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Seminário de Negociação Salarial e Reforma da Previdência tem início com debate sobre as mudanças nas relações de trabalho

Foram abertos na manhã de hoje (9) os trabalhos do Seminário de Negociação Salarial e Reforma da Previdência promovido pela Contee, em Belo Horizonte. O coordenador-geral da Confederação, Gilson Reis, destacou a relevância dos dois temas para preparar, em todo o país, a reação dos trabalhadores/as a todo o processo de desmanche de direitos que está em curso. “Se há um setor que pode ‘incendiar’ este país é o movimento sindical. Se não assumirmos essa responsabilidade histórica, podemos fechar as portas e fazer outra coisa”, clamou Gilson.

Seminario 1A mesa de abertura também contou com a coordenadora da Secretaria-Geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto, e com as anfitriãs mineiras Rogerlan Augusta de Morais, presidenta do Saaemg, e Valéria Peres Morato Gonçalves, presidenta do Sinpro Minas. “É momento de nos reorganizarmos e nos preparamos para a luta contra os retrocessos. Durante os governos Lula e Dilma nosso lema era avançar. Agora é resistir para não perdermos o que temos”, destacou Rogerlan. Já Valéria ressaltou o momento difícil para os trabalhadores/as e, em especial, para os sindicalistas. “Temos vivido, os dirigentes sindicais, uma ofensiva direta, com demissões de dirigentes, redução de aulas… Os patrões nunca estiveram tão à vontade quanto agora para atacar os dirigentes sindicais”, denunciou. “Por outro lado, estamos num momento fértil para o diálogo, porque as ‘reformas’ afetam profundamente os trabalhadores e trabalhadoras em educação”, complementou, citando o mote da campanha salarial do Sinpro Minas: “Resistir para avançar”. “Precisamos dizer ao que viemos, para que formos eleitos.”

Precarização e flexibilização

Seminario 2O primeiro debate do seminário, mediado pelo coordenador da Secretaria de Organização Sindical da Contee, Oswaldo Luís Cordeiro Teles, tratou sobre as mudanças nas relações de trabalho, incluindo precarização e flexibilização. O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, apontou a conexão profunda entre o golpe e as contrarreformas postas em pauta pelo governo ilegítimo de Michel Temer. O que está em questão é a busca de um novo padrão de acumulação capitalista no país, que tem como objetivo reduzir o custo do trabalho no Brasil”, considerou. “Além da recessão e do desemprego — desemprego funcional para aumentar o lucro dos capitalistas e reduzir a capacidade de mobilização dos trabalhadores —, é a isso que servem a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e também a terceirização, para precarizar ainda mais o mercado de trabalho no Brasil.”

Seminario 3O diretor executivo da CUT, Júlio Turra, fez uma contextualização da situação brasileira no cenário internacional e o terreno aberto para a direita dada pelos erros da própria esquerda. Especificamente sobre a reforma da Previdência, ele criticou a aplicação do “critério demográfico” como pretenda justificativa para aumentar a idade mínima para a aposentadoria. “Qual o resultado líquido disso? Ninguém vai conseguir se aposentar no Brasil. E vai abrir um mercado para os fundos de pensão privados, tal como Pinochet fez no Chile. A previdência privada é individual, não uma solidariedade entre as gerações. A previdência deixa de ser um regime de proteção social, de conquista coletiva da classe.”

Agenda neoliberal

Seminario 4Uma aula sobre o assunto foi dada pelo diretor executivo do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), Anselmo Luís dos Santos, professor do Instituto de Economia da Unicamp. Em sua fala, ele traçou, no contexto recente, todo o panorama de golpe e crise política com uma forte crise econômica e um retorno da velha agenda neoliberal, com grandes impactos sobre o mercado e as relações de trabalho. Um dos pontos-chave nesse cenário é a redução do Estado, com desoneração da arrecadação, privatização dos serviços básicos — entre os quais a Previdência —, aumento do desemprego e enfraquecimento dos sindicatos.

Além disso, Santos também salientou a alta taxa de atividade na população com mais de 25 ou mais de 40 anos que o Brasil vinha mantendo e como a reforma da Previdência, obrigando os cidadãos a permanecer ais tempo no mercado de trabalho, levará a uma explosão do desemprego caso a economia não cresça. “Temos que avançar é na forma de organizar a riqueza e a forma de distribuí-la. Isso não se faz com os juros mais altos do mundo, com o dólar da câmbio mais baixo do mundo e sem cobrar impostos dos mais ricos. Isso desmoraliza qualquer política nacionalista, desenvolvimentista e voltada para os trabalhadores.”