Os trabalhadores brasileiros se mobilizaram nesta terça-feira (16) em pelo menos 12 estados brasileiros para se manifestar contra as reformas planejadas pelo presidente interino Michel Temer para a Previdência Social e leis do trabalho. Para os dirigentes, os anúncios de Temer e os projetos no Congresso Nacional podem anular a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Os sindicalistas afirmam que Temer aderiu à pauta dos patrões.
Os atos foram realizados em cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Tocantins e Santa Catarina.
Organizadas em cada localidade por um conjunto de centrais de trabalhadores, as manifestações aconteceram em frente ou nas proximidades de entidades representativas dos empregadores.
Tempo da escravidão
Em São Paulo, a sede da Fiesp acordou com centenas de trabalhadores protestando contra a agenda de parte do empresariado que defende o negociado sobre o legislado, a terceirização sem limites e tem entre seus parceiros a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que recentemente defendeu a adoção de 80 horas de trabalho.
“O que está por trás do discurso da modernização do trabalho é o rancor dos dirigentes da Fiesp que escondem por detrás desse discurso a sua intenção de implementar o tempo da escravidão”, discursou o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araujo, na Avenida Paulista.
“Eles querem vender os direitos sociais e trabalhistas, querem lotear os direitos da classe trabalhadora”, acrescentou o dirigente.
Governo ataca direitos
Para o presidente da CTB da Bahia, Aurino Pedreira, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), a Fecomércio (Federação do Comércio) e as grandes empresas apoiam o presidente interino Michel Temer porque perceberam que estavam criadas as condições para diminuir direitos trabalhistas.
“É o que estamos vendo hoje no Congresso com a tramitação de projetos que flexibiliza direitos e precariza as condições de trabalho”, afirmou Aurino que participou doato em Salvador.
O governo de Michel Temer anunciou que enviará ao congresso um projeto de reforma trabalhista que privilegiará a negociação coletiva.
Na visão dos trabalhadores isso significa a fragilização de direitos previstos na CLT como 13º salário, férias, adicional de insalubridade e salário mínimo, entre outros.
Direitos assegurados pela CLT passam a valer menos do que o acertado na negociação coletiva.
Não vamos pagar o pato
“Os setores empresariais fizeram uma grande campanha nacional em cima dessa questão do pato, dizendo que eles não iriam pagar o pato. Nós estamos dizendo que não vai ser a classe trabalhadora que vai pagar o pato”, disse Guiomar Vidor, presidente da CTB-Rio Grande do Sul e da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços (Fecosul).
“Nós estamos aqui queimando o pato na frente deles como símbolo da luta da classe trabalhadora, que não vai aceitar retrocessos”, O ato em Porto Alegreaconteceu em frente à sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).
O pato amarelo é o símbolo da campanha criada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) teoricamente contra aumento de impostos e que se transformou em ícone do apoio ao impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff.
Manifestações
O ato realizado em Belém reuniu CUT, CTB e diversos sindicatos de trabalhadores, entre eles os bancários, trabalhadores da saúde e dos correios.
A manifestação começou com um café da manhã na escadinha do cais do porto, no centro da cidade, e seguiu percorrendo as principais ruas das imediações, incluindo a Avenida Presidente Vargas.
Em Maceió os protestos reuniram cerca de mil pessoas no Centro de Estudos e Pesquisa Aplicada (Cepa). Os manifestantes saíram em marcha até a Casa da Indústria e protestaram contra o governo de Michel Temer e as medidas que retiram direitos.
Os trabalhadores goianos enfrentaram a chuva começando o ato na Praça Cívica e saindo em passeata até a sede da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg).
No Espírito Santo, foi realizada uma jornada de luta com a unificação de trabalhadores do campo e da cidade na capital, Vitória. A coordenação foi de sindicatos da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
No Ceará o ato reuniu na tarde desta terça-feira manifestantes na praça da bandeira e seguiria em caminhada pelas ruas do centro com a realização de um ato político na praça do Ferreira.
Força Sindical, CUT, CTB, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Intersindical e Conlutas foram as centrais que realizaram protestos pelo país em defesa da Previdência e da CLT.
Fonte: Portal Vermelho