no dia 28 de abril.

Fernando Mota, diretor do SINT-IFESgo, comentou acerca dos efeitos das recentes medidas do governo Federal. “São ações muito sérias que geram um grande impacto na vida dos trabalhadores(as) brasileiros. A Reforma da Previdência vai, na prática, impedir que grande parte da população brasileira se aposente. A aprovação da terceirização de forma irrestrita acaba com o serviço público, pois as vagas serão preenchidas por funcionários terceirizados. Essa medida abre também as portas para o nepotismo no órgãos públicos e permite que até mesmo professores sejam contratados dessa forma, com menores salários e piores condições de trabalho”, alertou.

Fernando falou ainda sobre o impacto da Reforma Trabalhista para o serviço público. “As relações entre os trabalhadores e o governo são feitas com base nas leis trabalhistas, uma vez que o nosso direito a negociação coletiva ainda não foi regulamentado. Com a reforma, a tendência é que essa relação seja ainda mais difícil, porque a legislação perde força para a negociação entre patrão e empregado”, concluiu.

 

Por

Artur Dias

 

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Justiça determina que governo Temer comprove déficit da Previdência

SINPRO GOIÁS - PREVIDÊNCIA00001
Beto Barata/PR

A 21ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal deferiu, parcialmente, pedido de liminar formulado pela Federação Nacional dos Servidores da Justiça Federal e do Ministério Público Federal (Fenajufe) contra a União, para que o governo de Michel Temer comprove a veracidade dos dados financeiros que embasam a afirmação de que, atualmente, o sistema de Previdência Social é deficitário em R$ 140 bilhões. A decisão foi publicada pela Justiça Federal no início da noite da segunda-feira (20).
O juiz federal substituto Rolando Valcir Spanholo, da 21ª Vara, decidiu que a União deverá esclarecer e detalhar, em 15 dias, a metodologia utilizada pelo governo para apurar o déficit previdenciário de até R$ 140 bilhões, valor “intensamente divulgado nos últimos dias”. Segundo o magistrado, o Estado deverá demonstrar, via documentação hábil, o total das receitas obtidas, bem como o efetivo destino a elas dado, ao longo de 2012 a 2016.

Além disso, o juiz aceitou o pedido da Fenajufe de proibir a veiculação de peças publicitárias, criada pela União, com objetivo de “fomentar opinião pública favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016”. Há uma semana, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul determinou a imediata suspensão, em todo o território nacional, de todos os anúncios do governo sobre a reforma da Previdência, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

 

Fonte: Portal Vermelho

 

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TV Contee Especial mostra duro golpe da reforma da Previdência sobre as professoras da educação básica

SINPRO GOIÁS - CONTEEPREVIDENCIA00001

A luta contra a reforma da Previdência foi uma das principais bandeiras levantadas nas manifestações de ontem (8), no Dia Internacional da Mulher, e também uma das principais razões da greve geral convocada para a próxima quarta-feira, 15 de março. Não é à toa: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, que tramita no Congresso Nacional, representa o maior ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras nos últimos 30 anos. Com a suposta pretensão de “reformar” a Previdência e a Seguridade Social, o que ela, faz, na verdade, é destruir o direito de aposentadoria, obrigando cada cidadão e cidadã brasileira a trabalhar quase 50 anos de sua vida se quiser se aposentar recebendo o benefício integral.

Por isso, esta TV Contee Especial busca mostrar como esse duro golpe, que afeta todas as categorias, atinge de maneira mais forte ainda o magistério da educação básica, sobretudo as professoras da educação infantil e da primeira fase do ensino fundamental, etapa em que as mulheres são maioria absoluta na tarefa de ensinar.

Assista:

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Por que manter a diferença entre aposentadoria de homens e mulheres?

SINPRO GOIÁS - PREVIDENCIA00001Está em curso no Congresso Nacional uma série de medidas que modificam os direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores brasileiros. Sob os argumentos da solidez financeira do Estado, do equilíbrio fiscal, da “modernização” da legislação trabalhista e previdenciária, entre outras justificativas, o governo de Michel Temer tem avançado sobre as principais conquistas sociais dos trabalhadores, com medidas como o congelamento de gastos por 20 anos, o caminhar avançado da aprovação da terceirização irrestrita, a prevalência do negociado sobre o legislado e outras tantas pautas que tencionam a relação capital-trabalho, cada vez mais em função do primeiro.

O tema da vez é a Reforma da Previdência, apresentada por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287. Nesse texto, procuraremos apresentar alguns elementos que devem contribuir com o debate, em especial desconstruir os argumentos que sustentam não haver necessidade de diferenciação entre homens e mulheres, presentes na PEC, e apresentar o impacto da reforma sobre algumas categorias específicas, mostrando como a Reforma da Previdência tem impacto diferenciado para homens e mulheres.

A diferença de tratamento para a concessão da aposentadoria entre homens e mulheres se baseia nos princípios de seletividade e distributividade previstos no artigo 194, inciso III da Constituição Federal de 1988. Isso significa que a prestação dos serviços deve ser feita de acordo com as possibilidades econômico-financeiras dos segurados, seguindo o ideal de justiça social e visando à redução da desigualdade social.

As diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, embora tenham se modificado ao longo dos anos, estão longe de chegarem ao nível de igualdade, conforme argumento apresentado na redação da PEC 287, já que as mudanças ocorreram de maneira parcial e seletiva.

Há entendimentos de que os problemas do mercado de trabalho devem ser resolvidos por meio de políticas laborais, e não previdenciárias, supondo que a Previdência não teria uma vinculação direta com a discriminação de gênero. Equívoco. As análises de mercado de trabalho não devem se separar da esfera da família (reprodução), do Estado e do mercado uma vez que estão intimamente entrelaçados e são dependentes.

O caráter contributivo da Previdência impõe uma fonte de renda e, portanto, a dependência do trabalho remunerado. Por tudo isso, a Previdência Social não pode negligenciar o fato de que as mulheres trabalham mais que os homens, embora parte desse tempo não seja remunerado. Segundo dados da PNAD 2014, as mulheres trabalham em média 20 horas semanais nas atividades reprodutivas, além da jornada extra doméstica. A diferenciação na idade de aposentadoria, que hoje é 55 anos para elas e 60 anos para eles, busca amortecer essa desigualdade de gênero que ocorre no trabalho dentro e fora de casa.

As diferenças de gênero no mercado de trabalho brasileiro são estruturais, o que se verifica, entre outros indicadores, pela diferença na taxa de participação no mercado de trabalho. Em conformidade com o argumento apresentado pela PEC 287, a taxa de participação feminina apresentou crescimento nos últimos 55 anos, passando de 16,5% nos anos 1960 para 54,4% em 2015. No entanto, ela desacelerou a partir da década de 1990, sendo acompanhada por altos níveis de desemprego, informalidade e volatilidade, que se aprofundam conforme a região e grupos raciais.

A exemplo disso, na década de 1990, marcada pela abertura econômica, privatizações e reestruturação produtiva, a taxa de desemprego masculina passou de 2,2% para 6,5%, já os índices femininos aumentaram de 2,9% para 8%, e esse é um comportamento regular na economia, demonstrando que o trabalho não capitalista (ou seja, o da esfera doméstica) está armazenado como uma reserva necessária ao sistema capitalista em seus momentos de expansão. A existência dessa reserva parece estratégica para que a exploração do trabalho consiga manter a sua lógica de funcionamento.

Além disso, a maior presença feminina no mercado de trabalho não foi acompanhada por melhores níveis de rendimento, o que determina o caráter subordinado do emprego feminino ao masculino e a baixa autonomia econômica das mulheres.

No mercado de trabalho formal brasileiro, as mulheres recebem em média 18,9% a menos que os homens, com mesma carga horária de trabalho, mesmo sendo, em média, mais escolarizadas. Se incluído o mercado informal, as diferenças se agravam, sendo de 30% a menos e, dependendo da região brasileira, essa diferença chega a 41%, caso do Sul do Brasil.

Registra-se que o retorno do investimento em educação é diferenciado para elas, uma vez que uma mulher com ensino superior ganha 55,8% (RAIS, 2015) a menos que o homem com a mesma escolaridade. Tais diferenças são influenciadas por outros fatores, como a segmentação e a segregação do mercado de trabalho.

Além da proposta de equiparar as idades de aposentadoria entre homens e mulheres e trabalhadores rurais e urbanos, ignorando realidades deveras distintas, a PEC 287 incorre ainda em outras mudanças que atingem as mulheres sobremaneira. A primeira delas é a mudança no cálculo para recebimento do valor pecuniário. Atualmente, os trabalhadores, para se aposentarem, precisam de 150 contribuições e esse número passará para 300 contribuições, o que equivale a 25 anos de contribuição. O cálculo do benefício (que hoje é 80% dos maiores salários) se modificará para o equivalente a 51% do salário de contribuição, acrescidos de 1% a cada ano de contribuição.

Esses dois elementos em uma economia de baixos salários com um mercado de trabalho com significativa heterogeneidade estrutural não são triviais. As mulheres atualmente já se aposentam em grande parte por idade, pelas características do trabalho feminino, marcado por informalidade, descontinuidade (maternidade, cuidados de idosos) e maior exposição ao desemprego. Essas mudanças servem para rebaixar o valor das contribuições, uma vez que para se aposentar com a integralidade do benefício o trabalhador teria que começar aos 16 anos e não ter descontinuidades no mercado formal. Apenas 49% dos trabalhadores conseguiram fazer as 12 contribuições mensais ao longo de 2014.

Outras três categorias serão mais fortemente afetadas, e não por coincidência têm grande expressividade feminina. A primeira delas são as trabalhadoras rurais, que começam a labuta desde muito jovens e, não raras vezes, não são reconhecidas como trabalhadoras, por lidarem especialmente com o trabalho reprodutivo e com a horta e animais pequenos.

Essas trabalhadoras terão, se aprovada a PEC, que contribuir como os demais trabalhadores, extinguido a aposentadoria especial do campo.  A segunda categoria são os professores da educação básica, que hoje se aposentam com 10 anos a menos de contribuição por entendimento que esse trabalho é extremamente desgastante física e psicologicamente. Esse regime acabará, afetando a categoria que é cerca de 80% feminina. Além disso, note-se a perversidade que impõe a própria regra de transição: para uma professora da educação básica que completaria 25 anos de contribuição em atividades de magistério aos 50 anos, a idade mínima também passa para 65 anos; e, se ela tiver 44 anos na eventual promulgação da emenda (portanto excluída da regra de transição), em vez de trabalhar e contribuir por mais 6 anos, terá que fazê-lo por mais 21 anos.

Por fim, as trabalhadoras domésticas, ocupação que absorve 6 milhões de mulheres e 15% da mão de obra feminina, a qual historicamente padece sob a informalidade, portanto com dificuldades de contribuição previdenciária, e baixos salários. Além disso, a categoria tem em torno de 65% de mulheres negras, que são as que ocupam as vagas mais precárias no mercado de trabalho.

Essa é a face sexuada da Reforma da Previdência, que atinge negativamente o conjunto dos trabalhadores brasileiros, mas que atinge de forma diferenciada e com mais afinco as mulheres, especialmente as negras. Pelos motivos expostos, as mulheres mais uma vez têm se mostrado ponta de lança na resistência às reformas, mostrando sua disposição coletiva de avançar ainda mais rumo à igualdade, e não retroceder, como certamente ocorrerá com a aprovação da PEC.

Temer sai, Previdência fica!

 

Fonte: Contee

 

Com informações do Brasil Debate

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Rumo ao 8 de março: Professoras unidas por nenhum direito a menos!

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A próxima quarta-feira, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher. No mundo inteiro, organizações feministas e populares convocaram uma greve internacional das mulheres para defender os direitos reprodutivos e contra a violência, entendida como a violência econômica, institucional e interpessoal. No Brasil, é dia de luta contra as assustadoras taxas de feminicídio, contra a cultura do estupro, contra a imensa disparidade salarial no mercado de trabalho e, no atual cenário político, contra o ataque aos direitos femininos que representa a reforma da Previdência do governo Michel Temer, cujas propostas prejudicam imensamente as trabalhadoras.

Mas marcar essa luta, a Contee lançou na última sexta-feira (3) um material contra a reforma da Previdência destinado às professoras da educação básica, uma das categorias mais afetadas pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016. “Somos nós, professoras, que alfabetizamos os meninos e meninas de todo o Brasil, que ensinamos as primeiras letras e os primeiros números, que ajudamos a abrir o caminho de milhões de crianças para uma formação humana e cidadã. Fazemos isso enfrentando as dificuldades impostas por salas de aulas lotadas, por salários baixos que nos obrigam a dar aulas em mais de uma escola para complementar a renda e por preparações de aulas e correções de atividades que tomam nossos fins de semana e feriados sem que; muitas vezes, sequer sejamos remuneradas para isso”, ressalta a publicação da Contee.

“Mas agora o governo quer nos roubar ainda mais. Nós, que começamos a trabalhar entre os 18 e os 21 anos, e que, pela Constituição, poderíamos nos aposentar após 25 anos efetivo exercício do magistério, teremos que esperar até os 67 ou 70 anos para ter direito à nossa aposentadoria integral. E não se trata apenas de nos forçar a trabalhar mais do que o dobro dos anos que trabalharíamos. A verdade é que, pela proposta do governo, nunca conseguiremos nos aposentar, pois se as escolas particulares, hoje, pouco mantêm professoras com mais de 50 anos em seus quadros, que instituição manterá uma mulher de 70 anos com dezenas de crianças numa classe da educação infantil?”

Diante desse golpe, a Contee convoca todos as trabalhadoras e trabalhadores em educação, mulheres e homens, a participar das mobilizações de 8 de março em todos os estados e municípios. O combate à violência contra as mulheres é uma luta de todos e todas. A luta pela preservação dos direitos trabalhistas e previdenciários também.

 

Fonte: Contee

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CTB lança campanha nacional para denunciar o desmonte da Previdência; acesse aqui e divulgue!

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A Proposta de Emenda Constitucional 287 já está tramitando no Congresso Nacional e sua aprovação irá revogar direitos históricos da classe trabalhadora. Há um ano a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) vem alertando a sua base sindical e a população em geral sobre os riscos que todos nós corremos se a reforma for aprovada no Congresso da maneira como está.

Para reforçar esta resistência, além de muita mobilização pelo país, a CTB produziu uma campanha nacional para responder à propaganda oficial do governo e desmontar dados falaciosos divulgados, como o suposto déficit da previdência social, que é amplamente desmentido por especialistas.

 

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Com o mote “É o fim do mundo!”, a campanha vai abordar os principais temas que ameaçam os direitos da classe trabalhadora. O primeiro da série é “Acabar com a Previdência. É o fim do mundo!”, seguido da convocação: “Lutar agora para garantir a sua aposentadoria”. Em diferentes formatos, as chamadas estarão em mídias virtuais (redes sociais e Portal CTB) e físicas (cartazes, outdoors e camisetas).

Para a secretária de Comunicação da CTB, Raimunda Gomes, a campanha é de fundamental importância para a aglutinação de forças junto aos diversos segmentos da sociedade.

“A tarefa de cada um é divulgar, debater e esclarecer as artimanhas da proposta golpista, que não só retira direitos e nivela por baixo as aposentadorias, como desmonta o projeto de seguridade social que temos hoje. Essa reforma visa sucatear a previdëncia pública para fortalecer os fundos de previdência privada, ou seja, é farrear com o dinheiro alheio”, denuncia.

A CTB também está distribuindo uma cartilha informativa (pode ser obtida aqui), com explicações detalhadas sobre os efeitos da mudança nos diferentes segmentos da população e na economia do país como um todo.

O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, vê na campanha um reforço importante no combate às políticas retrógradas da atual gestão. “Nossa luta segue firme contra a agenda antipovo proposta por Michel Temer. Nossa bandeira primordial é resistir a todo custo. Não há nada que nos faça abrir mão das conquistas históricas da classe trabalhadora”, afirma.

 

O material da campanha está disponível aqui para que as entidades estaduais da CTB possam baixar, imprimir e divulgar em seus estados e junto a suas bases. 

 

Fonte: Portal CTB

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Nenhum direito a menos: Repúdio às reformas previdenciária e trabalhista

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O coordenador da Secretaria de Políticas Sindicais da Contee, Manoel Henrique da Silva Filho, representou a Confederação hoje (22) no ato de repúdio às reformas previdenciária e trabalhista realizado, na Câmara dos Deputados, pelo Fórum Interinstitucional em Defesa do Direito do Trabalho e da Previdência Social (Fids), composto por diversas entidades, entre elas a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e as centrais sindicais. Diversos deputados e senadores de oposição ao governo golpista de Michel Temer participaram do ato e se manifestaram contra as duas propostas — a reforma da Previdência (PEC 287/16) e a reforma trabalhista (PL 6787/16), em análise na Casa.

 

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Segundo o presidente da ANPT, Ângelo da Costa, as propostas diminuem direitos e correm o risco de serem aprovadas sem transparência e diálogo com a sociedade. “O governo não divulgou dados que realmente convencessem a população. Há, de certa forma, um manuseio dos dados para colocar o foco apenas na Previdência Social, quando a gente sabe que a Previdência também é abastecida com recursos da Seguridade Social.”

 

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O deputado Marco Maia (PT-RS) foi um dos que se pronunciou, afirmando que as duas reformas deveriam ir para o lixo. “Nós precisamos esclarecer a população brasileira, o povo brasileiro, sobre o que significam essas duas reformas. Elas são nefastas. Elas vão acabar com a aposentadoria e vão acabar com os direitos trabalhistas do nosso povo.”

Greve geral

Foi enfatizada, durante o ato, a importância da greve geral nacional da educação, marcada para o dia 15 de março, data para o qual as centrais também convocaram um dia nacional de luta contra a reforma da Previdência. Os parlamentares presentes hoje afirmaram acreditar que a mobilização constituirá uma nova oportunidade de luta contra as reformas.

 

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Fonte: Contee

Com informações da Agência Câmara