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“Debater o bullying é fundamental, mas não é algo pontual. É preciso enfrentar a violência como um todo”, afirma professor

SINPROGOIAS - 730 AM0001Há pouco mais de uma semana uma tragédia foi marcada não só aqui na Capital, mas como no Brasil e no mundo. Dois adolescentes foram mortos e outros quatro ficaram feridos depois de um um jovem de 14 anos entrou e atirou em seis colegas do oitavo ano. De acordo com relatos do atirador ao delegado que investiga o caso, tudo isso foi causado por bullying.

Mas como isso acontece? O que passa na cabeça de uma criança que é vítima de ataques na escola. Como isso pode ser avaliado e tratado?

Para debater o assunto, Cecília Barcelos recebeu nos estúdios da 730, na manhã deste Super Sábado (28), a jornalista e psicopedagoga Tetê Ribeiro, e o presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro), Professor Railton Nascimento Souza.

“O bullying corre quando a criança ou o adolescente é insistentemente e constantemente afrontado ou agredido, seja por palavras, xingamentos, e até fisicamente. É algo corriqueiro, que se tornou rotina, e que não deveria existir”, descreve Tetê Ribeiro.

Segundo ela, ainda na infância, quando uma criança passa a dar sinais de mudança de comportamento em relação ao colega, já se faz necessária uma intervenção para tentar impedir que as ações continuem, de modo a respeitar as individualidades.

“Cada um tem um ritmo e cada um faz de um jeito. Um exemplo de como isso começa é na hora de fazer uma atividade em sala, por exemplo. Na hora de pintar uma banana, um pinta de preto e o outro de amarelo. Cada criança tem uma ótica, uma visão de mundo, e é nessa hora que uma critica a outra”, relata.

A especialista afirma que, inicialmente, a intervenção precisa ser realizada de forma lúdica. Caso as provocações persistam, as orientações devem então ser repassadas de forma mais significativa em sala.

De acordo com o professor Railton Nascimento Souza, a imagem do brasileiro gentil e cortês divulgada em grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, está equivocada, e que o país sofre muito com a violência.

“Isso é ainda mais agravado por um contexto de ódio, de intolerância, de uma onda reacionária retrógrada que vem acirrando ainda mais os ânimos das pessoas. É fundamental falar em violência, seja ela no trânsito, gerada pelo tráfico de drogas, contra a mulher, contra a criança, suicídio, homofobia, furto ou roubo. O jovem está no topo da estatística, é vítima e autor”, destaca.

Ainda segundo o professor, a atitude dos pais, em determinadas situações também precisa ser analisada. Um exemplo é quando o filho comunica aos pais que sofreu algum tipo de agressão, e acabam recebendo a orientação de que seria preciso um revide, uma retaliação, o que agravaria a situação e estimularia a violência. Ele analisa que na escola também há um contexto de violência.

“A violência na escola faz parte de um contexto de violências. É preciso se pensar em vandalismo, preconceito, discriminação, depredação, xingamento, ameaça, brigas, assédio sexual e o bullying. Como a Tetê definiu, não é qualquer coisa que é bullying. É uma repetição de um tratamento violento e desrespeitoso, desumano, agressivo, que gera no outro um constrangimento em um sofrimento psicológico que vai provocar isolamento, queda no rendimento escolar, ou a resposta em forma de agressividade”, detalha.

De acordo com um levantamento feito pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE) em 2017, o Brasil lidera um ranking de 31 países, que posiciona os campeões de violência nas escolas.

“Debater o bullying é fundamental, mas não é algo pontual, ele está em um contexto. É preciso enfrentar o problema da violência como um todo. O remédio para isso é educação, mas não apenas a escolarização. É criar um clima geral favorável na cultura, na música, na televisão, no rádio, no trânsito, para que as novas gerações sejam inseridas em uma nova perspectiva”, analisa o professor Railton.

 

Quer saber mais? Ouça o debate na íntegra a seguir

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Para que o futuro não seja apagado

SINPROGOIAS - APAGAR O FUTURO0001

 

 

Por Gilson Reis*

É do poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht a frase que diz que “a cadela do fascismo está sempre no cio”. A premissa tem se mostrado verdadeira se pensarmos que é de seu cruzamento com o raivoso monstro do golpe que têm nascido os cães hidrófobos que a cada dia, no Brasil, encontram novas vítimas contra as quais rosnar. A mais recente — se é que é possível falar em vítimas mais recentes, e não simultâneas, tantos e tão rápidos são os ataques — parece ter sido a arte, atingida por acusações de pornografia, pedofilia e profanação de símbolos religiosos. E o legítimo protesto contra a censura promovido pelos artistas, alguns dos quais apoiaram o golpe de 2016 orquestrado, entre outras forças, pelo mesmo Movimento Brasil Livre (MBL) que, com esse nome irônico, tenta agora amordaçar museus e aprisionar todo um país em sua tacanha visão de mundo retrógrada obtusa, lembra outras palavras de Brecht, aquelas do poema Intertexto:

“Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.”

Pois é preciso que todos nós nos importemos, antes que seja tarde demais. O que cenário tenebroso que a arte enfrentou há pouco, seja com o cancelamento da exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, no Santander Cultural, em Porto Alegre (e a recusa declarada do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, de sediá-la no Museu de Arte do Rio), seja com a polêmica em torno da performance La Bête, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a educação tem enfrentado há alguns anos. Data de 2014 — antes do golpe, portanto — o Projeto de Lei 7180 do deputado Erivelton Santana (PEN/BA), que altera, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), para incluir em seu Artigo 3°, entre os os princípios do ensino, “o respeito às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, tendo os valores de ordem familiar precedência sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa, vedada a transversalidade ou técnicas subliminares no ensino desses temas”.

A essa proposta foi apensado, em 2015, o PL 867, do deputado Izalci (PSDB/DF), que institui nacionalmente o programa “Escola sem partido”. Entre outros pontos, a matéria determina que, no exercício de suas funções, o professor: “não se aproveitará da audiência cativa dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente política, ideológica ou partidária; não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas; não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas; ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, apresentará aos alunos, de forma justa, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito; respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções; não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ação de terceiros, dentro da sala de aula”. O PL estabelece ainda que as secretarias de educação contem com um canal de comunicação destinado ao recebimento de reclamações relacionadas ao descumprimento da lei, caso aprovada, assegurado o anonimato, e que as reclamações sejam “encaminhadas ao órgão do Ministério Público incumbido da defesa dos interesses da criança e do adolescente, sob pena de responsabilidade”.

Trata-se apenas de duas propostas, que tramitam em âmbito nacional, entre as várias espalhadas também pelas câmaras municipais e assembleias legislativas do país. Textos que, em primeiro lugar, trazem, em seu cerne, um profundo desrespeito pelo magistério, tratando professores como “manipuladores” e “doutrinadores” a induzir crianças e adolescentes; que, em segundo, demonstram um desconhecimento profundo do processo pedagógico, uma vez que educação pressupõe, em seu sentido pleno, o incentivo à capacidade reflexiva, ao diálogo, à construção da cidadania, sendo, portanto, uma atividade política em sentido, inclusive, etimológico, dizendo respeito à relação do homem com sua pólis, ou seja, com sua cidade, seu estado, seu país, sua comunidade; e que, em terceiro, que evidenciam — como no caso que a arte vem enfrentando — o menosprezo pela liberdade de expressão quando esta contraria as ideologias moralmente conservadoras e economicamente neoliberais, retomando práticas ditatoriais 30 anos depois do fim do regime autoritário no Brasil e expondo, nas escolas, os docentes à censura, à ameaça e à cassação de seu direito de ensinar e os estudantes ao cerceamento de seu censo crítico e da construção de sua autonomia.

Projetos como esses são uma afronta à LDB, na qual tentam interferir, e à própria Constituição, que tentam rasgar. Tanto é verdadeira sua inconstitucionalidade que a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee  obteve importante vitória no dia 21 de março de 2017 quando o ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pela entidade e suspendeu integralmente a Lei 7.800/2016 do estado de Alagoas, também inspirada no programa Escola Sem Partido.  No texto enviado ao STF, a Contee já apontava que a Lei da Mordaça de Alagoas era contrária aos princípios constitucionais que asseguram a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; e a gestão democrática do ensino público. Na ADI, a Confederação indicou também que a lei afrontava os principais tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto de San José da Costa Rica.

Mesmo assim, tentativas de novas Leis da Mordaça continuam proliferando. E é sintomático que, paralelamente a elas, tente-se agora fazer com que o Congresso Nacional discuta a retirada do título de patrono da educação brasileira dado ao educador e filósofo Paulo Freire. A proposta, claro, é endossada pelo MBL e pelo movimento Escola Sem Partido. Em outras palavras, os cães hidrófobos, filhotes diletos da cadela do fascismo, que, com seus ladridos, buscam apagar figuras como Cândido Portinari, Lygia Clark, Alfredo Volpi, Adriana Varejão, Leonilson — artistas cujas obras faziam parte da mostra Queermuseu — ou Paulo Freire são os mesmos.

O verbo apagar não foi usado à toa. Tentar apagar Paulo Freire do lugar de sua relevância na educação brasileira simboliza bem o que querem fazer com a própria educação brasileira. É precisamente esse verbo também o ponto central da campanha nacional contra a desprofissionalização do magistério lançada pela Contee entre o fim de setembro e o início de outubro, mês em que se comemora o Dia do Professor. “Apagar o professor é apagar o futuro”, diz o slogan da campanha, que busca mobilizar não apenas a categoria, mas toda a sociedade contra as pautas que, nestes tempos de tantos ataques, ferem diretamente a profissão docente: a contratação por “notório saber” proposta na reforma do ensino médio, que rebaixa a formação, destrói as licenciaturas e desqualifica o professor; a suspensão da Súmula 277 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que acaba com a ultratividade das normas coletivas, numa ação movida pelo setor patronal do ensino com o objetivo explícito de tirar direitos dos trabalhadores em educação; a liberação da terceirização irrestrita, que atinge em cheio o setor educacional — chegando, inclusive, às salas de aula, e põe em xeque a própria qualidade da educação; a reforma trabalhista — com seus incontáveis retrocessos — e a reforma da Previdência — que põe fim à aposentadoria diferenciada, com redução do tempo de serviço, para o magistério da educação básica, prejudicando, sobretudo, as professoras da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamentam que começam a lecionar muito jovens…

Em meio a tudo isso, amordaçar o magistério também é uma forma de apagá-lo. A desprofissionalização do professor passa também pela tentativa de censurá-lo, de cercear sua liberdade de cátedra e de impedir o exercício de projetos pedagógicos críticos e democráticos. Para enfrentar esse processo nefasto cuja campanha da Contee denuncia e combate, é preciso também defender a construção de uma escola verdadeiramente democrática. Esse é o sentido do Projeto de Lei que institui o programa Escola Democrática (PL 2035/16), apresentado por nós na Câmara Municipal de Belo Horizonte.  A proposta busca defender a organização democrática de estudantes, pais, professores e funcionários, bem como assegurar a livre manifestação do pensamento; o respeito à pluralidade étnica, religiosa, científica, ideológica e política; e a livre manifestação da orientação sexual e da identidade e/ou expressão de gênero, além do reconhecimento à igualdade entre os seres humanos e o respeito às diferenças entre os povos, os países, as etnias, as culturas, os gêneros e os comportamentos. A matéria ainda proíbe, nas salas de aula e fora delas, em todos os níveis, etapas e modalidades de educação da capital mineira, as práticas de quaisquer tipos de censura de natureza política, ideológica, filosófica, artística, religiosa e/ou cultural a estudantes e docentes, ficando garantida a livre expressão de pensamentos e ideias, observados os direitos humanos e fundamentais, os princípios democráticos e os direitos e garantias estabelecidos na Constituição e nos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

Construir essa escola democrática só é possível com o professor livre, assim como para construir um Brasil democrático só é possível com arte e educação livres. Com um povo livre. Para que nosso futuro não seja apagado.

 

*Gilson Reis é coordenador-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee e vereador em Belo Horizonte/MG

Artigo publicado originalmente na edição de número 150 da Revista Princípios

 

 

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PEC para permitir cobrança em universidades públicas gera polêmica

SINPROGOIAS - UNIVERSIDADE PUBLICA0001

 

Para a presidenta do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Eblin Farage, a iniciativa descaracteriza a educação pública, que, na avaliação dela, deve contar com financiamento 100% estatal. A dirigente considera que a medida caminha no rumo da privatização das universidades. “Estão querendo jogar sobre os trabalhadores a responsabilidade e o ônus da crise que a gente vive no país”, completa.

O texto da PEC prevê gratuidade apenas para estudantes que tenham cursado o ensino médio completo em escola pública ou como bolsistas integrais em unidades particulares.

Para a dirigente Eblin Farage, a proposta está em sintonia com outras medidas já debatidas no país. Entre elas, destaca-se a autorização dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a cobrança de mensalidades nos cursos de pós-graduação lato sensu. A decisão, proferida em abril deste ano, provocou intensas reações de movimentos de defesa da educação pública, especialmente porque um mês antes a Câmara havia rejeitado uma PEC que liberava a cobrança de mensalidade em cursos de especialização e mestrado profissionalizante.

“O que mais nos chamou a atenção na época dessa decisão foi que o debate que os ministros fizeram falava da possibilidade de se cobrar em todos os níveis da universidade pública. Isso que está voltando agora é pra abrir alguma brecha para que, de repente, o STF, que hoje está agindo de forma linear com o governo, com a burguesia, autorize a cobrança nos cursos de graduação, mestrado e doutorado”, acredita Farage.

A PEC 366 não fixa valores específicos para a cobrança. Entre outras coisas, o texto da proposta afirma que a medida não cobriria todos os custos das universidades, mas poderia representar uma “importante contribuição” para o custeio das instituições. Para o militante Caio Teixeira, da União Nacional dos Estudantes (UNE), a PEC modifica o prisma sob o qual precisa ser vista a educação.

“Educação nunca é um custo; é um investimento. O movimento estudantil sempre colocou a educação nesse patamar de ferramenta transformadora da sociedade, então, não é um custo, como está se pensando nessa Câmara tão impopular”, pontua.

Autor

A PEC 366/2017 é de autoria do deputado Andrés Sánchez (PT-SP), que tem recebido críticas especialmente pelo fato de a proposta estar na contramão do discurso da legenda. Procurado pelo Brasil de Fato para comentar o assunto, o parlamentar respondeu que o Estado não deve se responsabilizar pelo custeio da educação superior de pessoas que tenham condições financeiras de pagar pelo serviço.

“Todo mundo tem acesso à educação pública? Não. Por mil motivos. Tem gente que estuda em colégio americano e paga R$ 7 mil, até 8 mil reais num ginásio, num colegial e depois vai estudar de graça [na universidade pública] porque o Estado paga. Quem tem condições de pagar que pague a faculdade pública”, argumentou.

Reação

Na tarde de sexta-feira (26), o Brasil de Fato procurou o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP), para saber o posicionamento da bancada diante da PEC 366, mas não conseguiu gravar entrevista com o deputado. Na sequência, o parlamentar soltou uma nota afirmando que o partido defende a “gratuidade no ensino público em todos os níveis”. Ele acrescentou que a bancada irá tratar com Andrés Sánchez sobre a retirada da proposta.

A medida está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC), ainda sem data para votação.

 

 

Fonte: Brasil de Fato

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Jornal da CTB: Resistir a todo custo, será o grito que ecoará pelo Brasil dia 10 de novembro

SINPROGOIAS - JORNAL CTB0001

 

No jornal da CTB desta sexta-feira (27), a reunião que definiu os últimos detalhes para a construção do Dia Nacional de Mobilizações, greves e paralisações em defesa dos direitos e contra a reforma trabalhista, da Previdência e o trabalho escravo. A data escolhida antecede o início da nova legislação trabalhista, que representa o maior ataque do capital contra o trabalho.

Em artigo, o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo orienta e convoca a militância a ampliar a resistência e ocupar as ruas. “O movimento sindical, a classe trabalhadora e os movimentos sociais precisam reagir. O dia 10 de novembro deve se converter em uma grande mobilização nacional. Para tanto, precisamos reforçar a organização e a mobilização e, assim, ocupar e ganhar as ruas de todo o Brasil. Isso irá exigir ampla participação da militância e dos trabalhadores e trabalhadoras”, destaca.

Outra pauta desta edição é campanha dos servidores públicos do estado de São Paulo, em defesa da valorização da categoria, e contra o processo de privatização do setor disparado pelo governo Alckimin e a prefeitura de João Dória Jr.

Na coluna um Toque de Classe, o jornalista Umberto Martins traça um paralelo entre a bandeira do combate à corrupção, a “absolvição” de Michel Temer e o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.

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Jornal da CTB – informação com conteúdo de Classe

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Reforma trabalhista e terceirização não podem ser aplicadas aos casos anteriores à sua vigência

SINPROGOIAS - CARTEIRA0001

 

Uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia tem um significativo impacto a favor dos trabalhadores, sobretudo a partir da entrada em vigência da reforma trabalhista, no próximo dia 11 de novembro. A 2ª Turma do TRT5-BA considerou ilícita a terceirização e reconheceu vínculo direto entre trabalhadores representados pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Químico/Petroleiro do Estado da Bahia (Sindiquímica) e a Oxiteno Nordeste S/A Indústria e Comércio, multinacional da área química, tomadora dos serviços, localizada em Camaçari (BA). Além da retificação na carteira de trabalho e pagamento de diferenças salariais e outros benefícios normativos, o colegiado também condenou esta e outras quatro reclamadas ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 100 mil.

A relatora, desembargadora Margareth Rodrigues Costa, entendeu que os trabalhadores exerciam funções que integram o rol de atividades-fim da empresa tomadora, havendo relação de pessoalidade e subordinação direta. Com base no Estatuto Social da Oxiteno (art. 2º), depoimentos e outros documentos, ela concluiu que as situações jurídicas são anteriores à vigência da Lei 13.429/2017 (nova Lei de Terceirização), que, portanto, não se aplica ao caso concreto. Em outras palavras, a lei não é retroativa, ou seja, ela não age sobre os contratos firmados antes de sua entrada em vigência.

Por extensão, esse entendimento também vale para a Lei 13.467/2017, que destrói a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Esta Decisão, com certeza, representa alento, em meio ao tsunami que nos espera, a partir do dia 11 de novembro”, destacou o consultor jurídico da Contee, José Geraldo de Santana Oliveira. “Muito embora trate da Lei 13.429/2017, que regulamenta a terceirização, os fundamentos constitucionais que a embasam, do direito adquirido (Art. 5º, inciso XXXVI, da CF) e da irretroatividade da lei (Art. 5º, inciso XL), igualmente, se aplicam  à Lei 13.467/2017.”

Segundo Santana, a Seção de Dissídios Individuais (SDI) do TST, que é a segunda instância da Justiça do Trabalho, também já decidiu pela irretroatividade da Lei da Terceirização, numa decisão citada pelo TRT da Bahia. No acórdão em questão, envolvendo serviço de cobrança por telemarketing, a decisão diz que: “A Lei nº 13.429/2017 não se aplica às relações de trabalho regidas e extintas sob a égide da Lei nº 6.019/1974, sob pena de afronta ao direito adquirido do empregado a condições de trabalho mais vantajosas. No caso, a reclamada insurgiu-se contra decisão da SBDI-I que, invocando a Súmula nº 331, I, do TST, estabeleceu que a prestação de serviços de cobrança a clientes de instituição financeira, mediante contato telefônico, se insere na atividade-fim bancária. Alegou que a Lei nº 13.429/2017, ao acrescentar o art. 4ª-A, § 2º, à Lei nº 6.019/74, afastou a ilicitude na terceirização dos serviços prestados e tem aplicação imediata. Todavia, por se tratar de contrato celebrado e findo antes da entrada em vigor da Lei nº 13.429/2017, prevaleceu o entendimento jurisprudencial firmado no item I da Súmula nº 331 do TST, amparado no antigo teor da Lei nº 6.019/1974.”

Assim, de acordo com Santana, com base nessas duas decisões (do TST e do TRT da Bahia) e amparados pela Constituição e pelo artigo 9° da CLT — que não foi alterado pela reforma trabalhista e segundo o qual “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação” — há plenas condições de sustentar-se a tese de que as próprias alterações trazidas pela reforma trabalhista aos direitos dos trabalhadores não são retroativas. Isso significa dizer, como explica o consultor jurídico a Contee, que os dispositivos da Lei 13.467/2017 somente se aplicam “quando não forem flagrantemente inconstitucionais — hipótese em que não se aplicam a nenhum — aos contratos celebrados após o início de sua vigência”.

“Aqui no Saaemg (Sindicado dos Auxiliares de Administração Escolar de Minas Gerais), por exemplo, quando perguntado por escolas ou contabilidade sobre a obrigatoriedade de homologações a partir da vigência da reforma trabalhista, afirmamos que para todos os contratos firmados até 11 de novembro de 2017 continuam obrigatórias as homologações no sindicato. Esta nossa resposta tem respaldo no princípio da não retroatividade, princípio presente na decisão da 2ª Turma do TRT da Bahia”, ressaltou o coordenador da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Contee, João Batista da Silveira. “Se há empregador com receio de aplicar a lei a partir do dia 11 de novembro, esta decisão reforça a ideia da insegurança jurídica e pode contribuir para o aumento deste receio”.

 

Por Táscia Souza da Contee, com informações do TRT5-BA

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Contee: preparando, desde já, grandes manifestações para 10 de novembro

 

Sindicalistas de várias categorias estão se organizando e movimentado para realizar grandes manifestações, em todo o país, no dia 10 de novembro, véspera do início de vigência da antirreforma trabalhista, que liquida com os direitos dos assalariados brasileiros.

A Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino) aprovou, no Conselho Sindical (Consind), encerrado em 1° de outubro, a participação no protesto, conclamando “à participação de todos os trabalhadores no Dia Nacional de Protesto e Paralisação, dia 10 de novembro, véspera da data em que passará a vigorar a reforma trabalhista, que liquida direitos dos trabalhadores e enfraquece suas organizações”.

O 10 de novembro também foi aprovado na Plenária Nacional dos Trabalhadores da Indústria realizada em 29 de setembro, em São Paulo, com a participação de mais de 1.500 dirigentes e ativistas sindicais metalúrgicos e de outras categorias. Os dirigentes do movimento Brasil Metalúrgico reuniram-se, dia 4 de outubro, para organizar as ações até e no dia 10 contra a perda de direitos, para mobilizar as categorias ligadas à indústria.

“A CTB está convocando toda a sua base a se somar à agenda de luta em todo o Brasil”, orientou o presidente nacional da entidade, Adilson Araújo. “A instabilidade política parece não ter fim e a complexidade da crise, com o advento da Reforma Trabalhista, fere frontalmente a proteção social.O cerco ao movimento sindical cresce a todo instante. O quadro conjuntural é de profunda instabilidade política e o governo ilegítimo aprofunda o seu pacote de maldades e de inteira desregulamentação do trabalho”, completou.

Gilson Reis, coordenador-geral da Contee, enfatiza a necessidade de “reforçar a organização e a mobilização e, assim, ocupar e ganhar as ruas de todo o Brasil. Vamos buscar os setores organizados da sociedade (igrejas, estudantes, associações de advogados etc.) para ampliar ao máximo a nossa força e realizar grandes manifestações. É uma tarefa para desde já.  Vamos nos encontrar nas ruas e praças deste país, na luta em conjunto com o povo brasileiro”.

Em São Paulo, as centrais irão organizar uma Grande Marcha da Classe Trabalhadora em Defesa dos Direitos, da Soberania e da Democracia. A concentração, no dia 10, será às 9h, na Praça da Sé.

 

Carlos Pompe é jornalista da Contee.

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Quarta rodada da Copa Sinpro Goiás tem W.O

SINPROGOIAS - 4 RODADA0001

 

Por

Elen Aguiar

Assessora de Comunicação do SINPRO GOIÁS

 

A Copa Sinpro Goiás 2017/2 começou diferente neste sábado, 21/10. O primeiro jogo entre UNIVERSO e UNUS não aconteceu e no segundo jogo do dia, entre Degraus e PSG, teve grande diferença no placar favorável ao time do Degraus.

O primeiro jogo do dia, previsto para acontecer às 16h30, não aconteceu porque os professores do UNUS não compareceram para jogar e por isso houve W.O favorável a UNIVERSO com placar de 1 x 0.

 

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Na segunda partida, os professores do Degraus venceram os docentes do PSG por 8 x 2. Após o resultado, o jogador do Degraus, Vinícius Morgado, demonstrou confiança para a próxima etapa. “Com esse resultado, esperamos a classificação para a próxima fase e se sair bem para chegar a final do campeonato”, salienta.

A próxima rodada acontece neste sábado, 28/10 entre Araguaia x PSG às 16h30 e Universo x Degraus às 17h30.

 

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Violência nas escolas, o drama de todo o dia

SINPROGOIAS - VIOLENCIA NA ESCOLA0001

 

Neste dia 20, no colégio particular Goyases, em Goiânia/GO, um estudante – pelas investigações iniciais, vítima de bullying – baleou seus colegas de classe. Matou dois e feriu quatro. Um dia antes, em Brasília, um estudante de 18 anos atirou uma cadeira na professora, que teve ferimentos no braço e no tórax. Como a cadeira estava enferrujada, a professora foi vacinada contra tétano. Ela havia pedido que ele tirasse o boné em sala de aula, o que contraria as normas da escola. Diante da negativa, seguiu para a direção. Quando retornou, foi atingida pela cadeira.

Entre 2007 e 2008, o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas) realizou a pesquisa “Rede Particular de Ensino: Vida de Professor e Violência na Escola”, para verificar a percepção do professor sobre a violência nos estabelecimentos de ensino do setor privado. Apurou que 20% dos pesquisados presenciaram o tráfico de drogas na escola, e mais da metade (62%) presenciou a agressão verbal. O estudo apontou que 39% dos professores viram situações de intimidação e 35%, de ameaça. Dos entrevistados, 53% presenciaram situações em ocorreram danos ao patrimônio da escola e 20% testemunharam danos ao patrimônio pessoal. Além disso, 14% presenciaram furto e 10%, roubo.

Para Gilson Reis, coordenador-geral da Contee e então presidente do Sinpro Minas, “é preciso ver a violência sob vários aspectos. Atualmente, quando o fato ocorre na escola privada, normalmente ele é acobertado. Existe uma pressão para que os problemas sejam resolvidos no interior da instituição de ensino, a partir do gestor, do diretor ou do coordenador”.

Segundo recente levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), envolvendo mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio no Brasil, 12,5% dos professores foram vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana.

Também em Brasília, no Jardim de Infância 603, do Recanto das Emas, no dia 28 de setembro, uma professora foi jogada no chão e espancada por uma mãe aluno porque pediu “mais educação” durante uma conversa com pais de alunos.  As ameaças e discussões em tom agressivo são frequentes. As violências dentro de ambientes de ensino são cada dia mais comuns. Mas não são coletadas informações nacionais que mostrem os números de casos de agressão entre agentes da comunidade escolar.

Em agosto, a professora Marcia Friggi, de Santa Catarina, postou foto nas redes sociais em que aparece com o olho roxo e o nariz sangrando. Os hematomas foram provocados por um aluno de 15 anos, que não aceitou ser expulso de sala por mau comportamento.

Em 2015, pelos questionários da Prova Brasil, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) apurou o convívio entre educadores e alunos. Cinquenta por cento dos professores haviam presenciado algum tipo de agressão verbal ou física por parte de alunos a profissionais da escola. Quase 30 mil sofreram ameaças por parte de estudantes.

Segundo as respostas, as brigas entre alunos são ainda mais recorrentes: 71% dos professores presenciaram esse tipo de situação dentro do ambiente de ensino. O Diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) indicou que 69,7% dos jovens viram algum tipo de agressão dentro da escola. Em 65% dos casos, a violência parte dos próprios alunos; em 15,2% , dos professores; em 10,6%, de pessoas de fora da escola; em 5,9%, de funcionários; e em 3,3%, de diretores.

O tipo de violência mais comum sofrida pelos alunos (28%), segundo a Flacso, é o ciberbullying: ameaças, xingamentos e exposições pela internet. Roubos e furtos respondem por 25%; ameaças, 21%; agressões físicas, 13%; violência sexual, 2%. Outros tipos, não especificados, respondem por 11% das queixas.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que 19,8% dos estudantes do 9° ano do ensino fundamental admitem ter praticado bullying contra um colega da escola, ao ponto de ele ficar magoado, aborrecido, ofendido ou humilhado.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 50,8% dos alunos frequentam escolas situadas em áreas de risco, com presença de roubos, furtos, assaltos, troca de tiros, consumo de drogas, homicídios, entre outros. Nesse cenário, a presença das forças de segurança é imprescindível.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que a interrupção de aulas afetou 9,3% dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental em 2015 das escolas públicas e 4,7% das particulares; 11,5% dos escolares afirmam que faltaram às aulas ao menos uma vez no mês anterior à pesquisa por não se sentirem seguros no trajeto entre suas casas e a escola. O número de estudantes do mesmo ano que admitiram ter esculachado, zombado, mangado, intimidado ou caçoado de algum colega, a ponto de ele ficar magoado, ofendido ou humilhado, foi mais ou menos o mesmo em 2015: 19,5% nas públicas e 21,2% nas particulares. Mais da metade dos escolares (50,8%) frequentam escolas que declaram estar situadas em áreas de risco em termos de violência.

E se a violência presente fora das escolas atrapalha o cotidiano escolar, também as situações que acontecem em seu interior são objeto de preocupação: no mês anterior à pesquisa, 9,5% dos escolares faltaram às aulas por não se sentirem seguros no interior da própria escola e 46,6% se sentiram humilhados por provocações de colegas (aumento de 11,3% em relação ao verificado em 2012). Quanto a esta última situação, alunos de escolas públicas e particulares enfrentam desafios semelhantes, sendo o percentual de relatos bastante próximo (46,6% para estudantes da rede pública e 48,3% para os da rede privada). Os estudantes relatam que a aparência do corpo (15,6%) ou do rosto (10,9%) estão entre os principais motivos de se sentirem humilhados pelos colegas no ambiente escolar.

O congelamento por 20 anos dos investimentos federais em Educação, Saúde, Segurança, programas sociais, dentre outros, não aponta um cenário de melhoria dessa situação. A Contee está realizando a Campanha Nacional contra a Desprofissionalização do Professor: Pela Valorização da Educação, na Defesa dos Direitos e Contra as reformas, com o tema “Apagar o professor é apagar o futuro”.  A violência no ambiente escolar é uma dessas facetas de ataques e desqualificações sistemáticas do magistério.

 

Carlos Pompe da Contee

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Nota de pesar à comunidade escolar do Colégio Goyases

SINPROGOIAS- LUTO0001

 

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – SINPRO GOIÁS, expressa seu pesar e sua solidariedade às famílias e amigos das crianças vítimas dos tiros disparados no Colégio Goyases, em Goiânia, na manhã desta sexta-feira (20), que deixaram duas delas mortas e, pelo menos, outras quatro feridas. O SINPRO GOIÁS manifesta também, neste momento de abalo e de perplexidade, seu apoio aos demais estudantes, bem como aos professores, enfim à toda a comunidade escolar do Colégio Goyases.

O fato de um estudante de 14 anos atirar contra seus colegas acende a discussão sobre o papel social da educação no combate ao bullying, à intolerância, à violência, sobretudo numa sociedade como a atual, em que cada vez mais pessoas — haja vista movimentos como o Escola “Sem Partido”, que tenta amordaçar professores e estudantes, cassando tanto a liberdade de ensinar quanto a de aprender —, querem tirar da escola sua função de contribuir para a construção da cidadania.

Que este triste episódio sirva de alerta para a importância de investimentos em políticas de segurança pública, mas sobretudo de investimentos em uma educação cidadã e voltada para a formação da juventude para uma sociedade mais humana e mais fraterna.

 

Goiânia, 20 de outubro de 2017.

 

Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – SINPRO GOIÁS.