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A três meses de devolver o governo, Temer quer acabar com a aposentadoria

O ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) quer aprovar a reforma da Previdência ainda este ano, logo após a eleição. A proposta, que significa praticamente o fim da aposentadoria, é mais um ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras de um governo responsável pelas taxas recordes de desemprego que derrubaram a arrecadação da Previdência Social.

Durante discurso aos empresários na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (24), Temer anunciou que irá procurar o presidente eleito para convencê-lo de que é preciso aprovar a reforma da Previdência. Ele deixa oficialmente o governo em janeiro de 2019 e não abre mão deste presente ao mercado.

 

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Carta da ABJD sobre as eleições presidenciais de 2018

Por meio desta carta dirigida à sociedade brasileira e à comunidade jurídica em geral a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JURISTAS PELA DEMOCRACIA – ABJD aponta os compromissos que devem ser assumidos pelos candidatos e candidatas à Presidência e Vice-Presidência da República, considerados por nós como indispensáveis para a defesa e fortalecimento do Estado Democrático de Direito no Brasil, para a busca de um país plural e mais igual e para a retomada de direitos da sociedade brasileira.

1) A garantia do respeito ao resultado obtido nas urnas em 2018 e aos mandatos conquistados;

2) A garantia intransigente das cláusulas pétreas da Constituição de 1988 e dos princípios e valores inscritos no Preâmbulo Constitucional, em especial: a soberania popular, a Democracia, os direitos individuais e sociais,  a igualdade, a justiça, a liberdade e a paz;

3) O respeito aos tratados e normas internacionais de Direitos Humanos, bem como às decisões dos órgãos internacionais cuja jurisdição foi soberanamente aceita pelo Brasil;

4) A necessária superação da lei da anistia como obstáculo para a investigação e a responsabilização dos crimes de lesa-humanidade praticados por agentes da ditadura civil-militar;

5) A proteção ao patrimônio nacional, impedindo a venda ou a entrega dos recursos naturais brasileiros e dos investimentos realizados em infra-estrutura, na matriz energética e na área dos transportes;

6) Uma postura de respeito ao devido processo legal, tal qual resta consignado no texto constitucional e na legislação brasileira, em especial, no campo processual penal, cujas normas devem ser sempre interpretadas de modo restritivo, restando vedada a analogia, a interpretação extensiva e as condenações sem lastro probatório suficiente, sempre protegendo e defendendo a presunção da inocência e a prioridade do valor liberdade sobre qualquer outro ânimo punitivista;

7) A revogação da Emenda Constitucional  N° 95, que limita de modo inadmissível o teto de gastos em educação, saúde e outras pautas sociais em níveis drasticamente insuficientes para que o Estado brasileiro possa cumprir com seus deveres constitucionais;

8) A recuperação dos direitos sociais eliminados durante o governo Temer e o impulso para a revogação das reformas legislativas que desrespeitaram a Constituição de 1988, em especial a assim chamada reforma trabalhista;

9) O compromisso em manter e aprimorar o Sistema Único de Saúde e a Previdência Social, rejeitando reformas legislativas que tendam a eliminar o atendimento público e gratuito e a previdência pública;

10) O compromisso em recuperar os investimentos em pesquisa e tecnologia, garantindo a Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade;

11) A proteção ao patrimônio cultural, ambiental, histórico e imaterial, com o investimento de verbas necessárias para manutenção de museus e órgãos;

12)  A implantação do Sistema único de Segurança Pública – SUSP, buscando garantir de fato o comando civil das Forças Armadas e o seu afastamento do campo político, bem como empreendendo políticas públicas de prevenção à criminalidade e à violência policial, em especial, coibindo com rigor a prática da tortura e da violência desnecessária por parte dos agentes públicos, e pugnando pela desmilitarização da segurança pública;

13) O compromisso com uma necessária e urgente política de desencarceramento, seja pelas condições precárias do sistema prisional, seja pelo crescimento desenfreado do crime organizado, que se alimenta do encarceramento em massa;

14) A reforma do sistema de justiça, estabelecendo fórmulas, leis e mecanismos para coibir o abuso de poder por parte de juízes, promotores e delegados;

15) A defesa intransigente das prerrogativas das advogadas e advogados;

16) A necessária regulação dos meios de comunicação, que na qualidade de concessões públicas não podem em hipótese alguma serem utilizados para, em nome de interesses específicos, enfraquecer a democracia, as instituições e estimular a violação do texto constitucional por quem quer que seja;

17) O absoluto repúdio a discursos de ódio e a discriminações machistas, racistas, homofóbicas, políticas ou de qualquer ordem, o que não se confunde com a necessária intransigência diante do fascismo e do autoritarismo.

Brasília, 25 de setembro de 2018.

Portal da ABJD
http://www.abjd.org.br/2018/09/carta-da-abjd-sobre-as-eleicoes.html

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Decreto de Temer terceiriza serviço público federal

Três meses antes de deixar o governo, o golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), usurpador do cargo da presidenta Dilma Rousseff, dá mais um golpe na classe trabalhadora. No último dia 21, ele assinou um decreto regulamentando a contratação de terceirizados no setor público, ampliando a terceirização da mão de obra para praticamente todas as atividades dos serviços da administração pública federal direta, autárquica e fundacional e das empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União.

O texto do Decreto nº 9.507, publicado no Diário Oficial dessa segunda-feira (24), tenta disfarçar a terceirização ilimitada do serviço público federal ao elencar algumas hipóteses que impedem a contratação de serviço indireto, como quando os serviços forem “considerados estratégicos para o órgão ou a entidade, cuja terceirização possa colocar em risco o controle de processos e de conhecimentos e tecnologias”.

No entanto, essas vedações não estão impostas aos serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios. A única exceção clara contida no decreto são os serviços auxiliares relacionados ao exercício do poder de polícia.

Até então, a terceirização no serviço público era permitida apenas em atividades secundárias, como conservação, limpeza, segurança, vigilância e transportes.

Para o secretário-adjunto de Relações do Trabalho da CUT, Pedro Armengol , que é também diretor da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, somente a luta política poderá reverter a privatização do serviço público no país.

Depois que o Supremo autorizou a terceirização sem limites na iniciativa privada, só nos resta eleger candidatos progressistas tanto para o Executivo como para o Legislativo, a fim de reverter essa reforma administrativa que vem sendo feita por esse governo golpista através de portarias e decretos. Estamos vivendo um Estado de exceção. Por isso, a luta é política e passa pelas eleições de outubro”, alerta o dirigente.

Já para o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep), Oton Pereira Neves, o decreto de Temer vai ao encontro do projeto dos golpistas de desmonte do serviço público e retirada de direitos da classe trabalhadora.

“Essa medida representa mais um passo para a extinção dos concursos públicos, com o objetivo de reduzir a capacidade do Estado em responder às necessidades do povo brasileiro e, ao mesmo tempo, abre caminho para a exploração do trabalhador, visto que a terceirização aprofunda ainda mais a precarização das relações de trabalho”, afirma.

Apesar do decreto, Oton diz que “a nova regra está sob análise da assessoria administrativa e judicial do sindicato”.

A Condsef – Confederação que representa mais de 80% do Executivo Federal – também afirma que o decreto tem “potencial para fragilizar ainda mais o setor público que já vem sendo fortemente atacado”.

“Todos os movimentos feitos por esse governo vão na direção de promover o desmonte completo dos serviços públicos. Tal objetivo foi traçado desde a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 95/16, que congela investimentos do setor por 20 anos”, afirma nota publicada pela Condsef.

Tercerização aumenta riscos aos trabalhadores e trabalhadoras

Com o decreto, os servidores públicos estarão sujeitos à redução de salários, aumento de jornada e no número de acidentes de trabalho – mesma situação por que passam os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados.

Segundo estudo feito pelo Dieese, os terceirizados ganham em média 25% menos, se acidentam 60% mais e trabalham 12 horas a mais por mês. A rotatividade da mão de obra também é o dobro da registrada em relação ao contratado direto.

Trabalhadores podem levar calote

O decreto de Temer ainda chama atenção para a fragilidade da garantia dos direitos trabalhistas básicos – como o pagamento do salário – ao trabalhador terceirizado. No texto, está expresso que os contratos deverão desenvolver mecanismos para aferir a qualidade da prestação dos serviços, com adequação do valor do pagamento do contrato dependendo desse resultado.

A responsabilidade da Administração Pública quanto à garantia dos direitos trabalhistas também é anulada pelo decreto. O texto dispõe de cláusulas que deixam exclusivamente sob responsabilidade da empresa contratada o pagamento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e contribuições com o FGTS.

“Na história da terceirização, o que mais existe é empresa de terceirização que dá calote nos trabalhadores. E se o trabalhador não tem a garantia da quitação dos direitos trabalhistas pela Administração Pública, vai sair com uma mão na frente e a outra atrás. E ninguém vai pagar por isso”, avalia o presidente interino da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues.

Para fechar o pacote de maldades contra o trabalhador terceirizado, o decreto de Temer gera dúvidas sobre qual será o sindicato representativo desses trabalhadores e como serão firmados os acordos de trabalho da categoria.

A regra passará a valer a partir do dia 22 de janeiro, 120 dias após sua publicação.

Com da poio da CUT Brasília

Portal da CUT

https://www.cut.org.br/noticias/decreto-de-temer-terceiriza-servico-publico-federal-7945

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29 de setembro: as ruas ficarão pequenas para as mulheres contra Bolsonaro no país e no mundo

As mulheres prometem lotar as ruas de todo o país contra o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, neste sábado (29). O movimento #EleNão tomou conta das redes sociais e dos debates das eleições 2018.

“A união das mulheres representa a principal novidade nesta eleição”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB. “Mostramos que é possível lutar juntas, mesmo pensando diferente”, acentua.

A hashtag #EleNão usada pelo movimento dispara nas redes sociais e inúmeras personalidades brasileiras e estrangeiras aderem ao movimento para barrar o avanço do fascismo no Brasil. “O candidato Bolsonaro representa o que há de pior na cultura do ódio e do atraso”, afirma Kátia Branco, secretária da Mulher da CTB-RJ.

As organizadoras dão algumas dicas importantes para a segurança de todas as manifestantes, veja abaixo:

O movimento se fortaleceu ainda mais após a invasão de hackers à página de Facebook das Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, na sexta-feira (14). “Juntas mostramos nossas diferenças e o respeito à diferença. Temos lados, apoiamos programas políticos diversos e sabemos discutir com respeito. Juntas mostraremos o que é fazer política de forma democrática”, dizem as organizadoras dos protestos que ganharam corações e mentes no Brasil e em pelo menos 22 países.

Por isso, diz Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher da CTB-SP, “sabendo que somos maioria na população e no eleitorado, resolvemos nos unir para barrar a misoginia e a cultura do estupro”.

Enquanto Érika Piteres, da CTB-ES, diz que “queremos o nosso lugar na sociedade para construirmos um futuro onde possamos viver sem medo e onde sejamos respeitadas, como todas as pessoas devem ser”.

O tema da igualdade de gênero se impôs no debate político de uma forma irreversível. Isso porque o Brasil é um dos países onde mais se mata mulheres no mundo. Depois do golpe de Estado de 2016, a violência por questões de gênero cresce assustadoramente.

Rosmari Malheiros, secretária de Meio Ambiente da CTB, defende que “a participação de nós mulheres, na construção desse momento histórico é, sem dúvida alguma, algo de muita importância para o nosso país, sempre aguerridas e prontas para o combate”. Portanto, “não aceitamos o fascismo, o retrocesso, o preconceito, a violência, o machismo… Nós mulheres vamos decidir os rumos do nosso país, mostrando que aqui, o amor vence o ódio.”

Assista o recado de Beth Carvalho, Teresa Cristina e Samba que elas querem

https://www.facebook.com/MidiaNINJA/videos/2219217958303122/?t=0

Para Gicélia, os protestos do #EleNão também reforçam as pautas da classe trabalhadora. “Defendemos a retomada do crescimento, os direitos do povo que foi saqueado, a vida das mulheres que estão sendo ceifadas, a educação, o SUS e todas as políticas públicas pelos nossos direitos e os programas sociais de volta. Porque o ‘Coiso’ representa a perda de tudo isso”.

Já Tete Avelar, secretária adjunta da Mulher Trabalhadora da CTB-MG, acredita que com a proximidade das eleições “as campanhas de candidatos racistas, machistas e LGBTfóbicos ameaçam aprofundar ameaçando as perdas para mulheres, jovens e crianças e no bojo disso toda a sociedade perde”.

São centenas de grupos no Facebook com o mesmo objetivo: #EleNão. Somente no Mulheres Unidas Contra Bolsonaro são mais de 3 milhões de integrantes contra o candidato da extrema-direita e seus seguidores fascistas.

A secretária da Juventude Trabalhadora da CTB, Luiza Bezerra afirma que “com a campanha do #EleNão encabeçada por milhões de mulheres Brasil afora mostramos a nossa força para barrar o retrocesso e o fascismo”.

Ela reforça ainda que “as mulheres jovens também estarão nas ruas no sábado (29) para dizer não ao machismo, à violência, ao racismo, à homofobia. Ele não! Nós sim”.

Paródia de Bella Ciao, canção da resistência italiana na Segunda Guerra Mundial: Ele não

Já Celina avalia a unidade das mulheres “contra o machismo, a misoginia, o racismo a LGBTfobia e todos os preconceitos. A luta por igualdade de gênero é essencial para a democracia e para o país retomar o rumo do crescimento com combate às desigualdades”.

O Brasil inteiro contra Bolsonaro

ato mulheres contra bolsonaro 1

Também haverá manifestação no Amapá, Rondônia, Piauí, Maranhão e Paraná e na Argentina, Alemanha, Austrália, Áustria, Espanha, França, Estados Unidos, Uruguai, Suíça, Suécia, Nova Zelândia, Inglaterra, México, Irlanda, Itália, Israel, Bélgica, Chile, Hungria, Portugal, Canadá e Holanda.

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

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Centrais sindicais divulgam nota de repúdio a “projeto fascista” de Bolsonaro

Lideranças de seis centrais sindicais divulgaram neste sábado (22), uma nota de repúdio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro.

O texto intitulado “Sindicalistas contra o projeto fascista de Bolsonaro” é assinado por dirigentes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical, CSB, Nova Central, Intersindical e CSP-Conlutas.

Leia abaixo o texto na íntegra:

Sindicalistas contra projeto fascista de Bolsonaro

Nós, sindicalistas brasileiros, das mais variadas tendências, que apoiamos candidatos de diversos partidos na próxima eleição presidencial, repudiamos o candidato Jair Bolsonaro.

Repudiamos por sua já conhecida postura contra a organização sindical, portanto, anti-trabalhadores, por sua postura antidemocrática, intolerante com minorias, que faz apologia da violência, e pela sua conivência com práticas repugnantes, como a defesa de torturadores.

O horizonte que ele nos apresenta é de um país marcado pela exploração do trabalhador, pela violência, pelo racismo, pela discriminação, pela repressão, pela dilapidação do patrimônio nacional, pelo desrespeito aos direitos humanos e pelo desrespeitoaos direitos democráticos, garantidos na constituição, e ameaça de retorno a ditadura militar.

E nossa luta, como sindicalistas, é justamente o oposto disso: queremos um país com geração de empregos, trabalhadores valorizados e com poder aquisitivo, com licença-maternidade, férias, décimo-terceiro salário, com a PEC das domésticas, com aposentadoria e respeito aos aposentados, valorização dos servidores públicos, um país marcado pela convivência pacífica e produtiva entre pessoas das mais diversas raças, origens, gêneros e culturas, queremos um Estado laico e, sobretudo, respeito aos direitos sociais e democráticos garantidos pela Constituição e à soberania nacional.

Por eleições democráticas e por dias melhores para o Brasil, conclamamos a que todos digam não a Bolsonaro!

São Paulo, 22 de setembro de 2018

MiguelTorres, Presidente interino da Força Sindical

JoãoCarlosGonçalvesJuruna, Secretário Geral da Força Sindical

AdilsonAraújo, Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

WagnerGomes, Secretário Geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

José Avelino Pereira, Chinelo, Presidente interino da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)

ÁlvaroEgea, Secretário Geral da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)

José Calixto Ramos, Presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST)

MoacyrAuersvald, Secretário Geral da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST)

Edson Índio, Secretário Geral da Intersindical

Nilza Pereira, da Direção Nacional da Intersindical

AtnagorasLopes,da Secretaria Executiva Nacional da CSP-CONLUTAS

Joaninha de Oliveira, secretaria Executiva Nacional da CSP-CONLUTAS

Portal da CTB

http://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/centrais-sindicais-lancam-nota-contra-bolsonaro

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Negociações coletivas mostram importância dos sindicatos

 Dados sobre negociação coletiva mostram importância dos sindicatos

A maioria esmagadora das entidades sindicais de representação dos trabalhadores realiza plenamente as funções que são de sua responsabilidade, negociando e produzindo direitos trabalhistas, por meio de instrumentos coletivos de trabalho, na contramão do que tem sido declarado publicamente.

O debate sobre o papel dos sindicatos no Brasil apresenta dados díspares sobre o número de entidades existentes no país e o trabalho por elas desenvolvido.

Ultimamente, informações que não refletem a realidade são utilizadas para justificar medidas que atacam o financiamento sindical, baseadas no argumento de que a maior parte das instituições possui pouca ou nenhuma representatividade junto aos trabalhadores e, efetivamente, não negocia.

Nessa visão simplista e, por vezes, mal-intencionada, os sindicatos que não negociam deveriam simplesmente ser fechados. O ataque ao custeio dessas instituições serviria para quebrá-las financeiramente.

Os sindicatos laborais são instituições criadas pelos trabalhadores desde a 1ª Revolução Industrial no século 21. Os trabalhadores se associam e reúnem força política para produzir e defender seus direitos.

São instituições fundamentais para a sociedade, pois atuam para gerar equilíbrio nos sistemas de relações de trabalho, visando criar obstáculos à exploração dos trabalhadores e à submissão dos indivíduos ao poder do empregador.

A negociação é uma das dimensões da atuação sindical, parte essencial de um leque de inúmeras outras atribuições dessas entidades, que representam trabalhadores assalariados, servidores públicos, autônomos, agricultores familiares, trabalhadores avulsos e profissionais liberais.

Negociar é um dos principais meios para se chegar a qualquer acordo ou regulação. O poder efetivo da negociação varia segundo as características do modelo de relações de trabalho vigente em cada país.

A ação sindical se materializa em movimentos de reivindicação e defesa de direitos, muitos dos quais são tratados nas negociações coletivas e podem ser assegurados em acordos e convenções. Outros serão tratados na regulação geral da legislação ou em instrumentos normativos aprovados ou deliberados no âmbito do Legislativo, Executivo ou Judiciário.

No Brasil, tanto trabalhadores como empregadores se organizam em sindicatos.

Uma análise sobre o número e a atuação de entidades sindicais no Brasil pode ser realizada hoje por meio do Cadastro Nacional de Entidades Sindicais (Cnes) e do Sistema Mediador, ambos mantidos pelo Ministério do Trabalho (MTb).

O Cnes possibilita pesquisa sobre número e perfil de entidades de trabalhadores e patronais legalmente constituídas no país.

Já o Mediador é um sistema para protocolar convenções e acordos coletivos firmados após negociação entre entidades patronais (ou empresas) e sindicatos de trabalhadores, que permite, em tese, pesquisar todos os documentos resultantes das negociações realizadas no país desde 2009, quando o registro se tornou obrigatório. São dois importantes bancos de dados que devem ser analisados quando se quer avaliar o papel dos sindicatos.

Segundo o Cnes-MTb, há, no país, 17.516 entidades sindicais (informações de maio/2018). Aquelas que representam trabalhadores totalizam 12.052, enquanto as patronais são 5.464.

Para a representação patronal, há 14 confederações, 178 federações e 5.272 sindicatos. Já a estrutura que representa os trabalhadores reúne 11.578 sindicatos, 424 federações, 36 confederações e 14 centrais sindicais.

A seguir, o número de sindicatos de trabalhadores, de acordo com o tipo de profissionais representados, e a quantidade de acordos e convenções registrada no Mediador para cada grupo:

– 880 sindicatos de trabalhadores (empregados assalariados). Desses, 89% (4.354) negociaram e protocolaram acordos e/ou convenções coletivas no Sistema;

– 952 sindicatos de trabalhadores rurais, dos quais 33% depositaram instrumentos coletivos negociados no Mediador. A maioria (67%) não possui registro no Sistema, o que pode ser explicado, em parte, pelo fato de muitas entidades representarem trabalhadores da agricultura familiar;

– 200 sindicatos de servidores públicos, dos quais 11% inseriram algum instrumento coletivo no Mediador, representando servidor assalariado celetista. A maioria (89%) das entidades não possui nenhum registro, pois o direito de negociação coletiva ainda não foi regulamentado no setor público;

– 657 sindicatos de categorias diferenciadas, dos quais 73% dispõem de instrumentos coletivos no Sistema Mediador;

– 475 sindicatos de profissionais liberais, entre os quais, 48% possuem registro de acordo ou convenção no Sistema;

– 268 sindicatos de trabalhadores autônomos, dos quais 14% registraram instrumento coletivo no Sistema; e

– 137 sindicatos de trabalhadores avulsos, 51% com acordo ou convenção inserido no Mediador.

Como mostram os números, 6.400 sindicatos de trabalhadores (55% das entidades sindicais de base) negociam e registraram instrumentos coletivos no Sistema Mediador.

Entre os 5.178 sindicatos ausentes do Sistema, cerca de 80% (3.930) representam trabalhadores rurais ou servidores públicos, que, conforme já mencionado anteriormente, pouco praticam a negociação coletiva de trabalho — os rurais pelo peso considerável da agricultura familiar e os servidores, por não terem o direito à negociação regulamentado.

As demais entidades que não inseriram documentos no Mediador (1.248) — e que correspondem a pouco mais de 10% do total de sindicatos de trabalhadores — não negociaram em função da natureza de sua representação.

Uma parcela delas representa trabalhadores cujas condições de trabalho e remuneração não são sujeitas à negociação coletiva — como avulsos, autônomos e profissionais liberais, entre outros; a outra parte representa trabalhadores que podem ser abrangidos por convenções e acordos coletivos negociados por outras entidades sindicais, como, por exemplo, as majoritárias na representação de funcionários de uma empresa.

Diferentemente do que defendem alguns, os dados estatísticos do Ministério do Trabalho revelam que aproximadamente 90% das entidades sindicais de trabalhadores que devem e podem estabelecer acordos ou convenções coletivas exercem essa tarefa.

Em outras palavras, a maioria esmagadora das entidades sindicais de representação dos trabalhadores realiza plenamente as funções que são de sua responsabilidade, negociando e produzindo direitos trabalhistas, por meio de instrumentos coletivos de trabalho, na contramão do que tem sido declarado publicamente. Afirmar o oposto, sem fundamentação, é buscar quebrar e aniquilar essas instituições e, com isso, tirar dos trabalhadores um instrumento eficaz para a resistência à exploração.

Clemente Ganz Lúcio* –  Sociólogo e professor universitário. Diretor técnico do Dieese desde 2003. É membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Publicado originalmente no portal Poder360

DIAP

http://www.diap.org.br/index.php/noticias/agencia-diap/28473-dados-sobre-negociacao-coletiva-mostram-importancia-dos-sindicatos

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Eleições 2018: por uma política educacional que enfrente as desigualdades

Aos poucos a educação tem ganhado mais espaço no cenário eleitoral, sobretudo em debates públicos recentes com os presidenciáveis ou suas equipes. O tema, porém, ainda está distante de ter toda a atenção que merece. Afinal, estão em jogo não só o futuro dos quase 55 milhões de estudantes da Educação Básica e do Ensino Superior, como também de quase 30% da população brasileira de 15 anos ou mais que é analfabeta funcional e, claro, das próximas gerações que acessarão as escolas.

Há mais de trinta anos, em 1987, vivíamos o processo de redemocratização, quando o país planejava seu futuro nos debates da Constituinte para garantir uma democracia de fato e de direito. A busca era por uma sociedade mais justa, menos desigual e com educação de qualidade para todos. Avançamos em três décadas? Sim, progredimos em acesso à escola, universalização e avaliação, mas ainda estamos longe de assegurar o direito à educação de qualidade para todos.

A dívida histórica do País afeta principalmente a população negra e os mais pobres no exercício de sua cidadania e em sua atuação profissional. A Pnad 2015 revelou que a taxa bruta de matrículas no Ensino Superior entre os brancos foi de 46%, enquanto que entre pretos e pardos esses percentuais foram de apenas 28,7% e 25,7%, respectivamente. Ao mesmo tempo, ainda temos 2,5 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola.

Outro dado nos alarma: os resultados da última Avaliação Nacional de Alfabetização indicam que praticamente a metade dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental alcançou desempenho insuficiente em leitura e matemática em 2016.  Além disso, enquanto só 17,1% das crianças com nível socioeconômico mais baixo alcançaram o nível suficiente em matemática, entre os mais ricos esse percentual chega a 85,5%.

Frente a desafios tão complexos, nós, educadores, reafirmamos a importância de que o novo governo que se inicia em 2019 consolide uma política de Estado para a educação, pautada pelo enfrentamento das desigualdades educacionais. Isso só será possível se o Plano Nacional de Educação, instituído por Lei até 2024, retomar seu papel central, tanto nas políticas educacionais, quanto na agenda econômica e de desenvolvimento.

Dentre as 20 metas do PNE, algumas merecem destaque por seu papel estrutural na garantia de educação de qualidade. É urgente superarmos a falsa dicotomia entre a necessária ampliação dos investimentos e a melhoria da gestão; ambas são fundamentais e devem caminhar juntas. São urgentes também a regulamentação do regime de colaboração e a construção do Sistema Nacional de Educação, ambos já previstos no Plano Nacional de Educação.

Leia Também:
O que 10 presidenciáveis propõem para a educação
Os presidenciáveis citam o Plano Nacional de Educação em suas propostas?

A atuação docente é fundamental para uma educação de qualidade. Temos mais de 2 milhões de professores que carecem de políticas adequadas de formação e de valorização, com bons salários, planos de carreira e condições adequadas de trabalho.

A implementação da Base Nacional Comum Curricular é outro passo importante para promoção da equidade, mas não o único. Se, por um lado, conseguimos avançar nas discussões curriculares para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, há muito o que ser aperfeiçoado na proposta de base do Ensino Médio.

Essa discussão não pode estar dissociada da reforma aprovada em 2017 pelo governo federal. A proposta de flexibilização curricular no Ensino Médio talvez seja um caminho para responder às demandas formativas das juventudes, mas é preciso atenção para que a diversidade nas formas de oferta dessa etapa não se traduza em mais desigualdades.

São inúmeros e enormes os desafios. Por isso, convocamos toda a sociedade a acompanhar o debate eleitoral e a cobrar dos candidatos ao governo federal, aos governos estaduais e ao Legislativo propostas concretas e responsáveis, que fortaleçam a democracia e proporcionem a igualdade de direitos e de oportunidades para todos. Nenhum brasileiro a menos na escola! Essa é a palavra de ordem do CENPEC. Essa é a condição para termos um país mais justo, desenvolvido e fraterno.

Monica Gardelli é pedagoga e diretora geral do CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária

Carta Educação

http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/eleicoes-2018-por-uma-politica-educacional-que-enfrente-as-desigualdades/

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Anamatra lança campanha: O que a Justiça do Trabalho tem a ver com você?

A Anamatra lançou em suas redes sociais a campanha “O que a Justiça do Trabalho tem a ver com você?”. A ideia é esclarecer, em um vídeo didático, a importância desse ramo do Judiciário, suas competências, bem como chamar a atenção para o voto consciente.

A campanha foi aprovada pelo Conselho de Representantes e contou com a contribuição de todas as 24 Amatras e associados, que apoiaram a ideia inicial, apresentada pelo juiz Farley Ferreira, presidente da Amatra 2 (SP).

Assista:

O lançamento oficial da iniciativa ocorreu no Rio de Janeiro (RJ), precedendo a cerimônia de entrega da 8ª edição do Prêmio Anamatra de Direitos Humanos, que aconteceu no Centro Cultural Justiça Federal. O vídeo, em versões de 30 segundos e 1 minuto, foi publicado na fanpage da Anamatra no Facebook, no Twitter, na lista de transmissão do Whatsapp para os associados e também no Youtube.

Na solenidade, a  diretora de Comunicação Social da Anamatra, Patrícia Lampert, falou sobre a iniciativa. Segundo ela, a pergunta “O que a Justiça do Trabalho tem a ver com você?” é de resposta simples para os juízes do Trabalho. “É o ramo que escolhemos para, diuturnamente, atuar por condições de trabalhos justas para empregados e empregadores e o bem-estar social consagrado na Constituição Federal. Mas, para muitas pessoas, a Justiça do Trabalho representa um entrave ao desenvolvimento do país”, alertou.

Anamatra

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Revogação da EC 95 é pauta prioritária para a educação

 

Por Alan Francisco de Carvalho*

Quando, no dia 13 de dezembro de 2016, o Senado Federal aprovou a então Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 241/55, concretizou-se o golpe dentro do golpe. Em 31 de agosto daquele ano, aquele mesmo plenário havia aprovado a destituição da presidenta Dilma Rousseff, que se materializou como a confirmação do golpe parlamentar-jurídico-midiático que vinha sendo costurado.

Pouco mais de três meses depois, num dia de triste simbologia — aniversário do Ato Institucional Número 5 — a PEC 241/55, transformada na Emenda Constitucional (EC) 95, significou o desmonte do próprio Estado brasileiro e a pá de cal em toda e qualquer política pública voltada para o desenvolvimento soberano do país e para a redução da desigualdade social, fazendo, ao invés disso, uma reordenação dos gastos públicos e das prioridades do governo de acordo com os interesses de classe do mercado.

Não é à toa que a revogação da EC 95 é um dos temas caros a esta eleição. Se o pleito, em si, dirá muito sobre nossa capacidade ou incapacidade de restaurar a ordem democrática — e a liderança de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas é preocupante e fala bastante a respeito disso —, é imprescindível ter em vista que a anulação da emenda é essencial para reabilitar nossa capacidade de investimento em saúde, educação e segurança públicas (entendendo que uma política de segurança efetiva passa por ações e programas de distribuição de renda, pleno emprego, direitos trabalhistas sólidos e de combate à pobreza e à desigualdade) e assistência social.

Especificamente sobre a educação, já foi mais do que analisado que a EC 95 representa a inviabilização de qualquer política educacional até o fim 2026 (considerando os 20 anos de congelamento de investimentos), incluindo o próprio Plano Nacional de Educação (PNE). O candidato da extrema direita e líder das pesquisas votou favorável à medida na Câmara dos Deputados e já disse que pretende a mágica de alcançar metas educacionais sem prever a utilização de novos recursos. Do outro lado estão Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) como seus possíveis adversários no segundo turno.

As propostas de Ciro Gomes incluem, entre outras: eliminar o subfinanciamento da educação e da saúde causado pela emenda do teto de gastos; implantar creches de tempo integral para crianças de 0 a 3 anos, em parceria com as Prefeituras; criar Escolas Profissionalizantes de Tempo Integral, com ensino médio integrado ao ensino técnico; elevar a média de anos de estudo da população, criando um programa de redução da evasão no ensino médio, premiando as escolas em que a evasão for reduzida e o desempenho dos alunos melhorado; ampliar a oferta de vagas nas universidades públicas; prosseguir com as políticas de cotas, estreitar laços com políticas e ações no campo da ciência, tecnologia e inovação; fortalecer o CNPq e suas instituições de pesquisa; estimular a produção de conhecimento aplicado ao desenvolvimento tecnológico e associado entre empresas e universidades.

Por sua vez, o programa de governo de Fernando Haddad para a educação agrega, entre outros pontos: revogar a emenda do teto de gastos; retomar os recursos dos royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-Sal para saúde e educação; expandir as matrículas no ensino superior e nos ensinos técnico e profissional; priorizar o ensino médio e criar o Programa Ensino Médio Federal, ampliando a participação da União nesse nível de ensino (algumas das propostas são fazer convênio com estados para assumir escolas situadas em regiões de alta vulnerabilidade e criar um programa de permanência para jovens em situação de pobreza); revogar a reforma do ensino médio do governo Michel Temer; realizar anualmente uma Prova Nacional para Ingresso na Carreira Docente na rede pública de educação básica; criar a Escola com Ciência e Cultura, em contraponto à Escola Sem Partido (que tenta amordaçar o magistério e impedir o pensamento crítico), para valorizar a diversidade.

Alguns setores dos movimentos sociais e do movimento sindical consideram as duas candidaturas, juntamente com a de Guilherme Boulos (PSOL), como aquelas pertencentes ao campo progressista; outra parte desses movimentos apontam apenas Haddad e Boulos como nomes desse campo, compreendendo Ciro não como progressista, mas apenas como oposição ao governo Temer. De uma forma ou de outra, é notório que a primeira proposta de ambas as chapas seja a revogação da EC 95, demonstrando preocupação com o financiamento e expressando a importância da ampliação de recursos para a educação.

*Alan Francisco de Carvalho é coordenador da Secretaria de Comunicação Social da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee

Da Carta Educação (http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/revogacao-da-ec-95-e-pauta-prioritaria-para-a-educacao/)