No ano passado, durante a Campanha Nacional de Valorização Profissional dos(as) Trabalhadores(as) em Educação desenvolvida pela Contee em parceria com as entidades filiadas, uma das causas apontadas para o aumento do número de atividades extraclasse às quais os professores estão submetidos – grande parte das vezes em excesso e sem regulamentação – foram as obrigações trazidas pelas novas tecnologias, entre as quais a disponibilização de conteúdo e atividades em plataformas virtuais, interação on-line com alunos e coordenação, participação em fóruns de discussão na web, etc. Antes mesmo da realização do Domingo de Greve nacional, o uso de novas tecnologias na educação e a remuneração da hora tecnológica já vinha sendo tema recorrente das campanhas salariais dos sindicatos de todo o país. Em 2014, esse tema deve retornar mais forte às pautas após toda a mobilização realizada em outubro do ano passado, juntamente com o combate ao excesso de trabalho fora da sala de aula que afeta a saúde dos docentes e fere seu direito ao descanso.
É claro que não se pode negar que as novas tecnologias também trazem benefícios à educação. Um dos pontos indiscutíveis é a facilidade de acesso às informações, um dos argumentos pelo qual a Contee tem defendido a aprovação do Marco Civil da Internet, com o fundamental princípio da neutralidade de rede. O que transforma o avanço tecnológico em uma das razões pelas quais os educadores se veem sobrecarregados não são as ferramentas em si, mas o fato de a iniciativa privada valer-se delas com o intuito de beneficiar seu próprio bolso, e não a qualidade da educação.
Uma reflexão sobre esse tema, abordando de forma ampla as maneiras como a tecnologia se insere na vida do professor, tanto no trabalho como nas outras atividades do dia a dia, como o contato com outras pessoas, o lazer e a busca por informações, faz-se fundamental. Nesse sentido, o Sinpro-SP, por exemplo, está realizando, desde o ano passado, um levantamento sobre as impressões da categoria frente às questões relacionadas à ciência e à tecnologia. A pesquisa “Percepção dos professores de ensino médio sobre assuntos relacionados a ciência e tecnologia” trata o assunto de forma abrangente, incluindo não só a tecnologia como ferramenta, mas também a ciência em um espectro geral, num momento em que o Estado busca incentivar a formação de cientistas e docentes nas áreas de ciências, consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país, mas cujas licenciaturas padecem por falta de estudantes. É uma das razões para esse desinteresse pela docência passa também pela mercantilização do ensino e pela desvalorização dos educadores.
Em relação a esses pontos, levantados na Campanha Nacional de Valorização, é preciso esclarecer que sondagem do Sinpro-SP não visa diretamente apurar o quanto a tecnologia interfere na vida profissional dos professores. Segundo o sindicato, a pesquisa busca, na verdade, ampliar o conhecimento sobre necessidades da educação no ensino médio e contribuir para o aprimoramento das propostas educacionais. “O questionário não tem qualquer intuito de medir conhecimento, mas sim de averiguar a percepção, ou seja, a interpretação de fatos, atitudes e ações”, explica a entidade. A Contee considera que entender de que modo o professor se relaciona com essa nova realidade em seu cotidiano é uma maneira importante de compreender de que modo usá-la de forma consciente, em proveito do trabalhador e da educação.
As respostas são anônimas. Para responder as questões, basta acessar o formulário Percepção dos Professores de Ensino Médio sobre Ciência e Tecnologia. O prazo para responder vai até o próximo domingo, dia 23 de fevereiro.
Fonte: Contee