28 de abril
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28 de abril de 2017: Nós estávamos lá!

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O ano 17, de cada um dos últimos séculos, no Brasil e em muitas outras paragens, tem se mostrado especial, como se fosse iluminado por Cronos — deus do tempo, na mitologia grega —, sendo marcado por acontecimentos sociais que se imortalizam; uns, pelas grandes transformações que provocam; outros, pelo simbolismo, que faz fervilhar os anos que lhe sucedem, gestando o porvir.

Assim o foi em 1817, com a Revolução Pernambucana, que abalou o carcomido domínio colonial e se fez germe da Confederação do Equador de 1824, e das demais vindouras revoltas populares.

Se o ano de 1817 foi, com justa razão, especial, o de 1917, foi muito mais que especial, pois que deu à luz a Constituição Mexicana, de Querétaro, que consagrou direitos fundamentais sociais inapagáveis, como a jornada de oito horas; a Revolução Bolchevique, que representou o alvorecer de ordem social; e a greve geral, em São Paulo, que abriu largos para as grandes mobilizações e conquistas sociais, concretizadas nas décadas posteriores, que ecoam até os dias atuais.

Agora, em 2017, ao se comemorar o centenário desses três vulcões sociais, eis que o Brasil é palco da maior e mais significativa greve geral de sua história, que teve lugar no dia 28 de abril último.

A greve de 2017, que fez tremer os algozes da Ordem Social Democrática, possui, antes de tudo, o magistral significado do reencontro do povo brasileiro com a esperança e com a sua capacidade de fazer a história; não a desenhada pelo consórcio do mal, formado pela Presidência da República, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), todos a serviço do capital, contra a cidadania; mas sim, aquela profetizada pelo saudoso presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulisses Guimarães, que tem cheiro de amanhã e não de mofo.

A greve geral do dia 28, já inscrita na eternidade histórica, reveste-se, também, de enorme valor social e político, pelos milhões de brasileiros e brasileiras que a ela acorreram.

Faz-se necessário registrar que, nas centenas de cidades brasileiras onde a greve geral disse presente, os que não aderiram, com a presença física (de corpo), às passeatas e mobilizações, que se espalharam pelas principais avenidas, fizeram-no com pensamentos, palavras e gestos, ou seja, metaforicamente falando, aderiram de alma.

Ao contrário de passeatas recentes, quando os olhares eram de indiferença e/ou de reprovação, não faltando apupos, os de agora foram todos de respeito e aquiescência.

Parafraseando o grande cantor e revolucionário português Zeca Afonso, em sua música, que se tornou o hino e a senha da Revolução dos Cravos, de 1974, “Grândola Vila Morena”; os que tivemos o privilégio de ser partícipes da greve geral de 2017 constatamos que, em cada esquina, havia centenas de amigos, e, em cada rosto, igualdade. Que dia inesquecível.

Por certo, a greve geral de 28 de abril de 2017, por si só, não será bastante para depor o já citado consórcio do mal. Mas, com certeza, plantou a semente de novas grandes mobilizações, com muito mais presença de corpo e de alma.

Essa greve foi especial em tudo, trazendo como fato novo e alvissareiro o explícito, expresso e atuante apoio, para além de todas as centrais sindicais, de entidades e entes que se constituem em esteio da Ordem Democrática, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra), a Associação dos Procuradores do Ministério Público do Trabalho (ANPMPT), o Procurador-Geral do Ministério Público do Trabalho.

Isto, para os amantes e cultores da cidadania, é digno de louvor e regozijos; e, para os detratores desta, de pavor e de desespero. Aliás, já expressados nas desavergonhadas falas de Temer — o impostor —, do ministro da (In)Justiça, Osmar Serraglio, e do ventríloquo de tirano, João Dória.

Ah! O povo brasileiro, no dia 28 de abril de 2017, fez ecoar o brado do imortal revolucionário poeta Castro Alves, em seu magnifico poema “O Povo ao poder” — que é a sua declaração de amor ao porvir radioso —, na seguinte estrofe:

”Pois bem! Nós que caminhamos
Do futuro para a luz,
Nós que o Calvário escalamos
Levando nos ombros a cruz,
Que do presente no escuro
Só temos fé no futuro,
Como alvorada do bem,
Como Laocoonte esmagado
Morreremos coroado
Erguendo os olhos além”.

Destarte, os que fomos partícipes do imortal dia 28 de abril de 2017, devemos fazer nossa a epopeia do herói do poema “I-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias, assim exarada:

“Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”.

Podemos e devemos dizer aos que não puderam ou não quiseram participar desse dia ímpar, bem como às futuras gerações: Meninos, nós vimos! Nós estávamos lá!

 

Por

*José Geraldo de Santana Oliveira, consultor jurídico do SINPRO GOIÁS

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Contra as reformas de Temer, greve do dia 28 pode ser histórica

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O dirigente lembra da última greve geral no Brasil em 1989. “Era o meu primeiro mandato no Sindicato dos Metalúrgicos de Betim (MG) onde eu participava da diretoria. Naquela época havia a reposição da inflação e dez, quinze dias depois o salário já tinha perdas”, descreveu Marcelino.

Na opinião dele, a situação atual supera o contexto de 1989, o que deve motivar a classe trabalhadora a aderir às paralisações.
“Agora junta desemprego, retirada de direitos e corrupção desenfreada. A expectativa é que muitos setores que não se manifestavam no passado como rodoviários, comércio, desempregados, aposentados fortaleçam os protestos. Existe um burburinho maior na sociedade”, analisou o dirigente da Fitmetal.

SINPRO GOIÁS - PARALISAÇÃO00001O secretário-geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes (foto gesticulando), informou que trabalhadores do comércio e da construção civil devem aderir em grande número ao dia 28.

Em reunião nesta segunda-feira (24) com representantes das principais centrais de trabalhadores, Wagner afirmou que o balanço é que o dia 28 atingirá mais categorias profissionais.
“Desta vez o motivo piorou que é o desmonte do sistema de seguridade dos trabalhadores e ainda o desmantelamento das leis trabalhistas. O trabalhador está entendendo o que está acontecendo. Por isso muito menos gente vai sair de casa no dia 28”, opinou Wagner.

Ele confirmou a paralisação dos metroviários de São Paulo que param por 24 horas nesta sexta-feira ao lado dos condutores de ônibus. Para ele, a população está mais consciente hoje dos prejuízos que simbolizam as reformas trabalhista e previdenciária de Temer. “Temos confiança que a população que apoiou a paralisação do dia 15 também vai apoiar no dia 28”, completou.

Adriana Magalhães, secretária de Comunicação Social da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, confirmou a paralisação da categoria em São Paulo. Na opinião dela, a aprovação da terceirização provocou entre os trabalhadores em geral uma apreensão, em especial relacionada à reforma da Previdência Social.

“A gente já está sentindo no trabalho de base, não só nas categorias que representamos. Desde que foi aprovada a terceirização, a categoria está temerosa e acompanhando mais do que nunca as notícias e você vai percebendo pelos relatos de trabalhadores que não estão em sindicatos fortes e atuam na informalidade que há uma preocupação, uma angústia com o que vai acontecer, principalmente com a aposentadoria”, contou Adriana.

Os bancários têm recebido a mesma solidariedade dispensada aos metroviários pelos usuários do metrô na paralisação do dia 15. Segundo Adriana, no contato com os clientes há um retorno solidário. “Os clientes também se tornam reféns desse sistema financeiro que gera muitas demissões e põe em prática o desmonte dos bancos públicos. Na ponta isso se torna um atendimento precário para a população. Acredito que no dia 28 as pessoas vão se organizar para contribuir de alguma forma, inclusive evitando de ir às agências”, observou Adriana.

Os petroleiros também fortalecem a adesão à greve geral. Nas inúmeras assembleias realizadas pelo país, a categoria tem decidido pela participação no dia 28. “A greve geral deverá ser histórica. Após a última de 14 e 15 de março de 1989, portanto, há 29 anos, ela [a greve] tende a delimitar a transição do estado da indiferença política da classe trabalhadora nos últimos dois anos, para uma que marca seu efetivo protagonismo político na defesa de seus interesses e do país”, analisou Divanilton Pereira, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e dirigente da CTB.

 

Fonte: Portal Vermelho

Foto 1: Angela Helena