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O medo vermelho nos EUA : nos anos 50 professores eram interrogados e demitidos sob acusação de serem comunistas

“Este livro é para lhe contar o que as mentes mestras por trás do comunismo têm planejado fazer com seu filho em nome da ‘educação’. Elas querem levá-lo do berçário, vestí-lo com um uniforme, colocar uma bandeira da foice e do martelo em uma mão e uma arma na outra, e enviá-lo para conquistar o mundo”.

Assim começa o livreto 100 coisas que você deveria saber sobre o comunismo e a educação, editado nos Estados Unidos, em 1948, pelo Comitê de Atividades Contra-Americanas, da U.S. House of Representatives – a Câmara dos Deputados americana. O material fazia parte de uma campanha de oposição a comunistas ou supostos comunistas dentro dos Estados Unidos, articulada pela direita americana, que durou cerca de uma década, entre os anos 40 e 50.

Os professores estavam entre os alvos principais, por exercerem uma atividade vista como potencialmente perigosa – a “doutrinação” das novas gerações americanas. Foram interrogados em comitês de investigação perante o Congresso, incluídos em “listas negras” de banimento e demitidos sob acusação de serem “vermelhos”.

Era o início da Guerra Fria, que pôs de lados opostos os Estados Unidos, capitalista, e a União Soviética, comunista, e mobilizou a máquina de propaganda e contra-propaganda dos dois lados. Nos Estados Unidos, a “caça aos comunistas” foi chamada de onda do “medo vermelho” ou Era McCarthy (macartismo), em referência ao senador Joseph McCarthy, um dos grandes promotores dessa política.

Segundo especialistas, foi um dos maiores e mais longos episódios de repressão política da história dos Estados Unidos.

No caso dos professores, as acusações não diziam respeito ao teor das aulas – apesar dos pais terem sido alertados em diversas publicações sobre os perigos de seus filhos estarem recebendo propaganda comunista na escola ou na universidade. O que levava os professores a serem interrogados e demitidos era, na verdade, suas supostas preferências políticas.

“Essas pessoas eram inocentes porque não tinham feito nada de errado”, diz a historiadora americana Ellen Schrecker, uma das maiores especialistas na Era McCarthy. Autora de quatro livros sobre o tema, Schrecker já lecionou em algumas das mais prestigiadas universidades americanas, como Harvard, Princeton e New York University.

“As pessoas que foram caçadas não fizeram nada contra a lei”, completa o canadense Sean Purdy, professor de história dos Estados Unidos na Universidade de São Paulo.

Milhares de professores foram demitidos e auto-censura se propagou

Até hoje não se sabe o número exato de professores afetados, mas calcula-se que tenham sido milhares. No total, considerando todas as profissões, mais de 10 mil pessoas perderam seus empregos devido à Era McCarthy. Além dos professores, estavam na mira funcionários públicos considerados ‘infiltrados’, sindicalistas e artistas. Uma das vítimas mais conhecidas foi o ator e diretor Charles Chaplin.

Uma vez demitidos, os professores tinham dificuldade de encontrar um novo trabalho na área. Alguns ficaram desempregados por anos, outros precisaram mudar de profissão e houve ainda quem fosse lecionar no exterior.

A demissão de professores ainda gerou um efeito secundário: docentes e estudantes evitavam tocar em temas sensíveis, com medo de serem considerados comunistas e também serem expurgados. A própria Schrecker, hoje com 80 anos, viu episódios de auto-censura quando era estudante de graduação em Harvard, no fim dos anos 50.

“Eu me lembro de uma aula sobre as revoluções na Alemanha no século 19. O professor estava mostrando as diferentes interpretações para o que havia ocorrido. Só muitos anos depois, eu me dei conta que uma dessas interpretações era a marxista. Mas o professor nunca falou que era marxismo. Ele não era radical, de forma nenhuma, estava apenas apresentando uma interpretação importante no estudo desse tema. Mas achou melhor não dar nome aos bois”, recordou a historiadora.

No livreto direcionado aos pais de estudantes americanos, há outro exemplo de atividade vista como “perigosa” nas salas de aula: “A ênfase dos livros didáticos é posta no terço da população (americana) que está sub-alimentada, em vez de nos dois-terços que estão bem-alimentados”. Em outras palavras, mostrar os problemas em vez das qualidades dos Estados Unidos podia ser visto como uma postura anti-americana, que precisava ser combatida.

“Como podemos interromper o avanço comunista na educação?”, questiona a publicação, organizada em formato de perguntas e respostas ao longo de 36 páginas. “Descubra os comunistas, expulse-os e os processe com todos os meios legais possíveis”, sugere.

Capa da Revista American Legion, de 1951, com o título: 'Universidades devem contratar professores vermelhos? Os pais podem livrar os campi universitários de comunistas que se encobrem sob o manto da liberdade acadêmica'

Direito de imagemREPRODUÇÃOImage captionCapa da Revista American Legion, de 1951, com o título: ‘Universidades devem contratar professores vermelhos? Os pais podem livrar os campi universitários de comunistas que se encobrem sob o manto da liberdade acadêmica’

Temas proibidos, disciplina cancelada e silêncio nas universidades

A Era McCarthy alterou a vida nas instituições de ensino, tanto dos professores como dos estudantes.

Ao pesquisar para seus livros, Schrecker colheu o depoimento de um professor universitário que ministrava uma disciplina chamada “Revoluções”. Mas, durante a Era McCarthy, esse professor achou melhor encerrar o curso. Não era um tema seguro naquele momento.

Outro professor entrevistado por Schrecker relatou que, durante a Era McCarthy, parou de usar a palavra “capitalismo” em seus artigos. Em vez dela, escrevia “industrialismo mundial” ou “industrialização”, para não arriscar ter problemas – se referir ao capitalismo pelo nome poderia ser considerado como uma crítica ao modelo e uma adesão ao seu oposto, o comunismo.

“Não havia leis que diziam o que poderia ou não ser ensinado. A principal coisa que aconteceu na Era McCarthy foi a auto-censura. As pessoas evitavam até palavras”, diz Schrecker.

Também durante a Era McCarthy, um professor do campo da psicologia focou seus estudos em comportamento de ratos. Schrecker conta que, quando a perseguição parou, esse professor passou a se dedicar àquilo que queria estudar de verdade, mas que era muito polêmico para os tempos do “medo vermelho”: mostrar que a inteligência humana não é influenciada por questões raciais. Discussões de gênero e raça eram vistas como vinculadas à esquerda.

Entre os estudantes, ocorreu o mesmo. Em 1951, o jornal The New York Times fez um estudo com 72 das maiores universidades americanas, que revelou que os jovens se sentiam desconfiados e inibidos de falar sobre temas controversos. Temiam ser considerados “reds” (comunistas) ou “pinkos” (simpatizantes da esquerda) e, no futuro, serem rejeitados em bolsas de estudo ou oportunidades de trabalho.

Além disso, ainda segundo o estudo do The New York Times, os estudantes buscavam não ser associados às palavras “liberais” (que, nos Estados Unidos, se referem a ideias de esquerda), “paz” e “liberdade”. Também negligenciavam causas humanitárias, porque poderiam ser consideradas “suspeitas”.

Um caso ocorrido na Universidade de Chicago nos anos 1950 ilustra a que ponto chegou o medo vermelho. Um grupo fez um abaixo-assinado para instalar uma máquina de café do lado de fora do Departamento de Física, para atender quem estudava e trabalhava até tarde. Mas não conseguiram muitas assinaturas. O motivo é que as pessoas não queriam ser associadas a alguns estudantes cujos nomes estavam na petição e eram considerados radicais.

Na Era McCarthy, mesmo algo banal como um abaixo-assinado por uma máquina de café poderia gerar problemas.

Primeira página do livreto '100 coisas que você deve saber sobre o comunismo e a educação', publicado em 1948, nos Estados Unidos

Direito de imagemREPRODUÇÃOImage captionPrimeira página do livreto ‘100 coisas que você deve saber sobre o comunismo e a educação’, publicado em 1948, nos Estados Unidos

Banir comunistas para preservar a soberania americana

A justificativa por trás da Era McCarthy era que os comunistas representavam uma ameaça à soberania americana.

No plano internacional, a União Soviética encorajava revoluções comunistas em outros lugares do mundo. E, no final dos anos 40, a balança parecia estar pendendo a favor do comunismo: os soviéticos desenvolveram a bomba atômica antes que os Estados Unidos imaginavam, em 1949, a China se tornou comunista meses depois, e a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul, no ano seguinte.

Internamente, também havia uma base concreta para esse “medo vermelho”. Segundo documentos de inteligência divulgados na década de 1990, mais de 300 comunistas americanos espionaram o governo americano e passaram informações para os soviéticos, sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial.

Alguns dos espiões eram funcionários do governo americano – inclusive, pessoas que trabalhavam no projeto Manhattan, que pesquisou e desenvolveu as primeiras bombas atômicas. Dois deles foram condenados à morte nos Estados Unidos.

“Como já disse uma grande figura histórica, quando uma grande democracia é destruída, não será por causa dos inimigos de fora, mas sim por causa dos inimigos de dentro”, disse o senador McCarthy, em um famoso discurso proferido em 1950.

“A razão pela qual nós nos encontramos em uma posição de impotência não é porque o nosso inimigo mandou homens para invadirem nossa costa, mas por causa de ações de traidores daqueles que foram tão bem tratados por essa nação”.

Em geral, a opinião pública apoiou a “caça aos comunistas”. “Isso era apresentado como uma medida de segurança pública durante a Guerra Fria, já que os comunistas tinham relações com a União Soviética, principal antagonista dos Estados Unidos. Assim, os membros do partido comunista eram uma ameaça potencial para a segurança”, explica Schrecker.

Mas pesquisadores dizem que o tamanho da perseguição da Era McCarthy extrapolou o tamanho da ameaça comunista nos Estados Unidos. Assim, acabaram punidas pessoas que nunca tinham feito nada ilegal – e outras que nem comunistas eram. Isso teria acabado limitando direitos que estão na base da democracia americana, como a liberdade de expressão.

“A ameaça comunista era plausível, mas altamente exagerada. Houve espionagem e isso não é bom. Mas foi algo que acabou logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando o governo removeu a maioria dos membros do partido comunista. A Era McCarthy foi um preço muito alto a se pagar”, conclui Schrecker.

Excerto de uma peça de propaganda contra o perigo comunista nas escolas, nos EUA, em 1949, com um casal de pais esmagando livros didáticos em uma máquina de prensar - dos livros, escorre um líquido vermelhoDireito de imagemHAROLD TAYLOR PAPERSImage caption‘Qual a forma sensível de lidar com esse problema?’, pergunta outra peça de propaganda, direcionada aos livros didáticos

Depoimentos para o Congresso, ‘listas negras’ e demissões

O Partido Comunista americano nunca foi declarado ilegal, como ocorreu no Brasil. Mas isso não evitou as perseguições da Era McCarthy.

“Na maior parte do tempo, as chamadas vítimas da Era McCarthy não eram inocentes das acusações que sofreram – serem ou terem sido comunistas. Mas isso não era crime”, explica a historiadora Schrecker.

O auge do partido nos Estados Unidos foi nos anos 30. Estima-se que tenha chegado a ter entre 75 mil e 100 mil membros. A grande crise de 1929, seguida por políticas de intervenção na economia implementadas pelo presidente Franklin Roosevelt, acabou arrastando fileiras para o partido.

Mas, ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a maioria já tinha deixado o partido, explica Schrecker. Mesmo assim, o contingente de americanos ex-comunistas era enorme. Havia, assim, muita gente para ser incriminada na Era McCarthy.

“Muita gente que foi atingida tinha saído do partido no fim dos anos 30. Ou eram pessoas que só tinham ido a algumas reuniões do Partido Comunista. Ou ainda militantes independentes”, conta Sean Purdy, da USP. Entre as militâncias “perigosas” estavam a luta por direitos dos trabalhadores e a defesa da redução da desigualdade.

A “caça aos comunistas” ocorria em duas etapas. Primeiro, os supostos comunistas eram identificados pelo FBI ou por comitês de investigação do Congresso, que os convocavam para serem interrogados. Então, seus nomes eram expostos em público. Em alguns casos, também eram colocados em “listas negras”.

Aí vinha a segunda etapa. Eram os próprios empregadores que aplicavam as sanções. A principal delas era a demissão. Professores universitários que tinham estabilidade de emprego e não podiam ser demitidos sofriam outros tipos de punições, como não conseguir aumento salarial, progressão de carreira ou bolsas de pesquisa.

Professores Joseph Barnes, Helen Merrell Lynd e Marc Slonim, da Sarah Lawrence, escola de artes em Nova York, foram chamados a depor em comitês de investigação no Senado e declararam que nunca foram comunistas. A faculdade os apoiou e não os demitiuDireito de imagemSARAH LAWRENCE COLLEGE ARCHIVESImage captionProfessores Joseph Barnes, Helen Merrell Lynd e Marc Slonim, da Sarah Lawrence, escola de artes em Nova York, foram chamados a depor em comitês de investigação no Senado e declararam que nunca foram comunistas. A faculdade os apoiou e não os demitiu

Professores foram demitidos por suas ideias, não por ações em sala de aula

Assim, entre os professores demitidos estavam comunistas de fato, ex-comunistas ou pessoas que já tinham participado de organizações ou movimentos de esquerda. Já um menor número de professores foi exposto publicamente sem nunca ter tido envolvimento com a esquerda.

Em ambos os casos – comunistas e não comunistas – “é importante enfatizar que esses professores universitários não foram demitidos por causa do seu trabalho. Muitos eram professores importantes, com boas relações com os alunos e ainda assim foram demitidos”, ressalta Purdy, da USP. Ellen Schrecker também diz que, em suas pesquisas, nunca encontrou um caso de professor demitido por alguma atitude em sala de aula.

Purdy cita o caso de Moses Finley, um dos maiores especialistas em história antiga, que havia lecionado em Columbia e na City College of New York. Acusado de ser comunista, Finley teve que depor em um comitê de investigação no Congresso. Lá, o professor se valeu da quinta emenda da constituição americana, que permite que não se responda a perguntas que possam ser usadas com fins incriminatórios.

A seguir, a universidade onde Finley estava trabalhando naquele momento declarou que seriam demitidos todos que não respondessem a perguntas dos comitês anti-comunistas. Foi o que aconteceu com o historiador. Então, Finley deixou os Estados Unidos e foi trabalhar na Universidade de Cambridge, uma das mais prestigiadas da Inglaterra.

Mas não foram todas as universidades que se colocaram contra professores taxados de comunistas. É o caso da Sarah Lawrence, escola de artes em Nova York, acusada de empregar professores subversivos e comunistas por um artigo de 1951 da revista American Legion, grupo patriótico americano. “As universidades têm que contratar professores vermelhos?”, questionava o título do artigo.

Diversos de seus professores foram chamados para depor no Congresso americano. A Sarah Lawrence, então, fez uma declaração pública em defesa da liberdade acadêmica. Ninguém foi demitido.

Era McCarthy acabou por esgotamento próprio

A Era McCarthy durou de 1946 a 1956. Nesse período, “o anti-comunismo do macartismo não só acabou com o Partido Comunista americano, acabou também com ideias da esquerda em geral no país”, diz Sean Purdy.

Já a partir de 1957, a Era McCarty começou a retroceder. “As pessoas começaram a perceber que, na verdade, não havia uma grande ameça comunista”, explica Schrecker.

Além disso, “a Era McCarthy ficou sem novas vítimas. Não havia mais novos líderes do partido comunista para perseguir, nem estrelas de Hollywood que pertenceram ao partido e que já não tivessem sido expostas. Então, o movimento não conseguiu mais fazer manchetes e foi perdendo força”, diz a historiadora.

A seguir, na década de 1960, os Estados Unidos são tomados por diversas mobilizações sociais. “De repente, houve um movimento social massivo, com demandas muito sérias. Então, foi possível ressuscitar a crítica à vida americana. Depois, ainda veio a Guerra do Vietnã, que gerou uma grande oposição”, recorda Schrecker.

Reprodução do site Professor Watchlist, mostrando um mapa dos Estados Unidos e o texto: 'encontre seu professor abaixo'Direito de imagemREPRODUÇÃOImage captionReprodução do site Professor Watchlist, mostrando um mapa dos Estados Unidos e o texto: ‘encontre seu professor abaixo’

Hoje, site de direita expõe professores considerados de esquerda

Recentemente, professores de esquerda – ou rotulados como de esquerda – voltaram a ser perseguidos nos Estados Unidos.

Em dezembro de 2016, foi lançado no país o site Professor Watchlist (lista de observação de professores, na tradução para o português), uma iniciativa para denunciar professores universitários acusados de “discriminar estudantes conservadores e promover propaganda de esquerda na sala de aula”.

A página no Facebook tem apenas cerca de 1,2 mil seguidores. É um projeto particular, sem apoio do Estado. Mesmo pequeno, tem assustado professores.

Já são mais de 200 nomes de professores cadastrados. Um deles é Jonathan L. Walton, professor de religião e sociedade em Harvard. Segundo o site, após um tiroteio em massa em Las Vegas, Walton teria culpado “nossa anxiedade cultural, masculinidade tóxica e intolerância racial, religiosa e ética por roubar a alma dessa nação”. Também teria dito que Trump era um “louco” que “incorpora os piores aspectos da doença cultural desse país”.

À BBC News Brasil, Walton disse: “eu prefiro ter me pronunciado e a História provar que eu estava errado, do que ter ficado calado e a história provar que eu estava certo”.

Outro nome de prestígio na lista é o professor de história Charles Strozier, diretor do Centro sobre Terrorismo da City University of New York. Para ele, o Professor Watchlist representa um novo macartismo. “É uma sombra que nos lembra daquele período de perseguição nos Estados Unidos”, afirma.

Se por um lado nem os estudantes conservadores de Strozier reclamam de suas aulas, conta ele, por outro, pessoas de fora da universidade começaram a escrever cartas para seu diretor pedindo que fosse demitido. “Eu sou um professor sênior, com quase meio século de profissão, tenho estabilidade no emprego, não vão tocar em mim. Mas e o professor em início de carreira? Esse clima (gerado pelo site Professor Watchlist) tornou os acadêmicos mais reservados, mais cautelosos, cuidadosos”, diz Strozier.

“O que é a universidade se você não pode explorar ideias? É claro que as pessoas não irão sempre concordar com você – e nem devem. Mas o ponto da liberdade acadêmica é poder pensar e debater novas ideias. Explorar, argumentar. A universidade é um mercado de ideias. Se você tentar esmagar isso, você está matando o pensamento intelectual”, acrescenta.

Também estão listados professores com ideias feministas, críticos à desigualdade racial ou favoráveis à Palestina. A BBC News Brasil tentou contato com os responsáveis pelo Professor Watchlist, mas não obteve resposta.

“Não faz sentido ter medo do comunismo hoje. Simplesmente, porque o comunismo não tem mais nenhum poder”, diz Schrecker. “Agora, movimentos de direita voltaram a enfrentar a esquerda. Mas, em vez de comunismo, os assuntos são gênero, religião, questões raciais. Não só nos Estados Unidos, mas também no Brasil”, completa a historiadora.

BBC

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46502709

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Movimentos sindical e social firmam pacto pelos direitos da classe trabalhadora

Em reunião, nesta sexta (7), na sede da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), dirigentes das centrais, federações, sindicatos e de movimentos sociais, como MST e MTST, firmaram pacto de resistência permanente em defesa dos direitos da classe trabalhadora.

Durante a fala de abertura o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, reiterou que unidade e mobilização permanente serão fundamentais na próxima etapa. “A Reforma da Previdência, que pode acabar com o maior programa de distribuição de renda da América Latina, será a nossa primeira batalha já nos primeiros dias de 2019”.

Luta permanente

Presente na reunião, o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, reiterou a parceria do Departamento com os movimentos sindical e social e lembrou que a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência da República insere o Brasil em um movimento de mudança radical que pode avançar tanto para a direita como para o seu extremo, e força uma nova disputa por direitos, liberdade, democracia e justiça. “Nesse novo mundo, que do ponto de vista econômico está sendo desmontado e remontado de uma outra maneira, teremos quatro anos de muita luta pela frente”, antecipa Clemente.

Além disso, Clemente chamou a atenção para a proposta da carteira de trabalho verde e amarela, que minimiza a participação dos sindicatos e permite que prevaleça o negociado sobre o legislado, e a reforma da Previdência,já sinalizada como uma das prioridades para os primeiros meses de 2019. “Precisamos estar preparados para enfrentar esta batalha nos diferentes espaços. Contem com o apoio do Dieese”, confirmou.

Defesa do Ministério do Trabalho

Durante a reunião, as centrais sindicais reiteraram a convocatória para Dia Nacional de Luta contra a extinção do Ministério do Trabalho anunciada pelo novo governo. O ato será realizado, às 10 horas, em frente à sede da Superintendência do Trabalho, na Rua Martins Fontes, 109, São Paulo/SP.

Agenda: Protesto contra a extinção do Ministério do Trabalho

Data: 11 de dezembro
Horário: 10 horas
Local: Superintendência do Trabalho
Endereço: Rua Martins Fontes, 109, São Paulo/SP

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Portal da CTB

http://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/movimentos-sindical-e-social-firmam-pacto-pela-classe-trabalhadora

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CONVOCAÇÃO PROFESSORES COLÉGIO SUL D’AMÉRICA

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ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

 

O Presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás, no uso das suas atribuições que lhe conferem os Estatutos Sociais da Entidade, CONVOCA os associados quites e em condições de votar, para participarem da Assembleia Geral Ordinária, no dia 7 de dezembro de 2018, em PRIMEIRA CONVOCAÇÃO, às 15 (quinze) horas, e em SEGUNDA CONVOCAÇÃO às 16 (dezesseis) horas, na sede do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás, na Avenida Independência, N. 942, quadra 943, lote 33, Setor Leste Vila Nova, nesta capital, quando se deliberará sobre a seguinte ordem do dia:

  1. a) leitura e votação das peças que compõem o processo de PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA para o exercício de 2019, instruídas com o Parecer do Conselho Fiscal.

 

Goiânia, 19 de novembro de 2018

 

 

                                               Professor Railton Nascimento Souza

     Presidente do Sinpro Goiás

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MPT lança cartilha sobre violência contra a mulher no mercado de trabalho

Brasília – Dar visibilidade e contribuir para o fim da discriminação contra a mulher. Esses são os objetivos da cartilha O ABC da violência contra a mulher no trabalho, lançada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por meio do GT de Gênero da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), tendo em vista os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulher.

 A publicação traz conceitos como assédio moral e assédio sexual no trabalho, divisão sexual do trabalho, cultura do estupro, além dos mais recentes mansplanning, manterrupting e bropriating palavras trazidas do inglês para homens que, respectivamente, explicam coisas óbvias para mulheres, as interrompem e se apropriam de suas ideias.

“A violência contra a mulher repercute negativamente no ambiente de trabalho. Ela afeta diretamente a mulher, vítima ou testemunha, que sofre com baixa autoestima, inúmeras interrupções na carreira, adoecimento físico e mental. Como resultado, há redução da lucratividade da empresa pelo desperdício de talentos e de conhecimento,” afirma a procuradora do trabalho Adriane Reis.

A cartilha pretende contribuir para evidenciar o problema e orientar trabalhadores, empresas, sindicatos e toda a sociedade civil a debater a igualdade de gênero no trabalho.

16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher: 16 dias de ativismo se iniciam no dia 25 de novembro, Dia Internacional para a não-Violência Contra as Mulheres. A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1999, reconhece o dia 25 de novembro como desta data para conscientizar os homens sobre o papel que precisam desempenhar para colaborar com o fim da discriminação e violência contra as mulheres.

A data surgiu em decorrência do Dia Latino-americano de Não Violência Contra a Mulher, que foi criada durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho de 1981, realizado em Bogotá, Colômbia. O dia foi escolhido em homenagem às irmãs Pátria, Maria Tereza e Minerva Maribal, que eram ativistas de direitos humanos, que foram violentamente torturadas e assassinadas nesta mesma data, em 1960, a mando do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo.

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Prazo para aditamento do Fies é prorrogado

O prazo para aditamento de renovação dos contratos do Novo Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) foi prorrogado para dia 28 de dezembro de 2018. Até o momento, cerca de 70% dos estudantes já concluíram ou iniciaram o processo de aditamento. Os procedimentos devem ser feitos por meio da página eletrônica do financiamento.

O estudante que precisar alterar informações no contrato, como a troca de fiador, deve comparecer a uma agência da Caixa. Nesse caso específico, o aluno deverá comparecer com o novo fiador e apresentar os novos documentos comprobatórios.

Novo Fies

O Fies concede financiamento em instituições privadas de ensino superior. O novo Fies, lançado no ano passado, tem modalidades de acordo com a renda familiar.

A modalidade Fies tem juro zero para os candidatos com renda mensal familiar per capita de até três salários mínimos. Nesse caso, o financiamento mínimo é de 50% do curso, enquanto o limite máximo semestral é de R$ 42 mil.

A modalidade chamada de P-Fies é para candidatos com renda familiar per capita entre 3 e 5 salários mínimos. Nesse caso, o financiamento é feito por condições definidas pelo agente financeiro operador de crédito que pode ser um banco privado ou fundos constitucionais e de desenvolvimento.

Agência Brasil

Rio de Janeiro - Jovens participam do projeto Agentes de Promoção da Acessibilidade, no qual recebem noções de Libras, audiodescrição e legislação inclusiva  (Fernando Frazão/Agência Brasil)Fernando Frazão/Agência Brasil

Ipea: 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam

Publicado em 03/12/2018 – 14:56

Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil  Brasília

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que 23% dos jovens brasileiros não trabalham e nem estudam (jovens nem-nem), na maioria mulheres e de baixa renda, um dos maiores percentuais de jovens nessa situação entre nove países da América Latina e Caribe. Enquanto isso, 49% se dedicam exclusivamente ao estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo tempo.

As razões para esse cenário, de acordo com o estudo, são problemas com habilidades cognitivas e socioemocionais, falta de políticas públicas, obrigações familiares com parentes e filhos, entre outros. No mesmo grupo estão o México, com 25% de jovens que não estudam nem trabalham, e El Salvador, com 24%. No outro extremo está o Chile, onde apenas 14% dos jovens pesquisados estão nessa situação. A média para a região é de 21% dos jovens, o equivalente a 20 milhões de pessoas, que não estudam nem trabalham.

O estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar? sobre jovens latino-americanos foi lançado hoje (3) durante um seminário no Ipea, em Brasília. Os dados envolvem mais de 15 mil jovens entre 15 e 24 anos de nove países: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

Nem-nem

De acordo com a pesquisa, embora o termo nem-nem possa induzir à ideia de que os jovens são ociosos e improdutivos, 31% dos deles estão procurando trabalho, principalmente os homens, e mais da metade, 64%, dedicam-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres. “Ou seja, ao contrário das convenções estabelecidas, este estudo comprova que a maioria dos nem-nem não são jovens sem obrigações, e sim realizam outras atividades produtivas”, diz a pesquisa.

Apenas 3% deles não realizam nenhuma dessas tarefas nem têm uma deficiência que os impede de estudar ou trabalhar. No entanto, as taxas são mais altas no Brasil e no Chile, com aproximadamente

Pesquisadora diz que os jovens que não trabalham nem estudam não são preguisosos, mas jovens que têm acesso à uma educação de baixa qualidasde – Arquivo/Agência Brasil

10% de jovens aparentemente inativos.

Para a pesquisadora do Ipea Joana Costa, os resultados são bastante otimistas, pois mostra que os jovens não são preguiçosos. “Mas são jovens que têm acesso à educação de baixa qualidade e que, por isso, encontram dificuldade no mercado de trabalhos. De fato, os gestores e as políticas públicas têm que olhar um pouco mais por eles”, alertou.

Políticas públicas

A melhora de serviços e os subsídios para o transporte e uma maior oferta de creches, para que as mulheres possam conciliar trabalho e estudo com os afazeres domésticos, são políticas que podem ser efetivadas até no curto prazo, segundo Joana.

Com base nas informações, os pesquisadores indicam ainda a necessidade de investimentos em treinamento e educação e sugerem ações políticas para ajudar os jovens a fazer uma transição bem-sucedida de seus estudos para o mercado de trabalho.

Considerando a incerteza e os níveis de desinformação sobre o mercado de trabalho, para eles [jovens] é essencial fortalecer os sistemas de orientação e informação sobre o trabalho e dar continuidade a políticas destinadas a reduzir as limitações à formação de jovens, com programas como o Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Os programas de transferências condicionadas e bolsas de estudo obtiveram sucesso nos resultados de cobertura”, diz o estudo.

De acordo com o Ipea, o setor privado também pode contribuir para melhorar as competências e a empregabilidade dos jovens, por meio da adesão a programas de jovens aprendizes e incentivo ao desenvolvimento das habilidades socioemocionais requeridas pelos empregadores, como autoconfiança, liderança e trabalho em equipe.

No Brasil, por exemplo, segundo dados apresentados pelo Ipea, há baixa adesão ao programa Jovem Aprendiz. De 2012 a 2015, o número de jovens participantes chegou a 1,3 milhão, entretanto esse é potencial anual de jovens aptos para o programa.

É preciso ainda redobrar os esforços para reduzir mais decisivamente a taxa de gravidez de adolescentes e outros comportamentos de risco fortemente relacionados com o abandono escolar entre as mulheres e uma inserção laboral muito precoce entre os homens.

Conhecimento e habilidades

As oportunidades de acesso à educação, os anos de escolaridade média, o nível socioeconômico e outros elementos, como a paternidade precoce ou o ambiente familiar, são alguns dos principais fatores que influenciam a decisão dos jovens sobre trabalho e estudo, de acordo com a pesquisa. Em todos os países, a prevalência de maternidade ou paternidade precoce é maior entre os jovens fora do sistema educacional e do mercado de trabalho.

A pesquisa traz variáveis menos convencionais, como as informações que os jovens têm sobre o funcionamento do mercado de trabalho, suas aspirações, expectativas e habilidades cognitivas e socioemocionais. Para os pesquisadores, os jovens não dispõem de informações suficientes sobre a remuneração que podem obter em cada nível de escolarização, o que poderia levá-los a tomar decisões erradas sobre o investimento em sua educação. No caso do Haiti e do México, essa fração de jovens com informações tendenciosas pode ultrapassar 40%.

A pesquisa aponta ainda que 40% dos jovens não são capazes de executar cálculos matemáticos muito simples e úteis para o seu dia a dia e muitos carecem de habilidades técnicas para o novo mercado do trabalho. Mas há também resultados animadores. Os jovens analisados, com exceção dos haitianos, têm muita facilidade de lidar com dispositivos tecnológicos, como também têm altas habilidades socioemocionais. Os jovens da região apresentam altos níveis de autoestima, de autoeficácia, que é a capacidade de se organizar para atingir seus próprios objetivos, e de perseverança.

De acordo com a pesquisa, os atrasos nas habilidades cognitivas são importantes e podem limitar o desempenho profissional dos jovens, assim como a carências de outras características socioemocionais relevantes, como liderança, trabalho em equipe e responsabilidade. Soma-se a isso, o fato de que 70% dos jovens que trabalham são empregados em atividades informais. Entre aqueles que estão dentro do mercado formal há uma alta rotatividade de mão de obra, o que desmotiva o investimento do empregador em capacitação.

Realidade brasileira

No Brasil há cerca de 33 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos, o que corresponde a mais de 17% da população. Segundo a pesquisadora do Ipea Enid Rocha, o país vive um momento de bônus demográfico, quando a população ativa é maior que a população dependente, que são crianças e idosos, além de estar em uma onda jovem, que é o ápice da população jovem.

“É um momento em que os países aproveitam para investir na sua juventude. Devemos voltar a falar das políticas para a juventude, que já foram mais amplas, para não produzir mais desigualdade e para que nosso bônus demográfico não se transforme em um ônus”, disse.

Além das indicações constantes no estudo, Enid também destaca a importância de políticas de saúde específica para jovens com problemas de saúde mental, traumas e depressão.

A pesquisa foi realizada em parceria do Ipea com a Fundación Espacio Público, do Chile, o Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento Internacional (IRDC), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG).

A pesquisa completa, em espanhol, está disponível na página do BID. Acesse aqui o sumário executivo da pesquisa, em português.

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Justiça rejeita denúncia contra reitor e chefe de gabinete da UFSC

Jornal GGN – A Justiça Federal de Florianópolis rejeitou ontem, dia 30, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ubaldo Cesar Balthazar, e o chefe de gabinete da reitoria, Áureo Mafra de Moraes, por injúria contra a delegada da Polícia Federal Erika Marena, responsável pela Operação Ouvidos Moucos, que investiga supostos desvios na universidade.

A juíza Simone Barbisan Fortes, da 1ª Vara Federal de Florianópolis, entende a manifestação indicada na denúncia como ‘liberdade de expressão’ pois expôs ‘sentimentos de revolta em um momento traumático para a comunidade universitária, sem que tenha havido ofensa à honra da delegada’.

Para a juíza, as práticas públicas “mesmo que absolutamente legais e corretas” não serão aplaudidas pelas maiorias e, dessa forma, é esperado que pessoas ‘insurjam-se contra suas opiniões, pareceres, relatórios, investigações ou decisões”. A decisão também afasta o crime de calúnia.

A controversa Operação Ouvidos Moucos foi iniciada em setembro de 2017 e apurou suspeitas de desvios em programas de ensino à distância na UFSC. Resultou, então, na prisão do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, e outras seis pessoas. Solto, no dia seguinte, Cancellier foi proibido de voltar à Universidade. Em outubro, Cancellier cometeu suicídio, deixando carta com críticas à forma como a investigação foi feita.

No caso da denúncia em pauta e rejeitada pela juíza Simone Barbisan Fortes, trata-se de pedido de Erika Marena para investigação de possível crime de calúnia e difamação contra sua honra. Em dezembro de 2017, uma foto da delegada apareceu em uma faixa de manifestantes exibida atrás do chefe de gabinete durante entrevista para a TV da universidade. No cartaz estava impresso “as faces do abuso do poder”, e também “agentes públicos que praticaram abuso de poder contra a UFSC e que levou ao suicídio do reitor”.

Jornal GGN
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Adilson Araújo: CTB condena fim do Ministério do Trabalho

“A CTB condena o fim do Ministério de Trabalho e alerta que a sua extinção significará a descriminalização e institucionalização do trabalho análogo à escravidão e o fim das listas sujas de empresas que submetem seus empregados a condições degradantes”, declarou o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, ao comentar a declaração doministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni, desta segunda-feira (3), na qual reafirmou a extinção do MTE a partir de 1º de janeiro, quando o presidente Jair Bolsonaro assume o Executivo nacional.

 

Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta manhã, Onyx explicou que as atuais atividades da pasta serão distribuídas entre os ministérios da Justiça, da Economia e da Cidadania. Segundo ele, tanto as concessões de cartas sindicais quanto a fiscalização das condições de trabalho ficarão a cargo da equipe de Sergio Moro (Justiça). Sob o guarda-chuva de Paulo Guedes (Economia) e Osmar Terra (Cidadania) serão divididas as políticas de emprego, contemplando ações voltadas para o empregador e para empresários.

“São lamentáveis as declarações do porta-voz da gestão Bolsonaro esse desmonte compromete um trabalho de 88 anos e vai na contramão da luta por um Brasil democrático e justo. Embora esvaziado ao longo dos últimos 2 anos, o MTE desempenha importante papel na promoção do emprego e do desenvolvimento nacional bem como na progressiva humanização das relações sociais de produção, hoje submetidas a um brutal retrocesso”, complementa o dirigente nacional.
E afirma: “É ficando óbvio que o governo de extrema direita vai redobrar a ofensiva contra a classe trabalhadora, ampliar a retirada de direitos e fechar os canais de diálogo e denúncia, já bastante fragilizados por Michel Temer”.
Portal CTB
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Trabalhadores estão fora da agenda de Bolsonaro, diz Vagner Freitas

Em entrevista à TV Brasil 247, presidente da CUT, Vagner Freitas, fala sobre fim do Ministério do Trabalho, a atual conjuntura, os desafios da classe trabalhadora e a luta pela liberdade do ex-presidente Lula

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, criticou nesta segunda-feira (3), durante entrevista à TV Brasil 247, a intenção do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro de acabar com o Ministério do Trabalho, como anunciou hoje o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

“Os trabalhadores e trabalhadoras estão fora da agenda do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro”, criticou o presidente da CUT. “É um governo absolutamente organizado para levar em consideração os interesses dos ricos, dos bancos, do agronegócio, da grande indústria. O fim do Ministério do Trabalho demonstra isso. É um absurdo o que está sendo cometido contra os trabalhadores”.

E a composição dos ministérios, diz Vagner, deixa bem claro para quem o Bolsonaro tem o interesse de governar. “Bolsonaro não acaba com o Ministério da Indústria e do Comércio, ele não acaba com o ministério que atende aos interesses do agronegócio, mas acaba com o ministério que trata de assuntos relativos aos interesses da classe trabalhadora”, critica o presidente da CUT.

Os trabalhadores começam a ver aquilo o que nós denunciamos durante a campanha: esse governo não tem compromisso com a classe trabalhadora- Vagner Freitas

O atual Ministério do Trabalho como é conhecido, segundo Lorenzoni, será dividido em três, com as atribuições da pasta distribuídas entre os ministérios da Economia, da Justiça/Segurança Pública e da Cidadania. “Uma parte ficará no ministério do doutor Moro, outra parte com Osmar Terra e outra com o Paulo Guedes”, afirmou.

Duas áreas importantes da pasta, como a fiscalização das condições de trabalho e a concessão de registro sindical, ficarão sob o comando do ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro.

“Como é possível colocar a fiscalização das condições de trabalho no Ministério da Justiça, com Sergio Moro, cuja finalidade é absolutamente outra?”, questiona o presidente da CUT, que completa: “vai ficar ali na ‘gavetinha’ a questão da fiscalização do trabalho escravo”.

Desafios da organização da classe trabalhadora

Com a eleição de Jair Bolsonaro, o movimento sindical precisará ter muita capacidade de luta para fazer o enfrentamento e garantir a defesa da democracia, dos direitos e da liberdade. E, para isso, será necessário organizar e mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras que ainda não estão organizados nas bases tradicionais do movimento sindical brasileiro, defende o presidente da CUT.

“Precisamos fazer uma releitura de quem é essa nova classe trabalhadora que surgiu nessa nova etapa do capitalismo mundial e após reforma Trabalhista do ilegítimo Temer”, disse Vagner, ao completar: “Nós temos de discutir e conversar com esses trabalhadores, mostrar para eles o que significa essa agenda de retrocesso de Bolsonaro que retira direitos”.

E para isso, defende o presidente da CUT, os métodos para organizar essa massa de trabalhadores não podem ser os mesmos utilizados até agora. “É uma outra base, são novas pessoas, que querem novas posturas de nós”.

“Vamos continuar na luta para que os direitos trabalhistas retornem, mas sabemos que a tendência é de que no governo Bolsonaro haverá uma ofensiva para que se desmonte cada vez mais o mercado de trabalho do que propriamente uma tentativa de consertá-lo. Precisaremos dialogar com esses novos trabalhadores para impedir isso e aumentar, com isso, a nossa representatividade”.

Oposição

Uma oposição aos ataques dos direitos dos trabalhadores é o que a CUT precisará fazer no próximo período. A cada proposta apresentada pelo governo de Bolsonaro que ataca os direitos, a CUT precisa, mais do que se posicionar e lutar contra qualquer retirada de direitos, fazer uma oposição propositiva, com uma pauta que apresente as demandas da classe trabalhadora, defende o presidente da CUT.

“Queremos, logo no início do governo, construir um grande encontro nacional da classe trabalhadora, juntando todas as centrais sindicais e movimentos sociais, pois nós vamos tirar uma pauta de reivindicação dos trabalhadores e trabalhadoras e vamos apresentar e entregar ao governo”, disse Vagner.

“Vamos dizer qual modelo de previdência nós defendemos, qual salário mínimo queremos, vamos dizer que queremos salário igual para homens e mulheres, vamos apresentar o que queremos para os rurais, servidores públicos e qual modelo de educação nós queremos. Nós vamos apresentar uma agenda propositiva para o Brasil sob a ótica dos trabalhadores”.

Segundo Vagner, cada vez que o governo fizer qualquer movimento que mexa com os direitos sociais e trabalhistas, como a reforma da Previdência, os trabalhadores e trabalhadora terão sempre a CUT e seus sindicatos para fazer a defesa intransigente de seus direitos.

“Faremos uma oposição propositiva e firme. Representaremos a classe trabalhadora junto ao governo e à sociedade. Faremos os movimentos que tiverem de ser feitos, como organização no local de trabalho, greve quando for preciso e negociação quando for o momento”.

Assista a entrevista na íntegra:

Portal da CUT
https://www.cut.org.br/noticias/ao-vivo-presidente-da-cut-fala-sobre-fim-do-ministerio-do-trabalho-ebcb