Veja os cinco desafios do novo ministro da Educação
Categorias
Geral Recomendadas

Veja os cinco desafios do novo ministro da Educação

Em menos de três meses no comando do Ministério da Educação, Cid Gomes (Pros) deixou o cargo no dia 18 de março, após declarar que os deputados “oportunistas” devem sair do governo em sessão na Câmara dos Deputados. Quem assumiu o ministério foi o professor titular da cadeira de Ética e Filosofia Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), Renato Janine Ribeiro, que terá de enfrentar grandes desafios. Equilibrar o lema “Pátria Educadora” com o corte de investimentos não será tarefa fácil.

Bolsistas do CAPES e Pronatec com pagamento atrasado
Escolas privadas que trabalham com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) não estavam recebendo o pagamento de mensalidades desde outubro de 2014. Para regularizar a situação, o Ministério da Educação liberou R$119 milhões em fevereiro deste ano. O atraso comprometeu o início das aulas, que foi adiado para 17 de junho. Pesquisadores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão federal ligado ao Ministério da Educação, também tiverem o pagamento da bolsa de pesquisa atrasado em dezembro. A situação foi regularizada em janeiro.

Fundo de Financiamento Estudantil (FIES)
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) vem dando muita dor de cabeça ao governo federal. Isso porque desde o início do ano, a dificuldade de acessar o site do financiamento vem impedindo a inscrição de novos estudantes e a renovação do contrato dos estudantes que já possuem o benefício. Além disso, algumas mudanças trouxeram críticas ao programa. Cid Gomes havia dito que não iria dar o Fies para faculdade que reajustasse a mensalidade acima de 4,5%, mas depois teve que subir o limite para 6,4%.

As mantenedoras ainda conseguiram na Justiça o direito a um reajuste acima desse teto. As regras para o acesso ao financiamento também tiveram uma alteração: desde dezembro de 2014, o Ministério da Educação exige pelo menos 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para a educadora com 28 anos de pesquisa em educação Emília Queiroga Barros, a utilização da nota do Enem para conseguir benefícios como o FIES é equivocada e revela falta de planejamento. “Deveriam ser aplicados testes diferentes com critérios relacionados a cada programa. Não dá para nivelar tudo em um pacote só. Acaba prejudicando a imagem do Enem”, afirma Emília.

Reforma do Ensino Médio
Na sua posse, o ex-ministro Cid Gomes disse que iria discutir com educadores uma maneira de reformular o currículo do ensino médio e que essas mudanças seriam aplicadas em dois anos. Segundo Emília, o conteúdo curricular do ensino médio está desatualizado: “Os alunos de hoje estão aprendendo as mesmas coisas que os alunos de 40 anos atrás”. Além disso, ela acredita que falta trabalhar nas escolas os aspectos humanos e sociais do aluno, para que estes jovens saiam do ensino médio preparados para o convívio no trabalho, na faculdade e em seus círculos sociais.

Outro ponto problemático apontado por Emília é o excesso de teoria e a falta de prática dos conteúdos ensinados nas escolas. Ela acredita que para potencializar o ensino e evitar e evasão escolar é preciso colocar prática no conhecimento. “Mais que o ensino médio, acho que é necessário reformar a educação como um todo: do ensino infantil ao curso superior. É preciso mudar a base da educação”, explica.

Reforma do Enem
Reformular as provas e o modo de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio eram algumas das propostas de Cid Gomes. O ex-ministro falou em disponibilizar a prova para ser resolvida na internet, sem a necessidade de uma data específica. No início de março uma consulta pública online foi aberta para receber sugestões questões e mudanças no exame.

Emília acredita que falta uma estratégia clara para a aplicação do Enem e que, se o objetivo fosse avaliar o ensino médio, as provas são muito amplas e incapazes de criar um verdadeiro raio X da educação.  “O Enem não avalia a verdade. Em um país do tamanho do Brasil, com tantas realidades educacionais, somente provas específicas para os diferentes estados e regiões poderiam fornecer uma avaliação mais precisa do ensino médio”, explica.

Corte no orçamento das universidades federais
No início do ano, o governo federal realizou o corte de 30% do dinheiro destinado a gastos administrativos das universidades federais. A medida afetou os recursos utilizados para a contratação de terceirizados para a limpeza e segurança, além de gastos com gasolina e material de escritório. Isto tem afetado universidades de todo o país e comprometido a manutenção da estrutura física dos prédios. Para Emília, esta situação demonstra a falta de estratégias e objetivos claros para a distribuição do orçamento da União. “Vemos as universidades ficarem cada vez mais sucateadas. Se tivéssemos um profundo investimento em educação, nosso país seria líder mundial em muitas áreas”, afirma.

_

Fonte: Terra/Educação

_

Jorn. FERNANDA MACHADO

Assess. de Imprensa e Comunic. do Sinpro Goiás

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *