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O problema da Educação não são os professores, senhor Ministro!

servletrecuperafotoApós o inaceitável pronunciamento do Ministro da Educação Aloizio Mercadante em que culpa os professores pelos problemas da educação brasileira, a Contee reforça sua indignação abrindo espaço para opiniões importantes e fundamentais, como a Professora Titular da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais na área de Políticas Públicas e Educação, pesquisadora PQ-1A/CNPq e Coordenadora da Rede Latino-americana de Estudos sobre Trabalho Docente (Rede Estrado), Dalila Andrade Oliveira.

 

O problema da Educação não são os professores, senhor Ministro!

Em entrevista ao Jornal Folha no dia 28 de novembro passado, o Ministro Mercadante afirmou que se o país formasse médicos como professores, pacientes morreriam. Essa afirmação incomodou muito os professores e a comunidade educacional. Uma das primeiras razões desse incômodo pode ser atribuída ao fato de que sendo ele o principal responsável pelas políticas públicas de educação neste país, pelo menos em âmbito federal, tal constatação genérica e simplista, que poderia ser feita por qualquer cidadão leigo, ganha enorme relevância, pois se espera que como Ministro de Educação seus depoimentos públicos sejam consequentes e baseados em dados de realidade. Ao comparar a formação dos professores e médicos, contribui para a banalização de algo que é extremamente sério: a quem o Estado entrega o bem-estar de sua população. E o faz comparando processos e profissões que guardam enormes disparidades e diferenças. A primeira delas poderia ser atribuída à formação, considerando o currículo, a duração e os processos de sele
ção e, ainda, a natureza dessas profissões e os graus de intervenção que cada uma prevê. Mas, ainda que pudéssemos desconsiderar tudo isso, ao fazer essa comparação, o Ministro não levou em conta que os cenários da educação e da saúde nesse aspecto são muito parecidos, o que invalida seu argumento. Por exemplo, segundo o mesmo Jornal, em 22/01/2014, quase 60% dos médicos que realizaram o exame aplicado em 2013 pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) foram reprovados. O Jornal O Globo, na mesma data, informou que no resultado da avaliação, divulgado pela entidade, 1.684 dos 2.843 participantes que estudaram em São Paulo foram reprovados, sendo 71% destes egressos de faculdades privadas. Dos formados em instituições públicas, o índice de reprovação ficou em 34%.

Percebe-se então que o problema que o Ministro identifica na Educação está presente da mesma forma na Saúde, ou seja, se alguma generalização pode ser feita é que precisamos com urgência discutir a qualidade oferecida pelas instituições privadas de educação superior. Como o Ministro mesmo reconhece, “o grosso dessa formação está na rede privada”, então vemos que a generalização não é justa e deveria indicar, ao contrário do que ele afirma, que “os cursos de pedagogia e licenciaturas são essencialmente teóricos” (antes fossem!), que as políticas públicas em educação no país, às quais ele é o principal responsável, deveriam cobrar mais do setor privado ao invés de beneficiá-lo com programas como o FIES, que tem engolido substantiva parte dos recursos que poderiam ser dirigidos às universidades públicas para ampliar a boa formação dos profissionais brasileiros em seu conjunto e não só na área de educação e saúde.

Outro comentário discutível que faz o Ministro na referida entrevista é com relação ao fato de que, apesar de o MEC ter oferecido 90 mil bolsas para o Pibid, apenas 18% desses bolsistas, quando formados, foram para as redes públicas. Ora, gostaria de indagar ao Ministro se ele tem acompanhado a realização de concursos (ou a falta deles) nas redes públicas de ensino estaduais e municipais? Isso é necessário para saber se esse dado corresponde a professores concursados, pois, do contrário, o que se oferece a esses jovens são condições precárias, sem qualquer estabilidade, baixos salários e ausência de expectativa de crescimento na carreira. Então, mais uma vez, o Ministro vê o problema, mas parece que busca a solução no lugar errado; o problema não é a Faculdade, mas as condições de trabalho que os docentes brasileiros têm que estão entre as piores do mundo. Sem atacar essas condições objetivas não avançaremos no ritmo necessário, não adianta buscar fórmulas mágicas.

O Ministro assume, em alguns momentos da referida entrevista, que a política educacional dos últimos anos teve importantes acertos tais como a inclusão de milhares de crianças e jovens no sistema educacional. Estou inteiramente de acordo com ele e é por isso que considero preocupante muitos de seus argumentos, pois, apesar de algumas vezes insistir em ressaltar a complexidade da educação, acaba cedendo a simplificações, contrariando os processos que reconhece que levaram a essa significativa inclusão, como afirma não só na entrevista, mas na sua tese de doutoramento: “Pela primeira vez avançamos na construção de uma verdadeira estabilidade econômica. Mas o aspecto mais marcante do governo Lula foi a centralidade que ganharam as políticas de renda e de inclusão social. A visão anterior, segundo a qual os problemas sociais seriam resolvidos essencialmente pelo mercado complementado por políticas de caráter compensatório, foi substituída por uma ação sistemática e enfática no combate à pobreza e às desigualdad
es sociais, o que contribuiu decisivamente para a forte dinamização do mercado interno de consumo de massas” (Oliva, 2010).

Esperamos do Ministro e do Ministério mais que análises apressadas sobre a educação pública que apelam para soluções que estão na ordem do mercado, tais como políticas de premiação e bonificação aos docentes vinculadas ao desempenho dos alunos, ou ainda, entregar a administração de escolas públicas às Organizações Sociais (OS). Os médicos não são avaliados pela quantidade de óbitos nem pela quantidade de vida que salvam, por que os professores teriam de responder pelas trajetórias dos seus alunos, especialmente, daqueles originários de setores sociais que por séculos estiveram fora do sistema escolar? Nossa experiência recente é de muitas conquistas, é de grandes avanços, sobretudo no que se refere à ampliação de direitos e justiça social, não podemos perder essa perspectiva, não podemos condenar essa população a mais séculos e séculos de exclusão. Talvez a razão de tanto incômodo é que esses argumentos vieram de um ministro de um governo que se autodenomina democrático-popular, que tem como lema a Pátria Edu cadora e que está comprometido com a inclusão social, com um Brasil que seja um país de todos.

 

 

Fonte: Contee

 

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Pauta da Câmara dos Deputados aborda temas relacionados à educação e violência contra mulher

 

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Nesta semana que se inicia o mês de dezembro a Câmara de Deputados vai realizar importantes agendas nas comissões parlamentares e plenário.

Na terça-feira, 1º, às 9h, a Comissão de Educação organiza Seminário internacional sobre o desenvolvimento socioemocional e a educação, com o objetivo de debater as abordagens da emoção e da inteligência na educação e avaliar os seus impactos nas escolas brasileiras e sua contribuição para a melhoria do processo de ensino/aprendizagem. O diretor da Contee e presidente do Sinpro Goias, Alan Francisco de Carvalho acompanhará a referida atividade.

A Frente Parlamentar Mista da Educação e a Comissão de Educação realizam juntas na quarta-feira, às 8h, oCiclo Educação em Debate Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Foi convidado a participar o secretário da Educação Básica do Ministério da Educação, Manuel Palácios Cunha Melo. Até 15 de dezembro, o governo irá receber contribuições para este novo currículo, já disponível para consulta pública. A proposta final deverá ser entregue até abril ao Conselho Nacional de Educação. A Contee e demais entidades nacionais reivindicam junto ao MEC a ampliação do prazo.

No mesmo dia, às 9h, a Secretaria da Mulher da Câmara, a Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher, e a Procuradoria Especial da Mulher do Senado organizam o Seminário Mulheres, Violência e Mídias Sociais. O evento integra as ações do Congresso relativas à campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”.

A Comissão de Educação se reúne novamente na quinta-feira (3) para audiência pública que irá discutir os problemas e desafios dos campi fora das sedes das universidades federais do Brasil. Foram convidados, entre outros, o reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Gilciano Saraiva Nogueira; e o vice-diretor do campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fabrício de Oliveira Ourique.

 

Fonte: Contee

*Com informações de Câmara dos Deputados

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Professores do Colégio OMNI conquistam título da III Copa Sinpro Goiás de Esporte

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A III Copa Sinpro Goiás Esporte chegou ao fim neste domingo (29/11) com o confronto entre Colégio OMNI e Universo. Numa disputa acirrada entre as duas equipes, o time do Colégio OMNI levou a melhor ao vencer a Universo pelo placar de 5 x 3.

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No primeiro tempo de partida a equipe do Colégio OMNI abriu o placar com Cacá e ampliou a vantagem com Marcelo. A Universo até tentou, mas não conseguiu marcar no primeiro tempo. Mesmo com Colégio OMNI na frente, os ânimos estavam à flor da pele com muitas faltas, bate boca, criticas a arbitragem, o que ocasionou a expulsão dos jogadores Bruno do Colégio OMNI e Gilmar “Pikachu” no segundo tempo.

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A Universo conseguiu diminuir a diferença no placar com Lasáro no bate e rebate dentro da área, porém, o nome do jogo, Denis, apareceu na sequência  e tratou de jogar um balde de água fria no ímpeto da Universo, ampliando o marcador para 3 x 1.

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E mais uma vez Denis apareceu e marcou o seu segundo gol, ampliando ainda mais a vantagem do Colégio OMNI que agora vencia por 4 a 1. No entanto a Universo não desistiu e lutou até conseguir diminuir o marcador para 4 x 2, com mais um gol de Lasáro.

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A Universo chegou a assustar o adversário diminuindo a diferença no resultado, após cobrança de tiro livre feita pelo goleiro Bambam, que com o rebote do goleiro adversário, fez o terceiro gol da Universo. Faltando três minutos para o fim da partida, a Universo lutava pelo gol de empate, para poder levar a partida para a prorrogação, mas, em uma manhã inspirada Denis marcou o seu terceiro gol no jogo e fechando o placar de 5 x 3 em que o Colégio OMNI se sagrou campeão de futebol society do campeonato.

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Em entrevista concedida ao jornal Diário da Manhã, Denis afirmou que sua equipe já havia chegado perto em outras oportunidades, mas que não havia obtido sucesso. “Nossa equipe vem trabalhando desde o ano passado para chegar ao nosso objetivo que era conquistar o título. Lutamos muito e hoje prevaleceu a fé e determinação”, ressaltou. Denis ainda fez questão de elogiar o adversário, pela qualidade mostrada dentro de toda a competição, fazendo justiça por ter chegado a grande final.

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Do outro lado Lasáro que marcou dois dos três gols da Universo, afirmou que a equipe sentiu falta de Wendell na partida. “A parte técnica da nossa equipe não prevaleceu e por isso o resultado foi negativo”, explicou. Assim como Denis, Lasáro fez questão de parabenizar a equipe adversária e afirma que eles foram merecedores da conquista deste título.

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Para o diretor da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – Sinpro Goiás, Prof. Genésio Carlos Zaffalon este campeonato foi muito positivo porque houve uma melhoria na logística para a realização do evento. “Este campeonato foi excelente! Em todas as copas sempre surgem problemas, mas a parte positiva superou. O Sinpro está de parabéns! O sucesso não é só do nosso departamento de Esportes, mas sim dos demais departamentos do sindicato”, comemora.

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Segundo Prof. Willian,  que também é diretor da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer, mais uma vez o esporte conseguiu integrar os professores das escolas privadas, em especial, através do futebol mostrando uma grande integração apesar dos conflitos e das disputas dentro de campo. “Acho que a integração foi o ponto máximo da organização e com certeza para 2016 o Sinpro Goiás estará se organizando ainda mais para tentar agradar a todos o máximo possível. E a ferramenta esporte sendo este mediador da integração e também promovendo uma certa consciência dos professores que também passa a ser uma preocupação do sindicato”, enfatiza.IMG_1610

O presidente do Sinpro Goiás, Prof. Alan Francisco de Carvalho salientou a importância deste campeonato como atividade do sindicato para a promoção do lazer aos professores. “Este campeonato é fundamental para a integração dos professores e suas famílias, além de aproximar e fortalecer a entidade junto a nossa categoria”,destaca.

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Após o jogo houve a premiação e uma confraternização organizada pelo sindicato. A Copa Sinpro Goiás de Esporte é um evento realizado pelo Sinpro Goiás por meio da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer e tem como objetivo proporcionar lazer e bem estar seus associados e familiares.

 

 

E a premiação foi feita da seguinte forma:

Categoria Nome  Equipe Pontuação
Artilheiro  Gilmar (Pikachu) Universo  18 gols
2º artilheiro  Carlos Eurides (Cacá) Colégio OMNI 10 gols
Goleiro menos vazado  Bambam Universo 15 gols
Equipe disciplinada (critério cartões)  Universo  Universo  
        –

 

 

Por

Elen Aguiar

Assessora de Comunicação e Marketing do Sinpro Goiás

Apoio:

Hélio Lemes

Jornal Diário da Manhã

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Considerações sobre o trabalho e sua valorização no Brasil

josegeraldoA valorização do trabalho humano, base da Ordem Econômica da Constituição Federal, foi tema de debate na reunião da Diretoria Ampliada da Contee no sábado, 28 de novembro. Mais uma vez o assessor jurídico da Contee, José Geraldo de Santana Oliveira contribui para o conhecimento do tema e do debate.

A Constituição Federal (CF), de 1988, em seu Art. 1º, erige a dignidade da pessoa humana (inciso III) e os valores sociais do trabalho (inciso IV) como integrantes dos cinco fundamentos, sobre os quais se assenta a República Federativa do Brasil.

No Art. 170, caput, dispõe que a Ordem Econômica funda-se na valorização do trabalho humano; e, no 193, que a Ordem Social tem como base o primado do trabalho.

Pois bem. Passados mais de vinte e sete anos da promulgação da CF, os poderes da República, a quem cabe a inafastável obrigação de dar efetividade a estes fundamentos, pouco fizeram para tanto. No entanto, muito fizeram e continuam fazendo para esvaziá-los e transformá-los em meras declarações de intenções, sem efetividade e sem ressonância social. É raro o mês que não se noticia a produção de propostas de emendas constitucionais (PECs) e projetos de leis (PLs), com a finalidade de suprimir e/ou diminuir o alcance destes fundamentos.

À inércia do Poder Executivo e do Legislativo quanto à regulamentação de garantias constitucionais- como, por exemplo, a proibição de dispensa arbitrária ou sem justa causa, inserta no Art. 7º, inciso I, da CF-, somam-se as interpretações de dispositivos legais, que tocam profundamente a vida dos trabalhadores, dadas pelo Poder Judiciário, em sentido diametralmente oposto aos fundamentos, princípios e garantias constitucionais.

Não é rara a interpretação extensiva, quando é para beneficiar o empregador, como a que se dá ao aviso prévio. Nos termos do Art. 7º, da CF, este é direito exclusivo do empregado. Mas, como o Art. 487, § 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com redação anterior à CF, de 1988, estende-o ao empregador, a Justiça do Trabalho, na contramão desta, mantém entendimento firme de que este dispositivo continua em vigor. Ou seja, tento para o empregador.

No entanto, quando a interpretação conforme a CF beneficia o empregado, a Justiça do Trabalho o faz de forma restritiva, com o claro propósito de lhe diminuir o alcance.

Dentre as muitas aflições decorrentes de interpretação restritiva da Justiça do Trabalho, que atormentam os trabalhadores brasileiros, em seu cotidiano, encontra-se a que se dá ao § 6º, do Art. 477, da CLT, que trata do prazo limite para o pagamento de verbas rescisórias, decorrentes de rescisões de contrato.

Consoante este §, “ O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos: a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento”.

Apesar de a rescisão de contrato de trabalho revestir-se complexidade, não se resumindo ao pagamento de verbas rescisórias, pois que envolve também o seguro desemprego, (Lei N. 7998/1998), e saque do FGTS (Lei N. 8036/1990), quando aquela decorrer de dispensa sem justa causa; o TST aplica ao § 6º, do Art. 477, da CLT, interpretação literal.

Desafortunadamente, para os empregados, o entendimento consolidado no TST é o de que se o pagamento for efetuado até a data limite, não há prazo para a homologação do termo de rescisão de contrato, e, como consequência, não há penalidade para a empresa que o não fizer concomitantemente com o pagamento das verbas rescisórias.

Ainda na esteira da conveniente interpretação restritiva, o TST entende que, se a rescisão do contrato de trabalho tiver como causa a morte do trabalhador, não há prazo legal nem mesmo para o pagamento das verbas rescisórias, posto que esta modalidade de rescisão não é prevista no comentado § 6º, do Art. 477, da CLT.

O Ministério do Trabalho e Emprego (M T E) segue idêntica trilha, como se colhe de sua Instrução Normativa (IN) N. 3/2002, que assim dispõe:

“DOS PRAZOS

Art. 11. Ressalvada a disposição mais favorável prevista em convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa, o pagamento das parcelas devidas a título de rescisão contratual deverá ser efetuado nos seguintes prazos:
I – até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou
II – até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, no caso de ausência de aviso prévio, indenização deste ou dispensa de seu cumprimento.
§ 1º (Revogado)
§ 2º Na hipótese do inciso II, se o dia do vencimento recair em sábado, domingo ou feriado, o termo final será antecipado para o dia útil imediatamente anterior.
§ 3º A inobservância dos prazos previstos neste artigo sujeitará o empregador à autuação administrativa e ao pagamento, em favor do empregado, do valor equivalente ao seu salário, corrigido monetariamente, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador tiver dado causa à mora.
§ 4º O pagamento das verbas rescisórias em valores inferiores aos previstos na legislação ou nos instrumentos coletivos constitui mora do empregador, salvo se houver quitação das diferenças no prazo legal.
§ 5º O pagamento complementar de valores rescisórios, quando decorrente de reajuste coletivo de salários (data-base) determinado no curso do aviso prévio, ainda que indenizado, não configura mora do empregador, nos termos do art. 487, § 6º, da CLT”.

Confortados por tal interpretação restritiva, que nega os preceitos constitucionais, a cada dia cresce o número de empresas que se limitam a depositar, na conta bancária do trabalhador, as verbas rescisórias, no prazo limite; sabedores de que não serão punidas por esta conduta dolosa, deixam a homologação do termo de rescisão mofar-se em suas mesas, por meses a fio.

Como já anotado, a falta de homologação do termo de rescisão de contrato de trabalho, com mais de um ano de duração, impede o trabalhador de sacar o FGTS e de requerer o seguro-desemprego. Com isto, ele fica sem emprego, sem FGTS, sem seguro desemprego , sem amparo e à míngua da própria má sorte. A isto, os poderes da República chamam de valorização do trabalho humano.

Muito se tem discutido sobre o que fazer para coibir esta criminosa prática empresarial, que se avoluma a cada dia, aumentando o sofrimento dos já desamparados desempregados.

Tomando-se por base a letra da lei e o entendimento da Justiça do Trabalho e do MTE, somente um caminho se apresenta como seguro e insuscetível de interpretação restritiva, qual seja o da alteração do § 6º, do Art. 477, da CLT, incluindo-se, nos prazos por ele previstos, a obrigatoriedade de homologação do termo de rescisão de contrato, sob pena de incidência da multa de um salário, estabelecida pelo § 8º, deste Art.. Justificativas para esta alteração sobejam.

Para que o realçado dispositivo legal alcance, também, o ato de homologação de contrato, a sua redação deve dizer, ao menos, o seguinte:

“ § 6º – O pagamento das verbas rescisórias e a competente homologação dos correspondentes termos de rescisão de contrato de trabalho, quando esta for legalmente exigida, devem ser obrigatoriamente efetivados, nos seguintes prazos: a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência de aviso prévio, indenização deste, dispensa de seu cumprimento ou morte do trabalhador”.

 

 

Fonte: Contee

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Contee comemora 25 anos de luta e recebe homenagem na Câmara dos Deputados

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Em 2015 a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) comemora 25 anos de luta em defesa de melhores condições de vida e trabalho para toda categoria, bem como para os trabalhadores(as) em geral.

Entre os eventos em comemoração ao aniversário da entidade está a homenagem da Câmara dos Deputados, nesta sexta-feira (27). A sessão solene será realizada a partir das 15h no Plenário Ulysses Guimarães e foi proposta pelo deputado Wadson Ribeiro(PC do B – MG).

Durante seus 25 anos de atuação no setor, a Contee se mantém firme na defesa da educação como direito e bem público, de responsabilidade do Estado. A Confederação defende o fortalecimento da educação pública, democrática, laica e de qualidade referenciada socialmente, assim como a luta incessante pela regulamentação do setor privado de ensino no mínimo no moldes exigidos ao setor público. O combate à mercantilização e à desnacionalização da educação e a luta pelo desenvolvimento do País, com distribuição de renda, justiça social e soberania nacional também são prioridades da Confederação.

 

Sobre a Contee

A Contee é uma entidade sindical de terceiro grau que congrega quase uma centena de sindicatos e federações de professores(as) e técnicos(as) e administrativos(as) do setor privado de ensino, da educação infantil à superior – representando atualmente cerca de mais de 1 milhão de trabalhadores(as) brasileiros(as).

A Contee atua internacionalmente tanto nas relações sindicais quanto educacionais e trabalhistas e para tanto é filiada a Confederação dos Educadores Americanos (CEA), a Sindical de Educação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP-SE), a Internacional da Educação (IE). e a Federação Internacional de Sindicatos de Educadores (FISE).

 

Outras informações:

Cristina Castro – Coordenadora da Secretaria de Comunicação Social da Contee: (32) 99112-6962

Assessoria de Comunicação da Contee: (32) 99113-2540

 

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Dia Internacional pelo Fim da Violência Contra as Mulheres é comemorado em 25 de novembro

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Na data de hoje 25/11 é comemorado o Dia Internacional pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, proposta pela Organização das Nações Unidas – ONU. Este dia foi escolhido no Encontro Feminista Latino Americano e Caribenho, em 1981, para homenagear as irmãs Mirabal, assassinadas durante a ditadura Trujillo na República Dominicana. Desde 1991, mulheres de mais de 160 países promovem manifestações combatendo todo tipo de agressão e buscando a igualdade de gênero.

Segundo dados do Mapa da Violência 2015, o Brasil está em 5º no ranking mundial de assassinatos de mulheres. O estudo, feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), também observou um aumento de 54% no número de assassinatos de mulheres negras em dez anos: de 1.824, em 2003, para 2.875, em 2013. Só o estado de Goiás ocupa o 3º lugar de mortes violentas contra mulheres. A pesquisa mostra que em 2003 foram registrados 143 casos. Já em 2013, esse número passou para 271, ou seja, uma alta de 89%.

De acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, somente no primeiro semestre deste ano o Ligue 180 recebeu 32.248 denúncias de violência contra as mulheres, o que dá 179 casos relatados por dia. Ainda de acordo com a secretaria, de 1980 a 2013 foram assassinadas 92 mil mulheres no país.

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – Sinpro Goiás, é composto em sua maioria por professoras, tem assento no Conselho Estadual da Mulher – CONEM, luta pela igualdade de gênero e combate todo tipo de violência.

Com informações da Contee e Portal CTB

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Universo enfrenta Colégio OMINI na final da III Copa Sinpro de Esporte

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A cada fase do campeonato a situação fica mais difícil para as equipes e nesta semi final a corrida para a classificação foi intensa, com direito até a prorrogação entre Colégio Degraus x Colégio OMINI. Até mesmo a Universo, acostumada a vencer de goleada, sentiu dificuldade para abrir o placar contra o Colégio Delta.

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O jogo entre Colégio Delta x Universo começou as 8h30 e foi bastante agitado. Sentindo a pressão para a classificação, os times se esforçavam para pontuar. Houve muitas reclamações da arbitragem, muitas faltas e chuvas de cartões. Com uma pegada pesada Colégio Delta excedeu o limite de faltas favorecendo a Universo com 2 gols de Tiro Livre. Antes disso a Universo já tinha feito 3 gols e confirmou a classificação para a final com placar de 5×0.

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 O jogador da Universo, Gilmar, artilheiro da partida destacou o esforço das equipes para chegar a final. “A gente sempre espera um jogo difícil por ser decisivo, mas foi muito bom e conseguimos a vitória”, comenta. Para a final, Gilmar se sente animado. “A expectativa é grande porque é a terceira vez que participamos e nunca fomos para a final”, informa.

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A disputa entre Colégio Degraus x Colégio OMINI, começou as 9h30, e diferente do jogo anterior foi equilibrado. A duas equipes procuraram manter a calma e usar técnicas para atingir o ponto fraco do adversário. Nessa estratégia, Colégio Degraus saiu na frente abrindo placar, mas ao final do jogo, Colégio OMINI empatou com resultado de 3×3, levando a disputa para a prorrogação. A luta durou até o segundo tempo até o momento que o Colégio OMINI virou o placar para 4×3.

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Para o jogador do Colégio OMINI, Bismark a classificação para final já foi uma vitória já que o time não estava completo. “O jogo começou difícil. Faltou 4 jogadores do nosso time e no intervalo para o segundo tempo a gente sentou, conversou e deu certo. A raça foi determinante”, destaca. Sobre a final, o jogador avalia que deve haver diálogo e emprenho do time. “Temos que sentar, conversar e ver se o time vem todo”, enfatiza.

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A final será entre Colégio OMINI x Universo no próximo domingo as 9h30. Também acontecerão as disputas de truco e xadrez.

Por

Elen Aguiar

Assessora de Comunicação e Marketing do Sinpro Goiás

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Consciência Negra: quando a consciência será de todos?

Em uma entrevista concedida a uma emissora de TV norte americana o ator Morgan Freeman foi questionado sobre sua opinião sobre o dia da Consciência Negra. Sua resposta foi contundente: -“Eu odeio o dia da consciência negra”. Ao terminar a entrevista ficou claro que sua posição em relação à comemoração era a de uma pessoa que não deveria estar discutindo a necessidade de existir um dia específico para os negros. Porém, sabendo de todas as dificuldades que ainda se embaralham em torno da questão, uma amiga alertou de que, pelo menos no Brasil, o dia da Consciência Negra é um lembrete de que a luta por direitos igualitários entre todos ainda não é uma realidade.

Este tema se parece muito com as Cotas Sociais. Quando muitos acham que existe igualdade de inteligência entre todos os seres humanos, estes esquecem que a quantidade e qualidade de ensino não são iguais. Pelo contrário, não é uma questão de inteligência e sim de oportunidade que o sistema capitalista insiste que é para todos.

De um jeito ou de outro, gostando ou não do dia da Consciência Negra, 20 de novembro é uma conquista. É uma conquista inegável diante de tantos problemas que a população africana e seus descendentes sofreram. Muitos ainda se questionam porque este dia existe. A resposta é simples. Em sua trajetória histórica os africanos não pediram para serem capturados e vendidos para nenhuma colônia e serem escravizados e explorados à exaustão. Este dia existe por isso.

Os desmandos físicos do passado, que tentaram diminuir a integridade e a identidade dos africanos, hoje são desmandos sociais, econômicos e psicológicos. Este dia existe porque a escravidão acabou, mas a discriminação, o racismo, as injúrias não.

Levantar as inúmeras estatísticas que não nos deixam esquecer todos os dias que os negros não têm acesso de forma justa a tudo o que a sociedade capitalista “igualitariamente” promove, é redundante. Quantas vezes os negros – nós – perdemos empregos, vagas nas faculdades, nas pós-graduações, nas mais variadas esferas onde a imagem vale mais?

Por outro lado, a cultura brasileira teve um ganho imenso quando a mistura cultural de brancos, indígenas e negros ocorreu. É por causa dessa mistura que somos hoje um povo culturalmente riquíssimo. De uma forma muito irônica e quase cruel, devemos nossa forma de ser aos negros e negras, que criaram muitas crianças nas fazendas e nos mocambos. A comida, a forma de tratar os mais velhos, a importância da mãe e da ancestralidade de carregar toda sua identidade nos foi, a nós negros, delegado.

Gostando ou não, querendo ou não, essa herança é duradoura. É através dos costumes do passado, que a História se revela e se reorganiza, para que suas devidas raízes sejam descobertas, estudadas e compreendidas. Nossas escolas precisam incluir definitivamente no currículo o Ensino de História da África e de afrodescendentes no Brasil.

Precisamos reatar os laços que já existem entre os continentes. Os alunos precisariam ter acesso à outras histórias mesmo que a Lei 10639/03 não existisse.

Devemos estudar, porque é preciso, porque queremos, até chegar ao ponto de se transformar em um hábito a atitude de se colocar no lugar do outro. Educação de boa qualidade é aquela que amplia, que discute, que instiga. Este artigo não se trata, porém, da necessidade de retratação sob nenhuma hipótese da História Tradicional. A historiografia, a partir dos anos 2000, passou a contribuir enormemente para uma revisão sobre as ações dos negros no Brasil. Hoje sabemos que além dos abusos físicos e psicológicos sofridos pelos escravos e escravas houve muita luta. Não só os quilombos, que ainda fazem parte da nossa história e que são esquecidos pelos poderes públicos, mas também uma luta silenciosa pela manutenção da cultura, uma luta mais barulhenta pela manutenção da religiosidade e uma luta altamente ruidosa pela conquista da justiça social.

A escravidão não deveria ter acontecido. Mas aconteceu. Nascer em um mundo desigual não é uma opção, mas continuar vivendo nele é.

Lidiane Mariana Silva Gomes é diretora do Sinpro Campinas e Região e professora do Colégio Futura

 

Fonte: Sinpro Campinas e Região

 

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Alunas do Colégio Dinâmico escrevem carta sobre machismo e preconceito na escola

 

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Mariana Arantes (à esquerda) e Thaís Pavan (à direita)

 

Cansadas das afirmações machistas, homofóbicas, racistas e envolvidas em preconceito praticada por muitos colegas, com apoio até de alguns professores, as alunas do Colégio Dinâmico, Thaís Pavan, 17 e Mariana Arantes, 18 decidiram escrever uma carta em que argumentam sobre a importância de combater atitudes preconceituosas em ambiente escolar.

A carta foi publicada nas redes sociais das estudantes e numa página da internet criada pelas duas, chamada de A luta é nossa. De início houve cerca de 500 acessos, fora a repercussão nas redes sociais. Só no Facebook, cerca de 600 pessoas comentaram e compartilharam a publicação. “Somos bombardeadas todos os dias por comentários preconceituosos, machistas. Isso é manifestado até na escola, muitos professores passam aos alunos essa intolerância”, afirma Thais.

 A carta começou a ser escrita em outubro, antes da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio, que trouxe questões sobre feminismo e violência contra a mulher — também abordadas pelas alunas no texto. “O objetivo foi abrir os olhos de todos os professores, que as vezes têm uma visão muito fechada de alguns assuntos e influenciam alunos muito novos, que ainda não sabem nem alguns conceitos”, destaca Mariana.

Confira a íntegra da carta:

Carta aberta a professores e alunos
Prezados professores e colegas alunos,


Com esta carta, nosso objetivo não é levar a público nossos descontentamentos a respeito da escola e tampouco transformá-los em grandes confusões. Não queremos causar problemas a nenhum de nossos professores ou trazer a impressão de que a escola não faz um trabalho digno. O que trataremos aqui não é específico de uma única instituição educacional: são frutos de nossa cultura que, apesar de miscigenada, permanece intolerante, preconceituosa e violenta. Estes frutos refletem em todas as escolas, como em todas as famílias e mentes individuais. Nosso apelo é que mudemos primeiramente as instituições de ensino, para que elas se tornem ambientes inclusórios e seguros a todos os alunos. Queremos aqui expor o outro lado das piadas, ensinamentos e comentários intolerantes: o lado do oprimido.


Tais piadas e comentários machistas, racistas, homofóbicos ou de quaisquer outros tipos de intolerância são perpetuados porque quem os cria não espera outra reação que não seja o riso. Reclamar os direitos de igualdade e respeito após o humor intolerante comumente tem por resposta que “hoje em dia não se pode fazer piada com mais nada sem ser tachado de preconceituoso”. Não. Não aceitaremos as piadas, ensinamentos preconceituosos e a opressão diária. Porque eles são feitos esperando-se que não reajamos e que nos calemos. E nós não pretendemos nos calar.


Hoje a opressão não é explícita, mas mascarada com o humor e uma falsa tolerância. Esse é, contudo, o tipo mais difícil de preconceito a ser combatido porque o opressor não admite sua intolerância e o oprimido permanece sendo atacado. É também a forma mais fácil de ensinar o ódio, e os professores não perdem a oportunidade de fazê-lo. Certos professores se esqueceram de seus papéis como educadores e formadores de opinião. Agem apenas como comediantes de stand-up que fazem de nós a comédia e transformam a opressão em motivo de riso (riso este que parte somente de quem oprime). Seu público alvo, de 14 a 19 anos, absorve tudo o que lhe é ensinado. Se nossos educadores nos ensinarem o ódio, é o ódio que nós aprenderemos. Os ensinamentos dados em aula não serão esquecidos após o ENEM. Viveremos e reproduziremos tudo o que aprendermos durante a maior fase de desenvolvimento de nossas vidas, e a escola é a principal formadora de opinião e caráter em tal período.


A realidade escolar espanta muitos de nós. Professores entram em sala e dizem que prefeririam ter filhos criminosos a filhos gays; outros dizem que “beijo gay na novela influencia as crianças” (beijos heterossexuais nunca influenciaram os gays. Mesmo assim, caso houvesse influência, qual o problema em ser, de fato, gay?); outros segregam as meninas, criam situações hipotéticas em que elas são submissas ou possuem empregos inferiores (ex.: “meninos, quando vocês tiverem dinheiro… Meninas, quando vocês souberem cozinhar arroz…”).


Alunos fazem piada com a cor de seus professores; chamam as professoras por nomes sexualizados e pejorativos; alunos e até alguns professores reduzem pessoas à cor ou à religião. Ao falarem de um negro, ignoram o humano e veem apenas etnia; quando, em sala, nos citam religiões não-cristãs, o fazem com extremo preconceito e pouco conhecimento (ridicularizam o hinduísmo, ensinam o preconceito ao islã como “religião terrorista” etc). Essa realidade é a intolerância posta em prática em sala de aula e causa dois prováveis efeitos nos alunos: ofensa ou aprendizado.


A maior parte dos professores de ensino médio no Brasil é pouco ou nada informada acerca das lutas e particularidades de cada tipo de oprimido. O pouco conhecimento, por exemplo, das diferenças entre sexo, gênero, identidade sexual e papéis de gênero acaba por atingir muitos alunos. É essa a ignorância que os faz chamar a presidente de “Dilmão” e que dá origem a piadas de professores e alunos que questionam a masculinidade de um indivíduo específico e o chamam de “gay” ou “veado” de forma pejorativa e ofensiva. Homens gays não são “menos homens” que homens heterossexuais e não há nada de errado e ofensivo em ser gay (do mesmo modo, mulheres não são necessariamente lésbicas por terem cabelo curto, e mulheres lésbicas ou de aparência masculinizada não querem por obrigação se tornar ou parecer homens). No entanto, com esse preconceito perpetuado, muitos alunos se sentem cada vez mais expostos e inseguros, em especial aqueles que ainda não se aceitam como são.


Além disso, a escola perpetua a cultura do estupro. Ensina a submissão às mulheres e a violência aos homens. Em pleno século XXI, numa realidade em que somente um a cada mil casos de estupro são delatados, é papel da escola ensinar o respeito ao corpo e à liberdade humana, a igualdade de gênero, o consenso sexual; ensinar que a mulher não deve seu corpo ao homem e que o homem não precisa autoafirmar sua masculinidade constantemente através do sexo; ensinar que, mesmo com desejos sexuais, toda criatura humana deve respeitar a liberdade do outro e guardar suas vontades caso elas quebrem com o consenso da(o) parceira(o).


Cabe à educação ensinar sobre a luta travada diariamente por todas as classes oprimidas: a luta do negro e o preconceito ainda tão presente; o feminismo e a luta da mulher, ainda desrespeitada, insegura nas ruas e nas escolas, ensinada a se submeter, contentando-se com salários e cargos inferiores; a luta do portador de necessidades especiais, ainda desrespeitado e violentado verbalmente; a luta do religioso, ateu, agnóstico ou espiritualista, cujas diferenças ainda são fruto de desrespeito, violência, guerra e preconceito; a luta dos magros demais, gordos demais, ou que fujam de quaisquer padrões de beleza e sejam constantemente segregados por colegas e professores.


Incomoda-nos que a grade curricular e o ENEM cobrem de nós ensinamentos sobre os Direitos Humanos e que, ainda assim, alguns de nossos educadores não os conheçam e não os botem em prática, desrespeitando, limitando e segregando diariamente tantos alunos. Por isso, pedimos que os professores (e também os colegas) tornem-se mais bem informados acerca de opressão e lutas diárias e que façam da escola um ambiente inclusório e de maior respeito para todos os “tipos” de alunos. Somos todos diferentes, mas pedimos que nos tratem como iguais. Este é um apelo de respeito e inclusão vindo de seus alunos/colegas brancos, pardos, negros, índios, heterossexuais, bissexuais, homossexuais, assexuais, cisgêneros, trans*, magros, gordos, religiosos, espiritualistas, ateus, agnósticos e, acima de tudo, humanos.


Atenciosamente,
Thais Pavan, 17, e Mariana Arantes, 18 (alunas do 3º ano e curso do colégio Dinâmico de Goiânia)

 

 

Fonte: Correio Braziliense