Os dados do Enade 2011 confirmam que a defasagem trazida da educação básica pelos alunos dos cursos de pedagogia e licenciatura – já apontada em outras avaliações – não é corrigida ao longo de quatro anos de faculdade.
Os poucos estudos sobre fluxo no ensino superior também mostram que as taxas de repetência e evasão são mais baixas nestes cursos em comparação com outras áreas (pelo fato de os alunos entrarem menos preparados na faculdade, seria possível imaginar justamente o oposto).
Ao mostrar que alunos dos cursos mais concorridos obtêm melhores resultados no exame, o Enade também reforça a relação decisiva entre a atratividade de uma carreira e a qualificação dos profissionais que atuam nela.
Esse desafio é enorme na área da educação, uma vez que estamos falando de tornar atrativa – e, portanto, concorrida – uma carreira que recebe das universidades mais de cem mil novos profissionais por ano.
Outra informação que chama a atenção nos números do Enade 2011 é que, nos cursos de licenciatura e pedagogia, o conjunto das universidades públicas tem desempenho semelhante ao conjunto das universidades privadas.
Embora sejam necessários mais elementos para uma análise qualificada, esse é um dado que merece ser trazido para o debate.
O papel decisivo de bons professores para o aprendizado dos alunos nas escolas já é um consenso.
Os dados do Enade reforçam que para termos esses bons professores em todas as salas de aula brasileiras é urgente garantirmos uma carreira docente mais atrativa, uma formação inicial exigente e uma formação continuada que esteja diretamente ligada às principais habilidades que os professores precisam desenvolver em suas atividades na escola.
Fonte: Folha de S. Paulo