Mesmo em meio à completa desmoralização do governo ilegítimo de Michel Temer e a inviabilidade de sua permanência no cargo de presidente da República, usurpado por ele há pouco mais de um ano, a agenda golpista contra os trabalhadores segue a todo vapor. Foi o que deixou claro hoje (22) o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) ao informar que vai apresentar seu relatório sobre a Reforma Trabalhista na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) agendada para as 8h30 desta terça-feira (23). Um relatório que, pela declaração do tucano, não incluirá uma mudança sequer no texto aprovado pela Câmara, de modo que, uma vez aprovado pelo Senado Federal, o projeto siga diretamente para a sanção presidencial.
Na semana passada, logo após a delação do empresário Joesley Batista, da JBS, sobre o envolvimento de Temer na compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — entre outros crimes confessos pelo empresário na conversa gravada por ele com o presidente golpista —, Ferraço foi um dos primeiros a se manifestar, afirmando que a tramitação da Reforma Trabalhista ficaria suspensa, tornada secundária diante da crise. Já hoje, sua justificativa foi a de que a “dramática crise institucional que vive o governo brasileiro” e o que ele chamou de “nosso compromisso com o país” são coisas distintas, acrescentando que “os ajustes necessários no texto” poderão ser feitos depois da aprovação, por meio de veto presidencial e por edição de medida provisória.
A mudança súbita de posição evidencia que as forças do mercado continuam a agir e pressionar para que a política econômica nociva aos trabalhadores seja levada a cabo. O tal “compromisso com o país” é, na verdade, o compromisso com o capital que financiou o golpe no ano passado e continua fazendo-o, com ou sem Temer. Não por acaso o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tratou ele próprio de acalmar investidores afirmando, segundo a imprensa, que a agenda de reformas se tornou parte da agenda do Congresso e que “os líderes mais importantes” da Câmara e do Senado “já entenderam que as medidas fiscais têm de ser aprovadas”.
O cenário de golpe dentro do golpe está montado e é explícito até na postura adotada pelas Organizações Globo, que, supostamente, tomaram a frente das denúncia contra Temer. O posicionamento do grupo foi expresso em editorial do jornal O Globo, que defendeu a renúncia de Temer, seguida de eleições indiretas para a Presidência da República e a manutenção da agenda reformista. Face a toda essa orquestração, a mobilização da sociedade brasileira é fundamental. O “Fora Temer” é uma bandeira da Contee e dos trabalhadores em educação do setor privado, bem como de todo o conjunto da classe trabalhadora, desde a destituição ilegítima da presidenta Dilma Rousseff no ano passado. No entanto, para nós, ela está seguida de “Diretas já”, porque não é possível evitar os retrocessos que seguem em curso apenas trocando um golpista por outro, eleito indiretamente por um Congresso, em sua maioria, conivente, corrupto e defensor dos interesses do capital.
É por esta pauta que brasileiros e brasileiras saíram as ruas no último domingo (21) e é também por ela que Brasília será ocupada na próxima quarta-feira (24) por milhares de trabalhadores e trabalhadoras: a exigência da revogação das medidas nocivas tomadas pelo governo Temer, a suspensão da tramitação das reformas trabalhista e previdenciária, a restauração da ordem democrática rompida no ano passado e a convocação de eleições diretas e imediatas para a Presidência da República.
Nenhum direito a menos! Fora Temer! Diretas já!
Por Táscia Souza, da Contee