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Problemas no acordo ortográfico

O professor Pasquale Cipro Neto defendeu nesta quarta-feira, 22, revisão no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. “O texto do acordo é tão cheio de problema que foi preciso a Academia [Brasileira de Letras] publicar nota explicativa (sobre pontos do acordo). Por que foi preciso isso? Porque há problemas”, ressaltou o professor, ao participar do segundo dia de debates sobre o assunto na Comissão de Educação do Senado.

Segundo Pasquale, o Brasil saiu na frente dos demais países signatários na implementação do acordo impedindo uma adoção simultânea da nova regra. Para ele, houve atropelo e falta de organização do país no processo. “Nós não podemos ir adiante com um texto que carece de polimento, soluções concretas”, disse.

As diversas situações do uso do hífen, considerado pelo professor uma das grandes fragilidades da norma, foi um dos pontos mais criticados. Para Pasquale Neto, no texto do acordo, “o hífen foi mal tratado, mal resolvido” . A seu ver, a questão precisa ser solucionada. De acordo com ele, é inexplicável o fato da palavra “pé-de-meia” ser escrita com hífen e “pé de moleque”, não.

Para a professora Stella Maris Bortoni de Figueiredo Ricardo, integrante da Associação Brasileira de Linguística (Abralin), qualquer sugestão de mudança deve ser acordada com os países signatários. “A Abralin recomenda que se consolide o Acordo Ortográfico de 1990, sem que haja nenhuma alteração unilateral. Qualquer alteração que se queira fazer no acordo, que seja feito no âmbito da CPLP  [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] e do Iilp [Instituto Internacional da Língua Portuguesa]”, defendeu.

Para debater as sugestões visando a melhorar o acordo, a Comissão de Educação do Senado criou, em 2013, grupo técnico de trabalho formado pelos professores Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto, que deverão apresentar uma síntese em março de 2015. Por interferência da comissão, a implantação definitiva foi adiada de janeiro de 2013 para janeiro de 2016 por decreto da presidenta Dilma Rousseff.

Na rodada de ontem (21) o presidente do Centro de Estudos Linguísticos da Língua Portuguesa, Ernani Pimentel, polemizou a discussão ao cobrar maior simplificação gramatical. Ele lidera movimento para adoção de critério fonético na ortografia, ou seja, a escrita das palavras orientada pela forma como se fala. Por esse critério, a palavra “chuva”, por exemplo, seria escrita com x (xuva), sem preocupação em considerar a origem. Para o professor, a simplificação evitaria que as novas gerações sejam submetidas a “regras ultrapassadas que exigem decoreba”.

A sugestão foi rechaçada pelo gramático Evanildo Bechara que considera que a simplificação fonética, “aparentemente ideal”, resultaria em mais problemas que soluções, pois extinguiria as palavras homófonas – aquelas que têm o mesmo som, mas com escrita e significados diferentes. Segundo ele, as palavras seção, sessão e cessão, ficariam reduzidas a uma só grafia – sesão –, o que prejudicaria a compreensão da mensagem. “Aparentemente teríamos resolvido um problema ortográfico, mas criaríamos um problema maior na função da língua, que é a comunicação entre as pessoas”, lembrou.

O gramático avalia que o acordo reúne qualidades e representa um avanço para o uso do idioma e para unificar regras entre os países lusófonos. Ele ressaltou que os países que assinaram o acordo poderão, depois da implementação das novas regras, aprovar modificações e ajustes, caso necessário.

Para o presidente da comissão, senador Cyro Miranda (PSDB-GO), a intenção dos debates não é alterar o acordo, uma vez que, segundo ele, o papel cabe ao Executivo, em entendimento com os demais países signatários. “Nossa obrigação é chamar as pessoas envolvidas para dar opinião. Mas quem toma a frente é o Ministério da Educação e o Ministério de Relações Exteriores. Estamos mostrando as dificuldades e se, for possível, vamos contribuir”, disse.

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Fonte: Agência Brasil

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

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Documento apresenta avanços na implantação do acordo ortográfico

A implantação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, destinado a unificar a ortografia entre os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), está quase 100% implantado no Brasil e tem avançado nos demais países. As informações sobre o progresso do acordo fazem parte de documento elaborado pela Comissão Nacional para o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), encaminhado em junho ao Senado Federal brasileiro.

De acordo com Carlos Alberto Faraco, coordenador da comissão, o processo está em fase adiantada também em Portugal. Em Cabo Verde, a implantação começa este ano. Em Moçambique, o Conselho de Ministros recomendou a ratificação do acordo para que possa ser implantado. Os demais países estão em vias de adotá-lo.

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado multilateral destinado a unificar o uso do idioma português nos países da CPLP. O documento foi assinado em dezembro de 1990 por representantes de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Em setembro de 2009, houve a adesão oficial do Timor Leste.

A Comissão Nacional para o Instituto Internacional da Língua Portuguesa foi instituída pela portaria-mec.pdf, de 15 de agosto de 2013, assinada pelos ministros da Educação, das Relações Exteriores e da Cultura para apoiar o IILP na implementação dos planos de ação das políticas de promoção, valorização e difusão da língua portuguesa.

Em maio deste ano, durante a última reunião do Comitê Científico do IILP, em Cabo Verde, foi elaborado documento que descreve a situação do acordo. Segundo Carlos Alberto Faraco, o documento fornece informações atualizadas sobre o encaminhamento no Brasil, uma vez que a data de implantação definitiva foi prorrogada para dezembro de 2015. Faraco ressalta que é importante acompanhar o calendário de Portugal.

Ao destacar que no Brasil o acordo está quase 100% implantado, ele salientou que o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) incorporou os ajustes ortográficos do acordo sem nenhum problema. A imprensa brasileira passou a adotar a nova ortografia em janeiro de 2009 e as editoras, a publicar os livros conforme as novas normas estabelecidas.

Declaração — Durante a 11ª Cimeira Brasil–Portugal, realizada em junho do ano passado, em Lisboa, foi assinada declaração conjunta pela presidenta brasileira, Dilma Rousseff, e pelo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho. No documento, os governantes ressaltam a importância da plena aplicação do acordo em todos os países da CPLP como forma de contribuir para o reforço da internacionalização da língua portuguesa.

Ainda segundo Faraco, durante a reunião de maio último, em Cabo Verde, além da preparação do documento encaminhado ao Senado brasileiro, foi discutido o projeto do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC). Em formato eletrônico, a obra é integrada por vocabulários ortográficos nacionais dos estados-membros da CPLP. Ela é desenvolvida sob a coordenação do IILP para consolidar tanto o léxico comum quanto as especificidades de cada país de língua oficial portuguesa.

Em junho último, Faraco entregou o documento com informações atualizadas sobre a implantação do acordo ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF), integrante da Comissão de Educação, Cultura e Esportes daquela casa do Congresso Nacional.

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Fonte: Portal MEC

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Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás