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Como Paulo Freire inspirou uma das melhores escolas dos Estados Unidos

Combatida por segmentos obscurantistas no Brasil, filosofia freiriana é usada em colégio premiado para proporcionar uma aprendizagem diferenciada e centrada no aluno, integrando a comunidade escolar

São Paulo – Em 2014, a escola estadunidense Revere High School, localizada na cidade de Revere, em Massachusetts, foi reconhecida pelo National Center for Urban School Transformation (Centro Nacional pela Transformação do Ensino Urbano) como a melhor escola pública de ensino médio do país.

Dois anos depois, recebeu outra premiação, tornando-se uma das oito medalhistas do “Schools of Opportunity” (Escolas de Oportunidade), do National Education Policy Center (Centro Nacional de Educação Política), por “fazer coisas extraordinárias para os estudantes”. Entre seus 2 mil alunos, 34% vêm de famílias de baixa renda e 12% são imigrantes que muitas vezes frequentam a escola falando pouco ou nada da língua inglesa.

Um dos responsáveis por esse bom desempenho é o diretor de Dados e Responsabilidade Acadêmica Lourenço Garcia. Nascido em Cabo Verde, ele é admirador da obra de Paulo Freire, com a qual entrou em contato durante seu doutorado. Segundo ele, isso o auxiliou na implantação de iniciativas bem sucedidas na Revere High School.

“Todo o ensino invertido, engajamento do aluno no ambiente acadêmico, relação entre o professor e o aluno, educação diferenciada e centrada no aluno, agência de estudos, ensino personalizado etc são práticas e teorias que emanaram da filosofia freiriana”, conta Garcia, em entrevista concedida por e-mail. “Todos esses ensinamentos foram introduzidos e têm sido implementados na escola secundária de Revere com sucesso.”

As ações promovidas na escola têm como objetivo criar um ambiente de respeito e acolhimento para toda a comunidade escolar, incluindo uma “academia” para recém-chegados, onde estudantes com pouca familiaridade com o inglês (são 27 idiomas falados na escola) ou lacuna educacionais recebem o apoio de uma equipe multidisciplinar. Há também um programa anti-bullying e os próprios alunos se organizam em pequenos clubes para promover atividades contra o assédio e a discriminação.

Perguntado sobre os movimentos que no Brasil tentam descaracterizar o legado de Paulo Freire, Garcia é assertivo. “Bom, acho que tudo isto reflete preconceitos orquestrados pela ideologia da direita para desacreditar a filosofia freiriana e manter o status quo na dinâmica do ensino e aprendizagem.”

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Lourenço Garcia.

paulo freire
Para Garcia, do colégio Revere, Freire continua a iluminar filosofias e práticas que sustentam o ensino personalizado e centralizado no aluno

 

Como você entrou em contato com a obra de Paulo Freire? 

Estudei a obra de Paulo Freire enquanto estudante, quando fazia mestrado e doutorado na Universidade de Massachusetts Boston; confesso, porém, que já tinha algum conhecimento das linhas orientadoras de educação de Freire muito antes. Várias obras de Freire (por exemplo, Educação como Prática da LiberdadePedagogia do OprimidoPedagogia da EsperançaPolítica e EducaçãoPedagogia da AutonomiaCultura como Instrumento de Libertação etc.) foram usadas na minha dissertação de doutorado.

E de que forma ele influenciou em sua formação?

A filosofia educacional de Paulo Freire é focada no aluno, tendo como pano de fundo o respeito pelo educando enquanto sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem; para Freire, o aluno não é uma “tábula rasa” mas sim alguém que reage à interação social condicionada pelo próprio aluno e o professor. Freire rejeita a educação vertical que vê o professor como o único transmissor e guardião da sabedoria (educação bancária). Como educador, acredito plenamente na relação simbiótica entre o professor e o aluno defendida por Freire; por conseguinte, todo o meu conhecimento teórico, incluindo experiência nos campos de pedagogia, liderança e gestão escolar tem se baseado nos ensinamentos de Freire. Trata-se de uma filosofia justa e voltada para a justiça social. Esta é a mesma orientação filosófica que tenho defendido e implementado.

A Revere High School foi escolhida como a melhor escola de ensino médio da rede pública dos EUA em 2014. Foram aplicados princípios da teoria freiriana?

Com certeza. Todo o ensino invertido, engajamento do aluno no ambiente acadêmico, relação entre o professor e o aluno, educação diferenciada e centrada no aluno, agência de estudos, ensino personalizado etc são práticas e teorias que emanaram da filosofia freiriana. Todos esses ensinamentos foram introduzidos e têm sido implementados na escola secundária de Revere com sucesso.

Como Paulo Freire é visto entre os especialistas em educação nos Estados Unidos?

Paulo Freire é bem visto e aceito a nível do ensino superior (escolas superiores, colégios, e universidades).  Embora muitos aspectos da filosofia freiriana sejam aplicados em algumas escolas, Freire é ainda pouco conhecido e discutido, principalmente no seio das escolas com práticas de ensino tradicional.

No Brasil há um movimento chamado “Escola sem Partido” que acusa a obra de Paulo Freire de fazer “doutrinação marxista”Como você vê isso?

Bom, acho que tudo isto reflete preconceitos orquestrados pela ideologia da direita para desacreditar a filosofia freiriana e manter o status quo na dinâmica do ensino e aprendizagem.

Como o legado de Paulo Freire pode influenciar no futuro da educação? Sua obra se mantém atual?

A obra de Freire já influencia a educação contemporânea e continuará a iluminar filosofias e práticas que sustentam o ensino personalizado e centralizado no aluno.

Rede Brasil Atual

https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2019/01/como-paulo-freire-inspirou-uma-escola-modelo-nos-eua

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Entenda por que os pobres pagam mais impostos no Brasil

Especialistas explicam como a tributação indireta por meio do consumo pesa mais no bolso de quem tem menos

No Brasil, ricos não pagam impostos sobre grandes fortunas e patrimônios / (Foto: Daniel Isaia/Agência Brasil)

A cobrança de impostos é inegavelmente uma preocupação dos brasileiros. O que poucos sabem é que, ao contrário do que o senso comum imagina, o Brasil não está entre os países do mundo que mais cobra tributos e sim entre os que mais taxam a população pobre do país: Aqui, quem tem menos paga mais.

Isso acontece porque a carga tributária brasileira está concentrada nos impostos indiretos, que consistem em taxas sobre o consumo inseridas nos preços de toda e qualquer mercadoria. Segundo dados levantados pela Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) e pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), 49,7% dos impostos do país são recolhidos desta forma.

Por não tributar diretamente a renda ou patrimônio do cidadão, os impostos indiretos acabam passando despercebidos. Exemplos são o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O mesmo não acontece com impostos diretos, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ou Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), nos quais é possível ver exatamente o valor a ser pago.

Na opinião de Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as “taxas invisíveis” sobre o consumo tornam o sistema tributário brasileiro injusto, já que possuem caráter regressivo.

“A regressividade significa que os pobres pagam, proporcionalmente à sua renda e ao seu patrimônio, muito mais impostos do que os ricos. Quanto menor o salário, proporcionalmente, maior é a carga tributária. Maior é o montante despendido do salário do trabalhador para pagar tributos”, explica Ganz.

Com essa política tributária, apesar de indivíduos com rendas diferentes pagarem a mesma taxa embutida nos produtos consumidos, o peso no bolso de cada um deles é muito diferente.

Por exemplo: Um diretor de empresa ganha R$9998, ao mês, enquanto uma trabalhadora doméstica ganha R$998, o valor do salário mínimo.

Se ambos comprarem uma cesta básica no valor de R$280 e, supondo que R$99,98 desse valor correspondesse a impostos indiretos, 10% da renda total da trabalhadora doméstica seria revertida em imposto sobre consumo desse produto.

Já o executivo comprometeria apenas 1% do total de seu salário. Ou seja: apesar de pagarem o mesmo valor no produto, a trabalhadora doméstica, proporcionalmente, estaria pagando 10 vezes mais impostos que o executivo.

“A tributação tem uma relação direta com uma maior ou menor concentração de renda e com maior ou menor desigualdade. Se o tributo onera mais os pobres e menos os riscos, evidentemente ele está servindo para aprofundar a desigualdade”, avalia Charles Alcantara, Auditor-Fiscal de Receitas do Estado do Pará e presidente da Fenafisco.

Estudo publicado pela Oxfam em 2017 sustenta a análise de que o sistema tributário brasileiro perpetua a acumulação de riquezas. O documento mostrou que as seis pessoas mais ricas do país concentram, juntas, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres. Caso tais bilionários gastassem um milhão de reais por dia, levariam 36 anos para esgotar o equivalente à totalidade de seu patrimônio.

Em 2018, o país passou a ocupar a 9ª pior posição em termos de desigualdade de renda em um conjunto de 189 países, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Ponto fora da curva

Enquanto metade da tributação no Brasil incide sobre o consumo da população, em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo, a tributação sobre o consumo é, em média, de 32%.

Pedro Rossi, economista e docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acrescenta que além de aprofundar a desigualdade socioeconômica, os impostos indiretos também sobrecarregam empresas devido a taxas como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

O especialista explica que quando um produto brasileiro compete com outra mercadoria estrangeira, isenta de tributos, o imposto indireto sobre o produto se torna uma desvantagem, um gasto a mais. Justamente por isso, os setores também possuem interesse em diminuir os impostos indiretos.

“O problema é que isso precisaria ser compensado por impostos diretos sobre a renda e sobre o patrimônio. E aí, há rejeição das elites econômicas que não querem pagar impostos diretos sobre a renda e riqueza”, afirma Rossi.  O Brasil também segue na contramão dos países desenvolvidos em relação à tributação da renda e patrimônio, que corresponde, em média, a 25% do total de sua carga tributária. Já nas nações da OCDE, a arrecadação sobre renda e patrimônio correspondem a 39% do total de impostos cobrados.

Para o economista, uma solução para enfrentar a desigualdade seria justamente transferir a maior tributação para patrimônios e grandes fortunas, o que aproximaria o modelo de tributação do país com o adotado pelos integrantes da OCDE.

“O Brasil não tributa muito, ele tributa mal. Essa é a questão. A tributação é uma escolha social: Que tipo de serviços públicos queremos oferecer para a população? O Estado de Bem Estar-Social na Europa foi construído com muita tributação, com muito gasto público, mas com uma tributação sobre os mais ricos”.

Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese, concorda. “Se essa riqueza vai para as mãos das pessoas e não é tributada, elas concentram cada vez mais riqueza. A capacidade delas em concentrar é muito maior do que a dos mais pobres. Se não há intervenção do Estado por meio de uma tributação, e a devolução dessa tributação em políticas públicas preferencialmente universais, há um aumento da desigualdade”, reforça o sociólogo.

Renda, lucros e dividendos

Além do sistema tributário brasileiro onerar os mais pobres, também abre mão de cobrar impostos dos mais ricos desde 1996, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso isentou impostos sobre lucros e dividendos das pessoas físicas na declaração do imposto de renda.

Isso significa que quando uma empresa transfere lucros e dividendos para seus acionistas, essa transferência de renda, geralmente de valores exorbitantes, não é tributada.

“Como isentar de imposto de renda se é uma renda? Vemos que os milionários e os ultra-ricos no Brasil, que recebem lucros e dividendos das empresas, não pagam [impostos]. Mas um professor, um servidor público, um trabalhador que ganha R$2 mil está pagando imposto de renda”, desaprova Charles Alcantara, presidente da Fenafisco.

Diferentemente dos impostos sobre consumo, o Imposto de Renda (IR) possui caráter progressivo. Por exemplo: Aqueles que recebem até R$ 1.903,98 são isentos.

Já a alíquota para aqueles que possuem renda entre R$ 1.903,99 e R$ 2.826,65 é de 7,5%. Para quem ganha entre R$ 2.826,66 e R$ 3.751,05, é de 15%.

Para aqueles que recebem de R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68, a taxa é de 22,5%. E, para quem ganha acima desse valor, a alíquota é de 27,5%, progressivamente.

No entanto, segundo o auditor fiscal, o IR tem um limite de progressividade e, para quem recebe a partir de 40 salários mínimos por mês, algo em torno de R$39.920, passa a ser regressivo.

Para Alcantara, esse caráter também configura uma tributação injusta. “Quase 30 mil pessoas no Brasil ganham mais de 320 salários mínimos por mês. Eles pagam hoje uma alíquota efetiva de 6%, no máximo, enquanto quem ganha R$10 mil – que já é uma boa renda em comparação à média – paga uma alíquota efetiva de 18%, 20%”, pontua, defendendo novas alíquotas acima dos 27,5% para rendas mais altas.

Governo Bolsonaro

Em setembro do ano passado, antes mesmo de Jair Bolsonaro ser eleito, Paulo Guedes, guru econômico do político do PSL e atual ministro da Economia, sugeriu uma mudança no imposto de renda que agravaria a injustiça tributária e favoreceria quem ganha mais.

Na proposta de Guedes, todas as faixas salariais passariam a pagar 20% na alíquota do imposto de renda. Quem recebe menos e paga taxas de 7,5% e de 15%, por exemplo, passariam a pagar 20%. Já pessoas físicas e jurídicas que atualmente pagam uma alíquota de 27,5% por ter uma renda maior, seriam amplamente beneficiadas e pagariam menos.

Ainda nas últimas semanas, o ministro disse que pretende adotar políticas que diminuam a carga tributária total do país para 25% do Produto Interno Bruto (PIB) em dez anos, que hoje correspondem a 32,6%.

“O que ele está propondo é um desmonte do Estado. Reduzir a carga tributária de um lado significa reduzir os gastos públicos do outro. Significa desmontar a Constituição de 1988 e aquilo que ela se propõe: estabelecer direitos sociais e deveres do Estado. Não dá para ter uma carga de 25% e ter o SUS (Sistema Universal de Saúde). Não dá pra ter uma previdência pública do regime de repartição. Não dá pra ter um um sistema de educação que atenda de forma universal todos os jovens”, critica Pedro Rossi.

O economista ainda comenta que, além de alimentar o sistema tributário perverso, a proposta tem como pano de fundo a defesa de um Estado enxuto, onde o setor privado passa a atender as necessidades básicas da população e lucrar sobre os serviços.

Clemente Ganz Lúcio compartilha da opinião que o custo das políticas públicas que o Estado tem que implementar, somadas ao custo da dívida pública, não cabem em uma carga tributária que represente apenas 25% do PIB. O sociólogo também questiona as declarações e intenções neoliberais de Guedes e de sua equipe econômica, classificando-as como “desconexas e desarticuladas”.

“O que apareceu no debate público por declaração do governo são propostas contraditórias. Reunidas, elas não param em pé”.

Arte: Gabriela Lucena

Brasil de Fato

https://www.brasildefato.com.br/2019/01/28/entenda-porque-os-pobres-pagam-mais-impostos-no-brasil/

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Ao atacar a Revista Fórum, Bolsonaro escancara intolerância à liberdade de expressão

Um dos mais importantes meios de comunicação alternativos do país, a Revista Fórum está sendo processada pelo presidente da República Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP. O motivo da ação judicial é uma publicação da revista, de 2017, com uma fotografia produzida por Luiz Araujo Marques, o Lula Marques, expondo uma conversa comprometedora entre pai e filho por meio do Whatsapp, em plena Câmara dos Deputados, em Brasília.

Segundo a revista Fórum, trata-se de clara tentativa de intimidação de seu trabalho e da imprensa como um todo. Pressionado pela avalanche de manchetes e reportagens sobre escândalos de corrupção envolvendo outro filho seu, o senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), além de sucessivas polêmicas e desentendimentos entre a base de seu governo, Jair Bolsonaro, ao atacar a Fórum e Lula Marques, expõe a sua intolerância à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.

Em jornalismo, é ponto pacífico que a privacidade deve ser preservada, mas deve ser relativizada quando o acontecimento diz respeito ao interesse público, à opinião pública e em casos relevantes para a vida política do país. Jair Bolsonaro, um político, homem público, conversava com seu filho, outro político e homem público, em um lugar também público: a Câmara dos Deputados. O assunto tratado também era de interesse público: a eleição da presidência da Câmara. Na ocasião, o filho faltou à votação. Segundo o pai, Eduardo estava viajando a passeio e o que estava fazendo poderia levá-lo à cadeia da Papuda, em Brasília. Esta é a revelação feita pela fotografia de Lula Marques.

Ou seja, no caso escolhido por Bolsonaro para colocar em prática a chamada “judicialização da censura”, é a faceta pública da vida do capitão reformado e deputado por quase três décadas que prevalece, o que desmonta o seu argumento na ação judicial.

Saudoso da ditadura militar, cujo expediente para os meios de comunicação era o da censura e da mordaça, Jair Bolsonaro e seu clã mostram extrema indisposição para conviver com a liberdade de expressão. Sem liberdade de expressão, não há democracia. Para quem se declara defensor da tortura e admirador de torturadores, talvez não seja problema. Para a sociedade brasileira e os signatários desta nota, trata-se de violação grave aos princípios que balizam uma sociedade democrática e o livre exercício do jornalismo.

A intolerância em conviver com a divergência por parte do presidente, de seus filhos e das figuras políticas que os acompanham é gritante. O recado que fica é de que, se com Michel Temer os meios de comunicação que nadam contra a corrente de um sistema midiático dominado por um punhado de famílias já entraram na mira, com Bolsonaro a animosidade deve aumentar. A ação movida contra a Revista Fórum e Lula Marques é, para além de uma clara tentativa de intimidação, não apenas um sintoma de incapacidade, por parte do presidente da República, de respeitar a liberdade de imprensa e de expressão, mas a sua sanha irrefreável de calar oponentes.

Assinam esta nota:

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé  

Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)

Barão do Itararé

http://baraodeitarare.org.br/site/noticias/politica/nota-ao-atacar-a-revista-forum-bolsonaro-escancara-intolerancia-a-liberdade-de-expressao

 

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CUT se reúne com Mourão e defende direitos dos trabalhadores

Em reunião da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com o vice-presidente, em Brasília, presidente da CUT diz que proposta do governo não pode retirar direitos da classe trabalhadora e que haverá luta

Vagner Freitas disse ao vice-presidente Hamilton Mourão, nesta quinta-feira (07), que a CUT não aceitará uma reforma da Previdência que retire direitos da classe trabalhadora e que Central está mobilizada para lutar contra a proposta do governo. O texto oficial da reforma ainda não foi divulgado, mas declarações dos ministros divulgadas pela imprensa apontam uma mudança que prejudica os trabalhadores e trabalhadoras.

O presidente nacional da CUT conversou com Mourão, pessoalmente em Brasília, no bojo de reunião solicitada pela direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) para discutir geração de empregos e denunciar a pressão das montadoras Ford e GM, que têm plantas no ABC, sobre os trabalhadores.  A Ford ameaça deixar São Bernardo e a GM diz que sairá do País. 

Vagner Freitas e o Secretário-Geral nacional da CUT, Sérgio Nobre, acompanharam o presidente do SMABC, Wagner Santana, na reunião. “Aproveitamos o ensejo para dizer  ao vice-presidente do País que essa reforma da Previdência que está sendo posta na mídia não tem a nossa concordância. Não vamos aceitar nenhuma proposta que retire nossos direitos”, disse.

“Os trabalhadores sabem que o nosso papel aqui é defender o emprego, a indústria brasileira de qualidade para que ela gere empregos de qualidade. Defendemos uma Previdência Social pública, para todos, que não se torne poupança de banqueiro”, afirmou o presidente da CUT, referindo-se ao sistema de capitalização que vem sendo colocado pelo governo como alternativa ao modelo vigente de aposentadoria.

Sindicatos fortes

Wagner Santana, presidente do SMABC, entregou carta ao vice da República (leia a íntegra aqui). “Nós elencamos os problemas e dissemos ao Mourão que o País tem de ter uma indústria forte que gere empregos, e empregos de qualidade. Temos de ter uma indústria que transforme, com novas tecnologias, e que, para isso, precisamos de incentivos, de um BNDES fortalecido, de um sistema de qualificação dos trabalhadores e trabalhadoras que prepare para um Brasil competitivo”, disse o dirigente dos Metalúrgicos do ABC

Segundo Santana, “não dá para um país que, saiu da 6ª para a 9ª posição no ranking da economia indústria, caminhar para 10ª, 12ª posição”. “Isso tem que ser estancado e essa é uma questão que tem a ver diretamente com a geração de empregos”, afirmou.

O presidente da CUT destacou, mais uma vez, a importância de os sindicatos serem fortes e interlocutores da classe trabalhadora. “Porque não existe democracia sem sindicatos fortes. Não existe democracia sem que os trabalhadores tenham legislação que os protejam”.

Vagner Freitas informou ao vice-presidente que no dia 20 próximo será realizada Assembleia Nacional da Classe Trabalhador e o Dia nacional da Mobilização para construir alternativas de enfrentamento e de organização dos trabalhadores contra uma reforma da previdência que retire direitos.

Portal da CUT

https://www.cut.org.br/noticias/cut-se-reune-com-mourao-e-defende-direitos-dos-trabalhadores-5449

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Centrais reúnem com CNBB e reforçam defesa da Previdência Pública

Dirigentes da CTB, CUT  e Força Sindical estiveram reunidos na manhã de quinta-feira (31) com o presidente da Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Pedro Stringhini, para debater ações em defesa da aposentadoria pública, agora seriamente ameaçada pela proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro, cujo objetivo é a privatização do sistema.

A CNBB teve relevante papel na luta contra a reforma da Previdência do governo Temer, que acabou não sendo votada no Congresso Nacional. Mas a proposta de Bolsonaro é ainda pior do que a do seu antecessor, pois prevê o regime de capitalização, pelo qual patrão e governo deixam de contribuir para o sistema e a poupança do trabalhador é administrada pelos bancos. No Chile, a capitalização é um suplício para a classe trabalhadora: hoje 90,9% dos aposentados recebem menos de meio salário mínimo. No Brasil, em função da escandalosa desigualdade social, o estrago pode ser maior se a classe trabalhadora não despertar a tempo para a luta em defesa da aposentadoria pública, da democracia e dos direitos sociais.

Dom Pedro informou no encontro que a Campanha da Fraternidade 2019 da CNBB, com o tema “Fraternidade e Políticas Públicas”, propõe à sociedade brasileira uma reflexão “sobre a necessidade de promover uma cultura de paz em meio a tanta violência”.

Portal da CTB

http://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/centrais-reune-com-cnbb-e-reforcam-defesa-da-previdencia-publica

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Não são os professores que estão doutrinando jovens. São os gurus de redes sociais.

Queridos pais, os professores não estão transformando os seus filhos em massa de manobra para fins ideológicos. E também não estão instigando milhões de seguidores ao culto de suas personalidades. Não são eles que induzem os jovens ao vício em Internet para lucrar com o engajamento compulsivo em torno de seus conteúdos. Quem faz isso são os gurus e charlatões de redes sociais.

Professores mal são ouvidos. É uma luta para manter a disciplina! Pesquisas demonstram que cerca de 20% do tempo de aula é desperdiçado apenas para pedir silêncio. Com turmas lotadas, sempre além da capacidade adequada para a aprendizagem; e frequentemente lidando com problemas básicos de infraestrutura — como a falta de ventiladores nas salas — educadores enfrentam dificuldades diárias para despertar a atenção dos alunos, até mesmo para os conteúdos cobrados nas avaliações.

Nos últimos anos, em parte devido à histeria de movimentos fundamentalistas que decidiram atribuir aos professores o papel de bodes expiatórios de suas fantasias conspiratórias, o respeito ao trabalho docente vem decaindo entre estudantes e suas famílias: como resultado, o Brasil ficou em último lugar no Índice Global de Status de Professores de 2018. Os trabalhadores da educação, a ponta mais frágil do sistema de ensino, têm sido sistematicamente desmoralizados e desacreditados. Basta ver a hostilidade pela qual são tratados quando se organizam para reivindicar seus direitos.

Por outro lado, dados do relatório 2018 Global Digital demonstram que, no Brasil, jovens passam, em média, mais de nove horas por dia navegando na Internet. Você não leu errado: mais de nove horas navegando, todos os dias. Isso é praticamente o dobro do tempo que passam na escola. E em geral, sozinhos em seus celulares, sem acompanhamento de adultos. Só nas redes sociais, são mais de 3 horas e meia diárias consumindo, produzindo e interagindo em seus universos — ou melhor, guetos de interesse. Consequentemente, sob vista grossa das famílias, que preferem fingir que o problema não é delas, crianças e jovens desperdiçam o dia ouvindo, lendo e reproduzindo barbaridades de ignorantes histéricos no YouTube, no Facebook, no Instagram e no Twitter — empresas que dominam o mercado da economia da atenção.

É um anto-engano perigoso supor que jovens consomem informação de qualidade em seu isolamento na Internet. A lógica das redes sociais já é bem conhecida: quanto mais escandalosa, agressiva ou sensacionalista a mensagem, maior o “engajamento” — um eufemismo publicitário para se referir ao vício. Emoções intensas, para o bem ou para o mal, são altamente viralizáveis. E o problema nem é propriamente a tecnologia em si, mas o modelo de negócio baseado em acesso gratuito, coleta massiva de dados e análises de perfis para fins de direcionamento de conteúdos meticulosamente ajustados à psicologia individual, que faz da plataforma uma experiência viciante por definição.

Deste modo, ao manipular as inseguranças de jovens solitários e ansiosos por símbolos de identidade e aceitação social, charlatões que lucram com a propaganda exibida em seus conteúdos instigam os ânimos de seus públicos para induzi-los ao consumo frenético de suas produções. O termo “seguidor” não tem nada de inocente: esses gurus conhecem os princípios do marketing pessoal e sabem o que fazer para criar a sua marca e fidelizar os seus clientes — ou seja, transformá-los em fieis. Um dos truques é precisamente incitar os seus seguidores a ataques furiosos contra qualquer pessoa que, ao reagir, promove involuntariamente a visibilidade do agressor. Em troca, os gurus oferecem aos seus consumidores uma ilusão de fraternidade análoga ao espírito de gangue — ainda que, naturalmente, sem os inconvenientes do confronto físico, pois tudo se desdobra no simulacro da tela do computador. Essa ilusão é forjada através da repetição contínua de um conjunto de símbolos e narrativas que os fieis reproduzem para reafirmar a própria identidade enquanto “lutam” contra aqueles que o guru define como “inimigos”.

Não é por acaso que os ataques dirigidos aos professores e às escolas, aos intelectuais e aos livros, aos jornalistas e à imprensa, assim como aos cientistas e às universidades tenham origem nesses ambientes: afinal, profissionais da educação, do conhecimento, da informação e da ciência são precisamente os antídotos a esse charlatanismo que intoxica a inteligência e as emoções de milhares de usuários. Notamos a dimensão do problema quando observamos jovens “refutando” conceitos científicos com memes de humoristas.

Uma das características da economia da chamada “cauda longa” é a total invisibilidade das subcelebridades fora de seus nichos. Isso quer dizer que youtubers com milhões de seguidores são simplesmente ignorados por aqueles que circulam em outras bolhas de informação. Por isso, muitos não conseguem enxergar este fenômeno: multidões de jovens idolatrando vigaristas arrogantes que fazem dinheiro a partir do tempo que os seguidores dedicam às suas ordens — seja consumindo conteúdos, seja xingando diariamente e compulsivamente nas redes sociais para promover a visibilidade e, por consequência, a lucratividade do mestre.

Convertidos em verdadeiros devotos, ávidos pela atenção do guru — que retribui a devoção com um like, um retuíte ou uma breve resposta em um comentário — haters inseguros, escondidos em avatares e nicknames, se tornam massa de manobra gratuita ao se desintegrar em verdadeiros exércitos de anônimos a serviço do mentor, desperdiçando longas horas de seus dias — incluindo aquela que deveria ser dedicada aos estudos — nessas cruzadas digitais. Como consequência, a inteligência de parte da atual geração está sendo corrompida pelo consumo de preconceitos grosseiros, disseminados por charlatões agressivos que distorcem o conhecimento e deformam a imaginação para garantir a fúria, as visualizações, o engajamento e os lucros pessoais. Esses agenciadores não estão interessados em estimular a criatividade, a curiosidade e a criticidade: o objetivo é apenas atrair usuários para o consumo de seus conteúdos.

As famílias que se preocupam com a formação de seus filhos fariam melhor se confiassem nos professores e se unissem a eles na reflexão crítica sobre os gurus de redes sociais que propagam conteúdos obscuros que as crianças e jovens consomem o tempo todo na Internet. E não o contrário, como temos visto. Ao ameaçar a liberdade dos professores, deixando os charlatões digitais à vontade para corromper a inteligência dos estudantes, as novas gerações ficarão ainda mais vulneráveis à desinformação, à pseudociência e aos preconceitos grosseiros que contaminam a rede.

Não acreditem em mim. Observem o conteúdo que seus filhos consomem na Internet para verificar de onde brotam as distorções que podem fazer deles pessoas piores. Dia a dia. Compulsivamente. Trabalhando de graça para “refutar” com slogans qualquer informação que prejudique os lucros do guru. Melhor ainda: que tal substituir a perseguição pelo diálogo com os professores? Que tal participar nas reuniões da escola para compreender a importância dos educadores nesse contexto? Professores sempre foram parceiros das famílias. E nunca inimigos! A escola crítica é um dos espaços mais importantes de esclarecimento contra a desinformação das redes sociais.

Ps. Não é por acaso que esses charlatões costumam odiar Paulo Freire, o educador que formulou a reflexão mais sofisticada sobre a necessidade de se posicionar como um sujeito crítico diante as informações que circulam nas mídias. Ensino esses princípios no curso Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, na Udemy. Acredito que a melhor forma de resistência é a educação.

Ps. 2 (Atualização)
Como Freire tem sido tão mal compreendido, ofereço meu curso Pedagogia da Autonomia pela metade do preço a todos que digitarem TAOQUEI no campo do cupom promocional. Contra a ignorância, vamos partir para a educação.

Medium

https://medium.com/@azevedofonseca/n%C3%A3o-s%C3%A3o-os-professores-que-est%C3%A3o-doutrinando-jovens-s%C3%A3o-os-gurus-de-redes-sociais-f002ae0e8714

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MEC prorroga inscrições do Sisu para dia 27

Alunos relatam lentidão no sistema; MEC faz ações para estabilidade

O Ministério da Educação (MEC) prorrogou as inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) até as 23h59, no horário de Brasília, de domingo (27). As inscrições se encerrariam amanhã (25).

Desde o primeiro dia de inscrição, estudantes relatam dificuldade de acessar o site e problemas na hora de fazer a inscrição.

“O sistema está funcionando de forma estável nesta quinta-feira (24) e a lentidão eventualmente registrada resulta do volume massivo de acessos simultâneos. O MEC continua realizando todos os procedimentos técnicos para que o sistema continue estável”, diz a pasta em nota.

Ontem (23), a página chegou a registrar 500 mil acessos simultâneos. O número superou o máximo de acessos ao mesmo tempo no primeiro dia, que foi 350 mil.

Ao todo, o Sisu oferece, nesta edição, 235.461 vagas em 129 instituições públicas de todo o país. Podem concorrer às vagas os estudantes que fizeram o Enem 2018 e obtiveram nota acima de zero na prova de redação. Segundo o MEC, 3,5 milhões de estudantes preenchem os requisitos e podem concorrer a essas vagas.

Redirecionamento

Estudantes relataram também nas redes sociais que conseguiram acessar perfis que não são os deles. Monique Rosa, 22 anos, estudante de São Bernardo do Campo (SP), que pretende cursar cinema, contou que acessou o site, usando login e senha, para trocar a segunda opção de curso e foi direcionada para a página de outra candidata. “Tive que deslogar da página dela e logar novamente na minha”, acrescentou, destacando que só conseguiu fazer a troca na madrugada de ontem (23) após várias tentativas.

Tharcio Marques, de 21 anos, passou pela mesma situação de redirecionamento e ainda não conseguiu concluir a inscrição. “O site entrou em manutenção e hoje pela manhã voltou com meus dados. Ainda não consegui colocar a segunda opção, pois a página cai”.

Procurado pela reportagem, o MEC solicitou os dados dos estudantes para apurar os ocorridos. A reportagem aguarda manifestação do ministério.

Notas de corte

O MEC também decidiu rever as divulgações de nota de corte. A partir de hoje, as notas serão divulgadas apenas à meia-noite, como era feito nos últimos anos. Nesta edição, a pasta começou a divulgar as notas cinco vezes por dia.

“A medida foi adotada para não prejudicar os estudantes que ainda não realizaram sua inscrição e melhorar o acesso devido ao alto tráfego existente”, informou.

O resultado da seleção está mantido para segunda-feira (28), conforme calendário divulgado anteriormente.

Agência Brasil

http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2019-01/mec-prorroga-inscricoes-do-sisu-para-o-dia-27

 

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Sinpro-Go celebra convênio para atendimento psicológico de professores(as) e seus dependentes.

Felizmente, foi-se o tempo em que procurar um(a) psicólogo(a) era “coisa de doido”. Na atualidade, muitas pessoas já começaram a perceber que cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde do corpo, quiçá as duas coisas estão intimamente relacionadas.

Em janeiro não apenas mais um ano se inicia, não apenas renovam-se os sentimentos e possibilidades de transformação. Celebra-se também  o janeiro branco, o mês de campanhas e incentivos para que as pessoas procurem cuidar da sua saúde mental, dos seus afetos, suas emoções e da sua subjetividade.

A vida na sociedade contemporânea não é nada fácil: enfrentamos dificuldades no trabalho, na família, nas relações amorosas e comunitárias. Sofremos com cobranças por desempenho, sucesso, aparência, virilidade. Esperam de nós que sejamos infalíveis, que tenhamos corpos perfeitos, boa alimentação, hobbies e hábitos impecáveis. Mas na prática, o que ocorre no mundo real fora das redes sociais é que estamos cada vez mais sujeitos à ansiedade, depressão, solidão e às inseguranças e incertezas da vida. Nesse furacão, como fica o nosso ser, nosso existir? Como fica nossa auto-estima? Nossa relação com o outro e com nós mesmos?

É nesse sentido que a psicologia, e a psicoterapia, em particular, tem muito a contribuir. Em suas diversas abordagens, nos seus múltiplos olhares sobre o fenômeno humano, a psicologia sempre almeja contribuir para uma melhor existência no mundo, com qualidade vida, satisfação no trabalho, auto-reflexão, autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e relacional.

Visando oferecer melhorias para a vida dos professores e professoras sindicalizados, o SINPRO-GO celebrou essa semana um convênio com a REDE DE PSICOLOGIA. A REDE existe desde 2012 e, na atualidade, congrega mais de 90 profissionais de psicologia – em duas sedes –  oferecendo diversos serviços, além do atendimento psicoterápico para todas as faixas etárias e todo os tipo de público.

Professores e professoras filiadas ao Sinpro (e seus dependentes) terão um desconto bastante interessante por sessão de psicoterapia. Além disso, poderão ter acesso a outros serviços como avaliação psicológica, psicodiagnóstico, orientação profissional, desenvolvimento pessoal, cursos de capacitação, sempre pagando preços muito acessíveis em relação ao mercado. A REDE também oferecerá uma série de outros convênios para os filiados (e seus dependentes) que estiverem em atendimento.

Apenas para o primeiro atendimento, o(a) professor(a) deverá comparecer à sede do sindicato e pegar uma guia de encaminhamento, além de manter suas contribuições mensais em dia. Não deixe o tempo passar, cuide de sua saúde física e mental! Confira abaixo os endereços e contatos da REDE DE PSICOLOGIA:

 

UNIDADE MARISTA: (62) 3922-3294/ 9811-4882

Rua 36, n. 306.

UNIDADE BUENO: (62) 3434-0496/ 98294-4445

Rua T-53, n. 1120

 

Funcionamento: seg. a sexta das 08:00 – 20:00. Sábado das 08:00 – 18:00

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Justiça europeia rejeita apelo de família alemã por ensino domiciliar

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) rejeitou nesta quinta-feira (10/01) recurso de uma família do estado alemão de Hessen que, há anos, tenta obter o direito de ensino domiciliar para os filhos. A prática é ilegal na Alemanha.

Na ação junto à corte europeia, iniciada em 2015, a família Wunderlich argumentou que a Justiça estadual havia violado o artigo 8º da Convenção Europeia de Direitos Humanos, que garante proteção à privacidade da vida domiciliar e familiar, quando obrigou os quatro filhos do casal a frequentar uma escola local.

O tribunal afirmou, porém, que a família não havia fornecido provas suficientes de que as crianças haviam sido educadas e socializadas adequadamente, e que a remoção parcial da autoridade parental, assim como a retirada das crianças da casa dos pais por um período de três semanas em 2013 para garantir que elas recebessem uma educação e para averiguar o nível educacional das crianças, não violou o texto da convenção. Os quatro foram devolvidos à família depois que os pais concordaram em mandar as crianças à escola.

“Em particular, o tribunal avaliou que aplicar a obrigatoriedade de frequência escolar [vigente na Alemanha] para garantir a integração das crianças à sociedade foi um motivo relevante para justificar a retirada parcial da autoridade dos pais”, diz comunicado da corte.

O tribunal europeu justificou também que as autoridades alemãs supuseram, com base nas informações disponíveis na época, que as crianças corriam riscos ao serem privadas do ensino escolar e pela manutenção delas num sistema familiar “simbiótico” pelos pais.

A decisão unânime do tribunal europeu também destacou declarações do pai das crianças, Dirk Wunderlich, que na época da saída dos quatro filhos da casa dos pais, em agosto de 2013, disse se recusar “por princípio” a educar as crianças fora da família e que, entre outras coisas, as crianças eram “propriedade” dos pais. “As autoridades (…) têm a obrigação de proteger as crianças devido a preocupações razoáveis”, disse o tribunal.

Porém, o texto da decisão também pondera que os requerentes submeteram ao tribunal que avaliações mostraram que as crianças tinham conhecimento, competência social e uma relação de afeto com os pais – informações que não estavam à disposição das autoridades alemãs em 2013. Segundo a decisão, as autoridades obtiveram “um equilíbrio proporcional entre os interesses das crianças e dos pais”.

“O dia mais horrível”

“O dia 29 de agosto de 2013, quando os oficiais bateram à nossa porta, foi o dia mais terrível para nós”, relatou Dirk Wunderlich à DW. Ele afirmou que as autoridades foram contatadas por vizinhos que disseram que ele preferia matar seus filhos a mandá-los para a escola. “Que besteira”, rebateu Wunderlich, descrevendo as acusações como “inventadas”.

Wunderlich e a esposa são jardineiros. Os dois têm um diploma do ensino secundário na Alemanha e frequentaram a escola de forma “não relutante”, afirma.

Ele argumenta que a escola na Alemanha mudou desde a época em que ele se formou. O jardineiro acredita que, atualmente, os professores fazem menos na sala de aula e que, de qualquer jeito, já esperam que as crianças façam a maior parte do trabalho e do aprendizado escolar como lição de casa.

Além disso, ele enfatiza que tanto ele quanto a esposa lecionaram aos filhos com a assistência de uma escola cristã de ensino à distância e que ofereceram às autoridades a possibilidade de checagens do nível de conhecimento a qualquer momento.

Wunderlich também contestou as alegações de que seus filhos não tinham socialização adequada, destacando a participação das crianças em vários clubes e organizações. Ele acrescentou que acredita que o círculo familiar é o melhor ambiente para crianças.

Segundo Wunderlich, as quatro crianças frequentaram a escola por apenas três trimestres. “Eles tinham dores de cabeça por causa do barulho e tinham tanta lição de casa que não sobrava mais tempo algum do dia”, lembra. “Foi um ano perdido para todos nós”. Depois disso, as crianças ficaram em casa, sendo ensinadas pelos pais. Atualmente, apenas a filha mais nova tem obrigação de frequentar a escola.

A decisão tomada pela corte europeia não tem consequências práticas para a sua família, que não está mais “ameaçada” pelas autoridades, que, segundo Wunderlich, teriam “deixado” a família” em paz, embora ainda existam processos contra eles. Ele lamenta o sinal adicional de Estrasburgo a favor das autoridades escolares alemãs, que continuam acreditando estar fazendo “tudo certo”: “É lamentável para os outros pais na Alemanha que ensinam aos próprios filhos”, comenta.

Fotografados de costas, dois alunos aleães levantam as mãos sentados em suas carteiras enquanto professora mostra modelo de ligação química diante de lousa verde na qual estão escritos cálculos com gizEnsino escolar é obrigatório na Alemanha desde 1919

Raras exceções 

A escolarização compulsória passou a fazer parte da legislação alemã em 1919 e também foi consagrada em várias constituições estaduais, que preveem multas financeiras em caso de contravenção. Em Hessen, não frequentar a escola pode significar penas de prisão de até seis meses.

Autoridades alemãs e tribunais destacam que o ensino compulsório serve para transmitir a todos os valores democráticos da Constituição. A obrigatoriedade faz com que ninguém se afaste em sociedades paralelas ou se feche ao diálogo com pessoas que pensam de outra forma.

“Não existe isenção da educação compulsória por razões pedagógicas ou religiosas”, explica a Conferência de Ministros da Cultura da Alemanha (sigla em alemão KMK). Há raras exceções para doenças graves, filhos de diplomatas e, em casos excepcionais, para crianças que trabalham, como atores mirins. A KMK acredita que há entre 500 e mil casos de pais que ensinam seus filhos em casa em toda a Alemanha.

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Deutsche Welle