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A precarização do ensino superior privado e os impactos da reforma trabalhista

A precarização do ensino superior privado e os impactos da reforma trabalhista é o tema sobre o qual a Contee vai debater neste sábado (21) no 66° Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da União Nacional dos Estudantes (UNE), em São Paulo. Com isso, as duas principais lutas da Confederação — em defesa da educação e prol dos direitos dos trabalhadores — estarão unidas numa única mesa, fundamental, aliás, para o momento.

Os problemas relacionados ao ensino superior privado são velhos conhecidos da Contee. Não é de hoje que a entidade denuncia a mercantilização, a financeirização, a oligopolização e a desnacionalização do setor. O objetivo das empresas de capital aberto é a maximização da liquidez — ou seja, a facilidade com que um ativo pode ser convertido em dinheiro — e a valorização de suas ações no mercado. As estratégias para isso são variadas e incluem redução de custos, enxugamento no quadro de pessoal, baixos salários, demissões dos mais qualificados (como mestres e doutores), precarização das relações de trabalho. Nesse sentido, a reforma trabalhista, que afeta todas as categorias, sem exceção, mostra-se, nos enormes prejuízos que traz a professores e técnicos administrativos que atuam no ensino privado, uma grande aliada na transformação da educação em mercadoria.

Acontece que, por outro lado, a situação pode lembrar a figura do ouroboros, a serpente que devora a própria cauda. A mesma desfiguração na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que atinge os trabalhadores das instituições de ensino superior (IES) privadas é aquela que retira a oportunidade de muitos jovens trabalhadores de cursar uma faculdade. Como se não bastassem as condições de competição mais fortes e os contratos mais precários, o que torna os trabalhadores mais vulneráveis, como fica a situação de uma juventude trabalhadora que depende de seu salário para pagar mensalidades ou para, depois, quitar o empréstimo do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies)?

Não por acaso, o noticiário econômico desta semana informou que os papéis da Kroton e da Estácio na bolsa de valores tiveram recuo de 2,42% a R$ 11,29 e de 7,67% a R$ 23,73, respectivamente. A queda, segundo a própria imprensa, foi resultado da reação negativa do mercado à notícia da queda de estudantes matriculados nas instituições de ensino superior privadas. Embora a redução no número total de matrículas no primeiro semestre deste ano tenha sido de 1,6%  — o que alguns podem argumentar não ser motivo de alarde —, no mesmo período a quantidade de calouros recuou 5%.

Tampouco é à toa que a Kroton tem voltado cada vez mais seus olhares — e seu apetite — para a educação básica. No entanto, há que se pensar que, se colocada em prática, a excludente reforma do ensino médio, pensada para beneficiar os interesses privatistas, também contribuirá para dificultar a chegada de jovens trabalhadores ao ensino superior.

Por Táscia Souza

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Kroton: A alta do inimigo da educação

 

“Em termos de educação pública nunca experimentamos um inimigo com uma força social tão concentrada como esse.” A frase, que se refere à Kroton Educacional S.A., foi publicada no dia 30 de abril deste ano, depois de ser dita, em entrevista à revista on-line do Instituto Humanitas Unisinos, pelo pesquisador Allan Kenji, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que estuda a atuação dos grupos empresariais na educação e sua vinculação com o capital financeiro. Foi também repetida pela coordenadora da Secretaria de Assuntos Educacionais da Contee, Adércia Bezerra Hostin dos Santos, no debate organizado pela Confederação, com participação da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), sobre o avanço da financeirização da educação e a privatização do sistema público de educação, no fim de maio, durante a Conferência Nacional Popular de Educação (Conape). Não é para menos. Pouco mais de um mês após a realização da Conape, o destaque do noticiário econômico da tarde de ontem (3) foi a disparada da Kroton na bolsa de valores, cujas ações chegaram a ter alta de 10%.

Segundo o site Infomoney, a alta no índice se deve ao anúncio, feito pelo Ministério da Educação, de que 50 mil novas vagas no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) serão oferecidas no segundo semestre, o que analistas do mercado financeiro disseram “ajudar as empresas a garantir um melhor ciclo de captação”. Tanto é assim que os papéis da Estácio também tiveram alta de 5%. Há duas questões graves nessa notícia, sobre as quais a Contee vem alertando sistematicamente ao longo dos últimos anos. A primeira é a comprovação de que o comércio educativo é um negócio lucrativo, o que explica a sanha privatista contra a educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada. A segunda é a continuidade do escoamento de recursos públicos para os bolsos do capital privado, contribuindo diretamente para o acirramento do processo de mercantilização e financeirização do ensino.

“Ao invés de fortalecermos o ensino superior dentro do sistema público de ensino, o próprio sistema público de ensino corre o risco de ser todo privatizado, não por empresários nacionais, mas por grupos transnacionais de capital aberto que dominarão o sistema educacional público e privado e colocarão a educação como uma mercadoria no comércio mundial, tirando qualquer possibilidade de que ela exerça o seu papel estratégico no desenvolvimento soberano dos nossos países”, alertou, no mês passado, a coordenadora-geral em exercício da Contee, Madalena Guasco Peixoto, durante a Conferência Regional de Educação Superior (Cres 2018), em Córdoba, na Argentina.

A situação se torna ainda mais alarmante diante da realidade de que a Kroton não domina mais apenas o “mercado” do ensino superior. Em abril, pouco antes da entrevista de Allan Kenji, a companhia assumiu o controle da Somos Educação, dona do sistema de ensino Anglo e de editoras como a Ática e Scipione, grandes produtoras de material didático. Segundo a empresa, com a aquisição da Somos, a parcela de sua receita vinda do ensino básico deve aumentar de 3% para 28%.

Essa guinada em direção à educação básica encontra amparo nas medidas do governo ilegítimo de Michel Temer. Um exemplo claro está num dos motivos apontados pelo sociólogo Cesar Callegari para justificar sua recente saída da presidência da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE): a abertura do ensino médio para a educação a distância (EaD). Embora a crítica de Callegari se dirija à desintegração do território escolar de, nas suas palavras, “encontros, afetos e descobertas”, a Contee já havia ressaltado que a EaD é outra das portas abertas — além dos materiais didáticos e apostilados — à privatização da educação básica pública.

Diante disso, é fundamental pôr em prática os pontos elencados no Plano de Lutas da Conape, divulgado na última sexta-feira (29): a defesa da organização de um Sistema Nacional de Educação com regulamentação da educação privada e contra a atuação do setor privado na educação sem a garantia de qualidade e sem a valorização dos/as trabalhadores/as, bem como a constituição de uma política de EaD e de cursos com qualidade, combatendo a comercialização desregulamentada da educação e do ensino. Tudo isso tendo sempre em vista o slogan da campanha da Contee: “Educação não é mercadoria!”.

 

Por Táscia Souza

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Kroton acerta compra da Somos Educação por R$4,6 bi

 

 

SÃO PAULO (Reuters) – A Kroton Educacional fechou a compra do controle da Somos Educação, da Tarpon Gestora de Recursos, por 4,566 bilhões de reais, informaram as empresas nesta segunda-feira.

Desse total, a Somos informou que 4,166 bilhões de reais serão pagos à vista na data de fechamento do negócio e o restante será mantido em conta vinculada para garantir pagamento de determinadas obrigações de indenização assumidas pelos vendedores.

A compra foi realizada por meio da holding Saber, da Kroton, enquanto a parte vendedora inclui determinados fundos de investimentos geridos pela Tarpon, que são os acionistas controladores da Somos.

Em comunicado separado, a Tarpon disse que a operação envolve 192.275.458 ações da Somos Educação, ao preço individual de 23,75 reais

A operação está sujeita a determinadas condições, inclusive a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Mais cedo, o jornal Valor Econômico informou que a Kroton estava perto de fechar a compra da Somos Educação por cerca de 6 bilhões de reais.

 

Por Flavia Bohone

Agência Reuters

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Programa Greg News denuncia Kroton e ecoa campanha da Contee: Educação não é mercadoria!

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O programa Greg News, do humorista Gregorio Duvivier, exibido na última sexta-feira (25) pelo canal por assinatura HBO Brasil, tem repercutido nas redes sociais um assunto que a Contee denuncia há anos: os processos de mercantilização, financeirização e oligopolização do ensino superior privado no Brasil. Mais especificamente, o programa trata de uma velha conhecida de quem lê as publicações do Portal da Confederação: a Kroton Educacional S/A, maior empresa de educação privada do mundo, com mais de 1 milhão matrículas em cursos superiores em todo o país, e cujo lucro líquido no segundo trimestre deste ano foi de R$ 645 milhões, um crescimento de 15% sobre o mesmo período do ano passado.

A empresa, aliás, só não cresceu ainda mais em 2017 porque o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reprovou, no fim de junho, o ato de concentração referente à sua tentativa de comprar também a Estácio Participações S/A, segunda maior companhia do setor educacional. A decisão representou uma vitória importante para a Contee, que, no dia 24 de agosto do ano passado, havia protocolada um ofício junto ao Cade exigindo o indeferimento da fusão entre Kroton e Estácio. O documento, a exemplo do que a Confederação já havia ressaltado no caso Kroton-Anhanguera — cuja fusão, infelizmente, acabou se concretizando —, argumentou que os grupos empresariais em questão ‘‘jamais demonstraram qualquer preocupação com o cumprimento da função social da propriedade, que, para eles, só tem um único valor: o do lucro máximo e fácil’’.

É justamente o que aponta o programa de Duvivier, desmascarando, com os artifícios do humor, como a empresa se vale inclusive de dinheiro público, através do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), para maximizar seus ganhos. Em contrapartida, há uma tentativa de reduzir tudo o que possa representar custos, inclusive demitindo professores mestres e doutores e abusando da educação a distância para esse fim. Na verdade, como tanto o vídeo quanto todas as críticas e explanações da Contee feitas ao longo dos anos deixam claro, não existe qualquer preocupação com um projeto de desenvolvimento para o país ou compromisso com uma educação de qualidade. Para tentar ajudar a combater isso, o programa também criou o site www.denunciaadistancia.com.br — ironizando a prática de EaD da Kroton — para os estudantes beneficiários do Fies que tenham reclamações quanto à qualidade do ensino, a fim de seja feita uma denúncia conjunta ao Ministério da Educação.

“Quando uma empresa existe pelo lucro o aluno é só um cliente”, afirmou o humorista, ecoando o cerne da campanha nacional de grande repercussão lançada pela Confederação há uma década contra a financeirização da educação. “Humor é coisa séria ! Tudo o que a CONTEE tem denunciado sobre a Kroton é colocado de forma brilhante por Gregorio Duvivier. Vídeo imperdível”, comentou a coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta, ao compartilhar um trecho do programa no Facebook. “EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA.”

Assista: 

Por Táscia Souza da Contee