Assistir a uma aula de uma universidade conceituada sem nunca ter chegado perto dela é possível desde 2003, quando o MIT disponibilizou seus primeiros cursos pela internet . Para 98% dos brasileiros, no entanto, o sonho de fazer cursos de instituições renomadas como Harvard e Stanford, só pode ser alcançado a partir de março do ano passado, quando foi lançado o portal Veduca, que oferece videoaulas de diversas instituições do mundo em português.
A ideia de traduzir lições, amadurecida em 2011 pelo engenheiro Carlos Souza, 32 anos, durante um ano sabático, foi um sucesso. Quatorze meses depois do lançamento, o Veduca reúne mais de 5.500 aulas, que já foram vistas por mais de 170 milhões de pessoas pelo Youtube. “Observando o movimento mundial de Open Course Ware, me dei conta que ele não tinha chegado ao Brasil por dois motivos: só 2% da população brasileira fala inglês fluentemente e as grandes universidades do País não haviam aberto seus conteúdos”, conta Souza, que deixou um emprego em uma multinacional para se tornar empreendedor.
O Veduca começou oferecendo vídeos de aulas de instituições estrangeiras, como Harvard, Stanford, Yale, e MIT, com legendas e de graça. No início deste mês, já chegou ao seu segundo objetivo, o de lançar cursos de universidades brasileiras. Os primeiros MOOCs do País (cursos de nível superior aberto, gratuitos e para grandes público, na sigla em inglês) são ministrados pela USP e veiculados no Veduca. Videoaulas da Unesp e da Unicamp também já estão disponíveis.
Para garantir a rentabilidade do portal, que recebeu aporte de R$ 1,5 milhão de quatro investidores, a empresa aposta em cobrar pela certificação dos cursos. Ou seja, as aulas sempre serão de graça, mas quem quiser receber certificados terá de pagar. O Veduca está negociando parcerias com instituições privadas que farão a intermediação dessas emissões. “O aluno vai assistir às aulas pela internet, mas poderá fazer uma prova posterior e receber um certificado validado pelo MEC”, diz Souza.
O empresário, que tem mais três sócios, diz que o portal não pretende competir com as universidades, mas tem como objetivo democratizar a educação de alta qualidade. Para isso, aposta em fazer parcerias com os melhores produtores de conteúdo. “Somos uma empresa de tecnologia voltada para educação, muito mais do que uma empresa de conteúdo. Acreditamos em fazer curadoria forte e queremos ter a melhor plataforma de aprendizado do mundo”, diz.
Perseguindo esse caminho, o Veduca lançou este ano três funcionalidades tecnológicas que melhoram a experiência de quem quer aprender pelos vídeos: uma ferramenta que proporciona a interação entre estudantes do portal, outra de quiz e testes e uma que é inédita, que permite interação entre o aluno e a videoaula. “É como um caderno vivo, no qual o estudante poderá fazer anotações no vídeo. Depois de assitir à toda aula, ele poderá clicar na anotação e o vídeo começa no momento exato em que o professor está falando de determinado assunto”, explica o fundador do site.
Realidade brasileira
Além da língua, o Veduca também se diferencia de outras plataformas de cursos online que oferecem aulas de universidades, como o Coursera e o Edx (plataforma online do MIT e Harvard), por focar em formações adaptadas à realidade e necessidades do Brasil. Segundo Souza, mesmo as aulas de universidades americanas não são as mesmas oferecidas nesses sites. “Eles têm cursos muito avançados, voltados para o contexto dos Estados Unidos, como aprendizagem de máquina, inteligência artificial. Quem está pronto para essas aulas no Brasil já fala inglês e pode fazer lá”, diz. O objetivo do Veduca é oferecer aulas dos melhores professores, mas orientado à realidade do País.
Fonte: Sinpro RS, com informações de IG.