Professor reúne apelidos racistas e cria projeto contra o preconceito
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Professor reúne apelidos racistas e cria projeto contra o preconceito

luiz henrique
Luiz Henrique Rosa, professor de Biologia

O professor de biologia, Luiz Henrique Rosa, que dá aulas na Escola Municipal Herbert Moses, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, criou um grande projeto chamado “Qual é a graça?”, após perceber a quantidade de apelidos preconceituosos que os alunos utilizavam em sala de aula.

O projeto surgiu a partir de uma atividade que consistia em escrever numa folha de papel o que os estudantes mais escutavam na escola. De aproximadamente 400 palavras, 360 continham teor preconceituoso, como “macaco” ou “galinha de macumba”.

O educador, então, aproveitou o ensejo para iniciar o projeto. A ideia era combinar a ação contra o preconceito ao estudo da história brasileira, visto que possuímos forte influência negra, basta analisar livros como “1808” ou “1822” para constatar o quanto a cultura foi modificada por causa da escravidão ou dos outros traços, como religião e música.

Cada aluno contribuía com R$6,00 para que fossem comprados pedaços de mármore que foram pendurados no quintal da escola. Em cada lápide havia o nome de um escravo e, para os que o nome não era conhecido, as crianças deixavam como “Deus sabe o nome”; uma analogia às homenagens feitas para os soldados que lutaram na Segunda Guerra Mundial.

Além disso, ele aproveitou para trabalhar a interdisciplinaridade da ação e misturou a escravidão com estudos básicos de botânica. De acordo com o número de dias da viagem, conforme os trajetos da “era da escravidão”, ele trabalhou os ciclos de alimentos como couve, alface, pepinos e mostardas. E o mais interessante é que, com a ansiedade para colher as plantações, os alunos perguntavam: “Ele ainda tá amarrado, professor?”.

Interessante também porque atingiu a área de gramática, na qual a professora, por exemplo, poderia questionar os alunos se berinjela era escrito com “g” ou “j” e a fixação certamente seria garantida. Mas é óbvio que a aprendizagem seria mais produtiva quando os alunos têm contato com o meio, com essa pesquisa de campo simples, porém de extrema eficiência.

Luiz afirma manter o projeto por amor, e os resultados são visíveis na comunidade. Muitos elogiam como os apelidos foram diminuídos após a ação do professor. A pior parte é que, durante todo esse tempo – o início foi no final de 2009 –, a Secretaria de Educação nunca demonstrou apoio pela causa.

A iniciativa é incrível e com certeza marcará a vida desses jovens estudantes, resta apenas que o projeto se expanda. Pensem no que poderia ser alcançado se cada escola, pública ou particular, adotasse a mesma medida?

Fonte: Literatortura

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