Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

Reforma trabalhista completa um ano de vigência sem cumprir promessas do Governo

Para Anamatra, Lei 13.467/2017 não gerou empregos e trouxe insegurança jurídica

A reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) completa, neste domingo (11/11), um ano de vigência. A lei, que alterou mais de cem pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não cumpriu, conforme avaliação do presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Guilherme Feliciano, as principais promessas que sustentaram a aprovação da proposta, ao tempo do Projeto de Lei 6787/2016, como o aumento do número de postos de trabalho e o fomento à segurança jurídica.

Até mesmo a diminuição no volume de novas ações – comemorado pelos próceres da nova lei – não significa que direitos sociais e trabalhistas passaram a ser rigorosamente respeitados pelos empregadores. “A redução deve-se, em especial, a aspectos processuais. O trabalhador hoje teme exigir todos os seus direitos na Justiça”, alerta. Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), novas ações caíram 36,5%, quando comparado o volume de casos apresentados de janeiro a agosto de 2018 com o mesmo período em 2017.

A Lei 13.467/2017 também estimulou a geração de postos de trabalho informais e precários. Segundo dados do IBGE, o número de empregos com carteira assinada encolheu 1%, para 32,9 milhões – embora tenham sido criadas cerca de 372 mil vagas formais -, e o número de trabalhadores informais atingiu 35 milhões em setembro. Segundo o Instituto, 43% da força de trabalho já é informal, o que equivale a quase 40 milhões de trabalhadores. “Os dados refletem aquilo para o que a Anamatra alertara: o projeto engendraria o fomento ao trabalho precário, com políticas de direitos mínimos, e a prática da terceirização indiscriminada na atividade-fim das empresas”, explica Feliciano.

A ausência de segurança jurídica é outro ponto mencionado pelo presidente da Anamatra, o que é comprovado pela vintena de ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas no Supremo Tribunal Federal (STF). A Anamatra foi uma das entidades que questionou, no STF, pontos da reforma trabalhista, a saber, o índice de atualização dos depósitos recursais e a fixação “tabelada” de valores de indenização por dano extrapatrimonial (danos morais e estéticos, por exemplo). “Ainda estão ‘sub judice’, naquela Corte, o trabalho intermitente e a realização de atividades insalubres por gestantes e lactantes”, lembra o presidente.

“As alterações introduzidas na CLT ainda não trouxeram mudanças significativas na jurisprudência do TST. Isso porque a aprovação, a alteração ou a revogação de súmulas, precedentes normativos e orientações jurisprudenciais – se fosse constitucional, nessa parte, a reforma -, já não seguiria o rito do Regimento Interno do TST”, completa o presidente da Anamatra. Segundo Feliciano, “não se percebeu que, ao dificultar a edição de novas súmulas pelo TST, também se obstaculizou a atualização de súmulas lá existentes”.

Pontos positivos – Na avaliação do presidente da Anamatra, apesar de tudo, alguns poucos pontos da reforma podem ser apontados como positivos, a exemplo da mudança processual que permite ao juiz decidir, concretamente, a quem cabe o ônus da prova de determinado fato. “A possibilidade do fracionamento das férias em até três períodos também parece ter sido bem assimilada pela sociedade”, aponta.

Portal da Anamatra

https://www.anamatra.org.br/imprensa/noticias/27188-reforma-trabalhista-completa-um-ano-de-vigencia-sem-cumprir-promessas-do-governo

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

Nivaldo Santana: Os desafios atuais do sindicalismo

O movimento sindical brasileiro vive um período de grandes dificuldades. Seguramente, é o pior momento desde o fim do regime militar. Recessão, desemprego, precarização do trabalho, arrocho salarial, enfraquecimento sindical e outras mazelas compõem a agenda regressiva contra o sindicalismo. Para usar um termo muito em voga, uma tempestade perfeita se abate sobre os trabalhadores e a organização sindical no país.

Precarização do mercado de trabalho

As análises do mercado de trabalho nos últimos dois anos no Brasil apontam para uma precarização sem precedentes. Alguns dados comprovam essa afirmação. Informações do IBGE para o segundo trimestre deste ano indicam que falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros, taxa de 24,6% de subutilização da força de trabalho.

Esse montante corresponde a cerca de 13 milhões de desempregados e outros tantos da força de trabalho potencial que é subutilizada, ou seja, trabalha menos de 40 horas semanais, procura emprego e não acha ou simplesmente desistiu de procurar, por desalento.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, para os meses de junho a setembro, joga tintas ainda mais dramáticas sobre a precarização crescente do trabalho no Brasil. Pela PNAD Contínua, o Brasil tomou ciência de que o trabalho informal bate todos os recordes e atinge 39,7 milhões de trabalhadores no período pesquisado.

O trabalho informal é constituído de 11,5 milhões de trabalhadores do setor privado sem carteira assinada, 18,9 milhões de autônomos sem CNPJ, 4,5 milhões de trabalhadores domésticos sem carteira, 2,6 milhões de trabalhadores sem registro no setor público e 2,2 milhões que auxiliam a família em trabalho informal.

O resultado mais imediato do desemprego, da força de trabalho subutilizada, do trabalho informal e da alta rotatividade é a estagnação da massa salarial do país. O rendimento médio real do trabalhador no trimestre encerrado em setembro deste ano, segundo o IBGE, foi de apenas R$ 2.222,00. Os trabalhadores que conseguem ingressar ou reingressar no mercado de trabalho recebem salários cada vez mais baixos, predominantemente no trabalho informal.

Esse quadro é produto de diversos fatores. O principal deles é paralisia da economia do país nos últimos três anos, agravada com aprovação de um conjunto de medidas que alteraram os termos das relações de trabalho no país, como a terceirização irrestrita, inclusive nas atividades-fim da empresa, e a chamada reforma trabalhista.

No Brasil de Temer, a própria CLT se tornou letra morta. A adoção da tese segundo a qual o negociado deve prevalecer sobre o legislado, com a falsa aparência de valorização da negociação, na verdade foi a senha para a adoção de novas e precárias modalidades de trabalho, como o trabalho intermitente, o trabalho à distância (teletrabalho) e a flexibilização de diversos direitos consagrados na legislação.

Novos ataques aos sindicatos

Para aplicar a agenda do capital contra o trabalho, a reforma trabalhista também limitou o papel da Justiça do Trabalho, advogando a tese de intervenção mínima da justiça nos conflitos individuais e coletivos e intimidando os trabalhadores com a ameaça de pagamento de multas abusivas se ações ajuizadas forem caracterizadas como litigância de má fé.

Nessa onda, o movimento sindical, principal organização de massa dos trabalhadores, também não foi poupado. Para dificultar a resistência dos trabalhadores em defesa dos seus direitos e conquistas, a reforma trabalhista bateu duro no sindicalismo.

A criação de comissões de trabalhadores à margem do sindicato, com poder de “negociar” diversos direitos da CLT, o fim da contribuição sindical obrigatória e outras medidas para cercear a sustentação material do sindicalismo são partes integrantes das ações antissindicais em curso no país.

A receita de contribuição sindical, depois do fim da obrigatoriedade, caiu 91% em 2018. Com isso, centrais sindicais, confederações, federações e milhares de sindicatos foram obrigados a promover duros ajustes em seus orçamentos, fechando sedes e departamentos, diminuindo o quadro de assessoria e limitando até mesmo os investimentos nas lutas e mobilizações.

Resultado das eleições agrava o quadro

O resultado das eleições gerais deste ano agrava o quadro. A vitória da extrema-direita apresenta perspectivas desalentadoras. O novo esquema de poder, na prática, promove uma ruptura com a chamada Nova República e as bases da Constituição que sustentavam o estado de direito democrático no país.

Ainda estão em curso as avaliações sobre os resultados das eleições e as propostas do novo governo. No entanto, já se pode vislumbrar que será um governo ultraliberal, entreguista, autoritário e com viés fascista. Os superministros Paulo Guedes, na Economia, Sergio Moro, na Justiça, associados à linha dura de militares que participarão do primeiro escalão do governo mostram a verdadeira face do governo Bolsonaro.

Esse quadro de ofensiva conservadora apresenta dificuldades adicionais para a reversão das reformas e outras medidas contra o trabalho. Ao contrário, o novo governo promete aprofundar a política ultraliberal do governo Temer e ampliar as restrições democráticas no país. Pelo andar da carruagem, o novo governo pretende continuar e ampliar as políticas de redução do custo do trabalho, de diminuição dos gastos sociais e de criminalização do que ele chama de “ativismo social”. Na outra ponta, porta-vozes do novo presidente insinuam com a extinção até do Ministério do Trabalho, criado em novembro de 1930

A resistência, no entanto, não para. A primeira grande batalha a ser enfrentada é a luta contra a reforma previdenciária. Noticia-se que o novo governo pretende implantar, entre outras medidas amargas, o regime de capitalização, o mesmo sistema previdenciário fracassado do Chile de Pinochet.

A hora é de unidade, resistência e luta

Para enfrentar a ofensiva conservadora, algumas tarefas se destacam para o sindicalismo nacional. A primeira e mais importante é ajudar a compor e fortalecer uma ampla frente democrática para deter as ameaças fascistas que pairam sobre o nosso país. Defender a democracia é questão decisiva para o movimento sindical. Sem democracia não se assegura os direitos trabalhistas, previdenciários e sociais.

Neste terreno dos direitos, urge construir de imediato uma poderosa resistência, liderada pelas centrais sindicais e com a participação dos mais amplos setores políticos e sociais, em defesa da Previdência pública e dos direitos dos aposentados e pensionistas. A Previdência é a maior rede de proteção social do Brasil, com quase 35 milhões de benefícios entre aposentadoria, pensão, auxílios e benefícios assistenciais.

A agenda dos trabalhadores deve incorporar também a defesa de todos os direitos e conquistas, a luta por emprego de qualidade e por mais e melhores salários. Para tanto, a retomada do crescimento econômico é essencial. Nosso tripé programático para a resistência é democracia, desenvolvimento e direitos.

O Brasil vive dias sombrios. São graves as ameaças à democracia, à nossa soberania e aos direitos dos trabalhadores e do povo. Como em outros momentos da nossa história, as forças do atraso em algum momento serão derrotadas.

Para tal, o movimento de resistência precisa ganhar corações e mentes, esclarecer o povo, desmascarar os reais intentos dos falsos pregoeiros que se apresentam como salvadores da pátria, fortalecer nossas entidades, realizar mobilizações a partir de questões concretas, adotar palavras de ordem justas e definir formas de lutas amplas, em correspondência com a conjuntura adversa, para abrir caminho para uma nova hegemonia no país.

Nivaldo Santana é secretário de Relações Internacionais da CTB e Secretário Sindical do PCdoB

Portal da CTB

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

Enquanto os bancos têm lucros bilionários, 62% dos brasileiros estão endividados

Só com os juros cobrados, os bancos embolsaram mais de R$ 354 bilhões no ano passado. Os juros do cheque especial chegam a 300% ao ano. 10,8% da renda anual das famílias foram usadas para pagamento de juros

Enquanto 62% dos brasileiros vivem o drama do endividamento e não têm condições de pagar suas contas, os bancos continuam obtendo lucros estratosféricos ano após ano. A explicação para este alto endividamento dos brasileiros são os juros médios cobrados de pessoa física que passam de 52% ao ano, chegando a 280% no cartão de crédito rotativo e mais de 300% no cheque especial.

O valor dos juros pagos pelas pessoas físicas atingiu em 2017, R$ 354,8 bilhões – 17,9% maior que o registrado em 2016. O total pago corresponde a 372 milhões de salários mínimos ou 8,5% de todo o consumo das famílias brasileiras no ano passado.

Isso significa que 10,8% da renda anual das famílias brasileiras foram usadas apenas para o pagamento de juros no ano passado, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

“São recursos que saem dos bolsos das famílias e também das empresas e do governo diretamente para o caixa do setor financeiro”, diz Gustavo Cavarzan, técnico da subseção Dieese da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).

Segundo o técnico, “o Brasil tem um dos maiores patamares de spread bancário do mundo”. O spread bancário, explica, é a diferença entre a taxa que os bancos cobram da população nos empréstimos e a taxa que eles pagam para captar nosso dinheiro, como a poupança. “No Brasil, essa diferença é enorme e faz os juros atingirem patamares muito altos, garantindo, assim, o lucro dos bancos mesmo quando a economia não vai bem”, afirma.

De acordo com o técnico, os dois fatores que contribuem para essa situação são: a taxa básica de juros real (Selic) da economia brasileira, que está entre as mais altas do mundo, serve de referência para as taxas cobradas pelos bancos; e a enorme concentração do mercado bancário no Brasil onde cinco bancos controlam mais de 90% das operações e atuam como um oligopólio.

Bancos têm lucros estratosféricos

No ano passado o lucro líquido dos cinco maiores bancos (Bradesco, Itaú, Santander, Caixa e Banco do Brasil) somou R$ 77,4 bilhões, 33,5% a mais do que o registrado em 2016, segundo estudo do Dieese. Já nos nove primeiros meses deste ano, somente os três maiores bancos privados do país (Bradesco, Itaú e Santander) obtiveram R$ 44 bilhões de lucro – um crescimento médio de 10,1% em doze meses, de acordo com a Contraf.

 

Crédito rotativo

Para tentar reduzir esses níveis de inadimplência, em abril deste ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN), definiu que o pagamento mínimo da fatura de cartão de crédito passasse a ser estabelecido pelos bancos – anteriormente era obrigatório pagar 15% do saldo total da fatura.

Para Gustavo Cavarzan, a decisão do CNM não foi uma medida consistente para reduzir a taxa básica real de juros da economia, nem atacou o grande poder de oligopólio dos cinco maiores bancos que atuam no Brasil.

“Foi uma medida pontual que atua em uma linha de crédito especifica e não ataca nenhum dos problemas estruturais que explicam porque o patamar geral de juros no Brasil é tão elevado”, afirma o técnico.

Ele aponta que o problema do endividamento é que se dá em condições tão pouco favoráveis de volume, prazo e custo do crédito, que leva parte das pessoas e empresas a inadimplência e outra parte a fazerem um esforço tão grande para pagar suas dívidas que não sobra recursos para consumo e investimento.

“Precisaríamos combinar políticas de renegociação das dívidas atuais em melhores condições e é possível fazer isso utilizando os bancos públicos e políticas de enfrentamento aos fatores estruturais que prejudicam as condições de crédito no país”, afirma o técnico do Dieese/Contraf.

Segundo Gustavo, todo esse endividamento pode representar um freio enorme para impulsionar a atividade econômica do país, já que os juros cobrados pelos bancos das pessoas, das empresas e do governo representam uma espécie de pedágio que todos pagam ao setor financeiro.

“Esse pedágio no Brasil é tão alto que acaba não sobrando recursos para o resto. Portanto os reflexos na economia são claro e absolutamente negativos do ponto de vista do crescimento econômico, da geração de emprego, do aumento da renda”, diz Gustavo.

Taxas cobradas pelos bancos pagam salários de todos os funcionários e ainda sobra dinheiro

Além de pagar juros exorbitantes, os usuários do sistema bancário pagam por tarifas e serviços cada vez mais caras.  Em 2017, esses dois itens aumentaram 10% na comparação com o ano anterior, somando R$ 126,4 bilhões.  Esse valor varia entre 5% e 72% aos gastos com salários e paga com folga todos os funcionários dos bancos, sem que precisem utilizar suas receitas.

“Nos últimos anos os bancos brasileiros vêm passando por um intenso processo de reestruturação em função da aplicação de novas tecnologias e modelos de organização empresarial que reduziram de forma significativa o número de trabalhadores nessas instituições e isso se mostrou uma fonte adicional de lucro para os bancos, através da redução ou estagnação das suas despesas de pessoal e administrativas”, afirma Gustavo.

Portal da CUT

https://www.cut.org.br/noticias/enquanto-os-bancos-tem-lucros-bilionarios-62-dos-brasileiros-estao-endividados-2abd

 

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

SEGUNDA RODADA COPA SINPRO GOIÁS

No próximo dia 10/11 acontece a segunda rodada da Copa SINPRO GOIÁS 2018. O campeonato promovido pelo Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – SINPRO GOIÁS, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer para professores filiados(as) ao sindicato terá quatro disputas, sendo a próxima entre a equipe ARAGUAIA e PSG às 17h e  Os jogos acontecem no Clube dos Oficiais em Goiânia.

Participe!

Categorias
Atualidades Destaques Recomendadas

Encontro do Ensino Médio: experiências exitosas e inovação pedagógica

Ocorre desde quarta-feira (7/11) até amanhã no Centro Educacional Sesc Cidadania o “Encontro do Ensino Médio: experiências exitosas e inovação pedagógica”, que conta com o apoio do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás. O evento busca articular de forma institucionalizada a discussão propositiva de práticas exitosas e inovadoras no Ensino Médio e tem como objetivo principal propiciar um espaço-tempo de debate a partir de práticas cotidianas no ensino médio que impactam positivamente a formação dos alunos.

Na abertura o Presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás, Railton Nascimento Souza destacou em sua fala:

”Que estamos comemorando, nesses dias, 30 anos da Constituição Federal de 1988 que devolveu aos brasileiros a CIDADANIA PLENA e restaurou a DEMOCRACIA no país. Eventos como esse são espaços democráticos que devem ouvir professores e alunos, compartilhar experiências, para pensar juntos um ensino médio que respeite os fundamentos constitucionais do pluralismo político, de ideias e concepções, e a LIBERDADE DE ENSINAR E APRENDER. Além de preparar a base para a formação profissional, o ensino médio deve oferecer uma educação integral, com espaço para as ciências humanas, artes e o pensamento crítico. A escola deve ser um espaço democrático de formação da cidadania.”

Um bom curso a todos!

 

 

Categorias
Atualidades Destaques

Senado aprova reajuste para o Judiciário

Salário de ministros de tribunais superiores passará para R$ 39 mil

O Senado aprovou nesta quarta-feira (7) projetos de lei que concedem aumento aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao procurador-geral da República. O reajuste altera o subsídio dos 11 integrantes do STF e da atual chefe do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, de R$ 33,7 mil para R$ 39 mil e provoca um efeito cascata sobre os funcionários do Judiciário, abrindo caminho também para um possível aumento dos vencimentos dos parlamentares e do presidente da República.

A proposta relativa aos membros do STF teve 41 votos favoráveis, 16 contra, e uma abstenção, após os senadores aprovarem, na tarde de ontem (6), a inclusão do texto na Ordem do Dia de hoje. Já o projeto do salário do procurador-geral da República foi aprovado de forma simbólica pelo plenário.

A votação provocou divergências entre os senadores desde o início do dia, depois que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, manifestou “preocupação” com a possibilidade de reajuste. Segundo Bolsonaro, o momento não é adequado para o aumento.

Câmara

A matéria foi aprovada pela Câmara dos Deputados, mas tramitava no Congresso desde 2016, depois de ter ficado paralisada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Neste ano, o Supremo aprovou um reajuste de 16% no salário dos ministros da Corte a partir de 2019.

Escolhido como relator de plenário, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) alterou o texto para adequar o reajuste, informando que não haverá efeito retroativo para os anos anteriores.

“É importante registrar às senhoras e senhores que existe um compromisso assumido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal de extinguir o auxílio-moradia hoje pago aos membros do Poder Judiciário, anulando assim o impacto orçamentário”, afirmou Fernando Bezerra, ao encaminhar voto favorável ao projeto.

Reações

Antes mesmo da votação, alguns senadores já criticavam a medida. A senadora Regina Sousa (PT-PI), por exemplo, defendeu que a matéria não entrasse em pauta.

“Eu não acredito que este Senado vá votar a favor disso, porque, ao mesmo tempo em que se quer votar reajuste para quem está no andar de cima, no último andar, há um projeto para adiar o reajuste dos servidores para 2020. Que contradição é essa? Não tem para os servidores, não pode ter para os magistrados também. Sem falar no efeito cascata para os Estados”, afirmou Regina Sousa.

Após anunciar o resultado, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), esclareceu que os projetos foram colocados em pauta de forma legítima e transparente. Segundo Eunício, a Procuradoria-Geral da República não vai extrapolar a Emenda do Teto dos Gastos, que limita o aumento das despesas públicas durante 20 anos.

Eunício lembrou também que o requerimento de urgência para votação das propostas foi aprovado ontem na presença dos senadores.

Ao defender a aprovação do projeto, o senador Romero Jucá (MDB-RR) disse que o Judiciário é responsável por decidir internamente sobre os gastos. “Estamos votando aqui uma mensagem do Poder Judiciário, que é independente, que tem autonomia orçamentária e financeira.”

O ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) lembrou que tramita na Câmara uma proposta de emenda à Constituição que acaba com o efeito cascata sobre os salários dos magistrados federais a cada reajuste dos ministros do STF. “Com a responsabilidade de quem paralisou esse reajuste desde 2016, eu quero dizer que vou ajudar neste momento a não trincar as relações entre os Poderes e dando um crédito de absoluta confiança ao presidente do STF [Dias Tóffoli] de quem eu ouvi que vai acabar com o auxílio-moradia e retirar outros penduricalhos”, afirmou.

Responsabilidade fiscal

Relator do projeto na CAE que havia emitido um parecer contrário ao texto, Ricardo Ferraço (PSDB-ES) disse que a matéria viola a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição, já que não há dotação orçamentária suficiente para o aumento.

“O cálculo feito pela Consultoria do Senado dá conta de que esta matéria impacta as contas nacionais em torno de R$ 6 bilhões. E aí vale perguntar: como fará o estado quebrado e falido do Rio de Janeiro? Como fará o estado quebrado e falido do Rio Grande do Sul e até o de Minas Gerais? Porque existe o efeito cascata. Esse impacto trará aos nossos estados enormes consequências”, questionou.

Para Roberto Requião (MDB-PR), o problema está na falta de informações sobre a extensão do reajuste. Ele disse que mandou fazer um levantamento sobre os salários dos juízes e desembargadores do Paraná, estado que tem em torno de 1.150 juízes.

“Seiscentos juízes receberam, em setembro, mais do que R$ 60 mil. Então, isso desarma esta conversa de que [o reajuste] vai ser diminuído porque liquidarão o auxílio-moradia. O auxílio-moradia é irrisório, são R$ 4 mil. Quero dizer a vocês que eu sou daqueles que votariam um bom salário, se eu soubesse qual é o bom salário”, disse o senador, informando que mais da metade dos tribunais de Justiça dos estados não revelaram ao STF o salário dos seus juízes.

Agência Brasil

http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-11/senado-aprova-reajuste-para-o-judiciario

Categorias
Atualidades Destaques

O pronunciamento do STF em defesa da liberdade

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou liminar concedida pela ministra Cármen Lúcia, que suspendeu atos de juízes eleitorais autorizando a busca e apreensão de materiais considerados de campanha eleitoral em universidades e proibindo aulas com temática eleitoral e reuniões e assembleias de natureza política. A decisão foi uma vitória da liberdade em nossa combalida democracia.

A Contee foi amicus curiae (amigo da corte, com profundo interesse em uma questão jurídica levada à discussão junto ao Poder Judiciário) da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 548, ajuizada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para “suspender os efeitos de atos judiciais ou administrativos, emanados de autoridade pública que possibilite, determine ou promova o ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas” — foi registrada a invasão de pelo menos nove universidades públicaspelas forças de repressão às vésperas do segundo turno das eleições de 2018, autorizada por juízes eleitorais. Para ela, “a democracia não admite rupturas, não admite atalhos, não admite intolerância, repulsa, ódio e violência”.

Argumentos da Contee

Segundo pronunciamento da advogada Sarah Campos, que representou a Contee no julgamento, as universidades públicas e privadas, nos dias que antecederam o segundo turno, viveram um turbilhão. “O ambiente universitário, como não poderia ser diferente, enseja a livre manifestação de ideias que nem sempre são concordantes. Por terem sido encontrados, dentro do Centro Acadêmico da Universidade Federal Fluminense, adesivos com os dizeres ‘ele não’ e materiais que comparavam os projetos de governo dos candidatos do segundo turno, automaticamente se chegou à conclusão de que a faixa exposta na fachada da universidade dizendo ‘Direito UFF Antifascista’ era propaganda contra um candidato. Um esforço argumentativo”.

Ela denunciou que “nós, advogados de sindicatos de professores, vivemos dias tormentosos e medonhos. Precisamos da união de todos os alunos, servidores e reitorias da universidade para enfrentar o momento de divergências ideológicas de forma criativa, produtiva, benéfica para a sociedade. Coibir essa efervescência de ideias não me parece ser produtivo para a democracia”.

Votos dos ministros

Em seu voto, seguido por unanimidade, a ministra Cármen Lúcia destacou que a autonomia universitária está entre os princípios constitucionais que garantem toda a forma de liberdade. “Impedir ou dificultar a manifestação plural de pensamento é trancar a universidade, silenciar estudantes e amordaçar professores”, afirmou. Segundo a ministra, a única força legitimada a invadir uma universidade é a das ideias livres e plurais. “Qualquer outra que ali ingresse sem causa jurídica válida é tirana, e tirania é o exato contrário da democracia”.

No que foi considerado uma reprovação à Lei da Mordaça (Escola Sem Partido), a ministra salientou que a exposição de opiniões, ideias ou ideologias e o desempenho de atividades de docência são manifestações da liberdade e garantia da integridade individual digna e livre. “A liberdade de pensamento não é concessão do Estado, mas sim direito fundamental do indivíduo que pode até mesmo se contrapor ao Estado”, concluiu.

Alexandre de Moraes considerou inconstitucionais as condutas de autoridades públicas que tendem a constranger ou inibir a liberdade de expressão, a liberdade de cátedra e o livre debate político, “realizado democraticamente e com respeito ao pluralismo de ideias no âmbito das universidades, tradicionais centros autônomos de defesa da democracia e das liberdades públicas”.

Para Roberto Barroso, não se pode permitir que, a pretexto do exercício do poder de polícia sobre a propaganda eleitoral, restrinja-se a liberdade de manifestação do pensamento, sobretudo quando essas manifestações visam preservar a democracia. Segundo o ministro, policiais entrando em salas de aula para interromper palestras ou a retirada de faixas que refletem a manifestação dos alunos são atos “inequivocamente autoritários e incompatíveis com o país que conseguimos criar e remetem a um passado que não queremos que volte. Pensamento único é para ditadores e a verdade absoluta é própria da tirania”.

Edson Fachin considerou que “sem educação, não há cidadania. Sem liberdade de expressão e pensamento, não há democracia”.

Gilmar Mendes registrou o caso de incitação à violação à liberdade de cátedra pela deputada estadual eleita Ane Caroline Campagnolo (PSL/SC), que abriu um canal para que alunos denunciem professores que supostamente estejam fazendo manifestações político-partidárias em sala de aula. “Mostra-se inadmissível que, justamente no ambiente que deveria imperar o livre debate de ideias, proponha-se um policiamento político-ideológico da rotina acadêmica. A política encontra na universidade uma atmosfera favorável que deve ser preservada. Eventuais distorções na atuação política realizada no âmbito das universidades mereceriam ser corrigidas não pela censura, mas pela ampliação da abertura democrática”.

Rosa Weber, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lembrou que a Justiça Eleitoral “não pode fechar os olhos” para os direitos, as liberdades e os princípios fundamentais assegurados na Constituição, “em particular a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, o pluralismo de ideias e a autonomia didático-científica e administrativa das universidades”.

Ricardo Lewandowski referiu que, em agosto de 1964, o STF concedeu um habeas corpus (HC 40910) para trancar ação penal contra um professor de Introdução à Economia da Universidade Católica de Pernambuco acusado de ter distribuído aos alunos um “papelucho” criticando a situação política do país no início da ditadura militar.

O decano da Corte, Celso de Mello, salientou que a universidade é, por excelência, o espaço do debate, da persuasão racional, da veiculação de ideias, o que torna intolerável a censura em suas dependências. “Todos sabemos que não há pessoas nem sociedades livres sem liberdade de expressão, de comunicação, de informação, mostrando-se inaceitável qualquer deliberação estatal, seja ela executiva, legislativa ou judicial, cuja execução importe em controle do pensamento crítico, com o consequente comprometimento da ordem democrática”.

O presidente do STF, Dias Toffoli, também acompanhou o voto da relatora e destacou os precedentes do Supremo citados por ela quanto à garantia da liberdade de expressão. A sessão durou mais de cinco horas e tratou exclusivamente do tema.

O caso de 1964 citado por Lewandowski

Foi muito feliz a memória do ministro Lesandowski sobre o habeas corpus concedido pelo ministro Hahnemann Guimarães, dia 13 de agosto de 1964, logo depois do golpe civil-militar de abril, em favor do professor Sérgio Cidade de Rezende. Na sentença, o juiz narra que Sérgio havia distribuído a 26 alunos, no dia 26 de junho, “um manifesto contrário à situação vigente, sem nenhum incitamento à prática de processos violentos para a subversão da ordem política ou social, ou à desobediência coletiva ao cumprimento de lei de ordem pública”.

No material distribuído, o professor Rezende acentua que ao estudante “cabe uma parcela de responsabilidade, uma parcela de decisão dos destinos da sociedade e para isto têm de optar entre ‘gorilizar-se’ (os generais golpistas na América Latina eram chamados de gorilas) ou permanecerem seres humanos”. A estes cabe a honra de defender a democracia e a liberdade”. O texto terminava com a conclamação “Viva o Partido Comunista”. O habeas corpus foi concedido por unanimidade. Dois dos ministros votantes, Evandro Lins e Silva e Victor Nunes Leal, foram posteriormente cassados pela ditadura.

O que diriam sobre este fato os defensores da Lei da Mordaça, como a deputada catarinense e o presidente recém-eleito? A Contee ajuizou no STF a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5537 contra a Lei 7.800/2016, de Alagoas. Conhecida como “Lei da escola livre”, na verdade Lei da Mordaça, a norma cria no âmbito da educação estadual um programa que propõe um sistema de “neutralidade política, ideológica e religiosa”. O relator, ministro Barroso, considerou plausíveis os argumentos de nossa entidade de que a norma possui vícios formais e materiais. A lei proíbe, por exemplo, que os professores estimulem os alunos a participar de manifestações, atos públicos ou passeatas.O julgamento está agendado para o próximo dia 28.

*Gilson Reis é coordenador-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee

Da Carta Educação (http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/o-pronunciamento-do-stf-em-defesa-da-liberdade/)

Categorias
Atualidades Destaques

Bolsonaro extinguir ministério do Trabalho é novo ataque a trabalhador

De acordo com notícia divulgada nesta terça-feira (6) na Folha de S.Paulo, a equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) estuda o fim do Ministério do Trabalho. Segundo a Folha, a política de trabalho e renda poderia se tornar atribuição do superministério da Economia. Dirigentes sindicais ouvidos pelo Portal Vermelho condenaram a sinalização do novo governo, que demonstra que vai aprofundar o ataque aos trabalhadores.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, declarou ao Portal Vermelho que cada dia é uma novidade. “A Força soltou nota contra a proposta de fundir os ministérios do Trabalho com a indústria e agora vem essa. É muita confusão em um governo que não começou. Sou contra acabar com o ministério. Quem perde são os trabalhadores”.

Na opinião dele, o fim do ministério do Trabalho deixa o trabalhado em desvantagem na relação capital e trabalho. “É um absurdo. Mesmo perdendo protagonismo nos últimos anos, o ministério é responsável pela fiscalização, intermediação, busca acordos nas mesas redondas”, ressaltou Miguel.

Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) definiu a transição de Bolsonaro de “indigesta” para os trabalhadores. Para o dirigente, o fim do ministério do Trabalho é a moeda de troca para satisfazer aquela parcela de empresários que apoiou a campanha do candidato do PSL.

“Os empresários estão cobrando a liberdade para praticar a legislação que lhes convier sob a batuta da redução de custos”, afirmou Adilson. Ele lembrou ainda que a dobradinha empresários e Michel Temer, que aprovou terceirização e reforma trabalhista, nunca entregou a modernização que pregavam enquanto defendiam o ataque aos direitos trabalhistas.

“O tripé que deu base à reforma trabalhista era modernizar as relações de trabalho, acabar com a insegurança jurídica e gerar empregos. O que vemos agora no Brasil é adoecimento do trabalhador, óbitos, desemprego alarmante, trabalho análogo à escravidão, precarização. O que tem de moderno nisso?”, questionou Adilson.

Para o presidente da CTB, o golpe de 2016 que levou Michel Temer à presidência e que resultou no esvaziamento do ministério do Trabalho sinalizava esse desejo de “tornar essa instituição letra morta”. Adilson enfatizou que o fim do ministério do Trabalho é mais um ataque ao direito social do trabalho.

“O que eles querem é criar um muro para defender os interesses da parte patronal. Nessa movimentação só sobrará espaço para o capital. O trabalho está sendo vilipendiado, suprimido da concepção de um mundo mais humano, menos desigual e socialmente desenvolvido”, salientou Adilson.

Miguel reiterou o respeito a resultado das urnas, no entanto, se mostra preocupado com o direcionamento que novo governo dá ao mundo do trabalho. “Cada dia fica mais nítido que tudo o que se relaciona com o trabalho tem ações negativas vindas do novo governo. Ou são balões de ensaios para ver até onde ele pode ir. Depois do fim do ministério do trabalho vem o quê? O Fim da Justiça do Trabalho, o fim do Ministério público do Trabalho?”, concluiu.

De acordo com a Folha, a notícia do fim do Ministério do Trabalho encontra resistência no próprio órgão. Pela manhã foi divulgada nota do Ministério do Trabalho que diz:  “o futuro do trabalho e suas múltiplas e complexas relações precisam de um ambiente institucional adequado para a sua compatibilização produtiva, e o Ministério do Trabalho, que recebeu profundas melhorias nos últimos meses, é seguramente capaz de coordenar as forças produtivas no melhor caminho a ser trilhado pela Nação Brasileira, na efetivação do comando constitucional de buscar o pleno emprego e a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros”. Procurada pela Folha, a assessoria do Ministério do Trabalho não quis comentar a nota.
Portal Vermelho

Categorias
Atualidades Destaques

Mudança para o Ministério da Ciência e Tecnologia pode comprometer ensino superior

Ex-reitor da UnB defende amplo debate sobre a medida, que não foi detalhada pela equipe do do novo governo

A proposta do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de transferir a administração do ensino superior, do Ministério da Educação (MEC) para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC), tem suscitado críticas por parte de especialistas no setor.

O professor José Geraldo de Sousa Júnior, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), aponta que a medida tem precedentes em outros países, mas nunca foi experimentada no Brasil. A ideia já foi proposta durante o governo Itamar Franco (1992-1994) e cogitada posteriormente em diferentes momentos – como em 2009, por meio de um projeto de lei de autoria do então senador Cristovam Buarque (PPS-DF).

O parlamentar defendia uma maior concentração do MEC na educação básica. A transferência do ensino superior para o MCTIC era uma tentativa de viabilizar essa mudança de prioridades, mas a proposta não avançou.

O ex-reitor chama a atenção para a possibilidade de estrangulamento dos pilares que sustentam a atuação das instituições de ensino superior.

“Você desloca a universidade para a área de tecnologia, que é pesquisa e inovação, mas a universidade é também ensino e extensão, duas dimensões que não fazem parte da plataforma – também histórica – de articulação do Ministério da Ciência e Tecnologia”, pontua.

Ciências Humanas

O filósofo e educador Gaudêncio Frigoto, professor aposentado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), chama a atenção para o risco de comprometimento da área de Ciências Humanas.

A submissão do ensino superior ao MCTIC, além de submeter o meio universitário à lógica do mercado, poderia fazer o segmento caminhar para um sufocamento dos cursos de Humanas, considerados menos atraentes aos investimentos em pesquisa.

“É uma visão pragmática, mercadológica da ciência. É uma tendência de entender o ser humano como um mero instrumento do mundo do mercado. Evidentemente que as ciências humanas, que ajudam a pensar, analisar, são um espinho no calcanhar”, aponta o educador.

Em entrevista concedida na última quinta-feira (1º), Jair Bolsonaro disse à imprensa que a ideia de mudança de competência sobre o ensino superior serviria para “dar um gás” na área. Ele não deu mais informações sobre a proposta.

Apontado como futuro ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta e tenente-coronel da reserva Marcos Pontes afirmou nessa segunda-feira (5) que aguarda uma definição do presidente eleito sobre a ideia da transferência.

Para o ex-reitor da UnB, a medida carece de um debate amplo entre os diferentes segmentos que podem ser afetados em caso de mudança: “Ela deveria ser mais discutida e, aparentemente, está sendo formulada num contexto de urgência meramente funcional, para compor a governança, mas não pra discutir aquilo que isso possa vir a representar”.

Jair Bolsonaro assume a Presidência da República no dia 1º de janeiro de 2019.

Brasil de Fato

https://www.brasildefato.com.br/2018/11/06/mudanca-para-o-ministerio-da-ciencia-e-tecnologia-pode-comprometer-ensino-superior/