MEC – Página: 4
Categorias
Geral

Medida provisória é golpe no ensino médio

 

ensino-1024x768-615x340

Entre os tantos golpes que os direitos sociais têm sofrido no Brasil, o mais recente, deflagrado hoje (22), foi, mais uma vez, contra a educação. Especificamente, contra o ensino médio, com o anúncio da medida provisória que, sem debate algum com a sociedade brasileira, pretende instituir uma espécie de ‘’milagrosa’’ — eufemismo para falaciosa e irresponsável — reforma no setor.  Trata-se, na verdade, de um colossal prejuízo e retrocesso para a educação nacional. Impossível não se espantar e questionar: como um governo como esse, impopular e ilegítimo, atreve-se a legislar, por medida provisória, sobre algo tão importante e fundamental quanto a educação?

Antes de mais nada, é preciso lembrar que a própria proposta de reforma do ensino médio no qual o Ministério da Educação se baseou para editar sua MP — o Projeto de Lei 6840, que tramita no Congresso Nacional desde 2013 — já vinha sofrendo diversas críticas por parte de especialistas. As principais, como lembra a coordenadora da Secretaria-Geral da Contee e coordenadora-geral em exercício, Madalena Guasco Peixoto, são: o fim do ensino médio noturno para menores de 18 anos, o período integral e a divisão por áreas de conhecimento. Trata-se nada mais nada menos da reedição 2.0 de uma das mais criticadas e mal-sucedidas reformas educacionais da história brasileira: a Reforma Capanema, implantada sob a ditadura do Estado Novo. O fato de um modelo semelhante estar sendo adotado mais uma vez após um golpe de Estado não há de ser mera coincidência.

‘‘O pior é que essa medida provisória piora ainda mais o que foi a experiência anterior, porque pressupõe que o aluno possa decidir pela área ou pelo ensino profissional, mas não garante que ele terá a escolha que fez, já que isso dependerá de a rede oferecê-la ou não’’, alerta Madalena. ‘‘A medida aumenta a carga horária, mas não trata de questões como a valorização dos profissionais da educação, do número de alunos por sala e das dificuldades reais que os estudantes brasileiros possuem em somente estudar, ou seja, não cria nenhuma bolsa para que esses alunos possam se manter em tempo integral na escola. Não leva em conta, portanto, que os alunos que desistem do ensino médio, na sua grande maioria, fazem isso porque precisam trabalhar.’’

A diretora da Contee também chama atenção para o fato de o governo golpista propor a eliminação de disciplinas que são fundamentais para a formação crítica, como artes, filosofia e sociologia. ‘‘Vai na contra mão do que foi  aprovado no PNE no que diz respeito à necessidade de os professores serem formados na  área em que ensinam’’, observa Madalena. ‘‘O MEC tinha feito um programa de formação para os professores com bolsa para que eles se graduassem na área em que ensinam. Na contramão disso, na medida provisória, ele (o Ministério) cria o ‘notório saber’, ou seja, o professor pode dar aulas mesmo que sua licenciatura não seja naquela área ou disciplina. Isso oficializa o que há de pior nas redes: o professor temporário que dá aula de qualquer coisa mesmo sem formação específica. E o governo ainda tem coragem de dizer que essa medida provisória visa a melhorar o desempenho dos alunos e a qualidade’’, ironiza.

A coordenadora da Secretaria-Geral da Contee, que é doutora em Educação e professora titular do Departamento de Fundamentos da Educação da PUC-SP, destaca os absurdos de o MEC criar o tempo integral sem dizer como as redes irão se organizar para isso e de somente citar a Base Nacional Comum Curricular que ainda está em discussão e que interfere diretamente no que deve ser ensinado em todo o ensino infantil e básico, incluindo o ensino médio, sem levar em consideração todo o debate que tem sido realizado.

‘‘É mais um dos absurdos que este governo golpista comete, agora contra a educação nacional, atingindo milhões de famílias e trabalhadores em educação do país’’, observa Madalena. ‘‘O que precisamos fazer agora é conversar com os parlamentares, já que a matéria vai para o Congresso, e fazer as emendas necessárias para derrubar a essência dessa canetada.’’

 

Fonte: Contee

Categorias
Destaques Recomendadas

PFDC lança nota pública sobre riscos de reforma do ensino por meio de medida provisória

Para o GT Educação, as mudanças a serem implementadas em um sistema que envolve 28 redes públicas de ensino e ampla rede privada precisam de estabilidade e segurança jurídica – que não podem ser asseguradas por instrumentos como uma MP

PFDC lança nota pública sobre riscos de reforma do ensino por meio de medida provisória
Imagem: PFDC

O Grupo de Trabalho Educação, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, lançou nesta segunda-feira (19/9) nota pública no qual alerta para os riscos de uma reforma do ensino médio brasileiro por meio de medida provisória.

O texto destaca que a necessidade de reforma do ensino médio brasileiro é real e vem sendo debatida nos meios educacionais e no Congresso Nacional há alguns anos. “Contudo, a utilização do instrumento da Medida Provisória para tratar de tema tão sensível e complexo é temerário e pouco democrático”, diz o texto.

Para o Grupo de Trabalho Educação, as mudanças a serem implementadas em um sistema que envolve 28 redes públicas de ensino (União, Estados e Distrito Federal) e ampla rede privada precisam de estabilidade e segurança jurídica – o que o instrumento da Medida Provisória não pode conferir, uma vez que fica sujeito a alterações em curto espaço de tempo pelo Congresso Nacional.

Confira a íntegra da nota:

Nota pública sobre a reforma do Ensino Médio por Medida Provisória – Os meios de comunicação estão divulgando a intenção do governo federal de editar Medida Provisória para reforma do ensino médio brasileiro. A necessidade de reforma do ensino médio no país é real e vem sendo debatida nos meios educacionais e no Congresso Nacional há alguns anos.

Contudo, a utilização do instrumento da Medida Provisória para tratar de tema tão sensível e complexo é temerário e pouco democrático. As mudanças a serem implementadas em um sistema que envolve 28 redes públicas de ensino (União, Estados e Distrito Federal) e ampla rede privada precisam de estabilidade e segurança jurídica, o que o instrumento da Medida Provisória não pode conferir, uma vez que fica sujeito a alterações em curto espaço de tempo pelo Congresso Nacional.

Ademais, por se tratar de tema que envolve milhares de instituições públicas e privadas, centenas de organizações da sociedade civil e milhões de profissionais, imaginar que um governo pode, sozinho, apresentar uma solução pronta e definitiva é uma ilusão incompatível com o regime democrático. Mais que inefetiva, a apresentação de soluções fáceis para problemas complexos é um erro perigoso.

Fonte: MPF

Categorias
Destaques Recomendadas

Seis ações que comprovam plano de Temer para falir a educação

Desde que chegou ao poder por meio de um processo de impeachment sem fundamentos legais, Michel Temer vem desconstruindo as políticas educacionais que promoveram a inclusão de milhares de jovens nos últimos anos. Com o falso argumento de que “as ações são necessários para enfrentar a crise”, o Ministério da Educação (MEC) encerra programas, exonera funcionários, nomeia empresários do ensino privado e anuncia um corte de R$ 350 milhões no orçamento das universidades federais.
temer_e_ministro99191
Listamos algumas ações do interino, que, por meio do seu ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), promove o desmonte da pasta e retrocessos comparáveis aos tempos em que Fernando Henrique Cardoso presidia o país. Enumeramos abaixo algumas ações do governo Temer para falir a educação pública brasileira:

encontro_com_ministro991881- Apoio a grupos de extrema direita 

Com a maioria dos movimentos em defesa da educação contrários ao golpe político que afastou a presidenta Dilma do poder, Mendonça Filho resolveu mostrar a representatividade do MEC recebendo em seu gabinete o grupo de extrema direita “Revoltados on Line”, que pregam ações de ódio em seu discurso nas redes e defendem calorosamente a implementação do projeto “Escola sem Partido” cujo objetivo é punir professores que por ventura venham a ensinar o que é marxismo em sala de aula.

2- Desrespeito com o movimento educacional

Logo após ouvir seus conselheiros de extrema direita, Mendonça revogou a nomeação de 12 conselheiros do Conselho Nacional de Educação (CNE), que atuavam  de forma efetiva na construção e avaliação da política nacional de educação. Movimentos sociais foram ao MEC denunciar a ação ilegítima, mas foram recebias com truculência no local e ignorados pelo ministro.

eu_pago,_nao_deveria991893- Sucatear mais ainda as universidades privadas e lucros exorbitantes aos empresários

Que nome indicar para a secretaria que regulamenta o ensino das universidades privadas no MEC? Um empresário das universidades privadas, claro. Mendonça nomeou para Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) um dos principais empresários do meio, Maurício Costa Romão, como titular da pasta. “É A raposa toma conta do galinheiro” denunciou na a presidenta da UNE, Carina Vitral. Se algum dia houve um fio de esperança na regulamentação do ensino privado, ela se estancou com essa nomeação. As universidades privadas continuaram com seus lucros exorbitantes, oferecendo um serviço sucateado e tratando o estudante como mera mercadoria.

4- Cortes de 350 milhões nas universidades federais

Programa de bolsas, pesquisa, extensão, assistência estudantil, folha de pagamento em dia, podem estar comprometidos com os cortes promovidos por Temer na área da educação, que prevê a reducão de 45%  em recursos para as 63 universidades federais, um impacto de R$ 350 milhões a menos que o orçamento de 2016. A realidade das universidades pouco se assemelha a um passado recente de expansão que se consolidou com o programa Reuni, inciativa do governo Lula que promoveu a expansão de vagas noturnas, construções de novos polos universitários no interior e a contratação de novos professores e técnicos administrativos. Reitores alertam que irão passar dificuldades para gerir as universidades caso o corte seja de fato implementado.

5- O Partido do ministro é contra as cotas 

O partido Democratas (DEM), antigo Arena dos tempos de bipartidarismo da ditadura militar, tem em seu DNA a luta contra as conquistas do povo brasileiro. O partido ao qual o Ministro Mendonça filho é filiado entrou com uma ação no STF em 2012 alegando ser inconstitucional a implementação das cotas raciais. Por unanimidade, a corte votou pela constitucionalidade das cotas. O próprio ministro disse na ocasião “não é por esse caminho – das cotas baseadas em raça – que vamos integrar a nossa sociedade”.

negros_ok613096- Queda das bolsas nas universidades privadas

O ProUni e o Fies são programas fundamentais para o estudante com baixa renda poder ter acesso ao ensino superior, mas o governo já sinalizou que o financiamento das bolsas não será a prioridade do governo. Mendonça Filho declarou que não seriam abertas novas vagas para o ProUni no segundo semestre de 2016, mas, após repercussão negativa, voltou atrás e as vagas foram disponibilizadas no segundo semestre, com 4.630 bolsas integrais a menos. No caso do Fies, o programa sofreu um duro impacto com um corte de 90 mil vagas. 

O governo interino segue implementando sua agenda neoliberal nas políticas educacionais e os planos de atingir as metas do Plano Nacional de Educação se torna cada vez mais distante, afetando políticas de inclusão social e soberania nacional. Os órgãos em defesa da educação pública, educadores e movimentos sociais declararam que seguiram na luta denunciando o retrocesso sem precedentes na pasta.

 

Fonte: Portal Vermelho 

 

Categorias
Destaques

Alerta à Comunidade Universitária e à Sociedade Goiana

14055657_1154782381261700_97504094_n

 

Diminuição dos recursos financeiros das universidades federais em 2017 pode comprometer o funcionamento da UFG

 

O Ministério da Educação está propondo ao Congresso Nacional, para o ano de 2017, um volume de recursos financeiros para as Universidades Federais (UFs) brasileiras inferior ao estabelecido em 2016. A soma dos recursos para o pagamento de água, luz, telefone, limpeza, vigilância, material de consumo, terceirizados (chamadas despesas de custeio), obras e equipamentos (chamadas despesas de capital) serão reduzidos, em média, 20% para o conjunto das instituições, quando comparados a 2016. Há que se considerar que a inflação prevista para o ano de 2016 é de 9,32% e que este percentual de perda se somará ao corte de 20% proposto para o orçamento de 2017, o que representará uma redução total de aproximadamente 30%.

A proposta apresentada pelo Governo Federal para a UFG implica os seguintes percentuais de redução para 2017: 18,3% nos recursos de custeio e 45% nos recursos de capital. Esses percentuais foram apurados supondo que o orçamento de 2016 será integralmente liberado até o final do ano – se isto não ocorrer, a diminuição será ainda maior.

Podemos afirmar que a concretização dessas reduções inviabilizará o desenvolvimento, em sua plenitude, de inúmeros programas e ações em andamento nas UFG e em outras UFs, incluindo aqueles vinculados diretamente às atividades de ensino, pesquisa e extensão, o que poderá significar uma ameaça à qualidade acadêmica de seus cursos de graduação, de pós-graduação e à execução dos projetos de pesquisa e extensão. A situação se agrava ainda mais pelas reduções de bolsas do CNPq e do custeio da pós-graduação pela Capes.

De maneira mais específica, a redução dos recursos financeiros já implementada pelo Ministério da Educação em 2016 e a previsão dos cortes para 2017 atingem/atingirão a UFG, dentre outros, nos seguintes pontos:

1) pagamento das despesas dos serviços terceirizados de limpeza, vigilância, transporte e das despesas com o fornecimento de energia, água e telefonia;

2) conclusão de obras e aquisição/modernização de equipamentos para laboratórios de ensino e pesquisa;

3) implementação das políticas de assistência estudantil, em especial, a construção/reforma de moradias, de restaurantes universitários e a concessão de bolsas permanência;

4)  pagamento de bolsas Pibic, Probec, Prolicen, estágios, monitorias e outros;

4) implantação/consolidação do novo câmpus de Aparecida de Goiânia e dos novos cursos de medicina em Catalão e Jataí;

5) programa de mobilidade nacional e internacional de estudantes, professores e técnico-administrativos;

6) fortalecimento e a ampliação dos projetos culturais;

7) ampliação e o fortalecimento dos projetos de extensão.

 

A UFG é hoje uma das maiores e mais importantes universidades federais brasileiras. Tomando como referência o ano de 2015, a dimensão da UFG pode ser analisada a partir dos seguintes indicadores:

a) 25.860 matrículas presenciais na graduação, sendo que em 2005 eram 12.912 matrículas;

b) 2.705 matrículas no mestrado – em 2005 eram 847;

c) 1.284 matrículas no doutorado – em 2005 eram 172;

d) 149 cursos de graduação – em 2005 eram 73;

e) 96 cursos de mestrado – em 2005 eram 28;

f) 33 cursos de doutorado – em 2005 eram 10;

g) 2.389 professores, com 1.805 doutores – em 2005 eram 1.182, com 623 doutores;

h) 2.469 técnico-administrativos, considerando o Hospital das Clínicas – em 2005 eram 2.203;

i) 2.566 projetos de pesquisa cadastrados – em 2005 eram 965 projetos cadastrados.

 

Essa rápida expansão em apenas dez anos, que é decorrência de uma política pública do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Educação, deixou diversos desafios a serem alcançados, a exemplo da contratação de um número mais expressivo de técnico-administrativos e, em menor medida, professores,   ampliação/melhoria de instalações prediais e área física e aquisição/ manutenção de equipamentos, entre outros, o que exigiria uma elevação dos recursos financeiros destinados à educação superior pública e gratuita e não a sua diminuição, como atualmente proposto. Além disto, a UFG hoje possui câmpus implantados em diferentes regiões do Estado de Goiás, oferecendo cursos de graduação e pós-graduação em Goiânia, Catalão, Jataí, Goiás e Aparecida de Goiânia, o que amplifica a necessidade de recursos financeiros para a integração entre as Regionais.

Deve-se lembrar ainda que:

1) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, estabelece em seu art. 55, que “Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas.”  e

2) o Plano Nacional de Educação 2014-2014 (Lei nº 13.005/2014) determina, em sua Meta 12, que se deve “elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público” e, na Meta 20, que se amplie “o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto – PIB do País no 5o (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio.”

 

Portanto, a partir da proposta orçamentária para 2017 apresentada recentemente pelo Ministério da Educação, que prevê redução na casa de 30% dos recursos financeiros das UFs, as duas leis mais importantes que regem a educação brasileira não estarão sendo devidamente consideradas na Lei Orçamentária Anual pelas autoridades nacionais do Poder Executivo.

Essa redução não pode se efetivar e para evitar que isto aconteça contamos com o apoio de professores, técnico-administrativos e estudantes da UFG, da sociedade goiana e, em especial, dos Deputados Federais e Senadores do estado de Goiás.

 

Prof. Orlando Afonso Valle do Amaral

Reitor da UFG

Categorias
Geral

MEC golpista: precarização, privatização e quebra da gratuidade

Os cortes de recursos para investimentos e custeio das universidades federais para o orçamento de 2017 anunciados nesta quinta-feira (11), Dia do Estudante, são um duro ataque ao povo brasileiro. Mais que isso, fazem parte de uma ação articulada de desmonte da educação pública do nosso país.

educacao111ok99049De início, é importante destacar o impacto do corte proposto pelo governo golpista para as universidades federais.

Os recursos para investimento são aqueles destinados a construção de novos campi, restaurantes universitários, laboratórios e tudo que os e as estudantes reivindicam para permitir a expansão do ensino superior público, ampliando as estruturas das instituições e transformando a vida de cada vez mais brasileiros e brasileiras, em especial da juventude. O ministro golpista Mendonça Filho (DEM) anunciou um corte de 48% nesse orçamento. Já os recursos para custeio são aqueles relacionados com a satisfação dos gastos cotidianos da universidades, referentes à sua manutenção e funcionamento. Diversos contratos de serviço e a compra de material – como folhas de papel para impressão e o sabonete líquido do banheiro, por exemplo – dependem desse orçamento, que sofrerá corte de 18%.

Na prática, as universidades que se capilarizaram pelo país, que expandiram seus campi e que com as cotas conseguiram avançar em direção à democratização do ensino superior, agora sofrerão processo de abrupta precarização, sendo impossibilitadas de atender as demandas básicas a que se propõem. Ainda, com o processo de pluralização do perfil do estudante e da estudante das universidades federais nos últimos anos, é óbvio quem serão os primeiros e as primeiras a sofrerem as consequências da redução de investimentos. Os primeiros materiais de limpeza a faltar serão os das residências universitárias, o prédio que deixará de ser prioridade para reforma será o do restaurante universitário, o laboratório que não mais será construído será o do campus do interior e assim por diante. Retornaremos a um caminho que nos levará ao cenário dos anos 90, com um ensino superior público sucateado e que atende a uma parcela cada vez mais restrita da população.

Para além disso, os cortes anunciados escancaram, ao lado de dois outros fatos recentes e sintomáticos, o projeto de educação dos golpistas para o país.

O editorial d’O Globo – um dos principais atores da articulação midiática do golpe – reivindicando a inconstitucional cobrança de mensalidade em universidades públicas como ferramenta de justiça social, a compra do grupo privado de educação superior Estácio pela multinacional Kroton e o aludido corte brutal no orçamento das universidades federais não podem ser tidos por aleatórios, mas compreendidos como uma ação conjunta de vários setores do golpe, em especial a mídia, o governo ilegítimo e os seus financiadores.

A tentativa de instalação de uma opinião pública favorável ao fim da universidade pública gratuita associada ao sucateamento das instituições públicas e à permissividade com o crescimento do poder de conglomerados de educação privados estrangeiros explicitam o horizonte desses setores: privatizar o ensino superior brasileiro.

Essa pauta, de tão impopular e reacionária, sempre foi sumariamente rejeitada pelo povo brasileiro em situações de normalidade democrática. Os golpistas e seus aliados, então, se aproveitam da tomada ilegítima do poder para buscar viabilizá-la.

Portanto, se nos 11 de Agosto dos últimos anos as jornadas de lutas de nossas entidades se orientavam na pauta de destinação de 10% do PIB para a educação, a ordem do dia é barrar um retrocesso sem precedentes para a sociedade brasileira. Mais do que nunca, ser estudante deve implicar na compreensão do processo de assalto aos nossos direitos e no enfrentamento aos golpistas. É esse o compromisso que devemos firmar com nossa geração, que conquistou e usufruiu do processo democratização do ensino superior público iniciado e que não pode ser condenada à evasão. Ainda, é compromisso com a geração de secundaristas que resiste bravamente contra o golpe, ocupa escolas e não pode ter o seu direito de acesso a um ensino superior público, gratuito e de qualidade tolhido.

Resta a nós e as nossas entidades a capacidade de organizar a indignação de milhões de estudantes brasileiros na luta pela recolocação das rédeas do país na mão do povo. Só assim – com a restauração da democracia e da soberania popular – frustraremos as tentativas de aplicação de um programa de profundos atrasos para o país e enterraremos de vez o projeto neoliberal de educação que segrega e aprofunda desigualdades.

*Gabriel Medeiros de Miranda é estudante de Direito da UFRN e 1º Diretor de Universidades Públicas da União Nacional dos Estudantes.

 

 

Fonte: UNE

Categorias
Geral

UNESCO defende educação sexual e de gênero nas escolas para prevenir violência contra mulheres

Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, aprofundar o debate sobre sexualidade e gênero contribui para uma educação mais inclusiva, equitativa e de qualidade, não restando dúvida sobre a necessidade de a legislação brasileira e os planos de educação incorporarem perspectivas de educação em sexualidade e gênero.

Segundo a organização, declarações foram divulgadas diante de fatos recentes ocorridos no país no que se refere à violência sexual.

volta-as-aulas-1_portal
Para a UNESCO no Brasil, aprofundar o debate sobre sexualidade e gênero contribui para uma educação mais inclusiva. Foto: MEC

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil reafirmou nesta terça-feira (7) seu compromisso com a garantia dos direitos das mulheres e da população LGBT, posicionando-se de forma contrária a toda forma de discriminação e violação dos diretos humanos em qualquer circunstância e, em especial, em espaços educativos.

“As desigualdades de gênero, muitas vezes evidenciadas pela violência sexual de meninas, expõem a necessidade de salvaguardar marcos legais e políticos nacionais, assim como tratados internacionais, no que se refere à educação em sexualidade e de gênero no sistema de ensino do país”, disse a agência das Nações Unidas em comunicado.

Segundo a organização, as declarações foram divulgadas diante de “recentes fatos ocorridos no país no que se refere à violência sexual”.

Para a UNESCO no Brasil, aprofundar o debate sobre sexualidade e gênero contribui para uma educação mais inclusiva, equitativa e de qualidade, não restando dúvida sobre a necessidade de a legislação brasileira e os planos de educação incorporarem perspectivas de educação em sexualidade e gênero.

“Isso se torna ainda mais importante uma vez que a educação é compreendida como processo de formar cidadãos que respeitem às várias dimensões humanas e sociais sem preconceitos e discriminações”, disse a agência da ONU.

Um dos compromissos dos países-membros das Nações Unidas é garantir o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada pelo Brasil e todos os outros Estados-membros da ONU em 2015. Entre os 17 objetivos globais da agenda, está a garantia de ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes, e a promoção da educação para a igualdade de gênero e os direitos humanos.

Resultado de amplo debate internacional, o Marco de Ação Educação 2030 joga luz sobre a importância da perspectiva de gênero na educação.

“Esta agenda dedica especial atenção à discriminação baseada em gênero, bem como a grupos vulneráveis, e para assegurar que ninguém seja deixado para trás. Nenhum objetivo de educação deve ser considerado cumprido a menos que seja alcançado por todos”, afirmou trecho do documento da reunião, realizada em novembro do ano passado, paralelamente à 38ª Conferência Geral da UNESCO, com a presença de ministros e especialistas.

A UNESCO ressaltou em todos os seus documentos oficiais que estratégias de educação em sexualidade e o ensino de gênero nas escolas é fundamental para que homens e mulheres, meninos e meninas tenham os mesmos direitos, para prevenir e erradicar toda e qualquer forma de violência, em especial a violência de gênero.

A agência da ONU já possui diversos materiais que podem ajudar os educadores do país a incluírem questões de gêneros nos debates de suas aulas e seus espaços educativos (clique aqui para saber mais).

“A eliminação das desigualdades de gênero é determinante para a construção de uma sociedade inclusiva e equitativa”, disse a UNESCO. “Todos os estudantes têm o direito de viver e aprender em um ambiente livre de discriminação e violência. Com educação e diálogo é possível prevenir a violência de gênero”.

 

Fonte: UNESCO.

 

Categorias
Destaques Recomendadas

Manifestantes ocupam posse ilegítima do Conselho Nacional de Educação

Manifestantes ligados à luta em defesa da educação ocuparam nesta segunda-feira (11) a cerimônia de posse dos 12 novos membros do Conselho Nacional de Educação (CNE) que foram nomeados de forma ilegítima por Michel Temer. O interino anulou a nomeação dos conselheiros indicados pela presidenta Dilma Rousseff no último mês de maio. Os manifestantes denunciam que foram proibidos de participar da cerimônia e apenas alguns conseguiram participar da posse.

golpistasok97400

O ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, criticou a anulação das nomeações do CNE. Para Mercadante, ” as indicações realizadas pela presidenta Dilma Rousseff constituíram um ato jurídico perfeito, feitas por um governo com legitimidade para faze-las”.

Segundo o ex-ministro, as indicações, realizadas por Dilma, foram resultado de grande participação social, respeitando indicações feitas por 39 entidades civis de educação e cronograma acordado com o próprio CNE. Maria Izabel Azevedo Noronha, por exemplo, foi indicada pela CONTEE, CNTE, UNE e UBES. “Os professores e trabalhadores têm o direito de estar representados na CNE”, diz o ex-ministro.

 

STF nega liminar para professora participar do Conselho

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, negou nesta segunda-feira (11) o pedido de liminar feito pela presidente do Sindicado dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel noronha (Bebel), que questionava a suspenção do seu nome para uma das câmaras do Conselho Nacional de Educação.

Na ação, a defesa de Bebel alega que ela adquiriu o “direito líquido e certo” quando foi designada para o cargo de conselheira e pede que o decreto de revogação seja suspenso até a decisão final do Supremo, garantindo a posse dos indicados por Dilma no CNE.

O relator da ação no STF é o ministro Luís Roberto Barroso, mas a decisão foi tomada pelo presidente da Corte em razão do recesso judiciário. Nesse período, Lewandowski analisa ações urgentes.

Na decisão, o ministro disse que a autora da ação não chegou a tomar posse no cargo e que por isso o caso não é considerado urgente, como alegado pela defesa.

 

Conselho Nacional de Educação

O conselho nacional de educação hoje é quem normatiza e regulamenta as políticas públicas de educação, é responsável por deliberar sobre as bases nacionais curriculares, os currículos dos professores, os curriculos dos cursos de graduação, o CNE é ligado ao Ministério da Educação, porém, segundo a Lei de Diretrizes de Bases (LDB) ele tem um papel específico de  zelar pela qualidade do ensino e pelo cumprimento da legislação educacional.

O Comitê Nacional de Educação contra o Golpe – Fora Temer, em defesa da Democracia e Nenhum Direito a Menos, composto por mais de 40 entidades que lutam contra o desmonte da educação, aprovou em plenária um calendário extenso de atividades para dizer não as medidas neoliberais do governo interino.

 

 

Confira abaixo o que mudou com a troca dos conselheiros 


Indicações governo Dilma

Câmara de Educação Básica:

Maria Izabel Azevedo Noronha: CONTEE, CNTE, UNE e UBES
Antonio Carlos Caruso Ronca: ANPAE, CONTEE, ANFOP, UNE e ABED
Antonio Ibañez Ruiz: ABC, ANDIFES, ABED, SBPC, ABED e CRUB

Câmara de Educação Superior:

Luiz Fernandes Dourado: CNTE, ANPED, UNCME e ANPAE
José Eustáquio Romão: CRUB E ANPG
Maria Lúcia Cavalli Neder: ABEDi, ANDIFESE CRUB

Indicações governo interno Temer

Câmara de Educação Básica:

José Francisco Soares: ABAVE
Nilma Santos Fontanive: ABAVE (terceiro lugar)
Suely Melo De Castro Menezes: CONSED (último lugar), UNCME e FNCE

Câmara de Educação Superior:

Antonio Araújo Freitas Júnior: ABE e ANDRAD
Antonio Carbonari Netto: ANM
Francisco César de Sá Barreto: ABC

 

 

Fonte: Portal Vermelho

Categorias
Geral Recomendadas

Em um país que não investe em educação pública, todo mundo perde. Assine a petição

lei-da-mordaca

 

Desde que assumiu o Ministério da Educação (MEC), Mendonça Filho tem mostrado a intenção de acabar com a democracia na educação.

“Todas as atitudes do ministro nos levam a crer que o objetivo é o extermínio da educação pública e total desvalorização dos docentes”, afirma Marilene Betros, dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

“Depois de receber um conhecido ator de filmes pornôs, como conselheiro, e divulgar meta de privatizar o ensino médio e superior e ainda revogar a nomeação de metade do Conselho Nacional de Educação, agora o MEC inviabiliza o Fórum Nacional de Educação (FNE), exonerando boa parte dos assessores do órgão”, complementa.

Na sexta-feira (1º), foram exonerados 31 assessores técnicos do FNE, sendo 23 ligados à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) e oito, à Secretaria Executiva da pasta.

O FNE foi criado a partir de deliberação da Conferência Nacional de Educação (Conae) de 2010. “É, portanto, um órgão de Estado que deve fazer a interlocução do governo com a sociedade e promover a participação democrática nas políticas desse setor estratégico para o país”, diz Marilene.

Já para Isis Tavares, presidenta da CTB-AM, “as medidas tomadas pelo ministro inviabilizam o FNE e acabam com a Educação de Jovens e Adultos (EJA)”. Tudo indica que a “proposta deles é realmente entregar tudo para as mãos de escolas particulares”.

Contra o desmonte do FNE e a extinção do EJA, circula na internet, no site Avaaz, um abaixo-assinado. “Avaliamos que a Educação, em todos os seus níveis, etapas e modalidades, como direito humano, por ser direito que impulsiona, fomenta e possibilita a aquisição de outros direitos, rege-se por princípios garantidores da liberdade de aprender, ensinar e pesquisar, e pelo pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”, diz trecho do abaixo-assinado.

fora mendonca

Leia na íntegra e assine essa petição aqui.

Para Isis, Mendonça Filho pretende inviabilizar o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014. “Apesar de ainda limitado, o PNE trouxe importantes avanços com as 20 metas a serem cumpridas até 2024, chegando a 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação”.

“Em todos os seus atos, o ministro interino da educação”, diz Marilene, “vem mostrando a vontade de cortar investimentos da educação pública”. Como prova disso, ela cita a intenção do governo golpista de retirar os 50% do Fundo Social e os 75% dos royalties do petróleo para a educação.

As educadoras da CTB lembram também a existência de projetos que visam cercear a liberdade como a “Lei da Mordaça”, baseada no projeto “Escola Sem Partido”. O que na verdade, fala Isis, “é a escola do pensamento único, da falta de diálogo e da desinteligência”.

Marilene fala sobre as propostas que atacam os projetos voltados para uma educação cidadã e cita a infâmia promovida na página da enciclopédia virtual Wikipédia por pessoas de um órgão do governo contra o educador Paulo Freire (1921-1997).

“Atacar um pensador do quilate de Paulo Freire, simplesmente por discordância ideológica, é, no mínimo, um ultraje ao bom senso e um total desconhecimento do papel social da educação, ainda mais num país gigantesco como o Brasil”, diz ela.

Inclusive Ana Maria Araújo Freire diz que seu ex-marido foi um dos mais importantes pedagogos do mundo,  ela divulgou uma Carta Aberta endereçada ao vice-presidente em exercício na Presidência, Michel Temer.

“É inconcebível que numa sociedade democrática se divulgue frases carregadas de ódio e de preconceito como: “Paulo Freire e o Assassinato do Conhecimento” – absurda e ironicamente, no ano em que Paulo Freire está sendo considerado nos EEUU (Estados Unidos) como o terceiro intelectual do mundo, de toda a história da humanidade, mais citado, portanto mais estudado nas universidades norte-americanas, que, a princípio são contra o marxismo”, diz trecho da Carta (leia a íntegra aqui).

 

Fonte: Portal CTB

Categorias
Geral

Guia prático de como fazer um desmonte na educação

educacao1

A Contee explica como o Governo Temer faz o desmonte da educação brasileira. Acompanhe os fatos:

 

26 de maio
Ministro da Educação recebe estuprador confesso Alexandre Frota e a  comitiva do grupo Revoltados Online para discutir propostas da educação sob o governo interino. Leia aqui.

 

03 de junho
Mendonça Filho exonera, sem aviso prévio, 31 assessores técnicos, sendo 23 ligados à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) e oito à Secretaria Executiva da pasta. As exonerações fizeram com que o Fórum Nacional de Educação (FNE), que tem entre seus objetivos mediar a interlocução e promover a participação e controle social da política nacional de educação, fosse extinto. Veja aqui.

 

10 de junho
Mendonça Filho recebe em audiência representantes do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular. Na ocasião foi entregue uma “Agenda propositiva para relações entre o Ministério da Educação e as Instituições de Ensino Superior Particulares”, formada de uma agressiva ação contra qualquer regulamentação da educação privada, principalmente as que exigem das instituições  qualidade, tanto do ensino, como da pesquisa e extensão, além da qualificação do  corpo docente e plano de carreira. Lembre aqui.

 

15 de junho
Michel Temer propõe a PEC 241/2016, que congela os gastos públicos por 20 anos para pagar a dívida pública. A medida recai sobre os trabalhadores, os servidores e os serviços públicos e, especialmente, em áreas essenciais à população brasileira como a Educação e Saúde. Saiba mais aqui.

 

28 de junho
O Governo golpista de Michel Temer continua o desmonte da educação. A vítima da vez foi o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a revogação de decretos que nomearam novos membros do CNE, uma clara atitude antidemocrática do governo Temer, que continua em sua perseguição política em todas as esferas possíveis. Leia aqui.

 

 

Fonte: Contee