Reforma da Previdência – Página: 5
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Denúncia contra Temer, reformas política e da Previdência na pauta do Congresso

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As reformas da Previdência e política e a autorização ou não do processo contra Michel Temer serão os assuntos a galvanizar o Congresso neste segundo semestre. Na Câmara, cinco medidas provisórias (MPs) com relatórios aprovados por comissões mistas também serão pautadas.

Já na próxima quarta-feira, 2, a Câmara dos Deputados analisa a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente da República, Michel Temer, por corrupção passiva (SIP 1/27). A acusação tem por base com as gravações e delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F. Para ser aprovada, a autorização precisa do voto favorável de 342 deputados. Para impedir uma derrota, Temer poderá enviar de volta à Câmara os ministros licenciados do mandato.

O quórum de abertura da sessão é de 51 deputados e a Ordem do Dia poderá ser iniciada com o registro de presença de 52 parlamentares, mas para ocorrer a votação é necessário que pelo menos 257 deputados tenham registrado presença. Na hora da votação, os parlamentares serão chamados em ordem alfabética, por estado, alternadamente do Norte para o Sul e vice-versa.

Na Previdência, entre as várias mudanças, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, do Executivo, aumenta a idade exigida para aposentadoria, tanto no INSS quanto no setor público, para 62 anos de idade, se mulher, e 65 anos, se homem. Estão previstas transições para os atuais segurados da Previdência, com o cumprimento de um pedágio para poder se aposentar e diminuição do valor da aposentadoria. A PEC precisa de pelo menos 308 votos, em dois turnos de votação, para ser aprovada.

Quanto à reforma política, composta por projetos de lei e propostas de emenda à Constituição (PEC), as mudanças precisam ser aprovadas, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, até outubro de 2017 para poderem ser aplicadas nas eleições de 2018. Ainda não foram votadas na comissão especial criada para analisá-las.

Os parlamentares negociam mudanças no financiamento das eleições, no funcionamento dos partidos e na eleição de vereadores e deputados. A criação de um Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FFD) divide opiniões. O Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o financiamento de campanha por empresas e as contribuições de pessoas físicas não são suficientes para cobrir todos os gastos. Mas alguns parlamentares temem que o FFD traga desgaste político, social e econômico.

A reforma também atinge o jeito de eleger vereadores e deputados estaduais, distritais e federais. Hoje, eles são eleitos pelo sistema proporcional, em que todos os votos vão para os partidos e as coligações — e não para o candidato. A proposta apresenta um modelo misto: metade dos parlamentares de forma proporcional e a outra metade pelo voto majoritário em distritos eleitorais. Se aprovado, esse sistema valeria a partir de 2020.

Os outros dois temas da reforma política também dependem de análise dos deputados. A PEC 282/16 foi aprovada no ano passado pelo Senado e aguarda parecer de uma comissão especial da Câmara, antes de seguir para o Plenário. O texto proíbe as coligações nas eleições proporcionais a partir de 2020 e impõe regras para que os partidos tenham acesso ao dinheiro do Fundo Partidário e ao tempo de rádio e TV. Só receberá o benefício a legenda que, em 2018, garantir 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara em pelo menos 14 estados, com 2% de votos válidos em cada um deles. A partir de 2020, o corte sobe para 3% dos votos em 14 estados.

 

Carlos Pompe da Contee

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Denúncia desgasta Temer e reforma da Previdência sobe no telhado

micheltemeragbrasil104886Se a proposta de reforma já não tinha consenso entre os parlamentares – inclusive da base aliada – agora, diante do desgaste do governo e por exigir um quórum especial, isto é, três quintos dos parlamentares em dois turnos de discussão, a votação da emenda constitucional da reforma da Previdência perde força.

“Acredito que a reforma da Previdência subiu no telhado e não será votada nessa legislatura”, afirmou o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA). “O governo não tem força política para garantir a aprovação, pois antes se movia para promover reformas, agora se move única e exclusivamente para se manter no poder. Os argumentos do governo, mais cedo ou mais tarde, vão acabar”, completou.

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) lembra que a votação da reforma trabalhista passou com certa facilidade porque se tratava de um projeto de lei complementar, com exigência de quórum simples. “Agora, a reforma previdenciária não. Desde o início, diversos deputados e senadores da base aliada disseram que não iam se comprometer com ela e, sobretudo, agora com esse descrédito e falta de legitimidade”, afirmou o deputado.

“Acho muito difícil que essa reforma passe. Não estou dizendo que eles não pautem, mas acho difícil que eles consigam aprovar”, completou Damous.

Base aliada jogou a toalha

Entre os parlamentares da base aliada, o discurso também demonstra que o governo, por enquanto, perdeu as condições de votar o tema, que foi para o banho-maria. A conversa nos bastidores é que se entrar na pauta, o texto não será mais o original, sendo apresentada um versão de minirreforma.

Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputado, disse que a reforma vai entrar na pauta ainda em agosto e com o texto original. Mas outros deputados da base já admitem que, se a Procuradoria apresentar outras denúncias contra Temer – o que deve acontecer antes da saída de Rodrigo Janot, em setembro – não haverá chances de o texto ser aprovado ainda em 2017.

“Temos que votar a reforma da Previdência entre agosto e setembro ou não dá mais tempo”, disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP) à Reuters.

“Já não tínhamos os 308 votos. Se for necessário [desidratar a reforma], é pouca coisa para conseguir a aprovação”, acredita o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos integrantes da tropa de choque do governo Temer.

Em matéria publicada pela Folha de S. Paulo, parlamentares da base aliada apontam a proximidade com as eleições de 2018 como um fator preocupante, já que a população é contra a agenda de reformas.

“Não é hora. Falei isso para o presidente numa conversa, há um mês. Disse ‘esqueça esse assunto de Previdência’”, afirmou o líder do PSD, Marcos Montes (MG).

Na agenda de votações da Câmara, o governo tem a denúncia por corrupção passiva, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e a reforma política, que por conta do calendário eleitoral deve ser votada ainda neste mês de agosto.

A preocupação dos deputados é que com essa pauta, a votação da reforma da Previdência ficaria muito próxima da campanha eleitoral.

“Obviamente só daria para votar isso agora no segundo semestre, ano que vem nem pensar”, afirma Marcus Pestana (PSDB-MG).

Fonte: Portal Vermelho

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Os impactos das reformas do governo Temer para os educadores

Duas das três principais reformas econômicas pretendidas pelo governo de Michel Temer foram sancionadas nestes últimos meses: a Lei da Terceirização e a reforma trabalhista. As revisões na Previdência, por enquanto, seguem estacionadas, mas devem ser votadas ainda este ano.

Com graves impactos para todos os brasileiros, as medidas também trazem prejuízos intrínsecos para a categoria dos professores que, vale lembrar, recebe em média o equivalente a metade (52,5%) do salário de outros profissionais que têm nível superior.

Para Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), mesmo que a reforma da Previdência não seja aprovada, as outras duas medidas já são motivo suficiente para preocupação.

“Hoje já temos professores desmotivados e jovens que não querem seguir licenciatura ou fazer Pedagogia por conta da desvalorização da carreira. O resultado dessas reformas será falta de professores e a consequente aceitação do notório saber”, diz.

Nesta linha, qualquer profissional do mercado poderá dar aula — um engenheiro, por exemplo, poderá lecionar Matemática nas escolas, mesmo sem experiência pedagógica, precarizando a relação ensino-aprendizagem.

“A escola não passa só conteúdo, forma seres humanos. Sem a ciência da educação, não adianta ter todo o conhecimento do mundo. A qualidade do ensino só tende a piorar”, prevê.

Ao mesmo tempo em que corta investimentos, o governo propõe uma reforma no Ensino Médio com ampliação da carga horária

Carlos Eduardo Sanches, ex-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), lembra ainda que o magistério não é uma missão, como muitas vezes aparece equivocadamente no imaginário da sociedade. “É uma profissão e como outra qualquer merece seus direitos e benefícios”.

Para Sanches, a reforma trabalhista e a terceirização devem aumentar o número de pedidos de afastamento e readaptação. “Muitos não suportam mais a rotina, algo que tem crescido em todo o Brasil. Os que não pedem readaptação, apresentam doenças e patologias que em breve vão inviabilizar que continuem trabalhando”.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) estima que mais de 300 mil docentes, isto é, 15% dos professores da Educação Básica pública apresentam a síndrome de Burnout, sofrimento físico e emocional causado por estresse laboral crônico.

No entendimento de Sanches, a sanção destas duas medidas favorece também a aprovação da reforma da Previdência que, se aprovada, agrava a perspectiva docente.

 

Por que as mulheres serão mais afetadas?

As mulheres compõem 81,5% do total de professores da Educação Básica do País. Em todos os níveis de ensino dessa etapa, com exceção da educação profissional, elas são a maioria lecionando.

Maria Izabel, da APEOESP, alerta que os prejuízos devem ser ainda maiores para as mulheres, tanto ao permitir que grávidas trabalhem em locais insalubres, quanto pela dupla jornada que enfrentam, um adicional de 20 a 25 horas semanais a mais dedicados à casa e aos filhos.

“No final do dia, depois de trabalhar em uma, duas escolas, elas ainda têm as tarefas domésticas e os filhos para cuidar. Em um trabalho precário e sem perspectiva de aposentadoria, não há saúde que resista”, diz Maria Izabel.

A legislação entendeu, no decorrer da história, que profissionais do magistério têm direito à aposentadoria especial por estarem expostos a trabalhos mais desgastantes. Essa regra é válida para quem contribui pelo regime geral da Previdência, caso da maioria dos educadores da rede particular e pública.

“Vamos provocar um desequilíbrio entre valores arrecadados em contribuição previdenciária e os valores gastos com benefícios de auxílio-doença. Cada vez mais professores vão necessitar disso por causa da precarização que essas reformas trazem”, explica Sanches, acrescentando que o Brasil, ao invés de discutir reforma tributária e desoneração real da folha de pagamento, propõe reformas e medidas lesivas à sociedade para contornar a crise econômica. Entre elas, a PEC do Teto dos Gastos Públicos, aprovada em 2016, que reduziu, dentre outros, os investimentos em educação e saúde pelos próximos 20 anos.

Salomão Ximenes, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), vê com preocupação este cenário. “Vamos retomar uma situação em que cada estado e município formula sua própria estrutura de remuneração dos magistérios, como era antes da Lei Nacional do Piso do Magistério, quando a desigualdade chegava ao ponto de termos professores recebendo menos do que o piso”.

Outras reformulações que ameaçam a carreira docente, conforme aponta Ximenes, estão na terceirização da oferta escolar via organizações sociais, que atingem professores concursado pelos estados e municípios, e o crescente controle do trabalho docente, principalmente por meio do Ministério da Educação. “Basta ver a Base Nacional Comum Curricular e a reformulação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que trazem menos liberdade de atuação política-pedagógica”.

 

As reformas de Temer e a qualidade do ensino

No entanto, o impacto das reformas vai além das consequências individuais para os educadores: afeta a qualidade da educação como um todo. “As reformas vão na contramão da Constituição Federal e do Plano Nacional de Educação (PNE) no que diz respeito à oferta e qualidade da educação, valorização do professor, planos de carreira e gestão democrática”, explica Carlos Sanches. “O processo de contratação docente vai priorizar o menor preço e não a qualidade”, acrescenta.

Exemplos já despontam. Em abril deste ano, o município de Angelina (SC) realizou um pregão presencial para contratar um professor de Educação Física pelo menor valor.

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Além disso, é importante ressaltar que, ao mesmo tempo em que corta investimentos, o governo propõe uma reforma no Ensino Médio com ampliação da carga horária. Para Maria Izabel Noronha, a conta não fecha. “Questiono se as escolas terão como pagar por mais horas de trabalho dos educadores. Se não tiverem, os professores vão ter procurar mais aulas em outras redes, diminuindo o tempo que passa em cada escola, para poder se dedicar às turmas, ao projeto político pedagógico da unidade, de criar laços, que são importantes para a aprendizagem”.

A análise de Salomão Ximenes divide o mesmo receio: “todas essas reformas vão no sentido de garantir tão somente o direito à aprender português, matemática, ciências e outros conteúdos que vão fazer passar no vestibular, que só exigem memorização dos alunos, um trabalho mecânico de seguir um roteiro pré-estabelecido”.

Para Pilar Lacerda, diretora da Fundação SM, a rapidez e ausência de diálogo que caracterizam tais reformas reiteram sua ilegitimidade, trazendo efeitos não só para a educação, mas para a sociedade como um todo. “Os setores mais frágeis serão os mais impactados, reforçando as desigualdades já existentes no Brasil. E, claro, isso trará consequências inegáveis para o que acontece em sala de aula”, conclui.

 

Os direitos do professor ameaçados: ponto a ponto

A reforma trabalhista e a terceirização irrestrita, ambas sancionadas, trazem diversos prejuízos para os trabalhadores brasileiros. Mas como essas novas legislações afetam os professores especificamente?

Especialistas apontam as principais vulnerabilidades a que estarão submetidos os professores:

  • Professores poderão ser contratados por períodos curtos, sem garantia de férias remuneradas e 13º salário. Também facilita demissões e a alta rotatividade de emprego;
  • Fim do imposto sindical: enfraquece a representação sindical e ameaça direitos adquiridos, como a semestralidade, plano de saúde, a hora atividade e a gratuidade de bolsas para filhos de professores;
  • Negociado sobre o legislado: o que vai valer nas negociações salariais é o acordo fechado entre patrões e empregados, apesar das determinações da CLT;
  • Horas extras poderão ser substituídas por banco de horas mediante negociação: a escola não será mais obrigada a remunerar financeiramente os trabalhos extras;
  • Trabalho intermitente: professor ou professora fica à disposição da escola 24 horas. No entanto, o docente só será remunerado pelo período que trabalhou. Nesse caso, a escola ainda tem exclusividade para que o educador não exerça suas atividades profissionais em outras instituições;
  • Terceirização irrestrita: os professores e professoras poderão ser contratados como prestadores de serviço, tendo que abrir firma para dar nota fiscal à escola e pagar impostos como microempresários, sem direito a férias, 13º, PLR ou qualquer outro benefício empregatício;
  • Home office: o trabalho em casa entra na legislação, sendo desta forma, regulamentado o Ensino à Distância (EAD).

 

Do Centro de Referências em Educação Integral

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Trabalhadores de todo o país vão às ruas nesta sexta (30) contra a reforma trabalhista

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O combate à reforma trabalhista do governo Temer é o principal foco da paralisação nacional que já mobiliza diversas categorias profissionais no ato “Vamos parar o Brasil” que acontece nesta sexta-feira (30).

Petroleiros e metroviários já aprovaram em assembleia adesão ao movimento que levará às ruas trabalhadores de todo o país.

Em São Paulo, as centrais sindicais e movimentos sociais convocaram a manifestação “Nenhum direito a menos e Diretas Já“, em frente ao Masp, na avenida Paulista, a partir das 16h.

 

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Pressão e vigília

Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, pressão e vigília são fundamentais nestes momentos decisivos enfrentados pela classe trabalhadora brasileira.

“Esse trabalho, aliado à mobilização das ruas e aos protestos em Brasília serão decisivos na luta contra essa Reforma Trabalhista que só retira direitos do nosso povo. Somente com a intensidade da luta de resistência as reformas trabalhista, previdenciária e a terceirização irrestrita serão barradas no Congresso Nacional”, diz o dirigente.

Nos últimos meses, a ação unitária das centrais sindicais promoveu uma série de mobilizações importantes, como os atos de 8 e 15 de março, a Greve Geral de 28 de abril e o Ocupe Brasília, em 24 de maio.

O amplo movimento de resistência provocou o recuo do governo em diversos pontos da Reforma da Previdência e sua derrota na Comissão de Assuntos Sociais do Senado no projeto da reforma trabalhista na última semana.

Outras mobilizações estão previstas para esta semana nos aeroportos de Brasília e dos estados para pressionar os deputados na votação da reforma, que está marcada para esta quarta-feira (28), no Senado federal.

Confira o calendário de luta definido na última reunião das centrais sindicais:

• 27 de junho: audiência dos Presidentes das Centrais Sindicais no Senado;
• 27 a 29 de junho: atividades nos aeroportos, nas bases dos senadores e no senado federal;
• 30 de junho: Vamos parar o Brasil contra a reforma trabalhista, em defesa dos direitos e da aposentadoria.
• No dia da Votação da Reforma Trabalhista no Senado: mobilização em Brasília.

Fonte: Portal CTB

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Seminário jurídico do Sinpro Goiás debate prejuízos da Reforma Trabalhista

SINPRO GOIÁS - SEMINÁRIO JURÍDICO00002

O Sinpro Goiás promoveu no último sábado (10) um seminário jurídico para discutir a Reforma Trabalhista. Os expositores foram o assessor jurídico do sindicato e consultor jurídico da Contee, José Geraldo de Santana Oliveira, e a procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho da 18ª Região, Janilda Guimarães de Lima.

“É muito importante que as entidades sindicais, o Ministério Público e todas as instituições que estão envolvidas com a questão do Direito do Trabalho se reúnam para debater as mudanças que essa reforma pode trazer para a relação capital/ trabalho. Especialmente porque as mudanças prejudicarão de forma profunda os trabalhadores, retirando e diminuindo direitos. A capacidade de sobrevivência do trabalhador vai diminuir também diante de várias modalidades de contrato que vão colocar os trabalhadores num estado de precarização e a pobreza vai ser nosso futuro se não nos organizarmos para enfrentar toda essa reforma e os seus deletérios”, apontou a procuradora.

O assessor jurídico do Sinpro Goiás afirmou que a realização do seminário foi imprescindível para o contexto sócio-político vivenciado hoje no Brasil. “Durante quase três horas tivemos a oportunidade de debater, de forma qualificada, esse projeto de lei que, na verdade, representa a destruição da ordem democrática social”, declarou Santana. “Precisamos multiplicar esse debate pelo Brasil inteiro e transformar isso em ação e mobilização popular, para que possamos salvar o Brasil.”

O presidente do Sinpro Goiás, Railton Nascimento Souza, avaliou a discussão como fundamental. “O seminário demonstrou passo a passo o que significa essa reforma trabalhista, o retrocesso que implica para a classe trabalhadora, e chamando a necessidade da união de toda a sociedade: todos os sindicatos, entidades organizadas da sociedade civil, para se unirem pelo ‘Fora Temer’, se unirem pela greve geral do dia 30, se unirem contra essas reformas que são nefastas para os trabalhadores”, conclamou. “Foi um momento de grande interação com os participantes, um diálogo profícuo, um momento muito rico que recomendamos a todos vocês que façam pelo Brasil: dialoguem e se unam. Fora Temer, diretas já, vamos à luta!”

 

Por Táscia Souza e Alan Francisco de Carvalho, coordenador da Secretaria de Comunicação Social da Contee

Fotos: Alan Francisco de Carvalho

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As múltiplas inconstitucionalidades da Reforma Trabalhista

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Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei da Câmara (PLC) No 38/2017, já aprovado pela Câmara dos Deputados-, com a seguinte ementa: “Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974; 8.036, de 11 de maio de 1990; e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho”.

Quem se der ao trabalho de analisar, sem escusos e inconfessos interesses, os mais de cem Arts. da CLT, da Lei No 6.019/1974, da recente Lei No 13.429/2017 (que trata da terceirização), e da Lei No 8.212/1991 (que regulamenta o custeio da Previdência Social), por ele alterados e/ou criados, será forçado a concluir que não há nenhuma sintonia entre a ementa e o conteúdo do citado PLC.

A anunciada adequação consiste, de forma peremptória, na reescrita da CLT, para suprimir e/ou reduzir dos direitos dos trabalhadores; na criação direitos e instrumentos de defesa das empresas; no esvaziamento e no amordaçamento da Justiça do Trabalho, transformado em escudo do capital contra o trabalho; e no esvaziamento das precípuas funções dos sindicatos, transformando-os tão somente em legalizadores da redução de direitos e em defensores de normas coletivas que a contém.

Faz-se necessário registrar que estas abalizadas conclusões acham-se exaradas no manifesto assinado por 17 dos 27 ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), encaminhado ao Presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ao qual denominaram de “documento de considerações jurídicas acerca do Projeto de Lei da Câmara no 38/2017, que trata da ‘Reforma Trabalhista’”.

O consistente e judicioso manifesto, ora sob realce, destaca, em seu segundo parágrafo: “ a grande preocupação dos MINISTROS do TST que subscrevem este documento – os quais contam, todos, com várias décadas de experiência diária no segmento jurídico trabalhista –, é o fato de o PLC no 38/2017 eliminar ou restringir, de imediato ou a médio prazo, várias dezenas de direitos individuais e sociais trabalhistas que estão assegurados no País às pessoas humanas que vivem do trabalho empregatício e similares (relações de emprego e avulsas, ilustrativamente)”.

O comentado manifesto afirma que são reduzidos 25 direitos trabalhistas, os quais são relacionados e devidamente fundamentos; enumera e fundamenta 23 “regras de desproteção ou periclitação de diferentes dimensões e facetas..”, de relevantes garantias trabalhistas; alude a 49 “regras jurídicas desfavoráveis às pessoas humanas trabalhadoras brasileiras, em comparação com o padrão jurídico existente nas últimas décadas”; descreve e fundamenta cinco preceitos normativos, contidos no impugnado PLC, que “fecham o acesso à jurisdição trabalhista antes de sequer proposta a ação trabalhista”; e, por último, assevera, de forma igualmente fundamentada: “Além desses cinco preceitos desfavoráveis, há um conjunto de regras, no interior do PLC no 38/2017, que firmam novo e restritivo direcionamento do processo do trabalho em desfavor do reclamante trabalhista (em torno de 10/11 regras, que se somam às cinco anteriormente mencionadas”.

As conclusões retroelencadas, emanadas de magistrados trabalhistas, todos integrantes da instância maior da Justiça do Trabalho, com décadas de experiência na magistratura (como fazem questão de anotar no já citado manifesto) mostram-se suficientes para desautorizar qualquer alegação de parcialidade e/ou de defesa normas caducas e dogmas.

Por isto, não pairam dúvida alguma de que o PLC No 38/2017 consubstancia-se no mais potente e certeiro ataque à Ordem Social, preconizada pela Constituição Federal (CF), no seu Art. 193, que “ tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”.

Indiscutivelmente, o PLC em questão tem como base o primado do capital e como objetivo a exploração do trabalho, elevada a patamares superados há mais de um século. O que afronta, a não mais poder, a CF e os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e o Pacto de São José da Costa Rica, de 1969.

O cotejo do conteúdo desse PLC com os fundamentos, garantias e princípios constitucionais e dos referidos tratados caracteriza-se como bastante para comprovar a abissal distância entre eles, sendo, pois, absolutamente incompatíveis entre si, visando a construção de ordens sociais diametralmente opostas.

Constata-se, de plano, que o PLC No 38/2017 colide com o Preâmbulo da CF, que representa a sínteses dos objetivos do Estado Democrático, que ela consagra, “destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna..”.

Essa pavorosa e letal colisão estampa-se com o confronto dos dispositivos do PLC No 38/2017 com:

I Os fundamentos da cidadania (Art. 1o , inciso II), da dignidade da pessoa humana (Art. 1o , inciso III), dos valores sociais do trabalho (Art. 1o , inciso IV).

II Os objetivos de construção de uma sociedade livre, justa e solidária (Art. 3o , inciso I), da erradicação da pobreza, da marginalização e da redução das desigualdades sociais e regionais (Art. 3o , inciso III), da promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art. 3o , inciso IV).

III O princípio da isonomia (Art. 5o , caput).

IV A função social da propriedade (Art. 5o , inciso XXIII.

V O direito de petição (Art. 5o , inciso XXIV).

VI A proibição de exclusão legal da apreciação do Poder Judiciário sobre a lesão ou a ameaça a direito (Art. 5o, XXXV).

VII O direito adquirido, o ato jurídico perfeito e à coisa julgada (Art. 5o , inciso XXXVI).

VIII Ao devido processual legal, formal e material (Art. 5o, inciso LIV).

IX O direito ao trabalho decente (Art. 6o , da CF, e 23, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 12, da Carta de Organização dos Estados Americanos, e 26, do Pacto de São José da Costa Rica).

X O direito à jornada de oito horas diárias (Art. 7o, inciso XIII).

XI O direito ao repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (Art. 7o , inciso XV)

XII O direito a aviso prévio integral, proporcional ao tempo de serviço (Art. 7o, inciso XXI).

XII O direito ao de reconhecimento de convenções e acordos coletivos de trabalho, somente quando visarem à melhoria das condições sociais dos trabalhadores (Art. 7o, caput e inciso XXVI).

XIV O direito de ação quanto a créditos resultantes da relação de trabalho (Art. 5o , inciso XXIX).

XV A proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos (Art. 5o, inciso XXXII).

XVI A igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e trabalhador avulso (Art. 7o , inciso XXXIV).

XVII A livre eleição de representante dos trabalhadores, nas empresas com mais de duzentos empregados (Art. 11).

XVIII A proibição de supressão de direitos e garantias individuais, até mesmo por meio de emendas constitucionais (Art. 60, § 4o).

XIX A valorização do trabalho humano, fundamento maior da Ordem Econômica (Art. 170).

XXI A função social da propriedade (Art. 170, inciso III).

XXII O primado do trabalho e o objetivo de bem-estar e justiça sociais (Art. 193).

Destarte, o PLC No 38/2017, quanto ao simbolismo e aos objetivos, pode ser comparado com o massacre da pequena cidade de Guernica, na Espanha, em 1937, pelas forças nazistas – como presente a Hitler e como teste da força aérea alemã, com alto poder de destruição na Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, que se tornou mundialmente conhecida, pelos motivos errados, segundo o repórter George Steer, que a cobriu.

O PLC do horror visa a destruir a Ordem Social Constitucional, como presente ao capital; presente que, com essa dimensão, ele jamais recebeu, até mesmo da ditatura militar.

 

José Geraldo de Santana Oliveira

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CTB fala do monopólio da mídia e do ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários no 3° ENDC

SINPRO GOIÁS -  DOCA00001

Aconteceu neste fim de semana o 3º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (ENDC), promovido pelo Fórum Nacional pelo Direito à Comunicação (FNDC), na Universidade de Brasília (UnB).

Na manhã deste sábado, 27/05, o ENDC debateu internet, liberdade de expressão e privacidade. Participaram desta conferência Flávia Lefévre, da PROTESTE (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor); Dafne Plou, da Associação para o Progresso das Comunicações da Argentina; Murilo Ramos, professor da Faculdade de Comunicação da UnB; e Joana Baron, da Coding Rights.

Durante a tarde, diversas atividades temáticas foram realizadas. A Secretária Nacional de Comunicação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Raimunda Gomes (Doquinha), participou da mesa que tratou do monopólio da mídia e o ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários.

O Caminho é a unidade

Doquinha fez um resgate da história recente do Brasil, onde a mídia cumpriu o papel preponderante na construção da desestruturação social e na divisão do país, instigando o ódio. “A narrativa da grande mídia construiu um consenso na sociedade de que os lutadores sociais são baderneiros e abre espaço para o crescimento da criminalização dos movimentos sociais, com consonância na sociedade”, disse a Secretária de Comunicação da CTB.

“No caso da reforma trabalhista e da reforma da previdência, a mídia e a propaganda oficial do governo fica martelando na cabeça da classe trabalhadora dizendo, por exemplo, que a CLT gera desemprego, que a Previdência está quebrando e que, portanto, com as reformas serão gerado empregos. Ou seja, vão ganhando a mente da população que passa a acreditar que o caminho é o de abrir mão de direitos, precarizar o trabalho vai salvar o país da crise”, afirmou Doquinha.

Para a dirigente, a greve geral do dia 28 de abril começou a cunhar um outro entendimento. A população começou a perceber que havia algo errado nas propostas do governo ilegítimo. Mesmo assim, os grandes veículos passaram o dia inteiro trabalhando para desconstituir a grandiosidade da greve. “Eu costumo dizer, no entanto, que a medida da greve não é o número de pessoas nas ruas, mas a ausência delas. Isso aconteceu”.

Doquinha disse que o mesmo ocorreu no dia 24 de maio, quando mais de 150 mil brasileiros e brasileiras ocuparam as ruas de Brasília. A narrativa da imprensa foi em torno do incidente.

A Secretária de Comunicação encerrou sua fala saudando o fato de que as centrais sindicais estão despertando para a necessidade de construir uma narrativa e materiais conjuntos, com o envolvimento coletivo. Para ela, o caminho da unidade é a alternativa para enfrentar as lutas vindouras.

De Brasília, Sônia Corrêa – Portal CTB

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Para Meirelles, reforma da Previdência será aprovada mesmo sem Temer

SINPRO GOIÁS -  MEIRELLES00001Nesta segunda-feira (22), o ministro realizou conferência por telefone com investidores em evento organizado pelo banco JPMorgan. Ele disse que, mesmo com uma eventual saída de Temer, ele não acha que uma oposição contrária às reformas irá assumir e alterar a política econômica.

“A agenda de reformas nesse momento se tornou parte da agenda do Congresso. Os líderes mais importantes do Congresso já entenderam que as medidas fiscais têm de ser aprovadas e estamos seguindo adiante”, afirmou Meirelles.

Após a divulgação da conversa gravada por Joesley com Temer, o mercado ficou abalado e agentes começaram a questionar se as reformas eram viáveis. O ministro reconheceu que o governo não tem os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, mas disse que muitos parlamentares afirmaram que irão apoiar a proposta, mesmo que não assumam publicamente este posicionamento.

Para Meirelles, o atraso na votação não fará diferença, já que, segundo ele, o efeito da reforma é de longo prazo. Antes da divulgação do grampo do dono da JBS, o ministro dizia que o governo tinha os 308 votos necessários para aprovar a proposta.

Desde o aprofundamento da crise, o nome do ministro da Fazenda tem sido aventado para ocupar a presidência da República em uma eventual eleição indireta.

Meirelles foi presidente do conselho da J&F, controladora da JBS, e aparentemente sua imagem não foi afetada pela crise, mesmo que seu nome tenha sido mencionado por Joesley na gravação. O ministro tem conversado com investidores na tentativa de conter os ânimos do mercado. Segundo a agência Reuters, ele iria realizar mais outra conferência nesta segunda-feira.

Fonte: GGN

 

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Reformas Trabalhista e Previdenciária ficam à espera de votação

SINPRO GOIÁS -  ADIAMENTO00001

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar, no dia 18, a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB), PPS e Podemos (ex-PTN) se retiraram oficialmente da base governista, alterando a correlação de forças no Congresso. Também por determinação do STF, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi afastado do mandato. O conjunto de fatores fez com que o calendário de tramitação do projeto de Reforma Trabalhista (PLC 38/2017) no Senado fosse adiado, sem previsão para a retomada das discussões.

Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator da proposta nas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Assuntos Sociais (CAS), havia anunciado a entrega do relatório na CAE para a próxima terça-feira, 23, e a apresentação na CAS para o dia seguinte. A votação em Plenário seria, inicialmente, entre os dias 12 e 15 de junho. Agora a tramitação foi suspensa e considerada “secundária” pelo relator.

Para Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), as propostas de reforma Trabalhista e da Previdência “acabaram, até os parlamentares do PSDB já têm consciência que elas se encerraram. Ou seja, o objetivo do golpe foi por água abaixo”. Álvaro Dias (PV-PR) afirmou que “não há condições no Congresso Nacional para discutir reformas que subtraem alguns direitos adquiridos de trabalhadores e aposentados brasileiros. Com que autoridade política e moral o governo atual vai promover reformas no país?”.

Randolfe Rodrigues (Rede-AC) foi categórico: “Não admitiremos que nenhuma votação ocorra, seja no Senado, seja na Câmara, enquanto perdurar o governo do sr. Michel Temer”. Paulo Paim (PT-RS) considerou que “o que há de positivo nisso tudo é que as reformas Trabalhista e da Previdência não passarão. Fiz até um apelo ao relator da reforma da Previdência na Câmara para que tenha o mesmo gesto do senador Ferraço, que suspendeu a tramitação da Reforma Trabalhista enquanto não resolvemos essa crise política”. José Medeiros (PSD-MT) também não vê “clima para reformas” enquanto não vierem à tona todos os fatos relacionados à crise do governo.

Câmara dividida

Na Câmara, onde o Supremo determinou afastamento do mandato de Rocha Loures (PMDB-PR), o relator da reforma da Previdência (PEC 287/16), Arthur Maia (PPS-BA), emitiu nota, dia 18, argumentando que as denúncias contra o presidente Michel Temer criaram um cenário de incertezas e que “certamente não há espaço para avançar” com o projeto nas atuais circunstâncias. “É hora de arrumar a casa, esclarecer fatos obscuros, responder com verdade a todas as dúvidas do povo brasileiro, punindo quem quer que seja, mostrando que vivemos em um país em que a lei vale para todos. Só assim é que haveremos de retomar a reforma da Previdência Social e tantas outras medidas que o Brasil necessita”, escreveu. O PEC está sujeito à apreciação do Plenário da Casa.

Henrique Fontana (PT-RS) defende a votação imediata da proposta que prevê eleições diretas em caso de vacância na Presidência da República (PEC 227/16). “Não se votará, neste período, nenhuma mudança estrutural nas questões legais do país, essas mudanças têm que ser encaminhadas pelo próximo presidente”, afirmou. Mas Miro Teixeira (Rede-RJ) considera que “cada dia é um dia, uma angústia, pode haver pautas que sigam adiante e outras não”.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), quer manter a agenda econômica. “Temos que estimular a economia”, disse. O líder do DEM, Efraim Filho (PB), também quer a continuidade das votações. “A investigação dos fatos irá dizer se houve qualquer infração. São agendas diferentes, a das investigações e a econômica. O Congresso terá que ter maturidade e serenidade para avaliar de forma diferente”, opinou.

Carlos Marun (PMDB-MS), que presidiu a comissão especial que aprovou a Reforma Trabalhista, pretende que a tramitação continue. “Íamos e seguíamos pelo bom caminho e penso que o Brasil precisa ver concluído o corajoso mandato do presidente Michel Temer”, julgou. Já seu colega de estado, Geraldo Resende (PSDB), falou em “prejuízo enorme” para os dois projetos (Previdência e Trabalhista), que teriam que contar com uma base sólida, tanto no Senado Federal, como na Câmara dos Deputados.

O deputado Franklin (PP-MG) disse que o Congresso não pode usar a crise política para paralisar os trabalhos. “Nós não precisamos paralisar o país para investigar o presidente. A polícia faz isso, o Ministério Público faz isso.”

As classes se posicionam

As entidades patronais ficaram preocupadas diante de um quadro que dificulta a ofensiva que realizam no Congresso contra os direitos trabalhistas e previdenciários, consubstanciada nas reformas em análise pelos parlamentares — a maioria dos quais ligada a seus interesses.

O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, lamentou os capitalistas terem perdido “a sustentação. O cenário é muito ruim para as companhias sem as medidas que vinham caminhando para serem aprovadas”. Também lamuriento, o presidente executivo da Associação Brasileira das Companhias Abertas, Eduardo Lucano, registrou que “havia um horizonte de reformas, de política fiscal mais equilibrada, que estava apresentando uma certa tendência à estabilização”. Ameaçou que pode ocorrer revisão de investimentos por parte de sua classe.

No mesmo rumo foi o presidente-executivo da Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, que confessou que as reformas “são imprescindíveis e não são de Temer. São reformas necessárias ao país. A expectativa é que o Congresso saberá continuar no caminho certo”. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria de Construção, José Carlos Martins, reforçou: “O Congresso, tão desacreditado como está, precisa precisa assumir essa responsabilidade” (aprovar as reformas). “Parece loucura minha”, continuou, “mas o relatório está pronto e talvez os parlamentares tenham agora uma oportunidade de ouro para dar respostas à sociedade”. A Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) conclamou ao Congresso que dê prosseguimento à agenda de reformas.

Do outro lado da sociedade dividida em classes, entidades da magistratura e do Ministério Público pontuaram em nota, dia 18: “O que se espera das instituições é a imediata apuração dos fatos e responsabilização dos envolvidos” (nas denúncias contra Temer e aliados), “com pronta suspensão de todas as agendas políticas tão sensíveis como são as Reformas Trabalhista e Previdenciária, que necessariamente demandam tranquilidade pública e normalidade institucional”. O documento é assinado pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça doTrabalho (Anamatra), Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT), Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM), Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e Associação dos Magistrados do Distrito Federal e Territórios (Amagis DF).

As centrais sindicais realizarão, dia 24, a Marcha Nacional dos Trabalhadores, em Brasília, reafirmando o repúdio às duas propostas e exigindo eleições diretas para a Presidência da República. Contee e entidades filiadas também são protagonistas desse protesto. Neste domingo, dia 21, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também convocaram manifestações por Diretas Já em todo o país. Este é um momento de mobilização e de participação.

Carlos Pompe, repórter da Contee

Foto: Ana Volpe/ Agência Senado