A Contee viu com muita preocupação a notícia da visita do ator e estuprador confesso Alexandre Frota e a comitiva do grupo Revoltados Online ao ministro da educação Mendonça Filho (DEM-PE) nesta quarta-feira (25).
A reunião teria sido para discutir propostas da educação sob o governo interino. Diante do golpe dado, o Ministério só poderia ser de fato composto por integrantes que fizessem jus ao desgoverno Temer. No entanto, ainda que sem nenhuma expectativa, esperava-se, no mínimo, respeito e seriedade frente ao MEC, que, para a Contee, representa o maior bem da população: a Educação. Até mesmo a mídia que ajudou a organizar o golpe ridicularizou o encontro. A matéria do jornal O Globo falou: “Mendonça Filho acaba de receber no ministério um dos mais importantes nomes da educação e da cultura brasileiras: Alexandre Frota”.
É inconcebível que uma pessoa que confessou em rede nacional o estupro de uma mãe-de-santo desacordada, com pitadas de deboche e escárnio contra as religiões afro, fato ocorrido em fevereiro do ano passado, seja recebida pelo Ministro da Educação. “Isso foi uma provocação aos educadores e trabalhadores da educação brasileira. Uma figura agressiva, preconceituosa, machista, truculenta. Essa é realmente a cara do governo interino de Temer”, criticou a coordenadora de Assuntos Educacionais, Adércia Hostin dos Santos.
Que Mendonça Filho foi parte da força que reagiu na Justiça contra a universalização do Fies, a instalação do ProUni e do Pronatec e a lei que obriga o investimento de 75% dos royalties do petróleo na educação todos já sabiam. Ele também se opôs ao Plano Nacional da Educação, ao crescimento da participação da Educação para 10% do PIB, e abriu ações diretas de inconstitucionalidade contra as cotas raciais e sociais no ensino superior. “Porém que ele se prestaria ao ridículo desrespeito de selfies com a pornografia foi superar qualquer atitude já vivida pelas ações ministeriais”, comenta a coordenadora de comunicação social da entidade, Cristina Castro.
O fato ocorreu um dia após Temer anunciar a redução dos gastos com Educação e Saúde. De acordo com a Constituição, é dever do Estado o direito da população com um percentual para investimento. O presidente interino quer tirar tal obrigatoriedade, reduzindo o investimento público em saúde e educação.
“Estamos muito preocupados com as medidas anunciadas, principalmente a proposta da PEC que desvincula receitas para a educação e saúde. Isso irá trazer um colapso na saúde e educação públicas. O enfraquecimento de tais áreas tem como finalidade a retirada dos direitos universais e a privatização”, comenta Madalena. Ela alerta para o fato das medidas nada terem a ver com contenção de despesas e aumento de receitas: “O que está sendo tramado tem endereço certo: o prejuízo do povo em favor do capital voraz”.
A coordenadora geral convoca todas as entidades de educação para uma grande e representativa plenária no dia 8 de junho, em Brasília, onde coletivamente serão discutidas e encaminhadas ações que visam resguardar em especial a educação da gana e do desrespeito dos golpistas e seus apoiadores.
Fonte: Contee