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‘Vouchers’, ensino à distância e universidade paga, os planos na mesa de Bolsonaro

Inspirado em modelo de Pinochet, governo Bolsonaro avalia plano de incentivo a escolas privadas e diminuição de investimentos em universidades

Bolsonaro exibe livro de Carlos Brilhante Ustra no Congresso.

“Eu vou mudar tudo isso daí, tá ok?”. Se Jair Bolsonaro, eleito presidente com quase 58 milhões de votos, levar ao pé da letra o bordão de campanha, seu mandato pode marcar um ponto de inflexão na educação brasileira com uma guinada conservadora, baseada em sua cruzada contra “doutrinação de esquerda” e veto ao debate de gênero, e pautada por diretrizes de mercado. O plano de governo é pouco detalhado, mas pressupõe a inversão da pirâmide de investimentos, transferindo recursos da educação superior para a básica (infantil, fundamental e médio). Segundo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil gasta três vezes mais com estudantes universitários do com alunos dos ensinos fundamental e médio.

Para Anna Helena Altenfelder, presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), trata-se de uma “preocupação pertinente” a do investimento maior em educação superior, ainda mais num contexto de grave crise fiscal. Entretanto, a pedagoga observa que a conta mais alta do ensino superior é influenciada por gastos com pesquisa e extensão, como hospitais universitários. “A questão principal não é transferir recursos de um para o outro, mas sim priorizar o ensino básico.”

Bolsonaro diz se inspirar em modelos de países asiáticos, a exemplo de Japão e Coreia do Sul, onde professores recebem quase quatro vezes mais que os brasileiros – cujos salários equivalem à metade da média dos países avaliados pela OCDE. Em seu plano, ele prevê investir em qualificação e melhorar a remuneração dos professores, mas não explica como nem de onde proverá verbas para valorizá-los. Apenas ressalta que “é possível fazer muito mais com os atuais recursos” – o Brasil investe aproximadamente 5% do PIB em educação.

Para preservar recursos do Ministério da Educação (MEC), uma das ideias do partido de Bolsonaro, o PSL, e já mencionadas por homens fortes de sua equipe, incluindo o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, é o “voucher educação”. A proposta, que também era bandeira do candidato derrotado à presidência João Amoêdo (NOVO), estipula a distribuição de vales para as famílias escolherem um colégio privado e matricularem seus filhos. Com maior participação de instituições privadas, o governo, segundo a tese dos defensores do modelo, economizaria dinheiro com a manutenção de escolas e a folha de pagamento dos professores.

Diferentemente de Japão e Coreia do Sul, que conduzem a educação básica por meio de escolas públicas, o modelo tem inspiração em fórmulas já testadas em países como Estados Unidos e Chile, que adotou os vouchers durante a ditadura de Augusto Pinochet, na década de 80. Apesar de apresentar melhores resultados em análises de desempenho que o Brasil e outros países latino-americanos, a educação chilena ainda está distante do nível apresentado por países desenvolvidos no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). “Os vouchers cumpriram um papel importante para incluir alunos nas escolas, mas hoje não têm melhorado a qualidade da educação no Chile”, afirma Olavo Nogueira Filho, diretor do movimento Todos Pela Educação.

Um dos motivos para a estagnação da receita chilena foi o apartheid gerado pela lógica de mercado dos vouchers, já que alunos mais pobres e com mais carências de aprendizagem acabaram relegados às piores escolas, seja pelo filtro dos processos seletivos, seja pela incapacidade de muitas famílias bancarem mensalidades superiores ao valor do voucher. Nos anos 2000, o sistema passou por reformas para corrigir distorções, como o aumento do vale para estudantes de classes menos favorecidas. Os experimentos no exterior preocupam especialistas em educação sobre uma eventual adaptação do modelo à realidade brasileira. “O voucher não garante que o aluno seja aceito em uma instituição de ensino subsidiada pelo Estado. Isso pode agravar a desigualdade e a segregação social nas escolas”, avalia Luiz Carlos de Freitas, pesquisador e professor aposentado da Unicamp.

Apesar de terem melhor média no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), somente 23% das escolas particulares conseguiram alcançar as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação, contra 42% das escolas públicas. A política dos vouchers esbarraria, desde sua implementação, no gargalo do ensino privado. “Parte-se do princípio que a escola particular oferta a melhor educação, mas isso não é verdade”, diz Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e que foi candidato ao Senado pelo PSOL. “[Com os vouchers] vai prevalecer o modelo da escola privada de baixo custo e baixa qualidade, que apresenta desempenho pior que as públicas.”

Mensalidades nas universidades públicas e ensino à distância

Outra medida avaliada pelo staff bolsonarista que capitaneia a transição de governo é cobrar mensalidade em universidades públicas. Pela proposta, os mais ricos pagariam para estudar. Os recursos gerados por eles serviriam de subsídio para financiar o estudo dos mais pobres. Não há definição sobre as faixas de renda que seriam beneficiadas pela isenção da mensalidade. Em movimento oposto, a cobrança em universidades foi parcialmente revogada pelo Congresso do Chile no início do ano. Daniel Cara alerta que, se aplicada no Brasil, a medida pode intensificar a discriminação no ambiente acadêmico. “A tendência é gerar três tipos de estudantes: os que pagam, os que não pagam e os cotistas. Vai aumentar o grau de tensão nas universidades, sem mexer, de fato, nos privilégios dos mais ricos.”

Para levar o plano adiante, o futuro Governo depende do Congresso. Mais precisamente depende da aprovação, pelos parlamentares, de alterações na Constituição – a gratuidade está prevista em todos os níveis do ensino público. As emendas dependeriam de aprovação em dois turnos na Câmara e no Senado, com maioria qualificada (três quintos).

No plano de reestruturação ministerial de Bolsonaro, ainda é cogitada a transferência do ensino superior para a pasta de Ciência e Tecnologia, que será comandada pelo astronauta Marcos Pontes. Com isso, o MEC ganharia fôlego no orçamento para concentrar recursos no básico. A possível mudança foi comentada pela vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes, irmã do futuro ministro da Economia. “Não vejo por que tanta celeuma”, disse ela ao jornal O Globo, afirmando não ter nenhuma interlocução com Guedes na matéria.

Outro eixo da enxuta proposta de Bolsonaro é a ampliação do ensino à distância (EaD), que o presidente eleito cita como forma eficaz para se combater a suposta doutrinação política. Com aulas gravadas e a interação controlada entre aluno e professor, seu governo pretende utilizar a tecnologia sob o pretexto de baratear custos, ampliar o alcance da escola em lugares remotos e instituir o EaDna educação básica “como um importante instrumento e não vetado de forma dogmática”.

Especialistas questionam a tese de redução de custos com o ensino à distância e veem riscos em sua difusão, sobretudo para alunos do ensino fundamental, já que o modelo limita a socialização e ainda pode representar uma dor de cabeça aos pais, que deixariam de contar com a estrutura física das escolas para abrigar crianças. “Não há paralelos em outros países de EaD aplicado no ensino infantil e fundamental. No ensino médio, experiências em alguns estados americanos carecem de um controle de qualidade e, na maioria dos casos, as escolas não têm boa avaliação”, diz Freitas, da Unicamp.

Enquanto os planos seguem em aberto, Bolsonaro ainda não definiu o novo ministro da Educação. Além do general Aléssio Souto, um dos nomes cotados é o de Stavros Xanthopoylos, conhecido como Grego, que atuou como conselheiro da campanha. Ex-diretor de cursos online da Fundação Getúlio Vargas, Xanthopoylos é um grande entusiasta do projeto que ele prefere chamar de “cidadania digital” e considera ideal a adoção de uma metodologia mista, que concilie educação à distância e a presencial. Tanto ele quanto Paulo Guedes mantêm empresas que atuam no ramo de EaD. Integrantes da equipe que elaborou o plano de governo para a educação afirmam que só se pronunciarão oficialmente após a definição dos ministérios. O EL PAÍS procurou três especialistas diferentes para comentar a proposta bolsonarista de expansão do EaD, mas, alegando conflito de interesses por prestarem serviços a empresas do ramo, preferiram não dar entrevista.

El País

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Projeto Escola sem partido pretende impor um pensamento único e autoritário

Os apoiadores do projeto defendem um controle sobre os professores, mas não fazem nenhuma referência á média de alunos por turma que foi de 30,4 no ensino médio; de 23, no ensino fundamental; e de 16,3, na educação infantil, em 2017, de acordo com informações do Ministério da Educação (MEC).

“Já não bastam as imensas dificuldades enfrentadas pelos docentes brasileiros, agora temos que nos preocupar com a perseguição de pais e estudantes”, diz Marilene Betros, secretária de Políticas Educacionais da CTB.

“Na realidade”, diz ela, “os conservadores querem acabar com o diálogo e a liberdade nas escolas. Querem impor a mordaça para impedir a proliferação do pensamento crítico e o raciocínio estratégico em nossa juventude. Querem, eles sim, doutrinar crianças e jovens e vêm ganhando as cabeças dos pais para isso”.

O Projeto de Lei 7180/14, visa controlar as aulas, criando mecanismos de vigilância e proibições aos docentes, porque “o saber apavora as pessoas que temem o contraditório”, acentua Marilene.

O humorístico Zorra, da Globo, dá a exata dimensão do verdadeiro propósito do Escola sem partido

Para Valéria Morato, presidenta da CTB-MG e do Sindicato dos Professores de Minas Gerais, o Escola sem partido “É um projeto autoritário, que visa proporcionar uma educação alienante e formadora de mão de obra que não pense e, portanto, não defenda os seus direitos”.

Já Fernando Penna, professor da Universidade Federal Fluminense, a estratégia dos defensores desse projeto é provocar uma “pânico moral”. De acordo com Penna, “eles usam casos extremos e dizem que isso está acontecendo em todo Brasil. É criar a doença para vender a cura. Espalham o pânico e aí falam: ‘você está com medo? Podemos resolver isso’”.

A presidenta da CTB-AM, Isis Tavares concorda com ele e vai mais longe ao afirmar que o clima criado em torno do que acontece em sala de aula e a defesa da perseguição e repressão a professoras e professores faz parte de um projeto para desviar das discussões da política econômica proposta por Paulo Guedes, futuro superministro da Fazenda de Jair Bolsonaro.

“Todo o debate está fora de foco”, diz Isis. “Enquanto tentamos debater conteúdo, os apoiadores desse projeto trabalham com performance e se apegam a valores morais e com esse discurso fácil ganham corações e mentes da população desinformada”.

Enquanto Marilene lembra da atuação do MEC no governo golpista de Michel Temer “tirando dos órgãos da educação, as entidades dos movimentos educacionais, mantendo os representantes empresariais”.

Inclusive, acentua a secretária de Políticas Educacionais da CTB, as “bases curriculares aprovadas por Temer desobrigam matérias importantes com História, Geografia, Filosofia, Artes e o projeto defendido por Bolsonaro quer a volta de Educação Moral e Cívica e aula de religião e ainda com a possibilidade de docentes por ‘notório saber’”.

Isso de acordo, com Valéria, reforça a necessidade de atuação conjunta de todas as entidades que defendem a educação democrática e inclusiva.  “Não mediremos esforços para que a escola seja sempre democrática e que trabalhe dentro do que preconiza a Constituição de 1988”.

Porque, diz Valéria, “o que se quer com esse projeto é cercear o direito e a liberdade de ensinar e de aprender. Esse projeto é que é, de fato, a aplicação de uma doutrinação aos estudantes. Ele propõe uma educação que não seja dialógica e não respeite as diferenças e as especificidades locais e individuais”.

Segundo Miguel Nagib, criador do projeto Escola sem partido, ele propõe apenas que “sejam quais forem as preferências políticas e ideológicas do professor, ele está legalmente obrigado a respeitar esses limites”.

Já Marilene discorda dele e afirma que o projeto visa cercear as aulas, “impedindo o diálogo em sala de aula e determinando o controle rígido da família sobre o conteúdo das aulas, sem a menor discussão sobre a sociedade, o país e o mundo”.

Serviço

O que: Reunião Deliberativa Ordinária -Comissão especial Escola sem partido

Quando: Quarta-feira (7), às 14h,

Onde: Câmara dos Deputados (Anexo 2, Plenário 1)

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

http://portalctb.org.br/site/secretarias-da-ctb-nacional/politicas-educacionais/projeto-escola-sem-partido-pretende-impor-um-pensamento-unico-e-autoritario

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MP que privatiza setor de saneamento pode ser votada nesta terça no Congresso

São Paulo – A Medida Provisória (MP) 844, editada pelo governo Temer, que revisa o marco legal do setor de saneamento básico em todo o país, pode ir à votação nesta terça-feira na Câmara dos Deputados e no Senado. A MP foi aprovada em comissão mista na última quarta-feira (31) e está pronta para ser votada no plenário das duas Casas.

Diversas entidades se mobilizam para barrar a proposta, pois consideram que ela amplia o espaço para a atuação de empresas privadas no setor, comprometendo a meta de universalização dos serviços de água e esgoto, prevista para 2033, de acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico de 2012.

“Estamos convocando todas entidades que defendem o direito à água e o saneamento para estarem em Brasília para pressionarem os parlamentares a não votarem a favor dessa MP”, afirma o presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU-CUT). Segundo ele, as mudanças previstas na MP 844 “vão desestruturar o sistema de saneamento”.

A principal mudança proposta pela MP é o fim ao subsídio cruzado, que permite que recursos arrecadados com a cobrança de tarifas de água e esgoto em áreas mais ricas sejam investidos em municípios mais pobres. Com o fim do mecanismo, as entidades preveem o agravamento das disparidades na qualidade e na cobertura dos serviços de água e esgoto entre capitais e grandes cidades e os pequenos municípios.

A proposta também impede que os municípios optem pela gestão associada e consórcios com as empresas públicas estaduais. As cidades que optarem por não fazerem a gestão direta do serviço de água e esgoto serão obrigadas a fazer um chamamento público, abrindo assim para a participação das empresas privadas. Prevê ainda que a mesma empresa chamada para fazer o estudo de viabilidade econômica de um projeto de concessão participe da disputa para ofertar o serviço. Ou seja, as empresas já participariam do processo de chamamento sabendo do potencial econômico de uma determinada região, descartando às que não resultarem interessantes.

A MP ainda determina que a regulação passe a ser feita nacionalmente pela Agência Nacional de Águas (ANA), que também fica responsável pela fixação das tarifas a serem cobradas. Segundo os especialistas, a ANA não tem corpo técnico especializado, como tem as agências reguladores estaduais e regionais, que também conhecem mais profundamente as condições econômicas e geográficas onde cada empresa opera.

Em manifesto assinado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Associação Brasileira de Agências de Regulação (Abar), Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) e Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), dentre outras, as entidades alertam que as modificações propostas pela MP 844 não visam a melhoria dos serviços prestados. “O objetivo é ampliar o espaço dos negócios das empresas privadas.”

Na página da Abes, é possível enviar mensagens aos parlamentares para pressionar contra a aprovação da medida.

Rede Brasil Atual

https://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2018/11/mp-que-privatiza-setor-de-saneamento-pode-ser-votada-nesta-terca-no-congresso

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Reforma da previdência proposta por Bolsonaro inviabiliza a aposentadoria das mulheres

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Educação, o primeiro ‘front’ da guerra cultural do Governo Bolsonaro

Antes mesmo de ganhar a eleição, Jair Bolsonaro já aparecia em vídeos convocando pais e alunos a delatar professores que promovam, segundo suas palavras, “doutrinação ideológica”. Agora, políticos do PSL incentivam o patrulhamento contra “o comunismo e a ideologia de gênero”. Eleita deputada estadual por Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo criou um canal para denúncias contra professores. Nesta quinta-feira, a Vara da Infância e da Juventude acatou representação do Ministério Público Estadual e considerou ilegal o canal mantido por Campagnolo, determinando também a retirada do ar de vídeos em que ela aparece conclamando pais e alunos a denunciarem.

Não se trata de iniciativas isoladas, pelo contrário. A pregação contra a suposta sexualização de crianças nas escolas e a “doutrinação” de esquerda na educação são facetas centrais da campanha vitoriosa de Bolsonaro, que também estão presentes na estratégia de mobilização de forças conservadoras e de extrema direita pelo mundo, parte das chamadas “guerras culturais”. Uma semana após a votação, já há sinais de que a Educação será um dos primeiros fronts do bolsonarismo que chega ao poder.

Na Câmara dos Deputados, na euforia após a vitória do capitão reformado do Exército, o tema também se moveu. O projeto “Escola sem Partido”, que veta várias práticas, entre elas o uso da palavra “gênero” e da expressão “orientação sexual” nas escolas, foi pautado para ser discutido em uma comissão especial. A votação acabou, no entanto, adiada. “Esse tema não é apenas do Parlamento. Ganhou as ruas. É um tema do Brasil. Pautaremos na próxima semana para debate democrático”, prometeu o deputado presidente da comissão, Marcos Rogério (DEM-RO).

Os efeitos já são sentidos em escolas e universidades pelo país, que registraram nos últimos dias episódios de denúncias a professores e rusgas entre apoiadores e detratores de Bolsonaro. Em Fortaleza, o professor de história Jam Silva Santos foi acusado de doutrinação após exibir o filme Batismo de Sangue, baseado em um livro de Frei Betto sobre a ditadura, a estudantes do ensino médio no colégio Santa Cecília. Um aluno gravou trecho do filme que parou nas redes sociais, onde Santos sofreu linchamento virtual sob a alegação de crítica velada a Bolsonaro. Na segunda-feira, ele foi recebido no colégio com aplausos dos estudantes, que consideraram injustas as críticas ao professor. Ele exibe o filme em suas aulas há cinco anos e nunca havia tido problemas semelhantes.

De acordo com o Sindicato dos Professores do Ceará (APEOC), os casos de denúncias por suposta “doutrinação ideológica” têm crescido no Estado este ano. Desde janeiro, pelo menos cinco professores, além de Jam Silva Santos, estiveram sob a mira de críticos nas redes sociais. Um deles é Euclides de Agrela, professor de história e sociologia da Escola Estadual Otávio Terceiro de Farias, em Fortaleza. Uma discussão entre ele e um aluno, expulso de sala depois de ofendê-lo, foi filmada e viralizou em páginas de apoio a Bolsonaro, que atrelaram a fala do professor sobre atitudes “nazifascistas” atribuídas ao ex-capitão à sua militância pelo PSOL, partido ao qual é filiado.

Agrela admite que se exaltou e teve reação descabida à confrontação do estudante bolsonarista, mas condena a divulgação fora de contexto dos vídeos em sala de aula, que lhe rendeu ameaças de morte. “Tive que sair de casa por alguns dias. Um clima de terror.” O vice-presidente da APEOC, Francisco Reginaldo Pinheiro, afirma que o sindicato criou um canal para prestar apoio a educadores vítimas de intimidação e patrulhamento nas escolas. “Defendemos a liberdade de ensino. Existem espaços adequados para queixas de pais e alunos. Expor o professor em rede social é perigoso, coloca sua segurança em risco. Infelizmente isso está se tornando recorrente por causa da polarização ideológica motivada pela política”, diz Pinheiro.

Paulo Freire e os grandes males

O plano de governo em educação é considerado vago em vários pontos como valorização do professor ou reforma do ensino médio, mas a equipe de Bolsonaro explicita bem suas prioridades. Aponta que “um dos maiores males atuais é a forte doutrinação” e promete “expurgar a ideologia de Paulo Freire”, o patrono da educação brasileira, embora atualmente as bases curriculares tanto do ensino fundamental quanto do médio não façam referência aos métodos do educador. “A rejeição a Paulo Freire é uma estratégia narrativa”, afirma Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e ex-candidato ao Senado pelo PSOL. “Porque ele simboliza o estímulo ao senso crítico e a própria pedagogia, que, na visão de Bolsonaro, significam doutrinação.”

Adeptos do Escola sem Partido protestam contra Paulo Freire.
Adeptos do Escola sem Partido protestam contra Paulo Freire. REPRODUÇÃO

Cara não está sozinho na avaliação. “O que Paulo Freire preconiza é aceito no mundo inteiro. Estive em Cingapura, primeiro lugar no (teste educacional) Pisa, e eles citaram Paulo Freire como alguém que inspira o país a buscar as aspirações educacionais que desejam”, disse à revista Nova EscolaCláudia Costin, coordenadora do Centro de Excelência e Inovação de Políticas Educacionais (CEIPE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-diretora do Banco Mundial.

Outro desejo do futuro Governo é, também, a reinserção no currículo escolar das disciplinas de educação moral e cívica, algo abolido após o fim da ditadura militar. Durante a campanha, o general Aléssio Ribeiro Souto, um dos designados por Bolsonaro para elaborar o plano de educação, chegou a questionar a teoria da evolução e defender o criacionismo no ensino de ciências. “Se a pessoa acredita em Deus e tem o seu posicionamento, não cabe à escola querer alterar esse tipo de coisa”, afirmou Souto.

Souto também prega uma revisão do período ditatorial nas aulas de história, exigindo que se conte “a verdade” sobre o regime. “É uma concepção autoritária da educação”, diz Luiz Carlos de Freitas, pesquisador e professor aposentado da Unicamp. “Enxergam qualquer pensamento diferente do deles como um risco, que deve ser combatido com disciplina e repressão. E, ao combaterem uma possível ideologia com a imposição de suas crenças, acabam caindo na contradição de promover doutrinação às avessas. É um retrocesso.” Atualmente, ao contrário do material didático adotado em colégios militares, que se referem ao golpe militar como “revolução de 1964”, os livros do MEC definem o regime como uma ditadura. O criacionismo consta na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Já a  educação sexual, que tanto mobiliza Bolsonaro, já vem sendo atacada há anos e é tratada apenas de maneira transversal com foco em sexualidade no último ano do ensino fundamental.

Os obstáculos para colocar as ideias em prática

Para colocar em prática as propostas direcionadas à área a partir do próximo ano, Bolsonaro terá de entrar em rota de colisão com as diretrizes do Plano Nacional de Educação (PNE) e da Base Nacional Comum Curricular, além de apelar à influência no Congresso. As propostas de revisão de currículo nas escolas se chocam com determinações recentes do Conselho Nacional de Educação, órgão independente que auxilia as tomadas de decisão do MEC e é responsável pela definição da Base Curricular. A reforma do ensino infantil e fundamental já está finalizada, enquanto a do ensino médio deve ser concluída até o fim do ano. Como os mandatos de conselheiros do órgão foram renovados por Michel Temer, Bolsonaro teria de esperar pelo menos dois anos para mudar parte da mesa diretora, que hoje prioriza o enxugamento de disciplinas e tem praticamente fechada a lista de livros didáticos recomendados nas escolas.

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Enem tem menor percentual de faltantes desde 2009

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve o menor percentual de faltantes desde 2009, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 24,9%, o que representa cerca de 1,4 milhão de estudantes do total de 5,5 milhões de inscritos.

Até então a menor porcentagem de ausentes foi registrada em 2011, quando 26,4% não fizeram as provas. De acordo com o ministro da Educação, Rossieli Soares, o número final de faltantes será divulgado no segundo dia do exame, 11 de novembro. Aqueles que comparecerem no segundo dia de prova serão considerados presentes.

Para Soares, a redução das faltas se deve, entre outros motivos, pela mudança nas regras do exame. Os estudantes isentos que faltarem perderão a isenção no próximo Enem caso não justifiquem a ausência. Além disso, contribuiu o fato das provas serem realizadas em dois domingos e não mais em um sábado e um domingo. “Importante termos esse resultado. Avançarmos na questão dos ausentes”, diz Soares. Na avaliação dele, a logística “funcionou e está funcionando maravilhosamente bem”.

Do total de inscritos, 10,55% até hoje (4), no primeiro dia do Enem não acessaram o cartão de confirmação, que contém o local de prova, o que equivale a 581.892 participantes. Na avaliação do Inep, o acesso foi grande.

O ministro da Educação, Rossieli Soares, faz avaliação do primeiro dia do Enem 2018 e diz que logística funcionou bem – Valter Campanato/Agência Brasil

Hoje, os estudantes fizeram provas de linguagem, ciências humanas e redação. O exame segue no dia 11 de novembro, quando os estudantes farão provas de ciências da natureza e matemática.

O gabarito oficial será divulgado em 14 de novembro, juntamente com os Cadernos de Questões, no Site do Enem e no Aplicativo. Já o resultado deverá ser divulgado no dia 18 de janeiro de 2019.

Provas canceladas

As provas tiveram que ser canceladas em dois locais de prova, um em Porto Nacional (TO) e um em Franca (SP) devido a falta de energia elétrica. Segundo o Inep, esses estudantes poderão fazer o segundo o dia de prova normalmente. O Enem será reaplicado nos dias 11 e 12 de dezembro para esses estudantes. Aqueles que forem prejudicados poderão fazer apenas o dia do exame que não conseguiram fazer na data regular.

Segurança

Duas pessoas foram presas em Montes Claros (MG) por uso de ponto eletrônico no exame. Essas pessoas já vinham sendo monitoradas pela Polícia Federal. Além desses participantes, 69 foram eliminados, dois por se recusarem a ser revistados por detector de metal e 67 por descumprimento das regras do edital, como ausentar-se antes do horário permitido, não atender orientações dos fiscais, entre outras.

Neste ano, a aplicação do Enem conta com cinco vezes mais detectores de metais. Todos os banheiros passaram a contar com detectores. Além disso, todas as medidas de segurança da edição passada foram mantidas.

O Enem é monitorado, pela primeira vez, no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), além dos Centros Integrados de Comando e Controle Regionais (CICCR), distribuídos pelas unidades da Federação e com representantes de todas as forças de segurança envolvidas na aplicação.

Denúncias

Os candidatos também poderão usar a Página do Participante para denunciar qualquer intercorrência que tenha atrapalhado a execução da prova. Podem usar o canal para denunciar também fake news, notícias falsas que recebam. Os participantes podem também entrar em contato com o Inep pelo telefone 0800-616161.

Agência Brasil
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Professora censurada por opinião política é demitida de escola em Santo André

Uma professora de História da Escola Liceu Jardim, em Santo André, foi demitida na última terça-feira (30) por ter se ausentado de algumas aulas, após crises de choro, devido a pressões e patrulhamento no trabalho por conta das eleições. A instituição diz que o desligamento ocorreu por não concordar com o motivo apresentado por ela e que a decisão da docente, de deixar a aula, foi unilateral.

Juliana de Oliveira Lopes era contratada há três anos pela instituição e lecionava para as turmas de ensino fundamental II e ensino médio. Em entrevista à CUT São Paulo, a professora diz que nunca havia manifestado seu voto nas eleições em sala de aula, mas que, por insistência dos alunos, que desejavam discutir o momento político do país, chegou a dizer que não votaria no agora presidente eleito Jair Bolsonaro por não concordar com a política de ataques aos indígenas, negros, LGBTs e mulheres.

Desde então, ela passou a ser alvo de manifestações dos pais, que foram questionados por seus filhos em casa por conta do voto em Bolsonaro. Ao reclamarem na direção escolar, eles teriam, inclusive, usado postagens políticas do perfil pessoal do Facebook da professora para sustentarem suas queixas, dizendo que iriam recorrer à justiça por aliciamento de menores. Após a demissão, os alunos fizeram uma manifestação cobrando posicionamento da direção.

Segundo apurou a reportagem, a escola tem sofrido pressão de alguns pais, que estariam pedindo “a cabeça” de professores que, para eles, estão “doutrinando seus filhos a serem comunistas”. Além disso, exigem que a escola particular adote o projeto Escola Sem Partido, ameaçando cancelar a matrícula dos filhos em caso negativo – a questão financeira teria pesado na decisão do Liceu de demitir a professora.

“Nestes 3 anos que lá fiquei, conseguimos fazer um trabalho de humanização da escola, que era chamada pelos próprios alunos de ‘presídio’. Fizemos um coletivo feminista, promovemos saídas culturais, criamos um espaço de debate (com convidados de fora) chamado ‘Diálogos do Jardim’, no qual era possível debater desde segurança pública a racismo, com todos os alunos do Ensino Médio reunidos. Todavia, isso tudo está ameaçado, pois alguns pais veem isso como doutrinação”, escreveu a professora no Facebook.

Juliana diz que a escola vinha alertando os professores de que alguns pais os monitoravam pelas redes sociais e que, por isso, houve a solicitação de moderação das postagens.

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Por meio de sua assessoria, o Liceu Jardim diz que o episódio de segunda (29), quando a professora se ausentou, foi apenas mais uma ocorrência relacionada a ela. “Durante os últimos tempos, em diferentes momentos, fizemos orientações sobre algumas de suas posturas contrárias às diretrizes da escola. Diretrizes compromissadas com nossas famílias, como escola privada, para formação de seus filhos. São diretrizes acadêmicas e fundo ético, que acreditamos ser a razão central, pela qual, as famílias nos contratam, entre tantas outras instituições, para atuar na formação dos seus filhos. A escola particular tem exatamente esta função: a de representar à sociedade, o pluralismo de modelos e ideários de ensino.”

A escola também nega que tenha censurado conteúdos postados nas redes sociais de seus funcionários, mas confirma ter sugerido “cautela”. Diz ainda que ao pedir para se ausentar, Juliana não teria conversado com a direção, mas só comunicado. “Na segunda-feira, por exemplo, a professora apenas chamou a secretária do setor para ficar com sua turma, alegando que, em virtude do resultado da eleição, não estava em condição de dar aula, deixando sua classe, sem ao menos manifestar o cuidado de acertar com direção sob cuidados e responsabilidade de quem estariam seus alunos.”

Sobre a reclamação dos pais, a escola diz que tem recebido “ao longo deste último ano, recorrentes queixas de que havia uma explícita ‘doutrinação’ e promoção de ideologias contrárias aos valores da família.”

Em nota, o Sindicato dos Professores do ABC (Sinpro ABC), filiado à CUT, manifesta repúdio à decisão da escola e se coloca à disposição da docente para tomar as devidas providências, de acordo com a lei. “Diante desse grave fato, o Sinpro ABC se solidariza à professora Juliana Lopes e repudia a atuação da Instituição de Ensino e dos pais, que inferiram no direito fundamental da Liberdade de expressão, sendo a demissão um desrespeito à Constituição de 1988, à liberdade de cátedra e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, que trazem em seu escopo a compreensão de que a educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana”.

Em outro trecho, o sindicato lembra que a escola é um espaço social de convivência democrática, que deve incentivar o questionamento e abrigar diversas formas de pensamento. “Nós professores e professoras, articuladores de uma sociedade pluralizada, não podemos nos calar diante de propostas que destroem a educação e criminalizam docentes, incentivando à sociedade, a prática de perseguição e retaliação dos que transmitem o conhecimento”.

No próximo dia 6, o sindicato também irá realizar uma manifestação em frente à escola, a partir das 6h30, pela liberadade de cátedra. A concentração será na Rua Silveiras, 70, na Vila Guiomar, em Santo André.

Portal da CUT

https://www.cut.org.br/noticias/professora-censurada-por-opiniao-politica-e-demitida-de-escola-de-santo-andre-6f74

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Centrais sindicais: Unir o povo contra o fim da aposentadoria

Com a renovada ameaça do fim da aposentadoria por parte da gestão Michel Temer e as emendas pioradas sinalizadas pela gestão Jair Bolsonaro, as centrais sindicais (CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central, CSB, Intersindical, Conlutas) se reuniram na manhã desta quinta (1º/11) para retomar a agenda de luta em defesa da aposentadoria.

Ao final as centrais aprovaram nota unificada de orientação sobre os próximos passo (leia íntegra abaixo). De acordo com a nota, as centrais irão “organizar o movimento sindical e os segmentos sociais para esclarecer e alertar a sociedade sobre a proposta de fim da aposentadoria; realizar um seminário, em 12 de novembro, para iniciar a organização da campanha nacional sobre a Previdência que queremos; retomar a luta por uma Previdência Social pública, universal, que acabe com os privilégios e amplie a proteção social e os direitos”.

Durante a reunião, as entidades classificaram como “desanimadoras” do presidente eleito e alertaram que até aqui a sinalização é para um cenário de instabilidade e de maior dificuldade para nosso povo brasileiro.

“Estamos diante de uma proposta ainda pior que a de Temer. Não só acaba com a aposentadoria tornando-a um serviço que será gerido pelos bancos, o que eles estão chamado de modelo de capitalização. Ou seja, mais um vez querem que a classe trabalhadora pague a conta. Não iremos aceitar”, alertou Wagner Gomes, secretário geral da CTB.

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Ele destacou alguns pontos como alerta para a sociedade: a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres; o modelo falido de capitalização, já experimentado no Chile e que trouxe somente miséria para aquele país; o impacto para as mulheres, além de não levar em conta as diversas jornadas, elas receberão menor provento que os homens; a desvinculação do salário mínimo, reduzindo brutalmente o poder de compra do benefício; o impacto para os servidores públicos; e a manutenção dos privilégios.

 

“Acrescenta-se a esses ataques o fato de que o trabalhador e trabalhadora que se aposentar por essa proposta receberá apenas 70% do salário mínimo corrigido apenas pela inflação. Ou seja, estamos diante de uma proposta que sentencia nosso povo à miséria”, emendou Gomes.

Suicídio social

“A implantação do modelo chileno no Brasil completaria o suicídio econômico e social em curso [no Brasil], uma vez que a Previdência Social é um dos principais sistemas de distribuição de renda no nosso país”, afirmou o economista e professor da Unicamp Eduardo Fagnani, em entrevista ao site de Lula.

Segundo ele, 30 milhões de brasileiros recebem benefícios da Previdência Social, sendo que 70% recebem apenas um salário mínimo. “É um importante mecanismo de proteção social e que contribui para a queda da desigualdade social”, diz o economista, que explica, também, que o sistema chileno beneficia somente os fundos de pensão privada.

Nota das Centrais:

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Agenda

Na reunião desta quinta, foi marcada uma plenária para o próximo dia 12/11, também no Dieese, para discutir a situação da Previdência e a agenda de ação. Na oportunidade também será lançada campanha de defesa da aposentadoria.

Portal CTB

http://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/centrais-sindicais-unir-o-povo-contra-o-fim-da-aposentadoria

 

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NOTA DE PESAR

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – SINPRO GOIÁS, manifesta seu profunda do pesar pelo falecimento do professor Ivo Mauri, primeiro presidente da Associação dos Professores da PUC Goiás/APUC, gestão 1978 – 1980, e ex-reitor da PUC Goiás.
Originário de Farroupilha, no RG do Sul, graduado em Filosofia e Teologia,  o professor Ivo Mauri participou ativamente das lutas sociais nas décadas de 1970 e 1980, com destaque para os movimentos pela Anistia e Diretas Já, em defesa das liberdades democráticas e da luta pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.
Expressamos aqui nossa solidariedade à família e aos amigos neste momento de tristeza, e reforçamos nossos compromissos, em sua memória, de luta em defesa dos direitos dos professores/as, da melhoria de suas condições de trabalho e de vida, da educação, e do pleno exercício da cidadania do povo brasileiro.
Goiânia, 31 de outubro de 2018
Sindicato dos professores do Estado de Goiás – SINPRO GOIÁS.